CORRUPÇÃO OCORRÊNCIAS E CONSEQUÊNCIAS NA VISÃO ESPÍRITA

SENHOR JESUS

Crise Política, Corrupção e Espiritismo

Sérgio Biagi Gregório

O objetivo central da política é a obtenção do bem comum. O bem comum é “um conjunto de condições concretas que permite a todos os membros de uma comunidade atingir um nível de vida à altura da dignidade humana”. Esta dignidade refere-se tanto às coisas materiais quanto às espirituais. Depreende-se que todo o cidadão deve ter liberdade de exercer uma profissão e aderir a qualquer culto religioso. Diz-se, também, que almejar o bem comum é proporcionar a felicidade natural a todos os habitantes de uma comunidade.
A corrupção, ou seja, o pagamento de propina para obter vantagens, quer sejam de ordem financeira ou tráfico de influência, deteriora a obtenção do bem comum, pois algumas pessoas estão sendo lesadas para que outras obtenham vantagens. Lembremo-nos de que “todo poder corrompe e todo poder absoluto corrompe absolutamente”. Significa dizer que sempre teremos que conviver com algum tipo de corrupção. Eticamente falando, o problema maior está no grau, no tamanho da corrupção e não a corrupção em si mesma.
No Brasil, estamos assistindo a uma enxurrada de denúncias, que vão desde o chamado caixa 2 de campanha política, até a compra de votos para aprovar projetos importantes na área governamental. O vídeo que mostra um funcionário dos Correios recebendo propina foi o estopim da crise. De lá para cá as denúncias não param. O deputado Roberto Jefferson, um dos acusados de comandar a propina nos Correios, saiu distribuindo acusações para todos os lados, no sentido de se defender do ocorrido.
Diante deste fato, pergunta-se: que tipo de subsídio o Espiritismo nos fornece para a compreensão dessa situação? Em O Evangelho Segundo o Espiritismo há alusão aos escândalos. Primeiramente, Jesus nos fala dos escândalos e que estes deverão vir, mas “Ai do mundo por causa dos escândalos; pois é necessário que venham escândalos; mas, ai do homem por quem o escândalo venha”.O escândalo significa mau exemplo, princípios falsos e abuso do poder. Ele deve ser sempre considerado do lado positivo, ou seja, como um estímulo para que o ser humano combata em si mesmo o orgulho, o egoísmo e a vaidade.
Lembremo-nos também da frase: “Ninguém há que, depois de ter acendido uma candeia, a cubra com um vaso, ou a ponha debaixo da cama; põe-na sobre o candeeiro, a fim de que os que entrem vejam a luz; – pois nada há secreto que não haja de ser descoberto, nem nada oculto que não haja de ser conhecido e de aparecer publicamente”. (S. LUCAS, cap. VIII, vv. 16 e 17.). A verdade, assim, não pode ficar oculta para sempre. Deduz-se que aquele que não soube fazer esforços para se pautar corretamente no bem, sofrerá as conseqüências de suas ações.
O Espiritismo auxiliará eficazmente as resoluções de ordem política, porque propõe substituirmos os impulsos antigos do egoísmo pelos da fraternidade universal. Allan Kardec propõe, em Obras Póstumas, o regime político que deverá vigorar no futuro, ou seja, a aristocracia intelecto-moral. Aristocracia – do grego aristos (melhor) e cracia (poder) significa poder dos melhores. Poder dos melhores pressupõe que os governantes tenham dado uma direção moral às suas inteligências.
Somente quando o poder da inteligência for banhado pelo poder moral e ético é que conseguiremos atingir um mundo mais justo e mais de acordo com o bem comum, pois os que governam propiciarão sob todos os meios possíveis a felicidade da maioria.

São Paulo, agosto de 2005.

moral elevada

A Corrupção e a Moral Espírita

Por Gabriel Caputo Junior

Ao iniciar a pesquisa sobre o tema não imaginava e nem havia percebido a indelével interdependência existente nos títulos, controle da corrupção e a moral Espírita.
Iniciaremos com o enfoque sobre Corrupção, e, no decorrer a conexão com a Moral Espírita . A Corrupção trata-se de um mal que infelizmente acompanha e faz parte da história mundial desde quando o ser humano começou a se organizar em sociedade.
O termo corrupção é muito abrangente na língua portuguesa e culturalmente essa conduta atinge níveis absurdos entre os brasileiros, porque a nossa sociedade é tolerante e conivente.
Direcionei o trabalho para retratar a corrupção na Administração Pública, onde os atos dos agentes públicos e suas conseqüências, engenhosamente praticado, formando um sistema organizado e lucrativo, existentes em alguns órgãos públicos.
Existem alguns agentes públicos, que usam seus cargos principalmente para práticas ilícitas, são especialistas em levar vantagens sobre uma situação e encima do indivíduo envolvido na questão. São os corruptos profissionais, que dormem e acordam sintonizados no Sistema, usam e manipulam a maquina estatal, controlam até a mídia para obterem sucesso em suas empreitadas.
Os principais corruptos brasileiros são os agentes públicos, entre eles se destacam os políticos, pela relevância dos cargos e a influência nos demais setores dos governos, diria que são a essência do Sistema, fomentando a corrupção em todas as esferas das administrações públicas. Situação que infelizmente é conhecida e notória, até para os mais ignorantes da nossa sociedade.
Quando na verdade a principal e mais importante tarefa destes agentes deveria ser, gerir o bem comum, ou seja, prestar serviços à sociedade, ou, administrar a coisa pública, cuidando do bem estar do cidadão.
A União, as unidades federativas, os municípios possuem um sistema Político Jurídico organizado, o “governo”, a “Administração Pública”, com um agente público que é a autoridade máxima, o chefe da administração pública, o governante. Este, com sua equipe, tem o poder-dever de determinar e realizar todas as operações necessárias para a obtenção de resultados positivos, em todas as áreas de sua atuação, visando à manutenção do bem comum e o perfeito funcionamento da máquina Estatal.
Nos sistemas corruptos, os agentes públicos trocam a finalidade real de suas atribuições, que é a prática de ações voltadas para o “Bem Comum”, por ações visando principalmente interesses particulares, escusos a Administração Pública, usam seus cargos e a máquina estatal para conseguirem alcançar seus objetivos espúrios.
Sabemos que a corrupção é coisa remota, em certo período, nos tempos do Império do Brasil, a corrupção na corte foi criticada e satirizada na imprensa da época por meio das chamadas “quadrinhas”, em razão da conduta do Tesoureiro-Mor, Visconde de São Lourenço, uma delas: “ Quem furta pouco é ladrão, quem furta muito é barão, quem mais furta e mais esconde, passa de barão a visconde”.
O escritor Edmundo Oliveira em sua obra “Crimes de Corrupção”, 1991, Ed. Forense, menciona: “ ‘A observação criminológica mostra que a Corrupção não é um mal de nascença, é uma decomposição do indivíduo. A luz da razão vai se apagando e a força do caráter vai se desvanecendo, a medida que o homem se entrega aos vícios.’…
‘A corrupção revela-se adquirida, não atinge toda a alma do corrupto, a natureza humana foi nele poluída mas não extinta, a regeneração pode ocorrer, é natural do ser humano, graças a Deus’ ”.
Fato curioso em relação à corrupção é que ela procede de duas maneiras antagônicas:
1 – Criação de dificuldades,
2 – Oferecimento de facilidades.
Na verdade estes dois procedimentos estão entre os segredos do êxito nas ações dos corruptos.
A corrupção atinge os dois extremos sociais, os com a dor da penúria e os com a paixão pela riqueza.
Edmundo Oliveira define que a moral é a ciência do bom comportamento, é arte de conduzir-se honestamente. Eu complemento que a Corrupção é a ciência do mal comportamento, é a arte de conduzir-se desonestamente.
“O homem de bem é o atleta do espírito, que se exercita permanentemente na luta diária com pequenas vitórias.” Edmundo Oliveira.
“A fraqueza moral, como fator causal da corrupção, juntada a impunidade, que é o fator ocasional, apagam o receio e acendem a ousadia”. E.O.
Contrariamente a pessoa com a moral forte, ativa, obstrui a conduta corrupta, preserva a ética, estabelece a probidade individual.
Nesse diapasão devemos destacar aquele funcionário subalterno que apesar das dificuldades da vida, repele diariamente as ofertas de suborno, é um verdadeiro herói, revela alto grau de moralidade, e ainda com esta atitude poderá ajudar até mesmo a edificar o corruptor.
Para aqueles que já são viciosos só há uma saída, é adoção de novos hábitos, com base em estruturas Cristãs, assim procedendo poderão evoluir se burilando interiormente e bloqueando a recidiva.
Infelizmente a Administração Pública além da conivência, prepara um tipo de armadilha para envolver aqueles que ainda não fazem parte dos sistemas corruptos, principalmente o(a)s jovens funcionários recém admitidos em determinados setores públicos.
Muitas vezes mesmo aqueles que não pretendiam se corromper, acabam cedendo, devido encontrar pessoas, instrumentos e ambiente propício as falcatruas, principalmente aqueles que não possuem uma formação sólida, moral elevada, caráter integro, será presa fácil, logo passará a fazer parte do “time” dos corruptos.
Destarte, os que não cederem provavelmente passarão a sofrer um tipo de marginalização, pois irão fazer parte de uma minoria indesejada nesses determinados setores ou órgãos, mas concomitantemente estarão de bem com a vida, com Deus, farão parte do “comando” de Jesus Cristo.
Os que cedem e vivem ativamente a corrupção, correm, correm, para alcançarem bens terrestres e esquecem que não há como guardá-los para sempre. Relaxam no trato com os familiares, com a Moral, com a Divindade.
Acredito que para o indivíduo ser um bom funcionário público, um bom policial, tem que ter uma qualidade especial, gostar de gente. Se não gostar de pessoas, não vai conseguir realizar um trabalho de qualidade.
Agora para fazer parte de uma elite de Agentes Públicos, um comando especial, ele deverá ser como o sal, que é incorruptível, mesmo misturado a qualquer outra substância, não se corrompe, ele sempre se sobressai. É como o sal que devemos ser. Isso nos ensinou nosso mestre Jesus.
Inconformado com a Corrupção desenfreada, a decadência da sociedade, a fraqueza Moral das pessoas, em reflexão, me surgiram duas idéias, diria até utópicas, mas com a finalidade de fazer algo para profilaxia da moral das pessoas, pois curando o indivíduo, cura-se a sociedade.
A primeira ideia trata-se do desenvolvimento por cientistas de um “sensor-chip”, que seria colocado no corpo da pessoa, talvez ligado no Sistema Nervoso Central e interligado a uma central externa, através de algum sinal tecnológico, onda, satélite, ou outro mecanismo qualquer.
Funcionaria da seguinte forma: Se o sujeito que recebeu o “sensor”, pensasse ou manifestasse algum desejo de praticar alguma conduta não digna, como a corrupção, o sensor receberia um sinal do seu sistema emocional e após algumas analises daquela informação, se fosse conveniente, enviaria um alerta a uma central externa de controle, que funcionaria como um órgão corregedor. A formalização do procedimento se tornaria uma maneira de controle e prevenção à má conduta das pessoas.
No setor público, seria colocado em determinados agentes públicos para ajudar na prevenção e combate a Corrupção.
A segunda ideia é o desenvolvimento em laboratórios de uma substância capaz de inibir o desejo dos indivíduos de praticarem atos imorais, indignos, anti-éticos, ilegais, seria ótimo. Poderia ser ministrado às pessoas em pílulas ou vacinas e também seria um potente aliado na prevenção e combate a Corrupção.
Tenho consciência que são idéias consideradas utópicas, mas no futuro quem sabe, pois seria a Ciência atuando em prol do progresso moral dos homens, e esse progresso moral, faz parte dos desígnios de Deus.
Bem, mas na verdade nós já possuímos um “sensor”, natural que nos foi dado por Deus, que é a nossa inteligência, nossa consciência, nosso pensamento. E também já produzimos a tal “substância inibidora”, que é a energia a vitalidade, a sabedoria, o amor, a Fé raciocinada, efetivada naturalmente através do Espírito Santo, formando o senso preventivo entre o bem e o mal.
“O homem de bem é um grande artista que se esforça por burilar-se, sua obra prima é ele próprio”. Edmundo Oliveira.
Na Psicologia sob o prisma da saúde mental, alguns profissionais entendem que as características apresentadas pelo corrupto profissional, tais como o desvio de caráter, omissão de afetos verdadeiros, insanidade moral, etc. Também estão presentes entre os sintomas apresentados pelos indivíduos com Transtorno de Personalidade Anti-social, ou Sociopatia.
Estou falando do indivíduo corrupto que passa o tempo todo pensando em levar alguma vantagem sobre seu próximo, visando algum lucro, consciente da ilicitude que permeia seus atos, quando não consegue considera que seu dia não foi bom, fica triste, decepcionado.
Para estes profissionais da Psicologia, a psicoterapia consegue obter razoável sucesso nos tratamentos dos sociopatas, funciona com o resgate dos arquétipos dos valores morais, visando a instalação de um comportamento social mais adequado.
A visão Espírita ou a Moral Espírita adota o conceito que a corrupção é o mesmo que depravação, devassidão, é tudo que contraria a Moral dominante e os conceitos de convivência correta, sadia e de respeito recíproco.
Destarte, tanto o corruptor como o corrompido, são espíritos moralmente atrasados, razão pela qual são presas fáceis da corrupção estarão sempre obsidiados, não conseguem reagir.
Ensinam os Espíritos Superiores que o progresso moral nem sempre segue o progresso intelectual. Mais vale um analfabeto que preza a moral e a prática do bem naturalmente, do que o intelectual voltado para o mal, e para o próprio benefício. (Lei do Progresso,questão 776, Livro dos Espíritos).
O Livro dos Espíritos em seu livro terceiro, traz as Leis Morais, ou Leis da Alma, Leis Divinas ou Naturais, que englobam um leque de dez Leis, indicando, fornecendo orientações gerais para a melhoria do Ser e da Sociedade.
Com base em lições de Jesus Cristo, na questão 919 do L. dos Espíritos, os espíritos superiores ensinam que a perfeição moral só se alcança com a prática do bem, sacrificando-se o interesse pessoal em benefício do semelhante, de modo desinteressado, sem esperar recompensas.
A Moral Espírita é a Moral de Jesus, a Moral dos bons costumes, bons sentimentos, com o objetivo do aperfeiçoamento do ser e da dignidade espiritual perante Deus, pela prática contínua e diária do bem.
“A busca incessante do Bem comum “, é um dogma que se traduz no elo que encontrei para demonstrar a interação entre as duas partes do tema.
Na Moral espírita este conceito “A busca incessante do Bem comum”, ou seja, “prática de caridade”, termo que sintetiza os objetivos do Kardecismos, é um de seus pilares de sustentação.
Na Administração Pública é também o conceito principal, perfeito para o combate a corrupção, para restauração da finalidade precípua , que é a prática de atividades engajadas ao Bem Comum, por todos os Agentes Públicos.
Ficamos então com seguinte contexto: Perante a Moral Espírita, bem comum é sinônimo de Caridade, e na Administração Pública é o código perfeito de incentivo à lisura e qualidade na prestação de serviços públicos.
Sustentabilidade Espiritual é um termo que gosto de usar, congrega muita consistência, traduz-se na busca permanente da Dignidade perante Deus, na Fé Raciocinada, de amor ao próximo, de caridade, de socorro ao “Bem”, de resistência aos desafios que enfrentamos diariamente em relação a Moral e aos bons sentimentos, em razão da sociedade enfraquecida que fazemos parte.
Encerro com a frase que entendo deva fazer parte de nossa rotina, de nossa existência, “Prática de atos que nos levam a busca incessante do Bem comum”.

céu e inferno

Corrupção e a Visão Espírita

Juliana Chagas

Que o Planeta Terra passa por uma transição planetária nós sabemos! E que nesta fase muitas situações que estavam escondidas estão vindo à tona, fica mais evidente ainda esta fase. Dentre muitas situações destacamos a corrupção.
Corrupção é o ato ou efeito de se corromper, oferecer algo para obter vantagem em negociata onde se favorece uma pessoa e se prejudica outra.
No Brasil estamos presenciando casos sucessivos de corrupção em todas as esferas (municipal, estadual e federal), em todos os partidos políticos, nas grandes corporações industriais, mas também no nosso dia a dia, nas ações mais comuns.
O Escritor e comunicador da RBN, Richard Simonetti escreve a respeito:
A corrupção está na alma da Humanidade, excrescência do comportamento egoístico que caracteriza os habitantes deste planeta de provas e expiações. A preocupação exacerbada com o próprio bem-estar e, no caso, com os patrimônios materiais, inspira e sustenta a desonestidade.
A tendência é universal. Ocorre que em países desenvolvidos é controlada e punida. A impunidade no Brasil, principalmente em relação aos que mais se comprometem com a corrupção, é assustadora. Com raras exceções, somente os pobres vão parar na cadeia.
Há duas frentes de ação, inspirando a honestidade. Em primeiro lugar, também a educação, não a formal, mas a educação espiritual. Com a consciência de que somos Espíritos imortais em jornada de evolução na Terra, onde nos compete combater os impulsos egoísticos que favorecem a corrupção, somos decisivamente estimulados a respeitar as leis.
O Espiritismo fala a partir de informações dos que lá vivem, mostrando de forma clara e incisiva as consequências do comportamento humano. O saber é sempre mais incisivo do que o imaginar.
Em O Céu e o Inferno, Allan Kardec reporta-se a Espíritos comprometidos com o erro, o vício, o crime, a desonestidade, enquanto encarnados. Inúmeros deles descrevem, em manifestações mediúnicas, seus tormentos morais, piche fervente em suas consciências, reunidos, por afinidade, em correspondência à natureza de seus crimes, em tenebrosos vales de sofrimento.

TRANSIÇÃO PLANETÁRIA

Corrupção, por Richard Simonetti

1 – Sucedem-se os governos no Brasil e perpetua-se a corrupção, em todos os níveis de atividade, na área pública e privada. Está na alma do brasileiro?
A corrupção está na alma da Humanidade, excrescência do comportamento egoístico que caracteriza os habitantes deste planeta de provas e expiações. A preocupação exacerbada com o próprio bem-estar e, no caso, com os patrimônios materiais, inspira e sustenta a desonestidade.
2 – Mas essa tendência parece ser mais forte em nosso país?
A tendência é universal. Ocorre que em países desenvolvidos é controlada e punida. A impunidade no Brasil, principalmente em relação aos que mais se comprometem com a corrupção, é assustadora. Com raras exceções, somente os pobres vão parar na cadeia.
3 – No seu entender, quais as medidas que deveriam ser tomadas pelo governo?
Compete-lhe aprimorar os controles e instituir mecanismos que levem à punição exemplar dos infratores. Mas isso não basta, já que sempre haverá espertos capazes de burlar as leis. A educação orientada para a cidadania é o caminho mais acertado, estabelecendo controles a partir da consciência de que ser cidadão é, acima de tudo, respeitar as leis.
4 – E quanto ao Espiritismo?
Há duas frentes de ação, inspirando a honestidade. Em primeiro lugar, também a educação, não a formal, mas a educação espiritual. Com a consciência de que somos Espíritos imortais em jornada de evolução na Terra, onde nos compete combater os impulsos egoísticos que favorecem a corrupção, somos decisivamente estimulados a respeitar as leis.
5 – E a segunda frente?
Mostrar que todos responderemos por nossas ações quando retornarmos ao Mundo Espiritual, em observância plena à advertência de Jesus de que a cada um será dado segundo suas obras (Mateus, 16:27). Quem está consciente dessa realidade será sempre o fiscal incorruptível de si mesmo.
6 – Essa advertência está presente em todas as religiões, sem muita ressonância na alma dos fiéis. Por que o Espiritismo seria mais convincente?
As noções das religiões tradicionais sobre a vida espiritual são fantasiosas. Falam das coisas do Além, a partir de especulações dos que vivem na Terra. O Espiritismo fala a partir de informações dos que lá vivem, mostrando de forma clara e incisiva as consequências do comportamento humano. O saber é sempre mais incisivo do que o imaginar.
7 – Qual seria o castigo da corrupção?
Diz Dante, em A Divina Comédia, que os adeptos do princípio com dinheiro, qualquer não vira um sim, vão parar numa vala de piche fervente, no inferno, atormentados por demônios perversos. Suas fantasias guardam algo da realidade espiritual. Em O Céu e o Inferno, Allan Kardec reporta-se a Espíritos comprometidos com o erro, o vício, o crime, a desonestidade, enquanto encarnados. Inúmeros deles descrevem, em manifestações mediúnicas, seus tormentos morais, piche fervente em suas consciências, reunidos, por afinidade, em correspondência à natureza de seus crimes, em tenebrosos vales de sofrimento.
8 – A honestidade seria o passaporte para regiões mais amenas?
Sim, mas não basta cumprir as leis dos homens. Sobretudo, é preciso ser honesto perante Deus, como explica o Espírito Joseph Brê, dirigindo-se à sua neta, na obra citada: Honesto aos olhos de Deus será aquele que, possuído de abnegação e amor, consagre a existência ao bem, ao progresso dos seus semelhantes; aquele que, animado de um zelo sem limites, for ativo na vida; ativo no cumprimento dos deveres materiais, ensinando e exemplificando aos outros o amor ao trabalho; ativo nas boas ações, sem esquecer a condição de servo ao qual o senhor pedirá contas, um dia, do emprego do seu tempo; ativo finalmente na prática do amor a Deus e ao próximo.

VITÓRIA JOANNA DE ÂNGELIS

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