CADA INDIVIDUO CARREGA SEU PRÓPRIO CÉU OU SEU INFERNO

CADA INDIVIDUO CARREGA SEU PRÓPRIO CÉU OU SEU INFERNO

548446

CÉU OU INFERNO ?

Cada indivíduo carrega consigo
seu próprio céu ou inferno.
São nossas atitudes que determinam
nosso lugar no universo,
com nossos próprios exemplos
disciplinados ou não.
Vera Jacubowski

vera jacubowski assina

2hx98oopr2

A Visita da Verdade

Certa feita, disse o Mestre que só a Verdade fará livre o homem; e, talvez porque lhe não pudesse aprender, de imediato, a vastíssima extensão afirmativa, perguntou-lhe Pedro, no culto doméstico:
– Senhor, que é a verdade ?
Jesus fixou no rosto enigmática expressão e respondeu:
– A Verdade total é a Luz Divina total; entretanto, o homem ainda está longe de suportar-lhe a sublime fulguração.
Reparando, porém, que o pescador continuava faminto de novos esclarecimentos novos, o Amigo Celeste meditou alguns minutos e falou :
– Numa caverna escura, onde a claridade nunca surgira, demorava-se certo devoto, implorando o socorro divino. Declarava-se o mais infeliz dos homens, não obstante, em sua cegueira sentir-se o melhor de todos. Reclamava contra o ambiente fétido em que se achava.
O ar empestado sufocava-o dizia ele aos gritos comoventes. Pedia uma porta libertadora que o conduzisse ao convívio do dia claro. Afirmava-se robusto, apto, aproveitável. Por que motivo era conservado ali, naquele insulamento doloroso? Chorava e bradava, não ocultando aflições e exigências. Que razões o obrigavam a viver naquela atmosfera insuportável ?
Notando Nosso Pai que aquele filho formulava súplicas incessantes, entre a revolta e a amargura, profundamente compadecido enviou-lhe a Fé.
A sublime virtude exortou-o a confiar no futuro e a persistir na oração.
O infeliz consolou-se, de algum modo, mas, a breve tempo, voltou a lamuriar.
Queria fugir ao monturo e, como se lhe aumentassem as lágrimas, o Todo-Poderoso mandou-lhe a Esperança.
A emissária afagou-lhe a fronte suarenta e falou-lhe da eternidade da vida, buscando secar-lhe o pranto desesperado. Para isso, rogou-lhe calma, resignação, fortaleza.
O pobre pareceu melhorar, mas, decorridas algumas horas, retornou a lamentação.
Não podia respirar – clamava em desalento.
Condoído, determinou o Senhor que a Caridade o procurasse.
A nova mensageira acariciou-o e alimentou-o, endereçando-lhe palavras de carinho, qual se fora abnegada mãe.
Todavia, porque o mísero prosseguisse gritando, revoltado, o Pai Compassivo enviou-lhe a Verdade.
Quando a portadora de esclarecimento se fez sentir na forma de uma grande luz, o infortunado, então, viu-se tal qual era e apavorou-se.
Seu corpo era um conjunto monstruoso de chagas pustulentas da cabeça aos pés e, agora, percebia espantado, que ele mesmo era o autor da atmosfera da atmosfera intolerável em que vivia.
O pobre tremeu cambaleante, e, notando que a Verdade serena lhe abria a porta da libertação, horrorizou-se de si mesmo; sem coragem de cogitar da própria cura, longe de encarar a visitadora, frente a frente, para aprender a limpar-se e a purificar-se, fugiu, espavorido, em busca de outra furna onde conseguisse esconder a própria miséria que só então reconhecia.
O Mestre fez longa pausa e terminou:
– Assim ocorre com a maioria dos homens, perante a realidade. Sentem-se com o direito à recepção de todas as bênçãos do Eterno e gritam fortemente, implorando ajuda celestial.
Enquanto amparados pela Fé, pela Esperança ou pela Caridade, consolam-se e desconsolam-se, creem e descreem, tímidos e irritadiços e hesitantes; todavia quando a Verdade brilha diante deles, revelando-lhes em que se encontram, costumam fugir, apressados, em busca de esconderijos tenebrosos, dentro dos quais possam cultivar a ilusão.
Autor: Neio Lúcio
Psicografia de Chico Xavier

1375723

 

Um Sábio Ambicioso

Posto nunca tivesse provado as cruciantes angústias da miséria, a Sra. B…, de Bordéus, teve uma vida de martírios físicos, em conseqüência de inumerável série de moléstias mais ou menos graves, a contar da idade de 5 meses. Vivendo 70 anos, quase que anualmente batia às portas do túmulo. Três vezes envenenada pela terapêutica de uma ciência experimental e duvidosa, em ensaios feitos sobre o seu organismo e temperamento, arruinada, ao demais, pelos remédios tanto quanto pela doença, assim viveu entregue a sofrimentos intoleráveis, que nada podia atenuar. Uma sua filha, espírita-cristã e médium pedia sempre a Deus para suavizar-lhe as cruéis provações. Foi porém aconselhada pelo seu guia a pedir simplesmente a fortaleza, a calma, a resignação para as suportar, fazendo acompanhar esse conselho das seguintes instruções:
“Nessa vida tudo tem sua razão de ser: não há um só dos vossos sofrimentos, que não corresponda aos sofrimentos por vós causados; não há um só dos vossos excessos que não tenha por conseqüência uma privação; não há uma só lágrima a destilar dos olhos, que não seja destinada a lavar uma falta, um crime qualquer.
“Suportai, portanto, com paciência e resignação as dores físicas e morais, por mais cruéis que elas se vos afigurem. Imaginai o trabalhador que, amortecidos os membros pela fadiga, prossegue no trabalho, porque tem diante de si a dourada espiga, outros tantos frutos da sua perseverança. Assim, a sorte do infeliz que sofre nesse mundo; a aspiração da felicidade, que deve constituir-se em fruto de sua paciência, torná-lo-á resistente às dores efêmeras da Humanidade. Eis o que se dá com tua mãe. Cada uma das suas dores acolhida como expiatória, corresponde à extinção de uma nódoa do passado; e quanto mais cedo as nódoas todas se extinguirem, tanto mais breve ela será feliz.
“A falta de resignação esteriliza o sofrimento, que, por isso mesmo, teria de ser recomeçado. Convém-lhe, pois, a coragem e a resignação, e o que se faz preciso é pedir a Deus e aos bons Espíritos que lha concedam. Tua mãe foi outrora um bom médico, vivendo num meio em que fácil se lhe tornava o bem-estar, e no qual lhe não faltaram dons nem homenagens. Sem ser filantrópico, e, por conseguinte, sem visar o alívio dos seus irmãos, mas cioso de glória e fortuna quis atingir o apogeu da Ciência, para aumentar a reputação e a clientela. E na consecução de tal propósito não havia consideração que o detivesse.
“Porque previa um estudo nas convulsões que investigava, sua mãe era martirizada no leito de sofrimentos, enquanto que o filho se submetia a experiências que deveriam explicar uns tantos fenômenos; aos velhos abreviava os dias e aos homens vigorosos enfraquecia com ensaios tendentes a comprovar a ação de tal ou qual medicamento. E todas essas experiências eram tentadas sem que o infeliz paciente delas soubesse ou sequer desconfiasse. A satisfação da cupidez e do orgulho, a sede de ouro e de renome, foram os móveis de tal conduta. Foram precisos séculos de provações terríveis para domar esse Espírito ambicioso e cheio de orgulho, até que o arrependimento iniciasse a obra de regeneração. Agora termina a reparação, visto como as provas dessa última encarnação podem dizer-se suaves relativamente às que já suportou. Coragem, pois, porque se o castigo foi longo e cruel, grande será a recompensa à resignação, à paciência, à humildade.
“Coragem, a todos vós que sofreis; considerai a brevidade da existência material, pensai nas alegrias eternas.
“Invocai a esperança, a dedicada amiga dos sofredores; a fé, sua irmã, que vos mostra o céu, onde com aquela podeis penetrar antecipadamente. Atrai também a vós esses amigos que o Senhor vos faculta, amigos que vos cercam, que vos sustentam e amam, e cuja solicitude constante vos reconduz para junto dAquele a quem haveis ofendido, transgredindo as suas leis.”
Nota – Depois de haver desencarnado, a Sra. B… veio dar, tanto por sua filha como na Sociedade de Paris, muitas comunicações, nas quais se refletem as qualidades mais elevadas, confirmando os seus antecedentes.
KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. FEB. Capítulo 8. Segunda parte.

Comentários