EDUCAÇÃO DE FILHOS VISÃO ESPÍRITA

EDUCAÇÃO DOS FILHOS

1 – EM QUE A EDUCAÇÃO ESPÍRITA DIFERE DA EDUCAÇÃO TRADICIONAL?

A educação tradicional visa a formação intelectual das pessoas, para prepará-las para o mercado de trabalho e para a conquista da prosperidade material. Assim, tem como meta preparar as pessoas para que alcancem o sucesso no mundo dos negócios pelo emprego eficiente dos conhecimentos que acumularem, e das habilidades que conseguirem desenvolver.
Por se tratar de uma educação materialista, visa exclusivamente o progresso social, econômico e financeiro das pessoas ou da nação. Dessa forma, as matérias que são úteis a esse modelo educacional giram em torno desses objetivos.
A educação espírita tem uma dimensão muito mais ampla. Ao considerar o educando um Espírito imortal, revestido temporariamente por um corpo material que o permite agir na vida terrena, ele precisa não só da educação intelectual, mas também da educação espiritual, religiosa e moral para conseguir utilizar de um modo elevado as suas faculdades. E assim, criar um destino venturoso tanto na Terra, quanto na vida espiritual, para a qual vai retornar após o cumprimento da sua jornada evolutiva terrena.
Assim, a educação espírita prepara os nossos filhos não apenas para o sucesso na vida material, em função da boa educação intelectual, mas também para a criação de um destino feliz, pela adoção de atitudes morais elevadas em todas as fases da vida corpórea, e, principalmente, perante as lutas evolutivas.

2 – QUAIS OS ALICERCES DA EDUCAÇÃO ESPÍRITA?

A educação espírita tem os seus alicerces nas obras publicadas por Allan Kardec, notadamente O Livro dos Espíritos e O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Nesses livros, encontramos os princípios do Espiritismo que vamos aplicar na educação espírita de nossos filhos, sem jamais desprezarmos as matérias que lhes vão propiciar o preparo intelectual oferecido pela educação tradicional.
Porém, com a educação espírita, os nossos filhos conhecerão a existência de Deus e a Sua complexa Obra da Criação. Abrangendo não só o Universo material e os seres nele existentes, mas também o espiritual. Isto ocasiona uma completa revolução no saber humano, no alcance e nas finalidades da educação, abrindo novas necessidades educativas para os homens.

3 – QUAIS OS PRINCÍPIOS QUE NORTEIAM A EDUCAÇÃO ESPÍRITA?

Os princípios básicos que norteiam a educação espírita, dos quais tudo decorre, são três: DEUS, ESPÍRITO E MATÉRIA.
DEUS é a Inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. Seus atributos divinos são o amor, a bondade, a sabedoria, a justiça e a misericórdia. É eterno, imutável, imaterial, único e todo-poderoso. Tudo o que Ele criou está regido por Leis que atestam a sua existência e os seus atributos. Nunca esteve inativo e jamais deixou de criar.
O ESPÍRITO é o ser imortal e inteligente criado por Deus, para viver no mundo espiritual, onde desfruta da sua vida verdadeira .. A inteligência é um atributo essencial do Espírito. Deus cria o Espírito, Seu filho, simples e ignorante, mas perfectível. Assim, ele tem de percorrer uma longa jornada para evoluir intelectual e moralmente, para desenvolver suas faculdades e adquirir habilidades e experiências. Dessa forma, todo Espírito chega um dia à perfeição espiritual. Porém, sempre está submetido às Leis, Vontades e Desígnios de Deus. As Leis do progresso, de causa e efeito e da reencarnação impulsionam o Espírito a evoluir e a galgar sempre melhor posição na hierarquia espiritual, até que, um dia, atinja a perfeição.
A MATÉRIA ELEMENTAR PRIMITIVA OU FLUIDO CÓSMICO UNIVERSAL é a denominação dada à Matéria criada por Deus em estado tão puro, etéreo e sutil que os homens, Espíritos encarnados, não têm sentidos apropriados para percebê-la em seu estado primitivo. Mas essa matéria passa por diversos estados de condensação e por muitas transformações e modificações que permitem a formação dos universos espiritual e material, onde os Espíritos desencarnados ou encarnados habitam com seus envoltórios apropriados. Os Espíritos usam os diferentes estados da matéria elementar primitiva em seu benefício e exercem sobre ela a sua ação inteligente. Assim, organizam-na em seu próprio interesse, usando o bem-estar.
Ao ter como princípios básicos a existência da Trindade Universal: DEUS, ESPÍRITO E MATÉRIA, a educação espírita coloca nossos filhos num contexto muito mais amplo que o oferecido pela educação tradicional.
Assim, nossos filhos se vêem como Espíritos encarnados, criaturas e filhos de Deus, que têm pela frente uma jornada evolutiva com a esperança de se tornarem, um dia, por conquistas e esforços próprios, seres perfeitos.
Isto muda radicalmente todos os conceitos da educação tradicional e abre novas fronteiras para a educação.

4 – QUAL A ABRANGÊNCIA DA EDUCAÇÃO ESPÍRITA?

É inimaginável, pelos três aspectos do Espiritismo: filosófico, científico e religioso – que estão intrinsecamente relacionados entre si.
Mas, podemos afirmar que a educação espírita é extremamente abrangente, a ponto de orientar e instruir os nossos filhos acerca de questões universais não alcançadas pela educação tradicional tais como:
• Deus, os Atributos divinos e a Obra da Criação.
• Os Universos material e espiritual.
• Os Espíritos encarnados e desencarnados.
• A vida da alma no mundo material e suas relações com os Espíritos na vida espiritual.
• O Espírito, o perispírito e o corpo material, que compõem o homem.
• A pluralidade dos mundos materiais habitados e o planeta Terra nesse contexto.
• A reencarnação, estabelecendo um elo entre o passado, o presente e o futuro do Espírito.
• Os animais no contexto da Obra da Criação.
• A explicação espírita para os Anjos e os Demônios.
• A mediunidade, usada de uma forma séria, útil e instrutiva, abrindo uma nova dimensão para o conhecimento da vida espiritual.
• As relações entre o progresso intelectual e o progresso moral.
• As leis que regem a vida e o destino dos Espíritos encarnados e desencarnados.
• E assim por diante.

5 – QUE DIMENSÃO ALCANÇA A EDUCAÇÃO ESPÍRITA?

A abrangência da educação espírita ultrapassa tudo o que se conhece, até agora, sobre a educação tradicional. Isto pode ser facilmente percebido ao analisarmos os assuntos educativos abordados no livro A Educação Segundo o Espiritismo, de Dora Incontri.
Essa obra muito bem estruturada dentro dos critérios espíritas da racionalidade, moralidade, experiência, observação, universalidade e globalidade, aborda os novos aspectos educativos, dando-nos uma boa ideia da dimensão alcançada pela educação espírita:
• A VERDADEIRA NATUREZA HUMANA: O homem é um Espírito encarnado que se manifesta no plano físico com seu corpo carnal e no plano espiritual com seu corpo perispiritual. Portanto, é o Espírito que possui as faculdades que precisam ser educadas e não o corpo material.
• AS NECESSIDADES EVOLUTIVAS DO ESPÍRITO ENCARNADO: Por ter sido criado por Deus bem antes da formação do seu atual corpo material, o Espírito traz em si experiências, conhecimentos, vícios, traumas e visões acumuladas em múltiplas existências corpóreas, que precisam, ser bem trabalhados, visando a evolução espiritual em busca da perfeição.
• O CONTATO DO HOMEM COM O MUNDO ESPIRITUAL: O Espírito encarnado não perde jamais o contato com o plano espiritual pois está em relação com ele durante o desprendimento parcial que ocorre durante o sono e pelas influências que recebe dos Espíritos.
• A EDUCAÇÃO COMEÇA DESDE A INFÂNCIA PARA APERFEIÇOAR O ESPÍRITO: A criança é um Espírito que recomeça uma nova existência na carne, devendo receber educação e boas influências dos pais e educadores desde a mais tenra idade, visando o seu progresso intelectual e moral.

• A EDUCAÇÃO DA CRIANÇA EXCEPCIONAL:

A criança que tem incapacidade momentânea de manifestação do Espírito, por deficiência física ou mental, e que precisa fazer grandes esforços para superar os obstáculos e as suas limitações, precisa ser atingida pela linguagem do amor. Está vivenciando uma encarnação expiatória, imposta pela lei da reencarnação e por processos cármicos, em decorrência de abuso de suas faculdades e prejuízos que causou a si e ao próximo.

• A EDUCAÇÃO DA CRIANÇA SUPERDOTADA:

A criança naturalmente superdotada, em termos Intelectuais ou morais, é um Espírito que já conquistou essas qualidades em encarnações anteriores, mas que ainda precisa progredir mais nas novas oportunidades e experiências terrenas.
• A EDUCAÇÃO DOS JOVENS: Para educar os jovens com amor, os pais e educadores precisam acreditar no seu potencial de renovação e mudança, respeitar e incentivar os seus ideais elevados sem jamais estimulá-los à satisfação passageira dos instintos grosseiros e da leviandade.
• A EDUCAÇÃO DEVE SER MINISTRADA EM AMBIENTE PROPÍCIO: Todos os educandos devem receber educação em um ambiente saudável, alegre e tranqüilo, propiciado pelo cultivo da prece, das conversas elevadas e da higiene material e moral. Assim, os educandos podem se desenvolver com equilíbrio emocional.
• A EDUCAÇÃO MORAL E INTELECTUAL: A educação espírita promove o aprendizado moral e intelectual. Para isso, os pais e os educadores devem apelar para a vontade do educando e conquistar a sua adesão voluntária na ação de aperfeiçoamento, na busca da perfeição, no despertar da consciência, visando o progresso integral.
• A EDUCAÇÃO MINISTRADA COM AMOR: A educação verdadeira é sempre um ato de amor, pois o amor verdadeiro tem sempre um caráter educativo. Dessa forma, a ação educativa desperta, de maneira equilibrada e integrada, todas as forças da alma.
• A EDUCAÇÃO PROGRESSISTA: A educação espírita contribui para que o educando: desenvolva a perfectibilidade possível, dentro do estágio evolutivo em que se encontra; cumpra mais facilmente a sua missão terrena específica: revele as suas características individuais; aprenda as verdades e as virtudes, tendo em vista a imortalidade da alma; e torne-se um novo educador que busca a transformação moral da humanidade.
• A EDUCAÇÃO DO EDUCADOR: Para que o educador consiga cumprir a sua tarefa educativa, seja como pai, mãe, professor ou em qualquer relação humana, é preciso que se auto-eduque, buscando a própria melhoria e o cultivo da paciência, da renúncia e da doação irrestrita de si mesmo. Além disso, precisa conquistar autoridade moral, religiosidade, equilíbrio, lucidez espiritual, capacidade de observação, humildade, paciência, firmeza, energia e entusiasmo pelo saber.
• A EDUCAÇÃO ESPÍRITA NA PRÁTICA: Para que a educação espírita seja posta em prática, o educador precisa:
a) dar ênfase à educação moral que desperta a consciência para as leis morais, conduz à prática do bem seguindo Jesus, faz brilhar as qualidades do Espírito e dá uma canalização positiva e responsável para a sexualidade;
b) considerar o desenvolvimento intelectual tão importante quanto o desenvolvimento moral;
c) preocupar-se com a estética, pois o amor, a sabedoria e a beleza são aspectos inseparáveis da perfeição;
d) promover a integração entre o lar, a escola e a universidade, e entre a família e os professores;
e) Observar o caráter essencialmente educativo do Espiritismo, que visa a educação do Espírito;
f) aplicar a pedagogia espírita que tem princípios próprios;
g) praticar a educação espírita nos mínimos gestos, nas relações familiares e na vida profissional, visando o bem e o progresso da coletividade;
g) cuidar da educação mediúnica para desabrochar e desenvolver as capacidades extra-sensoriais e propiciar um uso equilibrado, sadio e positivo da mediunidade.

6 – O QUE SE ENTENDE POR FILOSOFIA ESPÍRITA DA EDUCAÇÃO?

A filosofia espírita da educação foi muito bem explicada por Marcus Alberto De Mario, no Capítulo 6 do livro Visão Espirita da Educação, com base em ensinamentos de Allan Kardec, José Herculano Pires e Ney Lobo, a saber:
• O Espiritismo é uma doutrina filosófica, com princípios e causas que constituem um sistema devidamente organizado para explicar o homem e a vida.
• O aspecto educacional do Espiritismo, pautado em sua filosofia, abre um mundo novo para a renovação moral do homem, a partir da constatação, por meio da mediunidade, da imortalidade da alma e da reencarnação.
• Da filosofia espírita emana a filosofia espírita da educação. Esta é um sistema ético-moral que tem por base a moral ensinada e vivida por Jesus.
• A filosofia espírita da educação leva em consideração a existência do Espírito, criado por Deus.
• As coordenadas da filosofia espírita da educação, que norteiam a pedagogia espírita são:
a) o educando é um Espírito reencarnado, que possui potencialidades a serem desenvolvidas, idéias inatas e tendências trazidas de vidas passadas;
b) o educando deve receber uma formação moral melhor que a instrução intelectual, visando construir a sua perfectibilidade;
c) na vida presente, a educação do Espírito encarnado deve estar pautada no amor, que é o sentimento maior.
• A filosofia espírita da educação abrange as áreas social e cultural do homem, mas também penetra no pleno domínio do Espírito, ao levar em consideração a interação e a interpenetração da humanidade do mundo corpóreo com a do mundo espiritual.
• A filosofia espírita da educação leva à educação total do Espírito e conduz à prática pedagógica espírita no lar e na escola com fins superiores.
• A filosofia espírita está inserida nas obras de Allan Kardec e nas chamadas obras subsidiárias.

7 – QUAL O ASPECTO DO ESPIRITISMO QUE DEVEMOS RESSALTAR NA EDUCAÇÃO DE NOSSO FILHOS?

O Espiritismo possui os aspectos filosófico, científico e religioso, que são inseparáveis entre si. Assim, esses três aspectos devem ser aplicados em conjunto na educação de nossos filhos, desde a sua infância.
Esses aspectos do Espiritismo foram estabelecidos de uma forma muito clara e didática por Allan Kardec em sua magistral obra da Codificação. Depois, foram reafirmados nas obras de Léon Denis, que foi um dos mais valiosos continuadores dos trabalhos espíritas iniciados pelo Codificador da Doutrina Espírita na França.
Allan Karclec e Léon Denis, com base nesses três aspectos do Espiritismo, desenvolveram um caráter puramente educativo para a Doutrina dos Espíritos.
Especificamente nas obras de Léon Denis, encontramos esses três aspectos do Espiritismo aplicados na educação da seguinte forma:
• No livro No Invisível, Léon Denis ressaltou a importância da educação da mediunidade, pautada na educação moral dos médiuns. Assim, reafirmou as bases sólidas lançadas por Allan Kardec em O Livro dos Médiuns.
• No livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor, Léon Denis aplicou os princípios filosóficos e morais do Espiritismo na educação das Potências da Alma: a vontade, a consciência, o livre-arbítrio, o pensamento, o caráter e o amor. Dessa forma, aplicou o conteúdo de O Livro dos Esplritos, de Allan Kardec, na educação da alma.
• No livro Depois do Morte, Léon Denis, ao detalhar as relações existentes entre as vidas material e espiritual, reafirmou a importância da educação da alma ser pautada na religião e na moral cristã, para trilharmos o caminho reto, para observarmos as leis morais e para praticarmos o amor, o dever, a caridade, o trabalho, o estudo e as virtudes, tendo em vista o enobrecimento do Espírito, que precisa conquistar as bem-aventuranças no seu retorno à vida espiritual. Dessa forma, as verdades evangélicas, contidas em O Evangelho Segundo o Espiritismo, de Allan Kardec, ganharam uma tônica essencialmente educativa.
Com relação à importância da aplicação do Espiritismo na educação das crianças, Léon Denis registrou as seguintes orientações no Capítulo LIV: A Educação do livro Depois da Morte:
“É pela educação que as gerações se transformam e se aperfeiçoam. Para uma sociedade nova é necessário homens novos. Por isso, a educação, desde a infância, é de importância capital.” ( … ) “Não basta ensinar à criança os elementos da Ciência. Aprender a governar-se, a conduzir-se como ser consciente e racional, é tão necessário como saber ler, escrever e contar: é entrar na vida armado não só para a luta material, mas, principalmente, para a luta moral”. ( … ) “Para despertar na criança as primeiras aspirações ao bem, para corrigir um caráter difícil, é preciso às vezes a perseverança, a firmeza, uma ternura de que somente o coração de um pai ou de uma mãe pode ser suscetível. Se os pais não conseguem corrigir os filhos, como é que poderia fazê-lo o mestre que tem um grande número de discípulos a dirigir? Essa tarefa, entretanto, não é tão difícil quanto se pensa, pois não exige uma ciência profunda. Pequenos e grandes podem, preenchê-la, desde que se compenetrem do alvo elevado e das consequências da educação. Sobretudo, é preciso nos lembrarmos de que esses Espíritos vêm coabitar conosco para que os ajudemos a vencer os seus defeitos e os preparemo-nos para os deveres da vida”. ( … ) “Todas as chagas morais são provenientes da má educação. Reformá-la, colocá-la sobre novas bases traria à Humanidade consequências inestimáveis. Instruamos a juventude, esclareçamos sua inteligência, mas, antes de tudo, falemos ao seu coração, ensinemo-lhe a despojar-se das suas imperfeições. Lembremo-nos de que a sabedoria por excelência consiste eu, nos tornarmos melhores”.

8 – COMO É A PEDAGOGIA ESPÍRITA?

A pedagogia espírita foi muito bem explicada por Walter Oliveira Alves no Capítulo Sexto: modelo Educacional Espírita e também, exemplificada no Capítulo Sétimo: A Prática Pedagógica, do livro Educação do Espírito: introdução a Pedagogia Espírita. Deles extraímos os seguintes pontos que norteiam a pedagogia espírita:
• Além da interação do educando no meio social em que vive, ele recebe constante influência do meio espiritual e interage com ele.
• O educando traz consigo uma bagagem milenar que são as suas conquistas de muitas vidas passadas.
• O educando traz também em si mesmo o “germe da perfeição”, o ideal nobre e superior que lhe cabe construir pelo esforço próprio através da sua ação na vida presente.
• O educando, que é um Espírito encarnado, evolui através da sua ação incessante nos mundos material e espiritual. Na vida presente, ele utiliza a bagagem acumulada no passado, para interagir no meio social com seus esforços, recebendo a inspiração superior, conforme a sua capacidade receptiva, com vistas a construir o seu próprio futuro.
• o educando possui um passado milenar que lhe fornece as bases para a interação na vida presente e, ao mesmo tempo, possui o germe da perfeição, herança de Deus que lhe garante a ação no sentido progressivo, rumo à perfeição.
• As idéias inatas no educando decorrem de suas conquistas passadas e do germe da perfeição, que já existe em estado latente e que ainda irá se desenvolver pelo esforço construtivo e evolutivo próprio, pelo trabalho, pelas ações e realizações, ao interagir com o meio material e espiritual.
• Na sua escalada evolutiva, o educando aumenta o seu patrimônio intelectual e sentimental, a compreensão da vida, de si mesmo e de Deus, bem como melhora a sua sintonia com a vida espiritual.
• As ações e as atividades construtivas são indispensáveis para que o educando consiga o desenvolvimento das potências da alma.
• As experiências da vida presente permitem que o educando trabalhe a bagagem acumulada no passado e construa o seu futuro. Nesse sentido, colaboram as necessidades, os desafios e as ações construtivas e evolutivas que fazem o germe da perfeição se desenvolver constantemente.
• Nesse processo de transformação e de desenvolvimento, o educando precisa do auxílio, da orientação e do estímulo do educador.
• Na condição de construtor de si mesmo, o educando caminha ainda sob a supervisão e o estímulo das inteligências superiores que lhe orientam os passos na caminhada evolutiva, pois Deus fornece aos filhos todos os meios necessários ao progresso, todas as ferramentas e energias que ele necessita para o trabalho evolutivo. Porém, não o isenta do esforço construtivo.
• O educando é um Espírito que retornou trazendo necessidades evolutivas individuais, mas também um programa de vida, que foi estabelecido durante a sua preparação para a reencarnação.
• O educador presta relevante auxílio ao educando ao trabalhar as suas necessidades íntimas; ao auxiliá-lo na sua integração e na sua interação com o meio social em que vive; ao observar as suas tendências e as suas aptidões naturais, direcionando-as para os níveis superiores do sentimento e da inteligência: e ao promover o desenvolvimento das boas qualidades.
• O educador utiliza o Evangelho de Jesus nesse processo educativo.
• O Centro Espírita deve exercer também o papel de Escola sublime iluminando a mente e o coração do educando, que é Espírito eterno, criado por Deus para a perfeição.
• O educador deve oferecer ao educando, com respeito e afeto, os bons exemplos, as experiências, os estímulos aos ideais nobres, as atividades construtivas adequadas ao desenvolvimento de suas potencialidades, tendo por base o potencial já desenvolvido no passado e a manifestação gradual deste potencial no presente encarnação.
• O educando deve ter uma participação ativa no processo educativo e realizar esforços no sentido de vencer os desafios que o levam ao desenvolvimento integral das potencialidades do Espírito e à construção de um futuro nobre.

9 – A EDUCAÇÃO ESPÍRITA TEM ALGO A VER COM A EDUCAÇÃO DA ALMA?

Sim, porque a educação espírita cuida do desenvolvimento e do aprimoramento das faculdades da alma do homem, que é um Espírito encarnado.
Os pontos que norteiam a educação da alma estão em perfeita harmonia com os da educação espírita, como pode ser constatado nos Capítulos do livro Educação da Alma, de autoria do Dr. Roberto Brólio. A educação da alma, assim como a educação espírita:
• Visam a educação do ser imortal inserido no organismo humano, que sobrevive após a morte do corpo físico, mantendo sua individualidade na vida espiritual futura.
• Visam o desenvolvimento espiritual, a retidão do caráter e a formação ética e moral de todas as criaturas.
• Visam salvaguardar a nobreza e a dignidade humana, ao promover a evolução da alma.
• Visam à formação de bons hábitos, estimulando os valores positivos da personalidade, como a retidão do caráter, a fé, o amor e o pensamento positivo.
• Têm como primeira escola o lar, pois é realizada fundamentalmente na família, sob a responsabilidade dos pais.
• Também podem ser ministradas nas instituições religiosas, motivadas para o progresso espiritual das criaturas, para a formação moral e dos bons hábitos, para os valores intrínsecos da alma identificados com a vivência do amor fraterno entre os homens.
• São dirigidas às pessoas necessitadas dos ensinamentos que visam elevar o seu nível moral, à luz do evangelho.
• Alcançam dimensões muito profundas, como sistema educativo, pelo seu conteúdo de informações que pode levar à reforma íntima do educando.
• Propõem uma tomada de consciência dos seres humanos empenhados no aprimoramento das condições de vida no planeta Terra.
• Têm como normas educativas fundamentais: o amor; o uso adequado do sim e do não; o exemplo; o diálogo sincero; o elogio que eleva a auto-estima; a crítica construtiva; o acionamento das forças volitivas da alma, como a vontade, o bom ânimo, a alegria e a determinação; a prática do bem; o cumprimento da lei do trabalho; a observância das Leis de Deus; a reencarnação; o ensino de Jesus e as leis morais; e o fortalecimento da família pela prática das virtudes.
• Devem estar aliadas à educação intelectual para promover o desenvolvimento integral do ser humano.
• Têm por finalidade promover a mudança do comportamento do educando, diante do conhecimento que lhe é ministrado.
• Dão os recursos para que o ser humano possa ser otimista, tanto nas situações favoráveis como nas fases de dificuldades, proporcionando-lhe a felicidade, através da realização íntima.

10 – A EDUCAÇÃO ESPÍRITA É COMPATÍVEL COM A EDUCAÇÃO VOLTADA AO RESPEITO DOS DIREITOS HUMANOS?

Sim, porque em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, constatamos que a educação espírita tem compatibilidade com todos os princípios que foram estabelecidos nos 30 Artigos da Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada e proclamada pela resolução 217 da Assembléia Geral das Nações Unidas, em 10 de dezembro de 1948, e que deve ser posta em prática por todas as pessoas de todas as nações.
Com isso, a educação espírita leva ao respeito dos direitos humanos, isto é, ao respeito, à proteção e a defesa dos direitos fundamentais inerentes à vida e à existência humana.
Dessa forma, recebendo a educação espírita, os nossos filhos, naturalmente, defenderão a igualdade de direitos entre os homens e as mulheres; valorizarão e colocarão em prática os direitos humanos à vida, à segurança pessoal, à liberdade de pensamento, de consciência, de religião, de opinião, de expressão, de reunião e associação pacíficas, de acesso aos serviços públicos. De trabalhar, de ter remuneração justa, de repousar, de ter acesso ao lazer, à saúde e ao bem estar, e de receber instrução para o pleno desenvolvimento da personalidade. Além disso, estenderão os benefícios do progresso econômico e social para todas as pessoas, sem distinção de origem, raça, cor, sexo, idade, crenças, convicções religiosas, filosóficas e políticas ou qualquer outra forma de discriminação.

11 – QUAIS BENEFÍCIOS PARA OS NOSSOS FILHOS PODEMOS ESPERAR DA EDUCAÇÃO ESPÍRITA?

Os benefícios decorrentes da educação espírita são os que provem da sua notável formação filosófica, religiosa, moral e espiritual. Esta formação os leva a se tornarem homens de bem, com as características descritas por Allan Kardec no Capítulo XVII: Sede Perfeitos, do O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Portanto, os benefícios são os decorrentes de:
• Praticar a Lei de justiça, de amor e de caridade, na sua maior pureza.
• Interrogar a consciência sobre os próprios atos, para saber se não violaram essa Lei, se não praticaram o mal, se fizeram todo o bem que podiam ter feito, se prestaram serviço útil ao semelhante, se não deram motivo para queixas e se fizeram aos outros o que querem que lhes seja feito.
• Ter fé na bondade, na justiça e na sabedoria de Deus.
• Colocar os bens espirituais acima dos bens materiais temporários.
• Ver as vicissitudes da vida, as dores e as decepções como provas ou expiações que devem ser aceitas sem murmurar.
• Fazer o bem sem esperar recompensa, pagar o mal com o bem, defender o fraco e sacrificar o interesse pessoal pela prática da justiça.
• Vencer o egoísmo a ponto de encontrar satisfação nos benefícios que distribui ao próximo, nos serviços que presta ao semelhante, nas venturas que promove, nas lágrimas que faz secar, nas consolações que leva aos aflitos, no pensar nos interesses alheios antes de pensar nos próprios interesses.
• Ser bom, humano e benevolente com todos, sem distinção de raça, crença, por considerar todos os homens como irmãos.
• Respeitar as convicções alheias sinceras sem ficar lançando-lhes dúvidas.
• Ter a prática da caridade como guia.
• Perdoar e esquecer as ofensas, sendo indulgente com as fraquezas alheias.
• Estudar as próprias imperfeições e trabalhar sem cessar em combatê-las.
• Tratar as pessoas sob a sua dependência com bondade e benevolência.
• Cumprir com responsabilidade todos os deveres sociais.
• Respeitar os direitos assegurados aos semelhantes. Portanto, os benefícios da educação espírita decorrem da prática dessas condutas morais elevadas, que tornam os nossos filhos verdadeiros homens de bem e, assim, pessoas bem sucedidas na vida.

12 – QUAIS AS PERSONALIDADES ESPÍRITAS PODEMOS ADOTAR COMO REFERÊNCIA PARA A EDUCAÇÃO ESPÍRITA?

Allan Kardec é o grande personagem da educação espírita, cujos fundamentos estão inseridos em diversas partes de O Livro dos Espíritos.
Por exemplo, na Questão 208 consta: “O Espírito dos pais tem a missão de desenvolver o dos filhos pela educação; isto é para ele uma tarefa. Se nela falhar, será culpado”. Em função disso, a Doutrina Espírita passou a ter preocupações educativas, isto é, orientar os pais na tarefa difícil de educar os seus filhos, que são Espíritos reencarnados.
Léon Denis compreendeu muito bem o aspecto educativo da Doutrina Espírita, e, em suas obras, forneceu valiosas orientações para que os pais pudessem alcançar sucesso na complexa tarefa de educar a sua prole.
Especificamente no Brasil surgiram no Movimento Espírita personalidades que, com os seus exemplos e obras, estenderam a educação espírita além das fronteiras do lar. Por exemplo, Eurípedes Barsanulfo (Sacramento-MG, 01/ maio/ 1880 a 01/novembro/1918), educou crianças e jovens no Colégio Allan Kardec, que foi, certamente, a primeira escola espírita voltada à educação dos valores intelectuais e morais, aplicando uma pedagogia diferenciada, dinâmica e estimulante. Aqui tivemos também os exemplos e a obra inigualável de Anália Emília Franco (Resende- RJ, 01 / fev / 1856 / São Paulo, 20 jan/1919), que, como educadora, prestou relevantes serviços às criancinhas em geral, mas, notadamente, às de classes menos favorecidas, ao ter atuado em diversas instituições educativas, enfrentando e vencendo enormes dificuldades.
Anália Franco conquistou admiração e respeito por ter posto em prática o lema: “Eduquemos e amparemos os pobres crianças que necessitam do nosso auxílio: arrancando-as das trilhas dos vícios, tornando-as cidadãos úteis e dignos para o engrandecimento de nossa Pátria”.
Dedicado ao amparo e à educação das crianças, Eurípedes Barsanulfo e Anália Franco colocaram em prática a educação espírita voltada ao aperfeiçoamento intelectual e moral dos Espíritos encarnados, independentemente de serem ou não nossos filhos.
Eles nos ensinaran, que todas as crianças merecem o nosso amor através das nossas ações e obras educativas, instrutivas e enobrecedoras.
Dessa forma, tornaram-se grandes personalidades espíritas que servem de referência para os nossos trabalhos educativos práticos dentro e fora do lar.

13 – COMO DEVEMOS NOS CONDUZIR NA CONDIÇÃO DE EDUCADORES?

Todos temos uma missão educativa a cumprir ao lado de nossos filhos. Para isto, devemos estar preparados em termos intelectuais e morais. Mas, especificamente na condição de educadores, para darmos uma educação espírita correta aos nossos filhos, podemos seguir o roteiro estabelecido por Eliseu Rigonatti, no livro Manual Prático do Professor de Catecismo Espírita, a saber:
• Atuar diretamente nos cérebros infantis, formando-os de acordo com a mais alta moral.
• Ensinar, melhorar, moralizar, intelectualizar e espiritualizar, mas cumprir essa tarefa de conformidade com os ensinamentos evangélicos.
• Reconhecer a necessidade imperiosa de ministrar a educação religiosa aos filhos, de trabalhar para que eles sejam os bons Espíritos de amanhã, pela espiritualização que deve começar desde bem pequeninos.
• Ministrar as lições de acordo com a faixa etária dos filhos, mas levar em conta o nível mental de cada um deles, principalmente ao lhes dirigir perguntas ou questões que despertam o interesse por assuntos importantes.
• Manter a assiduidade nas lições, recompensando o interesse e a disciplina com prêmios, com filmes divertidos e instrutivos, com a narrativa de histórias, com brincadeiras, com material didático e livros apropriados.
• Escolher um horário oportuno para transmitir os ensinamentos.
• Manter a duração da aula num tempo curto para não causar aborrecimento nem cansaço.
• Programar os temas com antecedência.
• Dedicar tempo para preparar e conhecer bem o assunto que vai ser tratado.
• Falar com clareza, simplicidade e objetividade.
• Colocar-se no nível das crianças e dos adolescentes para conquistar o seu interesse.
• Permitir perguntas, debates e a participação ativa nos temas em discussão.
• Transmitir as lições evangélicas de modo símples, claro e preciso, mostrando que devem ser vividas e aplicadas todos os dias e em todas as horas.
• Complementar as lições evangélicas com as lições do Espiritismo acerca da imortalidade da alma, da reencarnação, da Terra como escola de educação e progresso para os Espíritos encarnados, do bom uso do livre-arbítrio etc.
• Ministrar lições morais sobre a cortesia, o respeito, a obediência, a honestidade e o bom comportamento para corrigir vícios e falhas ocorridas na educação.
• Trabalhar no sentido de educar a vontade, o sentimento e a consciência.
• Ressaltar a importância de viver na sociedade de acordo com os ensinamentos cristãos e espíritas que estão sendo passados.
• Mostrar a importância do cumprimento dos deveres para consigo mesmos, para com Deus, para com a Pátria e para com a Família.
• Desenvolver nas crianças as habilidades artísticas e o gosto pela literatura.
• Ter como deveres do educador a assiduidade, pontualidade, modéstia, clareza de expressão, o amor, estudo, exemplo, entusiasmo, gosto pelo ensino e boa vontade para com os aprendizes.

14 – QUAL PROCESSO EFICIENTE DEVEMOS APLICAR NA EDUCAÇÃO ESPÍRITA DE NOSSOS FILHOS?

O processo educacional eficiente é aquele com o qual conseguimos transmitir os conhecimentos elevados existentes em todas as áreas do saber humano, empregando técnicas pedagógicas e educativas que incorporam uma boa dose de iniciativa, criatividade, entusiasmo e empatia, visando a educação e o aperfeiçoamento no uso das faculdades da alma.
Ainda, no caso específico da educação espírita, precisamos pôr em prática o seguinte Mandamento ditado pelo Espírito de Verdade:
“Espíritas: amai-vos, eis o primeiro ensinamento; instruí-vos, eis o segundo”.
Assim, o processo eficiente na educação espírita é aquele que contempla, ao mesmo tempo, o desenvolvimento da capacidade de amar e o interesse em buscar incessantemente as instruções que engrandecem o uso das faculdades da alma e que formam a educação e a cultura espíritas.
A aliança entre o sentimento e o saber, entre o coração e o cérebro dão eficiência à educação espírita, ao permitirem que os nossos filhos se tornem homens de bem, com atuação brilhante na família e em todas as áreas da atividade humana.
Aprendendo a amar e a valorizar as instruções, os conhecimentos, os esclarecimentos, as explicações, os ensinos, as leituras e as orientações que têm um propósito educativo, os nossos filhos conquistarão, ao mesmo tempo, a bondade e o saber, dando provas evidentes de que o processo educativo espírita é eficiente.

15 – QUE PROVIDÊNCIAS EDUCATIVAS DEVEMOS ADOTAR PARA QUE NOSSOS FILHOS SEJAM EDUCADOS DE UM MODO CORRETO E EFICIENTE?

As providências educativas que efetivamente produzem bons resultados ao longo do tempo são aquelas que naturalmente adotamos desde a infância de nossos filhos: a conversação amorosa, simpática, otimista e amiga; a orientação verdadeira e proveitosa; as explicações corretas e úteis; as respostas francas às dúvidas do momento; os esclarecimentos sobre as conseqüências das atitudes morais boas ou más; a exemplificação do melhor caminho a ser seguido na vida; a transferência oportuna de conhecimentos e de experiências pessoais valiosas; as manifestações práticas das nossas formas elevadas de pensar, de ser, de sentir e de agir; o atendimento fraterno, no momento certo, das necessidades físicas e espirituais de nossos entes queridos, e assim por diante.
Ainda, nessa mesma linha de providências educativas, Lydienio Barreto de Menezes, no Capítulo Quem é o Educador?, do livro A Educação à Luz do Espiritismo, nos recomenda:
“1 – que haja sempre diálogo e que este seja informal, franco e oportuno;
2 – que neste diálogo, a criança se sinta a vontade para expressar seus pensamentos, isto é, que exista um espaço aberto para ela falar;
3 – que as experiências sejam sempre aquelas relacionadas com o momento;
4 – que o educador esteja sempre atento às atividades e atitudes da criança para que, a partir delas, possam sair as informações úteis à sua educação;
5 – nos momentos em que a criança denote suas más tendências, a correção deve ser feita na hora, com muito tato, sabedoria e carinho, mas demonstrando firmeza nas palavras, procurando sempre ressaltar o lado positivo e nunca o negativo. “O mal não merece ser comentado” é a recomendação do Espírito André Luiz.”

16 – QUE CRITÉRIOS DEVEMOS ADOTAR PARA SABER SE ESTAMOS EDUCANDO BEM OS NOSSOS FILHOS?

Os critérios para discernir, apreciar ou julgar se a educação que damos aos nossos filhos está correta são: a observação atenta das condutas morais, usando o bom senso; a constatação de um grau apropriado de desenvolvimento integral dos filhos; e a satisfação última com os bons resultados que se tornaram evidentes pelos comentários favoráveis sobre o educando.
Na mensagem psicografada por Chico Xavier, intitulada Educação, de autoria do Espírito André Luiz, (publicada no livro Endereços da Paz, de Edição CEU), encontramos os rumos que devemos seguir, os quais, com toda a certeza, fazem dar certo a educação que ministramos aos nossos filhos:
• Ter o amor como base do ensino.
• Estabelecer a cooperação mútua, que deve haver entre o educador e o educando.
• Obter do filho a busca espontânea do auto-aprimoramento.
• Não impor uma disciplina excessiva, que abra caminho para a violência.
• Usar a curiosidade construtiva para ajudar o filho no aprendizado.
• Colocar o Evangelho no coração do filho para desenvolver a sua consciência.
• Admitir que cada criatura é um mundo particular de trabalho e de experiência.
• Ministrar as lições com sentimento.
• Não tentar criar uma vocação compulsória.
• Não usar o automatismo, ao passar uma instrução, para que não haja gelo na ideia.
• Não educar com base na recompensa, nem no castigo.
• Não permitir desvios de condutas na infância e na juventude, pois eles vão se refletir em desvios na madureza.
• Buscar envolver a responsabilidade pessoal do filho em cada lição passada.
• Observar o aproveitamento do aprendiz para conhecer a eficiência do mestre.
• Educar, considerando a maternidade e a paternidade como magistérios sublimes.
• Ter o lar como a primeira escola.
• Ser os primeiros professores, na condição de pais.
• Dar a primeira aula ao filho, já no primeiro dia de vida.
• Estabelecer a união com o filho para que o trabalho educativo seja em conjunto.
• Entrosar o lar com a escola.
• Cultivar o Evangelho em casa para uni-lo à matéria lecionada na escola, visando iluminar a mente em trânsito para as esferas superiores da Vida.

17 – EXISTE ALGUM ATRIBUTO ESPECIAL QUE DEVEMOS TER PARA QUE SEJAMOS BEM SUCEDIDOS NA EDUCAÇÃO ESPÍRITA DE NOSSOS FILHOS?

Um dos atributos mais importantes no educador espírita é o da paciência, que foi ressaltado no Capítulo IX:
Bem-aventurados os Mansos e Pacíficos, de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Paciência para preparar a matéria que vai ser ensinada.
Paciência para ensinar quantas vezes forem necessárias, até que o aprendizado se realize e se converta em educação.
Paciência com os erros e com as faltas dos educandos, para que o amadurecimento mental se realize.
Paciência para prosseguir trabalhando até que a aprendizagem apresente resultados satisfatórios.
Paciência para que o tempo faça a sua parte de amadurecimento no processo educativo.
Paciência com os constrangimentos que os educandos displicentes impõem aos professores.
Paciência com a aparente perda de tempo dos aprendizes relapsos.
Paciência para rever a matéria até que os problemas inerentes a ela sejam resolvidos com facilidade.
Paciência com as condutas rebeldes dos aprendizes.
Paciência para que os bons resultados da educação ministrada se apresentem abrindo um futuro promissor.
Paciência até que os alunos consigam pôr em prática o que aprenderam.
E assim por diante …

18 – COMO DEVEM SER AS RELAÇÕES EDUCATIVAS COM OS NOSSOS FILHOS?

As relações educativas com os nossos filhos devem estar pautadas essencialmente nas diversas formas de manifestação do amor materno ou paterno.
Porém, essa questão pode ser respondida de uma forma mais detalhada e prática, aplicando-se as seguintes orientações aos educadores, contidas no Capítulo 23: Educação, do livro Estudos Espíritas, escrito pelo Espírito Joanna de Ângelis, através do médium Divaldo Pereira Franco:
• A aprendizagem deve visar o crescimento e a evolução do aprendiz.
• A aprendizagem não deve visar apenas a transferência de conhecimentos que preparam o indivíduo para a vida. A aprendizagem deve desenvolver experiências, em função das aptidões inatas do educador e do educando, tornando-as recursos úteis e aplicáveis nas múltiplas oportunidades da existência.
• A aprendizagem não deve se restringir a passar instrução. A aprendizagem deve formar bons hábitos, desenvolver o intelecto, fixar ou reformular experiências, levando sempre em conta as necessidades da convivência em sociedade e da auto-realização do educando.
• Os métodos educativos devem estar harmonizados com as condições mentais e emocionais do aprendiz.
• Os conhecimentos não devem ser impostos através de um processo repetitivo. O educador deve motivar o educando às próprias descobertas, para que ele cresça com elas. Assim, a contribuição do educador não deve se limitar ao “pronto e concluído”.
• As qualidades do educador devem englobar as de natureza intelectual, emocional, psicológica e as de caráter efetivo e sentimental.
• O educador, além do conhecimento da matéria que vai ensinar, deve possuir conhecimentos indispensáveis da psicologia infantil e das leis da reencarnação. Além disso, deve ter harmonia interior e alta compreensão afetiva dos problemas naturais que podem surgir durante o processo educativo. Esses valores auxiliam muito o educador em sua experiência educacional.
• O educador que possui conhecimento das leis da reencarnação encontra respostas para os mais intrincados enigmas, com os quais pode se defrontar durante o processo educativo.
• O educador tem a tarefa indeclinável de aliar a educação à instrução. Assim, consegue transformar o aprendiz.
• Os alicerces da educação devem estar no lar. Mas na escola o educando deve obter as contribuições intelectuais e as experiências sociais.
• O aprendiz deve ter a oportunidade de formular as próprias experiências, para desvendar a vida e o mundo.
• O educando merece sempre respeito. Assim, pode desdobrar as próprias possibilidades e trocar experiências que beneficiam a aprendizagem.
• A liberdade do educando não deve ser exagerada, para não ensejar a libertinagem, os desajustes, a inquietação e a indisciplina.
• A liberdade, na educação, é primacial, porém com responsabilidade.
• No processo educacional não deve haver agressão, severidade exagerada, abandono ou negligência. Deve haver amor que propicie a convivência digna, a assistência fraterna e o cumprimento do programa e das tarefas dinâmicas de troca de experiências.
• O educador deve buscar no Espiritismo as respostas que precisa para melhor compreender o educando e para obter eficiência no trabalho de ensinar a viver. Os conhecimentos espíritas, quando aplicados na educação, fazem os educandos voltarem-se para Deus, para o bem e para a prestação de serviços úteis ao próximo.

19 – QUAIS PROCEDIMENTOS DEVEMOS TER EM MENTE VISANDO O CUMPRIMENTO DAS RESPONSABILIDADES EDUCATIVAS?

Os procedimentos para o cumprimento das responsabilidades educativas são os abaixo apresentados, compostos a partir dos ensinamentos oferecidos pelo Espírito Emmanuel nas mensagens Pais, Filhos e Vida Conjugal, contidos no livro Vinha de Luz a saber:
• Ter em mente que os compromissos assumidos com a paternidade e a maternidade têm um caráter divino e devem ser vistos como uma oportunidade para o engrandecimento do Espírito.
• Compreender a complexidade e a grandeza do trabalho educativo a ser realizado dentro da família.
• Ter em vista que o lar é o mundo essencial, onde os desígnios divinos devem ser atendidos com o cumprimento de todos os serviços que nos forem conferidos.
• Ver os filhos como obras preciosas que o Senhor nos confiou, solicitando-nos a cooperação amorosa e eficiente.
• Ter em mente que criar filhos e aperfeiçoá-los não é um serviço fácil; mas cumprindo os encargos educativos podemos conquistar títulos nobres de confiança.
• Saber que para o cumprimento das nossas responsabilidades educativas, à luz do Evangelho, precisamos de profundos dotes de amor e equilíbrio.
• Compreender as obrigações, mas ensinar os filhos a vigiar a si mesmos, com singular atenção.
• Conscientizar os filhos de que eles estão marcados por divinos deveres juntos a nós, a quem foram confiados pelo Supremo Senhor, na senda humana.
• Educar os fílhos de forma que saibamos prestar a justa obediência.
• Amparar os filhos mesmo se descerem, na insensatez, no crime, nos caprichos venenosos, na ociosidade ou na perversão. Com o amor regenerativo não se tornarão pais inconscientes que não conseguem usufruir da felicidade doméstica.
• Colocar, acima de tudo, na educação com o Cristo, as doces exortações da fraternidade.
• Ter a amizade real o companheirismo e a satisfação das necessidades nos procedimentos educativos com Jesus.

20 – COMO MOSTRAR AOS NOSSOS FILHOS O VALOR DA ESCOLA?

O valor da escola está nos benefícios que os educadores que trabalham nela proporcionam aos alunos. Isto, os nossos filhos vão descobrindo aos poucos, à medida que desenvolvem uma melhor compreensão dos valores intelectuais e morais. Mas, podemos acelerar essa descoberta oferecendo-lhes os seguintes argumentos que foram compostos a partir das lições contidas na mensagem do Espírito Demétrio Nunes Ribeiro, intitulada A Escola, e publicada no livro Falando à Terra, de psicografia de Francisco Cândido Xavier:
• O professor é um benfeitor que, na escola, pratica um gesto de caridade ao ensinar a ler, ao elevar o padrão mental dos alunos e ao eliminar um dos maiores males: a ignorância que gera muitos infortunios.
• A escola, em todos os seus graus, deve ser vista como um templo da luz divina, onde o Espírito eterno se santifica, através da instrução e da educação que recebe dos professores.
• Na escola, o educador faz muito mais do que simplesmente corrigir. Ao alfabetizar, o professor forma homens de hábitos dignos com recursos intelectuais que permitem cumprir seus deveres, falar e escrever com vistas a combater a ignorância e a promover o progresso.
• Com a educação, o esclarecimento, a cultura e o engrandecimento da consciência, obtidos na escola, vencemos os nossos instintos inferiores.
• Na escola valorizada e fortalecida, onde o livro cumpre a sua função sublime, encontramos os caminhos para que a regeneração do mundo se concretize em breve tempo.

21 – QUAL A FORÇA DO LIVRO NO PROCESSO DE EDUCAÇÃO ESPÍRITA DE NOSSOS FILHOS?

Os livros espíritas facilitam o processo de educação de nossos filhos. Por isso, é importante que eles aprendam a valorizar e a gostar do livro desde a mais tenra idade, ao começarem ouvindo a leitura de histórias infantis! com mundo espírita.
Mas, para aprenderem a apreciar o conteúdo útil, sério e instrutivo dos livros espíritas, eles precisam receber estímulos e exemplos permanentes dos pais. Assim, compreendem, pouco a pouco, a força e a importância do livro na obtenção do saber em todas as áreas do conhecimento humano, inclusive no campo do Espiritismo.
Portanto, no processo de educação espírita de nossos filhos não podemos deixar faltar jamais o livro espírita que:
E’ nobre companheiro para os minutos livres. É a luz que ilumina e clareia a mente.
É o alimento que dá mais energia para a vida íntima. E’ o orientador que nos modifica, renova e ensina a viver melhor.
É o tesouro da sabedoria que nos leva a conquistar a riqueza moral.
É o cimento que nos permite edificar um futuro cada vez mais venturoso.
É o grande amigo, do qual recebemos a instrução segura que nos permite pensar e agir melhor.
É o aliado fiel, do qual obtemos a educação que melhora os nossos sentimentos e nos ensina a controlar as emoções.
É o instrutor leal e sincero, do qual colhemos as dicas valiosas que nos levam a usar bem todas as faculdades, melhorando o nosso relacionamento e a convivência no lar, no trabalho e na sociedade.
É o sábio discreto, do qual extraímos o entendimento de Deus e da Obra da Criação, colocando-nos em harmonia com as Leis da vida.
O livro espírita deve estar sempre à nossa disposição e à de nossos filhos para que possamos beneficiar o Espírito.

22 – PODEMOS RECORRER AOS LIVROS INFANTIS PARA COMEÇAR A EDUCAR OS NOSSOS FILHOS NOS PRINCÍPIOS DO ESPIRITISMO?

Sim. Essa parece ser a melhor técnica pedagógica. Com os Livros espíritas infantis em mãos, os nossos filhos veem o interesse despertado por temas espíritas que elucidam a consciência a respeito de Deus e das leis da vida espiritual e Material.
As fábulas, as histórias infantis, os contos e as narrativas sobre assuntos inerentes à vida, prestam-se maravilhosamente para promovermos a iniciação de nossos filhos na aprendizagem do Espiritismo e na sua aplicação prática.
Evidentemente, cada livro infantil deve estar de acordo com a idade de nossos filhos e a sua compreensão mental. Mas, no contato permanente com os livros espíritas, os nossos filhos, à medida que forem crescendo e se desenvolvendo, vão tendo ao seu alcance outros livros mais condizentes com as novas fases da vida material, até que atinjam a fase adulta. Certamente, se interessarão pela leitura dos livros doutrinários, em função do gosto e de hábito de leitura adquiridos, obtendo, assim, um completo entendimento do Espiritismo, visando a sua prática no cotidiano.

23 – QUAL O PAPEL QUE DEVEMOS DESEMPENHAR NO PROCESSO DE EDUCAÇÃO DOS NOSSOS FILHOS?

Os pais têm a missão de educar os filhos, através de seus bons exemplos e de seus esforços educativos. Então, devem mobilizar todos os membros da família, respeitando as capacidades individuais, e transmitir-lhes os conhecimentos necessários à sua formação para a vida, visando o cumprimento dos seus papéis educativos .
Nesse sentido, cabe recordar alguns trechos das recomendações do Espírito Emmanuel, contidas no livro O Consolador:
“As noções religiosas, com a exemplificação dos mais altos deveres da vida, constituem a base de toda a educação, no sagrado instinto da família”. (Item 108) .
“Na infância, o Espírito é mais suscetível de renovar o caráter e estabelecer novo caminho, na consolidação dos princípios de responsabilidade, se encontrar nos pais legítimos representantes do colégio familiar”. (Item 109).
“Passada a época infantil, credora de toda vigilância e carinho por parte das energias paternais, os processos de educação moral: que formam o caráter, tornam-se mais difíceis … “. (Item 109).
“A melhor escola ainda é o lar, onde a criatura deve receber as bases do sentimento e do caráter. Os estabelecimentos de ensino, propriamente do mundo, podem instruir, mas só o instituto da família pode educar. É por essa razão que a universidade poderá fazer o cidadão, mas somente o lar pode edificar o homem”. (Item 110).
“Consideramos que os pais são os mestres da educação sexual de seus filhos, indicados naturalmente para essa tarefa, até que o orbe possua por toda parte, as verdadeiras escolas de Jesus, onde a mulher, em qualquer estado civil, se integre na divina missão da maternidade espiritual de seus pequenos tutelados e onde o homem, convocado ao labor educativo, se transforme num centro de paternal amor e amoroso respeito para com os seus discípulos”. (Item 111).
“A escola educativa do lar só possui uma fonte de renovação que é o Evangelho, e um só modelo de mestre, que é a personalidade excelsa do Cristo”. (Item 112).
“O período infantil: em sua primeira fase, é o mais importante para todas as bases educativas, e os pais espiritistas cristãos não podem esquecer seus deveres de orientação aos filhos, nas grandes revelações da vida. Em nenhuma hipótese, essa primeira etapa das lutas terrestres deve ser encarada com indiferença”. (Item 113).
“Deve nutrir-se o coração infantil com a crença, com a bondade, com a esperança e com a fé em Deus. Agir contrariamente a essas normas é abrir para o faltoso de ontem a mesma porta larga para os excessos de toda sorte, que conduzem ao aniquilamento e ao crime”. (Item 113).

24 – A QUEM DEVEMOS DELEGAR AS TAREFAS EDUCATIVAS?

As tarefas educativas dos pais são indelegáveis. Isto fica claramente justificado nas seguintes orientações do Espírito Emmanuel; contidas no Capítulo 12: Educação no Lar, do livro Caminho, Verdade e Vida:
• A formação do caráter deve ocorrer no lar.
• Os pais têm, de ser os primeiros mentores dos filhos, em cumprimento à sua missão amorosa.
• A tarefa educativa doméstica constitui trabalho e cooperação com Deus.
• Nada substitui a educação no lar que é pautada nos bons exemplos, porque os filhos sempre imitarão os pais.

25 – QUAIS QUALIDADES DEVEMOS TER NAS TAREFAS EDUCATIVAS?

As qualidades que retratam bem o verdadeiro amor paterno ou materno. Essas qualidades encontram-se descritas e podem ser extraídas do Capítulo 30: Educa, do livro Fonte Viva, de autoria do Espírito Emmanuel, através da psicografia de Chico Xavier, a saber:
• Coração enobrecido no grande entendimento da vida, para que extravase heroísmo santificante.
• Cérebro cultivado no bem, para produzir iluminadas formas de pensamento.
• Grandeza espiritual, para gerar a palavra equilibrada, o verbo sublime e a voz balsamizante.
• Educação moral que transforme a irracionalidade em inteligência, a inteligência em humanidade e a humanidade em angelitude, visando a edificação do paraíso na Terra.

26 – EXISTE DIFERENÇA ENTRE INSTRUIR E EDUCAR OS NOSSOS FILHOS?

Sim. Essa diferença ficou muita bem esclarecida e estabelecida nos artigos Filhos: Instruí-los e Educá-los e Cuidar da Infância, de W.A. Cuin, publicados, respectivamente no jornal “Folha Espírita”, de dezembro de 2003 e de fevereiro de 2004, a saber:
• Os nossos filhos devem ser devidamente educados para que dêem contribuição para o progresso geral, ao atuarem como verdadeiros homens de bem.
• Exercemos uma grande e notável influência positiva ou negativa sobre os nossos filhos, dependendo dos exemplos bons ou maus que lhes passamos. Assim, toda responsabilidade e todo cuidado de nossa parte são importantes.
– Instruir e educar não são a mesma coisa. Instruir significa oferecer recursos para o aprendizado enriquecendo o intelecto. Já a educação forma o caráter.
• Educar, como objetivo primeiro, significa moldar o caráter de alguém, prepará-lo para viver dentro dos padrões da moralidade, sendo um verdadeiro homem de bem, que consiga eleger o bem-estar da criatura humana, onde quer que esteja.
• Instruir significa ministrar conhecimentos, oferecer experiências acadêmicas ou transmitir cultura.
• Educar é tarefa exclusiva da família, enquanto a instrução pode ser obtida no lar, na escola ou na vivência social.
• Uma pessoa pode ser instruída, sem que seja educada. Já a educação implica em ter instrução também.
• Devemos encaminhar os nossos filhos para as melhores escolas e os melhores cursos, mas precisamos também educá-los dentro da família, sem delegar esta atribuição que lhe é inerente.
• Devemos, com a educação, combater os desequilíbrios, a violência, a indiferença, a desonestidade, a mentira e a falsidade que podem nascer dentro do próprio lar. Assim, cumprimos os nossos deveres e compromissos de edificar uma sociedade mais justa e fraterna.
• Devemos oferecer aos nossos filhos exemplos de trabalho, honestidade, respeito, dignidade, moralidade, calma, paciência, perseverança, otimismo, alegria, idealismo, desprendimento, fraternidade, solidariedade, perdão e de fazer ao próximo o que gostaríamos que ele nos fizesse.
• Os nossos filhos estão atentos e observam a nossa conduta. Eles se convencem da importância da prática do bem muito mais pelos exemplos que lhes damos do que pelas palavras e pelos discursos que proferimos.
• Devemos aproveitar todas as oportunidades educativas para corrigir, orientar, equilibrar, moralizar e disciplinar os nossos filhos para ficarmos com a consciência em paz ao termos cumprido a importante missão educativa que a Providência Divina nos confiou.

27 – QUAL A FUNÇÃO DO EVANGELHO NA EDUCAÇÃO DE NOSSOS FILHOS?

O Espiritismo é uma doutrina essencialmente cristã., em função da publicação, por Allan Kardec, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, que lhe deu um aspecto religioso. Por isso, o Evangelho não pode faltar na educação espírita de nossos filhos.
Ainda, no Capítulo Educar, do livro Dicionário da Alma, constam os seguintes ensinamentos, respectivamente, dos Espíritos Emmanuel e Benedita Fernandes, escritos através da psicografia de Chico Xavier, que reafirmam a importância do Evangelho num processo educativo:
“Educar é, por excelência, a função da própria vida.
Por isso mesmo, conferimos ao Amigo Celestial o título de Mestre, porque, acima de tudo, Jesus é o mentor sublime de todos os séculos, ensinando com abnegação, em cada hora, a lição do sacrifício e da humildade, da confiança e da renúncia, por abençoado roteiro de elevação da Humanidade inteira”.
“Educar é a maior maneira de curar o desequilíbrio do mundo e orientar com Jesus é curar todas as chagas o espírito eterno”.
Assim, a educação espírita contempla, de modo indispensável, os valiosos ensinamentos religiosos, morais e espirituais de Jesus, contidos no Evangelho.
Para reforçar ainda mais essa tese, recorremos ao Capítulo XXXV: Educação Evangélica, do livro intitulado Emmanuel para extrair as seguintes ponderações feitas por esse guia espiritual:
• Todas as necessárias reformas sociais têm de processar-se sobre a base do Evangelho, que deve ser divulgado através da palavra falada ou escrita.
• No Evangelho encontramos a fórmula que pode dirimir o conflito da vida atormentada dos homens. Por isso, a atualidade requer a difusão dos divinos ensinamentos de Jesus.
• A orientação cristã deve ser dada principalmente dentro do lar, porque as escolas do lar são indispensáveis para a formação do espírito que atravessa as lutas que a Terra está vivendo, em rumo da gloriosa luz do porvir.
• Dentro do Evangelho, com a tarefa da auto-educação, inicia-se o esforço de regeneração de cada indivíduo. Evangelizado o indivíduo, evangeliza-se a família; regenerada esta, a sociedade estará a caminho de sua purificação, reabilitando-se simultaneamente a vida do mundo.
• As atividades pedagógicas deverão se caracterizar pela sua feição evangélica e espiritista, colaborando no grandioso edifício do progresso humano.
• A educação evangélica contempla a formação da mentalidade cristã, purificada, livre dos preceitos e preconceitos que impedem a marcha da Humanidade.
• Todos os recursos educativos devem ser empregados para a conquista do sentimento cristão, da mentalidade evangélica e do espírito genuinamente cristão, para que os homens atinjam o dia luminoso da paz universal e da concórdia em todos os corações.

28 – POR QUE DEVEMOS INVESTIR NA EDUCAÇÃO ESPÍRITA DE NOSSOS FILHOS?

Por que somente os investimentos na educação espírita geram resultados grandiosos e duradouros para os indivíduos, para as famílias, para a nação e para a humanidade. Além disso, os bons resultados dos investimentos na educação espírita extrapolam a vida material e perduram na vida espiritual, onde a alma viverá após o término de sua jornada terrena.
Para reforçar os pontos de vista acima apresentados, recorremos aos valiosos argumentos favoráveis à educação espírita, contidos nos diversos Capítulos do livro Educação Espírita de autoria de Heloisa Pires, a saber:

A Educação Espírita:

• Atende às necessidades das crianças e dos jovens num mundo dinâmico e em constante transformação.
• Desperta o anjo que dorme em cada ser.
• Conscientiza o indivíduo quanto à sua responsabilidade perante o Universo.
• Esclarece o educando da necessidade da disciplina dos pensamentos. Os pensamentos sendo bons, se transformam em instrumentos de elevação moral e espiritual, para esta e a outra vida.
• Ensina o educando a lidar com todas as suas possibilidades.
• Possibilita ao indivíduo desenvolver ao máximo a sua paranormalidade.
• Faz o aluno conhecer suas potencialidades e a finalidade de sua existência na Terra, tornando-o livre.
• Ensina a liberdade com responsabilidade, sendo este um princípio da Educação Espírita.
• Desenvolve no ser todas as suas potencialidades.
• Desperta no homem a necessidade da disciplina interior, do respeito ao próximo e do auto-domínio.
• Ensina os homens a serem conscientes de seus direitos e dos de seus irmãos.
• Forma pais e educadores conscientes, capazes de desenvolverem os indivíduos, ao máximo, em todos os ramos do saber.
• Propicia a compreensão da moral ensinada por Jesus e a aplicação da Caridade e do Amor para com todos os semelhantes, sendo esta a principal finalidade da Educação Espírita.
• Traz uma nova visão do mundo, auxiliando na formação da família espiritual.
• Revela o ser de uma maneira completa, situando-o melhor no mundo.
• Corrige, com seus métodos novos e com técnicas modernas, as falhas e os excessos de uma educação pragmática e materialista que só tem produzido o egoísmo e a violência.
• Desperta, através de estímulos especiais, as experiências que o educando conseguiu amealhar ao longo de suas encarnações, e elimina tudo o que não lhe for útil na presente.
• Equilibra o homem e o ensina a viver integrado no mundo, como homem do Evangelho.
• Dá ao homem a compreensão da realidade dos mundos superiores, fortalecendo-o quanto à libertação de suas inferioridades.
• Modifica as massas humanas, assegurando o advento de uma – nova Era de Amor e Paz.
• Prepara o ser para a superação da animalidade, pela educação religiosa, pela prática do Evangelho no Lar, pela educação sexual e pela liberdade sem cair nos vícios.
• Orienta o adolescente em seu relacionamento com os pais e os amigos.
• Aiuda a pessoa na solução de seus problemas familiares.
• Forma homens que sabem amar e respeitar o próximo, começando por seus pais e pelos membros de sua família.

29 – QUAIS CARACTERÍSTICAS PESSOAIS OS NOSSOS FILHOS TENDEM A ADQUIRIR AO RECEBEREM A EDUCAÇÃO ESPÍRITA?

Ao receberem a educação espírita, que educa todas as faculdades da alma, engrandecendo os caracteres, os nossos filhos tornam-se homens de bem.
Assim, tendem a manifestar as seguintes características pessoais:
• Revelar uma visão nova e muito clara da sua existência no ontem, no hoje e no amanhã; no passado, no presente e no futuro; no antes da humanidade, no agora e no depois.
• Usar a consciência dilatada pelos conhecimentos intelectuais, morais e espirituais para estar vigilante e adotar atitudes elevadas que criam um bom destino.
• Empregar o senso moral para fazer uma nítida distinção entre o bem e o mal, o verdadeiro e o falso, o justo e o injusto.
• Colocar a Lei de causa e efeito a seu favor, por saber que todo efeito bom ou mal tem sempre uma causa justa.
• Gerar bons acontecimentos por conhecer a conseqüência natural do bom uso da vontade e da liberdade de ação.
• Combater os maus caracteres que podem levar a adotar condutas erradas e causar sofrimentos.
• Trabalhar para a conquista da prosperidade material e espiritual, praticando as virtudes.
• Viver de um modo otimista, corajoso, bem humorado e alegre aproveitando bem o tempo e as oportunidades e enfrentando com esperança as provas, as missões ou as expiações.
• E assim por diante …

30 – ALÉM DE EDUCAR OS NOSSOS FILHOS, DEVEMOS NOS PREOCUPAR COM A EDUCAÇÃO DAS OUTRAS CRIANÇAS?

Sim. Todas as crianças são Espíritos reencarnados Filhos de Deus, que precisam de nossos esforços educativos para evoluírem com a educação integral, enfrentarem com sucesso as provações da vida, conquistarem maior progresso moral e espiritual e voltarem vitoriosos, mais tarde, para a vida espiritual, após terem cumprido a sua jornada evolutiva na vida terrena.
Assim, devemos nos empenhar em promover a educação integral de todas as crianças com as quais tivermos contato, engajando-as nas atividades educativas que ocorrem no lar, nas escolas, instituições e organizações voltadas à educação, e mesmo nos Centros Espíritas.
Nesse sentido, falam alto os exemplos deixados por Eurípedes Barsanulfo e por Anália Franco, que dedicaram suas vidas ao amparo dos filhos alheios.
Ainda, devemos permanecer atentos às seguintes palavras do Espírito Batuíra, extraídas do livro Mais Luz, psicografado por Chico Xavier:
“Organizemo-nos no sentido de provar que a criança, abrigada em lar diferente daquele em que nasceu, pode crescer e educar-se sem qualquer idéia de favor e orfandade. A criança trabalha, a criança produz. Unamo-nos, testemunhando essa realidade já observada em experiências valiosas; a fim de que milhares de meninos e meninas se desenvolvam em bases novas. Isso é sumamente importante. (Capítulo 86: Criança e Trabalho).
“Se nos propomos a edificar o futuro com o Cristo de Deus é necessário auxiliar a criança. Se desejamos solucionar os problemas do mundo; de maneira definitiva, é indispensável ajudar a criança. Se buscamos sustentar a dignidade humana, abolindo a perturbação e imunizando o povo contra as calamidades da delinquência; é preciso proteger a criança. Se anelamos a construção da Era Nova, na qual as criaturas entrelacem as mãos na verdadeira fraternidade, em bases de serviço e sublimação espiritual, é imprescindível socorrer a criança. ( … ) Urge, pois, não só amparar a criança; mas educar a criança e induzi-la ao esforço de construção do mundo melhor !. (Capítulo 89: Amparo à Criança).
“Crianças de condição normal, sem apoio doméstico, são quase fronteiriças da delinquência infantil, e auxiliá-las a tempo é frustrar a perturbação e anular o crime no nascedouro·’. (Capítulo 90: Crianças sem Lar).
“Nenhum ambiente melhor e mais digno que aquele onde a criança se desenvolva trabalhando, observando o trabalho, enobrecendo-se pelo trabalho e sentindo em si os exemplos do trabalho!!. (Capítulo 91: Criança e Ambiente).

31 – O CONHECIMENTO DE DEUS É PARTE DA EDUCAÇÃO ESPÍRITA?

Sim, é a parte mais importante da educação espírita.
Isto porque o Espiritismo, à semelhança do Cristianismo, coloca Deus acima de todas as coisas, por ser Ele o autor da Obra da Criação, na qual todos os seres estão inseridos.
Assim, permitir ao educando entender Deus, conhecer toda a complexidade e grandiosidade da Obra da Criação e situá-lo no contexto maravilhoso dessa obra divina, regida por leis sábias e justas, são os objetivos principais da educação espírita.
Allan Kardec, já a partir do Capítulo I de O Livro dos Espíritos propiciou um novo entendimento de Deus e desvendou as leis que regem a vida nos mundos material e espiritual. Assim estabeleceu novos princípios, os quais exigem nova postura educativa, fazendo parte da educação espírita.
Sobre Deus, Allan Kardec estabeleceu:
“Deus, que é eterno, imutável, imaterial, único, todo-poderoso, e soberanamente justo e bom, criou o Universo, que compreende todos os seres animados e inanimados, materiais e imateriais”. ( … ) “A inteligência de Deus se revela nas suas obras”. ( … ) “Entre as leis divinas, umas regulam o movimento e as relações da matéria bruta: são as leis físicas; seu estudo pertence ao domínio da Ciência. As outras concernem especialmente ao homem, às suas relações com Deus e com os seus semelhantes. Compreendem as regras da vida do corpo e as da vida da alma: são as leis morais”.
Assim, a preocupação da educação espírita é propiciar aos homens um novo entendimento sobre Deus e Suas Obras, mas, também, sobre as leis morais, para que sejam cumpridas e praticadas, visando obter a elevação espiritual e a felicidade.

32 – DEVEMOS ENSINAR OS NOSSOS FILHOS A ORAR A DEUS?

Sim. Isto faz parte da educação espírita que damos aos nossos filhos. Mas devemos ensinar-lhes a orar através de nossas próprias orações a Deus, que convertem-se em exemplos valiosos de fé.
Assim, instituímos o hábito da oração dentro do próprio lar e passamos a orar junto com os familiares queridos, nos momentos mais oportunos em que nos conectamos mentalmente com Deus.
Ao ensinar os nossos filhos a orar, devemos observar os seguintes ensinamentos de Jesus: orar com humildade e discrição; usar poucas palavras; e ter confiança e fé em Deus. Devemos, ainda, orar pelos nossos inimigos, tendo sempre o perdão no coração. Além disso, devemos fazer a prece do Pai Nosso, que é um primor e que gera muitos benefícios íntimos.
Allan Kardec também nos deixou muitos ensinamentos sobre a prece, principalmente nos quatro últimos Capítulos de O Evangelho Segundo o Espiritismo. As nossas preces: devem estar aliadas às boas obras e visar a própria melhoria íntima; não afastam as provas, missões ou expiações e nem mudam as Leis, as Vontades e os Desígnios de Deus, mas nos ajudam a aceitá-las e cumpri-las; promovem alívio nos momentos de sofrimento; atraem a presença dos bons Espíritos; sempre chegam ao seu destino porque transmite-se através do fluido universal; nos libertam das influências dos maus Espíritos; combatem a obsessão espiritual; ajudam na cura espiritual; e beneficiam a pessoa doente, mesmo que ela esteja bem distante.
Portanto, faz parte da educação espírita cultivarmos a prece, dentro dos preceitos acima expostos, aproveitando as ocasiões propícias que surgem para orar, principalmente dentro do lar.

33 – OS NOSSOS FILHOS DEVEM APRENDER A ORAR PELOS OUTROS?

Sim. Allan Kardec, no Capítulo final de O Evangelho Segundo o Espiritismo, apresentou uma Coletânea de Preces Espíritas para as mais diversas finalidades, inclusive em favor dos semelhantes, pelos mais variados motivos.
Assim, devemos ensinar os nossos filhos a rezar também em benefício das pessoas que necessitam de preces. Dessa forma, aprendem a praticar a caridade por pensamento.
Quando oramos em benefício de nossos filhos, da forma exemplificada abaixo, eles percebem o quanto faz bem receber uma prece de um coração bondoso e, assim, conscientizam-se acerca da importância da dedicação de preces em favor dos necessitados:

 

PRECE EM BENEFÍCIO DE MEU FILHO

Pai Eterno, que está em toda parte,
Peço-lhe, com fé e humildade, que aja em favor do bem-estar material e espiritual de meu filho (nome), que é um Espírito amado, e cuja guarda o Senhor me confiou.
Abençoe-o com as forças que lhe garantam a saúde material e espiritual.
Permita, Pai! que não lhe faltem os bons exemplos, para que ele tenha uma excelente formação intelectual e moral.
Limpe do seu coração qualquer mágoa, ressentimento, ódio ou desejo de vingança e mostre-lhe o dever do perdão aos inimigos.
Inspire-o a ser bom companheiro e amigo leal de todos. Ajude-o a resolver os seus conflitos emocionais! sentimentais e mentais e a reverter as causas das perturbações, angústias e aflições.
Preserve-o longe das ilusões dos vícios, da violência e da criminalidade.
Oriente as suas ações para o perfeito cumprimento dos seus deveres morais e de suas responsabilidades na vida.
Convença-o dos bons resultados da prática do amor, do respeito, do carinho e da paciência.
Fortaleça a sua alma, para que ele não se acovarde na vida e nem fuja das dificuldades e das provas difíceis.
Desperte nele a compaixão para que seja generoso com os outros.
Aponte-lhe os caminhos seguros do trabalho honesto que levam, com sabedoria, à prosperidade material e espiritual.
Dê-lhe o bom senso para que estude, compreenda o valor do tempo, realize as boas obras e procure as ocupações úteis e sadias.
Facilite o seu aprendizado e a sua prática das lições e dos exemplos do Mestre Jesus.
Permita! Pai, que os Seus Mensageiros, Anjos da Guarda e Espíritos protetores possam aconselhá-lo mentalmente e inspirá-lo sempre para a prática das virtudes.
Proteja-o das más influências espirituais e das companhias inadequadas, mantendo-o uma pessoa cautelosa, prudente e vigilante.
Por tudo isso, Pai Eterno, receba a minha profunda gratidão e não me deixe falhar na missão educativa que o Senhor me confiou para cumprir junto deste filho do coração.

Que assim seja!

 

34 – DEVEMOS DAR A EDUCAÇÃO ESPÍRITA PARA OS NOSSOS FILHOS DESDE A INFÂNCIA?

Sim. Desde o berço deve começar o processo educativo para a vida, mas com muito amor e carinho.
A infância é o período mais propício para que o Espírito reencarnado aprenda, através de brincadeiras e com o emprego de métodos pedagógicos amorosos, a colaborar com a busca do seu aperfeiçoamento intelectual e moral e com o desenvolvimento de seus recursos físicos e mentais que permitem a plena manifestação de suas faculdades.
Assim, na infância, os pais não podem dispensar os cuidados com a alimentação, habitação, segurança e saúde que levam à satisfação das necessidades materiais. Além disso, a alma deve receber as orientações morais que criam os bons hábitos e formam o caráter.
Na infância, o Espírito encarnado é mais acessível às impressões que recebe, aos conselhos que lhe são dados sob o modo correto de agir, às influências educativas e às orientações que os beneficiam em termos intelectuais e morais. Ainda, nesse período, os pais não devem deixar de dar as orientações que corrigem e combatem as más tendências e os comportamentos impróprios, de forma que o caráter se forme em bases dignas.
Dessa forma, o Espírito encarnado passa a infância preparando-se para entrar na juventude com as suas necessidades materiais e espirituais satisfeitas, com as suas faculdades orientadas para um uso elevado, com os conhecimentos morais que levam à prática das virtudes, com o caráter pautado nos bons hábitos adquiridos, com a preocupação de continuar praticando as atividades saudáveis e combatendo as más inclinações, sempre sob a guarda educativa e as manifestações amorosas e afetivas dos pais.

35 – ATÉ QUANDO DEVEMOS DAR EDUCAÇÃO, INSTRUÇÃO, ORIENTAÇÃO E CONSELHOS PARA OS NOSSOS FILHOS?

A educação é um trabalho que precisa ser realizado sempre que se detecte a necessidade e a oportunidade, empregando as boas palavras e os exemplos que os pais conscienciosos sabem usar durante toda a existência de seus filhos, de modo a levá-los à prática das virtudes.
Nesse sentido, cabe recordar as seguintes orientações do Espírito ]oanna de Ângelis, contidas no Capítulo 17: Perante a prole, do livro Lampadário Espírita
“Pensa e cogita com maturidade, educando o filho que Deus te concede por algum tempo, nas diretrizes enobrecedoras da fé cristã, ministrando-lhe as lições vivas do exemplo dignificante.
Talvez a educação não consiga fazer tudo por ele, caso seja alguém assinalado por graves problemas que o acompanhem de outras existências … Prepará-lo-ás, no entanto. para melhor experiência e maior aprendizagem.
Não descures de iluminá-lo com as claridades do amor à verdade, ao bem e à justiça, em nome do Supremo Amor.
A carne gera a carne, mas o espírito não produz o espírito.
O filhinho que te chega é compromisso para a tua existência..
Não o temas, nunca.
Não o ofendas com a falsa valorização dele, em demasia.
Recorda-lhe a humildade, considerando a procedência de todos nós e o lugar comum do barro orgânico …
… E orienta-o dignamente; sem cessar”.

36 – ATÉ QUANDO SOMOS RESPONSÁVEIS PELA EDUCAÇÃO E PELOS ATOS DE NOSSOS FILHOS?

A necessidade da educação espírita não cessa nunca.
Ela tem início na infância e revela a sua importância até que os filhos estejam evoluídos em termos intelectuais e morais e consigam usar bem a vontade e empregar a liberdade com responsabilidade, beneficiando a si mesmos e ao próximo.
Então, os pais devem ser eternos educadores dos filhos e devem se colocar na condição de eternos responsáveis pelas orientações que levam os filhos a construírem a própria felicidade pela prática dos bons atos e das boas ações que engrandecem a vida.
Os pais conscienciosos, mesmo distantes dos filhos adultos, devem continuar responsáveis pela educação e pelos atos dos filhos, sentindo-se felizes quando eles conseguem obedecer as Leis humanas e divinas; agem com base nas boas ações; evitam os excessos, os abusos e os vícios pela conquista e prática das virtudes; estão sempre em boa companhia; e são auto-suficientes em termos materiais, morais e espirituais.
Portanto, os pais devem acompanhar sempre a vida dos filhos, preocupados com o grau de educação e observando até que ponto devem chamar para si a responsabilidade dos atos praticados pelos filhos adultos. Devem descansar apenas quando eles já consigam criar para si mesmos um destino feliz, com a adoção de atitudes morais elevadas.
Mas, alguns pais dizem: “Eu perdi totalmente o contato com o meu filho, depois que ele se tornou adulto, e não consigo mais influir nem em sua educação, nem em seus atos. Então, como posso continuar sendo responsável por meu filho?”
A solução para essa dúvida pode estar nas seguintes palavras de Allan Kardec, ao comentar a resposta dos Espíritos superiores à Questão 964 de O Livro dos Espíritos:
”Um pai dá ao seu filho a educação e a instrução, ou seja, os meios para saber conduzir-se. Cede-lhe um campo para cultivar e lhe diz: Eis a regra a seguir e todos os instrumentos necessários para tornar fértil o campo e assegurar a tua existência. Dei-te a instrução para compreenderes essa regra. Se a seguires, o campo produzirá bastante e te proporcionará o repouso na velhice; se não a seguires, nada produzirá, e morrerás de fome. Dito isso, deixa-o agir à vontade”.
“Não é verdade que o campo produzirá na razão dos cuidados que se dispensar à cultura e que toda negligência redundará em prejuízo da colheita? O filho será, portanto, na velhice, feliz ou infeliz, segundo tenha seguido ou negligenciado a regra traçada pelo pai. Deus é ainda mais previdente, porque nos adverte a cada instante, se fazemos o bem ou o mal. Envia-nos Espíritos que nos inspiram, mas não os escutamos. Há ainda esta diferença: Deus dá ao homem um recurso, por meio das novas existências, para reparar os seus erros do passado, ao passo que o filho de que falamos não o terá, se empregar mal o seu tempo”.
Assim, depois de bem educados durante a infância e a juventude, muitos filhos precisam se afastar dos pais, que não conseguem mais continuar responsáveis pela educação e pelas suas ações, devido a ausência e a definição de novos rumos na vida. Assim, os filhos tornam-se independentes para agir e construir o próprio destino feliz ou infeliz.
Mas, mesmo assim, os filhos distantes jamais estão desamparados por Deus ou pelos Espíritos protetores, principalmente nos momentos de dificuldades, provas ou expiações. Porém, são os únicos responsáveis pelos próprios atos e sentem que está entregue a si mesmos o trabalho de construção de um futuro feliz ou infeliz.

37 – PODEMOS EDUCAR OS FILHOS CONSIDERANDO-OS UM PATRIMÔNIO PESSOAL?

Não, pelos seguintes motivos oferecidos pelo Espiritismo:
a) Fornecemos aos nossos filhos apenas os elementos que permitiram a formação do corpo material, obedecendo às leis da reprodução.
b) A essência de nossos filhos é O Espírito imortal, criado por Deus, que detém a inteligência e todas as faculdades intelectuais e morais que se manifestam na vida terrena.
c) O Espírito, atualmente encarnado na condição de nosso filho, foi confiado por Deus à nossa guarda e responsabilidade educativa para que tenha segurança e sucesso em sua jornada evolutiva ou nesta nova passagem pela escola terrena.
d) O Espírito, que assumiu o corpo material herdado dos pais, possui mais que o envoltório corporal. Ele tem o perispírito, que é um invólucro semimaterial, etéreo e invisível no seu estado normal, e que, entre outras funções, lhe permitiu a união ao corpo material, para a sua manifestação na Terra. Assim, os nossos filhos são seres complexos, em cuja formação participamos apenas com o fornecimento dos elementos orgânicos necessários à vida terrena.
e) Deus nos confiou a guarda de Seus Filhos, na condição de Espíritos encarnados, para que, cumprindo a missão da maternidade e da paternidade, possamos lhe oferecer a melhor educação. Esta vai propiciar a sua evolução intelectual e moral, aproximando-o da perfeição espiritual.
f) Em função dos três elementos que formam os nossos filhos (Espírito, perispírito e corpo material), precisamos oferecer-lhes a educação espírita, que possibilita um conhecimento amplo da Obra da Criação e de si mesmos, ajudando-os no engrandecimento pessoal e no bom uso de todas as suas faculdades.

38 – AS RESPONSABILIDADES QUE ASSUMIMOS PARA COM OS NOSSOS FILHOS SÃO APENAS EDUCATIVAS?

A responsabilidade educativa maior que assumimos não é com os nossos filhos, mas com Deus, que criou os Espíritos e os quais foram-nos confiados para o aperfeiçoamento intelectual e moral que precisam conquistar para se aproximarem da perfeição espiritual.
Assim, só cumprimos adequadamente as nossas responsabilidades paternas ou maternas perante Deus, quando educamos os nossos filhos e os guiamos para a prática do bem e para o bom aproveitamento do tempo disponível nesta jornada evolutiva.
Certamente foi por isso que Allan Kardec escreveu, ao elaborar a Prece para um Nascimento, contida na Coletânea de Preces Espíritas, no Capítulo Final de O Evangelho Segundo o Espiritismo:
“PREFÁCIO. – Os Espíritos só chegam à perfeição depois de haverem passado pelas provas da vida corporal. Os que estão na erraticidade esperam que Deus lhes permita voltar a uma existência que deverá proporcionar-lhes os meios de adiantamento, seja pela expiação de suas faltas passadas, mediante as vicissitudes a que estiverem sujeitos, seja pelo cumprimento de uma missão útil à Humanidade. Seu progresso e sua felicidade futura serão proporcionais ao emprego que derem ao tempo de sua nova passagem pela Terra. O encargo de lhes guiar os primeiros passos, dirigindo-os para o bem, é confiado aos pais, que responderão perante Deus pela maneira com que se desincumbirem do seu mandato. É para facilitar-lhes a execução, que Deus fez do amor paternal e do amor filial uma lei da natureza, lei que jamais será violada impunemente”.
PRECE. (Para ser dita pelos pais.) – “Espírito que vos encarnastes como nosso filho, sede bem-vindo entre nós. Agradecemos a Deus Todo- Poderoso pela bênção que nos concedeu. É um depósito que nos confiou e do qual teremos de prestar contas um dia. Se ele pertence à uma geração de Bons Espíritos que devem, povoar a Terra, obrigado, Senhor, por mais esse favor! Se é uma alma imperfeita, nosso dever é o de ajudá-la no progresso, em direção ao bem, por nossos conselhos e nossos bons exemplos. Se cair no mal por nossa culpa, teremos de responder por isso perante vós, porque não teremos cumprido nossa missão para com ele. Senhor, amparai-nos no cumprimento da nossa tarefa e dai-nos a força e a vontade de bem realizá-la. Se esta criança tiver de ser um motivo de provas para nós, seja feita a vossa vontade! Bons Espíritos, que viestes presidir ao seu nascimento e que deveis acompanhá-lo durante a vida, jamais a abandoneis. Afastai os maus Espíritos que tentarem induzi-lo ao mal. Dai-lhe a força de resistir à suas sugestões e a coragem de sofrer com paciência e resignação as provas que a esperam na Terra. ( Capítulo XIV, item n. 9).
”PRECE. – “Meu Deus, vós me confiastes a sorte de une dos vossos filhos; fazei, pois, Senhor, que eu me torne digno da tarefa que me destes. Concedei-me a vossa proteção e esclarecei a minha inteligência, para que eu possa discernir desde logo as tendências desse Espírito, que devo preparar para a vossa paz”.
“PRECE. – Deus de infinita bondade, já que te aprouve permitir ao Espírito desta criança voltar novamente às provas terrenas, para o seu próprio progresso, concede-lhe a luz necessária a fim de aprender a conhecer-te, amar-te e adorar-te. Faze, pelo teu supremo poder, que esta alma se regenere na fonte dos teus divinos ensinamentos. Que, sob a proteção do seu anjo da guarda, sua inteligência se fortaleça e se desenvolva, aspirando a aproximar-se cada vez mais de ti. Que a Ciência do Espiritismo seja a luz brilhante a iluminar o seu caminho, através dos escolhos da existência. Que ele saiba, enfim, compreender toda a extensão do teu amor, que nos submete à prova para nos purificar. Senhor, lança o teu olhar sobre a família a que confiaste esta alma, para que ela possa compreender a importáncia da sua missão, e faze germinar nesta criança as boas sementes, até o momento em que ela possa, por si mesma, Senhor, e através de suas próprias aspirações, elevar-se gloriosamente para ti. Digna-te, ó meu Deus, ouvir esta humilde prece, em nome e pelos méritos daquele que disse: “Deixai vir a mim os pequeninos, porque o Reino dos Céus é daquele que se lhes assemelham!”.

39 – POR QUE OS NOSSOS FILHOS SÃO TÃO DIFERENTES ENTRE SI EM TERMOS INTELECTUAIS E MORAIS, APESAR DA MESMA EDUCAÇÃO QUE LHES DAMOS?

Encontramos a resposta para essa questão tão complexa nos seguintes ensinamentos contidos em O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec:
• “Os Espíritos pertencem a diferentes classes, não sendo iguais em poder, nem inteligência, saber ou moralidade”. (Introdução).
• “As qualidades da alma são as do Espírito encarnado. Assim, o homem de bem é a encarnação de um bom Espírito e o homem perverso, a de um Espírito impuro”. (Introdução).
• “O homem que supera a influência da matéria, pela elevação e purificação de sua alma, aproxima-se dos bons Espíritos … Aquele que se deixa dominar pelas más paixões e põe todas as suas alegrias na satisfação dos apetites grosseiros aproxima-se dos Espíritos impuros … ” (Introdução).
• “Os Espíritos são de diferentes ordens, segundo o grau de perfeição a que tenham chegado”. (Questão 96).
• “Na primeira ordem, podemos colocar os Espíritos que já chegaram à perfeição: os Espíritos puros. Na segunda, estão os que chegaram ao meio da escala: o desejo do bem é a sua preocupação. Na terceira, os que estão ainda na base da escala: os Espíritos imperfeitos, que se caracterizam pela ignorância, o desejo do mal e todas as más paixões que lhes retardam o desenvolvimento”. (Questão 97).
• “Deus impõe a encarnação aos Espíritos com o fim de levá-los à perfeição”. (Questão 132).
• “Todos os Espíritos são criados simples e ignorantes e se instruem através das lutas e atribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer feliz a uns, sem penas e sem trabalhos, e por conseguinte sem mérito”. (Questão 133).
Com base nesses ensinamentos do Espiritismo, compreendemos facilmente porque cada Espírito encarnado na condição de nosso filho, encontra-se em condição diversa, em termos de elevação intelectual e moral, e, portanto, manifesta um grau diferente de inteligência e de moralidade, apesar da igualdade da educação que lhes damos.
Mas, com toda certeza, oferecendo-lhes a educação espírita que atende as suas necessidades evolutivas, cumprimos, perante Deus, os compromissos assumidos com a guarda e a educação dos Espíritos encarnados que nos foram confiados.
O processo educacional espírita é eficiente, pois ajuda o Espírito encarnado na condição de nosso filho a vencer a ignorância, a inferioridade, as imperfeições, as más paixões, as tendências nefastas, as ilusões da vida material, os apetites grosseiros e os desejos tolos que levam à prática do mal.
Assim, com a educação espírita, conseguimos colocar os nossos filhos no bom caminho, tornando-os homens de bem. Educando os nossos filhos dentro da moral espírita-cristã., com respeito ao grau de evolução espiritual próprio de cada um, exercemos as nossas boas influências, damo-lhes os nossos bons exemplos, conselhos e esforços educativos, com os quais conseguem fazer bom uso da vontade e do livre-arbítrio, alcançando o progresso intelectual e moral, o sucesso e a felicidade nesta jornada terrena.

40 – O QUE DETERMINA A FACILIDADE OU A DIFICULDADE QUE OS NOSSOS FILHOS TÊM PARA ASSIMILAR CERTAS LIÇÕES OU CERTOS EXEMPLOS EDUCATIVOS QUE LHE DAMOS?

Segundo o Espiritismo, a alma de nossos filhos foi criada por Deus e, portanto, já existia no mundo espiritual antes do seu nascimento em nossa família. Assim, trouxe consigo os progressos intelectuais e morais já conquistados anteriormente.
Dessa forma, o grau de evolução espiritual em que a alma se encontra atualmente, determina, em muito, a facilidade ou a dificuldade que possui para aprender e para pôr em prática os ensinamentos e os exemplos que lhe damos.
Sem levar em consideração a pluralidade das existências materiais ou a reencarnação não conseguiremos entender as facilidades ou dificuldades inatas da alma de cada filho.
Mas, com a educação espírita, aproveitamos todas as oportunidades que surgem, desde a infância, para aprimorar as faculdades e transmitir aos filhos valiosas experiências de vida, facilitando-lhes a conquista do sucesso nesta jornada evolutiva.
Pela importância que a reencarnação tem na educação espírita, vale a pena ter em mente os seguintes mandamentos, contidos em O Livro dos Espíritos:
* “As almas não são mais que Espíritos. Antes de ligar-se ao corpo, a alma é um dos seres inteligentes que povoam o mundo invisível e depois reveste temporariamente um invólucro carnal, para se purificar e esclarecer”. (Questão 134B).
• “A doutrina da reencarnação, que consiste em admitir para o homem muitas existências sucessivas, é a única que corresponde à ideia da justiça de Deus, com respeito aos homens de condição moral inferior; a única que pode explicar o nosso futuro e fundamentar as nossas esperanças, pois oferece-nos o meio de resgatarmos os nossos erros através de novas provas. A razão assim nos diz, e é o que os Espíritos nos ensinam”. (Questão 171).
• “A vida do Espírito constituí-se de uma série de existências corporais, sendo cada qual uma oportunidade de progresso, como cada existência corporal se compõe de uma série de dias, nos quais o homem adquire maior experiência e instrução”. (Questão 191.A).
• “A marcha dos Espíritos é progressiva e jamais retrograda. Eles se elevam gradualmente na hierarquia, e não descem do plano atingido. Nas suas diferentes existências corporais, podem descer como homens, mas não como Espíritos. Assim, a alma de um poderoso da Terra pode mais tarde animar um humilde artesão, e vice-versa. Porque as posições entre os homens são freqüentemente determinadas pelo inverso da elevação dos sentimentos morais. Herodes era rei, e Jesus carpinteiro”. (Questão, 194A).
• “Eis porque tendes na Terra uns homens mais adiantados que outros. Uns já têm uma experiência que os outros ainda não tiveram, mas que adquirirão pouco a pouco. Deles depende impulsionar o próprio progresso ou retardá-lo indefinidamente”. (Questão 195).
• “Não se vêem crianças dotadas dos piores instintos, numa idade em que a educação ainda não pode exercer a sua influência? Não se vêem algumas que parecem trazer inatos a astúcia, a falsidade, a perfídia, o instinto mesmo do roubo e do assassínio, e isso não obstante os bons exemplos do meio? A lei civil absorve os seus erros, por considerar que elas agem mais instintivamente do que por deliberado propósito. Mas de onde podem provir esses instintos, tão diferentes entre as crianças da mesma idade, educadas nas mesmas condições e submetidas às mesmas influências? De onde vem essa perversidade precoce, a não ser da inferioridade do Espírito, pois que a educação nada tem com ela? Aqueles que são viciosos é que progridem menos e têm então de sofrer as conseqüências, não dos seus atos da infância, mas das suas existências anteriores. É assim que a lei se mostra a mesma para todos, e a justiça de Deus a todos abrange”. (Questão 199.A).
• “Os Espíritos devem concorrer para o progresso recíproco. Pois bem: o Espírito dos pais tem a missão de desenvolver o dos filhos pela educação: isso é para ele uma tarefa. Se nela falhar, será culpado”. (Questão 208).
• Um mau Espírito pode pedir bons pais, na esperança de que seus conselhos o dirijam por uma senda melhor, e muitas vezes Deus o atende”. (Questão 209).
• “Os pais podem melhorar o Espírito da criança a que deram nascimento e que lhes foi confiada. Esse é o dever; filhos maus são uma prova para os pais”. (Questão 211).
• “O Espírito sendo o mesmo, nas diversas encarnações, suas manifestações podem ter, de uma para outra, certas semelhanças. Estas, entretanto, serão modificadas pelos costumes da nova posição, até que um aperfeiçoamento notável venha a mudar completamente o seu caráter, pois de orgulhoso e mau pode tornar-se humilde e humano, desde que se haja arrependido”. (Questão 216).
• “Os conhecimentos adquiridos em cada existência não se perdem; o Espírito, liberto da matéria, sempre se recorda. Durante a encarnação pode esquecê-lo em parte, momentaneamente, mas a intuição que lhe fica ajuda o seu adiantamento. Sem isso, ele sempre teria de recomeçar. A cada nova existência, o Espírito toma como ponto de partida aquele em que se achava na precedente”. (Questão 218.A).
• “Uma faculdade pode ficar adormecida durante uma existência, porque o Espírito quer exercer outra que não se relaciona com ela. Nesse caso, permanece em estado latente, para reaparecer mais tarde!!. (Questão 220).

41 – COMO CONSEGUIR EDUCAR OS NOSSOS FILHOS DENTRO DOS CONCEITOS DA REENCARNAÇÃO?

O princípio espírita reencarnação promove uma verdadeira revolução na educação e nos modos tradicionais de se ver a vida. Com a educação de nossos filhos dentro dos conceitos da reencarnação, através, de um diálogo aberto, franco e convincente, sempre que surgir a oportunidade para debater ou conversar sobre o tema, eles conseguem entender fatos complexos da vida material e compreender melhor a bondade, a sabedoria e a justiça de Deus.
Além disso, ao entenderem que a imortalidade da alma, dá ensejo à pluralidade das suas existências corporais, os nossos filhos põem fim, naturalmente, aos preconceitos de classe social, sexo, raça, cor, nacionalidade e crenças. Isto porque aprendem que o Espírito reencarnado pode mudar radicalmente essas posições numa nova existência corpórea.
Um método fácil de ensinarmos a nossos filhos as bases da reencarnação é mostrando-lhes os inconvenientes da crença na unicidade da existência material. Esta não explica, de modo racional, as diferenças existentes nas características pessoais, em termos de desenvolvimento nas faculdades, nas aptidões, nas habilidades, nas experiências e nem nas condições de saúde e de riqueza. Além disso, não explica também a crença de que a lei do progresso pára de atuar na evolução da alma, após a morte do seu corpo material, nem por que as péssimas condições de vida de certas pessoas, que não dependem delas, demonstram aparentes falhas na sabedoria, na bondade e na justiça de Deus.
Já com relação aos fundamentos da reencarnação, temos a favor os argumentos fortes e bastante convincentes apresentados por Allan Kardec em suas obras, a saber:
• A sorte das almas, na vida espiritual, não está irrevogavelmente fixada após uma única existência material. Nenhum Espírito será condenado a um sofrimento perpétuo, mesmo ao ter cometido erros graves em alguns momentos difíceis de sua existência corpórea. Deus lhe concede uma nova reencarnação em que poderá expiar e reparar as faltas cometidas e voltar a evoluir pela prática do bem, seguindo seu rumo na conquista da perfeição espiritual.
• As almas que cometeram crimes graves na vida material não ficam para sempre num inferno ou no sofrimento eterno, separadas para sempre das que foram seus pais, mães, filhos, maridos, esposas, irmãos ou amigos. Com a reencarnação, elas podem retornar à vida corpórea, sem perder os progressos intelectuais e morais que já realizaram e, assim, desfrutar de uma nova oportunidade evolutiva, geralmente amparadas por aqueles Espíritos que as amam.
• As almas que cometeram erros graves em alguns momentos de provas na vida terrena encontram amparo, na vida espiritual, das almas que as amam. Assim, elas são ajudadas a sair dos sofrimentos temporários e encorajadas e amparadas na reconquista da felicidade, pelo arrependimento, pela reparação das faltas cometidas e pela retomada do caminho rumo à perfeição espiritual, através da reencarnação.
• A reencarnação não separa os Espíritos simpáticos entre si. Eles podem se reunir numa nova família terrena e permanecer ligados pelos laços espirituais que estabeleceram anteriormente. Dessa forma, continuam trabalhando juntos para o progresso pessoal de todos e no fortalecimento dos laços de afeição, amizade, simpatia e amor.
• A forte união e a afeição sincera existentes entre os membros de uma família indicam que já existia uma simpatia anterior, estabelecida numa vida passada.
• Deus permite que Espíritos antipáticos ou estranhos reencarnem numa mesma família, com a finalidade de servirem de provas uns para os outros e, assim, aproveitarem bem as oportunidades de progresso.
• Deus permite que haja uniões por interesse. Com elas, os Espíritos ainda maus podem progredir no contato com os bons, ao assimilarem os bons exemplos e os melhores costumes.
• Com a reencarnação, as almas dos entes queridos podem já ter vivido juntas anteriormente e desenvolvido o amor mútuo e as afeições espirituais. Assim, continuam unidas, na nova família, por laços espirituais. Ao contrário, com a doutrina da alma criada no mesmo momento da formação do corpo material, a alma do pai é estranha à alma do filho e a união familiar se restringe apenas à filiação corporal, sem nenhuma ligação espiritual anterior e nem posterior.
• As aptidões naturais tão diversas, que muitos homens demonstram e que não dependem das adquiridas na educação atual, decorrem das habilidades e dos conhecimentos conquistados pelo Espírito em vidas passadas.
• As facilidades naturais para certas atividades, as idéias inatas ou intuitivas e a vocação natural para certas artes, ciências, religiões ou profissões, que surgem em crianças de pouca idade, vem do desenvolvimento e das conquistas que os Espíritos já promoveram em suas faculdades, e das experiências que já adquiriram em vidas anteriores.
• Certos impulsos para as virtudes ou para os vícios, que contrastam com o meio em que certas crianças nasceram e em que foram educadas, decorrem do progresso moral realizado pelo Espírito em existências passadas ou das imperfeições morais que o Espírito reencarnado ainda não conseguiu se despojar.
• Algumas pessoas tornam-se celebridade independentemente da educação que receberam, porque são Espíritos que se adiantaram em termos intelectuais ou morais, em relação aos outros, em vidas passadas.
• As almas de algumas pessoas são mais evoluídas, em relação a outras, porque já desenvolveram as faculdades e as aptidões intelectuais ou morais em vidas passadas. Ao reencarnarem trouxeram o adiantamento já conquistado, mas podem evoluir ainda mais. Assim, as pessoas que demonstram sabedoria ou moralidade não são privilegiadas rela sorte; elas trazem consigo o progresso conquistado por esforços próprios realizados em vidas anteriores.
• As pessoas que apresentam ainda baixo nível de desenvolvimento intelectual ou moral, não são vítimas do organismo ou das imperfeições dos órgãos do corpo material. São Espíritos que precisam ainda conquistar nível maior de evolução e que estão tendo uma nova oportunidade para isso, nesta existência material.
• As pessoas mais adiantadas, em termos intelectuais ou morais, são Espíritos que tiveram um maior número de existências materiais proveitosas. Assim, já evoluíram e estão mais distanciados do ponto de partida. Mas, mesmo assim, ainda precisam se esforçar para conquistar maior progresso pelos próprios méritos.
• Deus, com Seus atributos, não criou uma alma mais perfeita do que a outra. Todos Espíritos foram, criados igualmente simples e ignorantes. Assim, diferenciaram-se uns dos outros, através do maior ou menor número de existências materiais proveitosas e do uso bom ou mau que fizeram da vontade e do livre-arbítrio.
• Todos os Espíritos, por mais atrasados que ainda estejam, em termos intelectuais e morais, são suscetíveis de progredir até atingirem a perfeição espiritual. A reencarnação é a concessão divina que permite isso, ao dar-lhes novas oportunidades de progresso e de novas conquistas importantes, pelo trabalho e pela prática das boas obras.
• Com a reencarnação, a alma do selvagem alcançará, mn dia, a posição hoje desfrutada por um homem civilizado.
• As almas das criancinhas, que morreram em tenra idade e que não tiveram a oportunidade de evoluir ao enfrentar as tribulações da vida terrena e ao praticar o bem, com a reencarnação poderão retornar à vida material para continuarem a sua jornada evolutiva rumo à perfeição espiritual.
• O que um, Espírito encarnado não conseguiu fazer em uma existência material; em relação ao seu progresso pessoal ou ao progresso da Humanidade, poderá fazê-lo em uma outra existência.
• As almas que estão num corpo material com doenças congênitas físicas ou mentais não foram alma da má sorte ou de um destino infeliz. Elas sofrem da insuficiência dos meios disponíveis para se comunicar ou se manifestar, por expiação temporária dos erros graves cometidos em vidas passadas, visando a própria regeneração.
• Alguns Espíritos reencarnam, em punição, em corpos defeituosos, sofrendo o constrangimento dos órgãos não desenvolvidos ou defeituosos, visando expiar os abusos que tenham cometido no uso de suas faculdades. Para eles é um tempo de suspensão dessas faculdades, visando a reparação e a regeneração, com vistas à retomada posterior dos caminhos rumos à angelitude.
• A riqueza e o poder em que vivem certas pessoas ou a miséria em que outras se encontram não são privilégios ou castigos de Deus. São provas difíceis, escolhidas pelos próprios Espíritos antes da reencarnação, visando o desenvolvimento das faculdades, a busca de experiências de vida e a conquista de maior progresso intelectual e moral com a realização dos trabalhos que lhes são exigidos.
• O esquecimento dos fatos que ocorreram em vidas passadas é uma providência da sabedoria de Deus. A lembrança de quem foram e do que fizeram em reencarnações anteriores teria, para os Espíritos reencarnados, repercussões inconvenientes e efeitos desagradáveis, ao afetar as suas relações sociais atuais. Por isso, Deus permite que o Espírito conserve, na nova existência corpórea, apenas as tendências instintivas que retratam as conquistas já realizadas ou as imperfeições que ainda precisam ser superadas.
• E assim por diante …

42 – COMO VENCER AS DIFICULDADES PRÁTICAS QUE SURGEM NO DIA-A-DIA PARA EDUCARMOS OS NOSSOS FILHOS COM BASE NO AMOR?

A prática do amor é indispensável no processo educacional espírita de nossos filhos, por mais difíceis ou constrangedoras que sejam as condições. O amor deve ser exteriorizado, em cada ação do cotidiano e nas atitudes mais simples que ensinam, exemplificam e beneficiam os nossos filhos, através da paciência, entendimento, dedicação, companheirismo, respeito, disciplina e afeto.
Para exemplificarmos melhor como e por que o amor deve estar inserido em cada atividade educativa espírita do nosso dia-a-dia, nas mais diversas e difíceis situações, vamos recorrer às orientações, a seguir apresentadas, que foram extraídas do livro S. O. S. Família, de autoria de Espíritos diversos, pela psicografia de Divaldo Pereira Franco:
“O lar, estruturado no amor e no respeito aos direitos dos seus membros, é a mola propulsionadora do progresso geral e da felicidade de cada um, como de todos em conjunto”. (Benedita Fernandes, no Capítulo Casamento e Família) .
“Voltemo-nos para a infância e a juventude e leguemo-lhes segurança moral e amor, mediante os exemplos de equilíbrio e de paz, indispensáveis à felicidade deles e de todos nós, herdeiros que somos das próprias ações”. (Benedita Fernandes, no capítulo Alienação Infanto-Juvenil e Educação).
“.. eu descobri! em júbilo, a grandeza do amor de mãe adotiva. As outras mães carnais, às vezes, são compelidas pelo corpo a amar os filhos que geram, mas você e todas as mães de adoção, amam pelo espírito, elegendo quem lhes vai receber o devotamento, a dedicação… E não se tornam menos mães ! Sofrem mais, certamente” (Amélia Rodrigues, no capítulo Mãe Adotiva).
“O amor é de origem divina. Quanto mais se doa, mais se multiplica sem jamais exaurir-se”. (Joanna de Ângelis, no capítulo Problemas no Matrimônio).
“Ante o filhinho deficiente não te inculpes. Ama-o mais e completa-lhe as limitações com os teus recursos, preenchendo os vazios que ele experimenta”. (Joanna de Ângelis, no capítulo Vida em Família).
“Se te repousa no berço de sonhos desfeitos um filhinho deformado, amputado, dementado, deficiente de qualquer natureza, esquece-lhe a aparência e assiste-o com amor. Não te chega ao trono dos sentimentos por acaso. Antigo companheiro vencido, suplica ajuda ao desertor, só agora alcançado pela divina legislação. Dá-lhe ternura, canta-lhe um poema de esperança, ajuda-o. O filho deficiente no teu lar significa a tua oportunidade de triunfo e que ele te roga para alcançar a felicidade”. (Joanna de Angelis, no Capítulo Filho Deficiente).
“A humildade e a perseverança no dever conseguem modificar comportamentos, reacendendo a chama do entendimento e do amor, momentaneamente apagada” (Joanna de Ângelis, no Capítulo Desquite e Divórcio) .
“Acende a claridade do Evangelho no lar e ama a tua família-problema, exercitando humildade e resignação.
Preserva a paciência, elaborando o curso de amor nos exercícios diários do silêncio entre os panos da piedade para os que te compartem o ninho doméstico … ( … ) São eles, os parentes severos nos trajos de verdugos inclementes, a lição de paciência que necessitas viver, aprendendo a ancar os difíceis de amar para te candidatares ao Amor que a todos ama”. (Joanna de Ângelis, no Capítulo Deintro do Lar).
“Não te afastes da linha direcional do Evangelho entre os teus familiares. Continua orando fiel, estudando com os teus filhos e com aqueles a quem amas as diretrizes do Mestre e, quanto possível, debate os problemas que te afligem à luz clara da mensagem da Boa nova e examina as dificuldades que te perturbam ante a inspiração consoladora do Cristo”. (Joanna de Ângelis, no Capítulo Jesus Contigo).
“Se os teus filhos estiverem, ainda; sob a tua tutela, não creias na validade do conceito de deixá-los ir, sem religião, sem Deus … Como lhes dás agasalho e pão, medicamento e instrução, vestuário e moedas, oferta-lhes, igualmente, o alimento espiritual, semeando no solo dos seus espíritos as estrelas da fé, que hoje ou mais tarde se transformarão na única fortuna de que disporão, ante o inevitável trânsito para o país do além-túmulo … Não te descures”. (Joanna de Ângelis, no Capítulo Estudo Evangélico no Lar).
“Os deveres dos pais em relação aos filhos estão inscritos na consciência. Evidentemente as técnicas psicológicas e a metodologia da educação tornam-se fatores nobres para o êxito desse cometimento. Entretanto, o amor – que tem escasseado nos processos modernos da educação com lamentáveis resultados – possui os elementos essenciais para o feliz desiderato. No compromisso do amor, estão evidentes o companheirismo, o diálogo franco, a solidariedade, a indulgência e a energia moral de que necessitam os filhos, no longo processo da aquisição dos valores éticos, espirituais, intelectuais e sociais. No lar, em consequência, prossegue sendo, na atualidade, de fundamental importância no complexo mecanismo da educação. Nesse sentido; é de essencial relevância a lição dos exemplos, a par da assistência constante de que necessitam os caracteres em formação; argila plástica que deve ser bem modelada”. (Joanna de Angelis; no Capítulo Deveres dos Pais).
” Aos pais cabem sempre os deveres impostergáveis de amar e entender até o sacrifício os filhos que lhes chegam pelas vias sacrossantas da reencarnação, educando-os e depondo-lhes nas almas as sementes férteis da fé, das responsabilidades; instruindo-os e neles inculcando a necessidade da busca de elevação e felicidade. O que decorra serão conseqüências do estado moral de cada um, que lhes não cabem prever, recear ou sofrer por antecipação pessimista. ( … ) Ante o filho ingrato, seja qual for a situação em que se encontre, guarda piedade para com ele e dá-lhe mais amor… Agressivo e calceta, exigente e impiedoso, transformado em inimigo insensível quão odioso, oferta, ainda, paciência e mais amor.” (Joanna de Angelis, no Capítulo Filhos Ingratos).
“Se és pai ou mãe não penses que o teu lar estará poupado. Observa o comportamento dos filhos, mantém-te, atento, cuida deles antes da ingerência e do comprometimento nos embalos dos estupefacientes e alucinógenos, em cuja oportunidade podes auxiliá-los e preservá-los. Se, porém, te surpreenderes com o drama que se adentrou no lar, não fujas dele, procurando ignorá-lo em conivência de ingenuidade, nem te rebeles, assumindo atitude hostil. Conversa, esclarece, orienta e assiste os que se hajam tornado vítimas, procurando os recursos competentes da Medicina como da Doutrina Espírita, a fim de conseguires a reeducação e a felicidade daqueles que a lei Divina te confiou para a tua e a ventura deles”. (Joanna de Ângelis).
“O delinquente deve sempre ser considerado um espírito enfermo, padecendo injunções alienantes que o levam ao delito. Não obstante; cumpre à sociedade o dever de ensejar-lhe a reeducação e o tratamento; quando colhido nas malhas das Leis. Afastá-lo do convívio social; trabalhando pela sua reabilitação, a fim de que se transforme em cidadão útil; que contribua para o progresso da Humanidade; quanto à própria evolução moral, é dever impostergável de quantos pautam a vida pelos códigos de ética e de dignidade. ( … ) Diante de delinqüentes, tenta o amor fraternal, revidando-lhes a impiedade, com a onda positiva de que o amor se faz portador”. (Joanna de Angelis; no Capítulo Frutos da Delinquência).
“Filhos alheios são, também, filhos de Deus. ( … ) Chegará a vez da colheita da paz, cuja semente de amor depuseste no solo dos corações da carne alheia, que aceitaste como tua oportunidade de redenção. ( … ) Nunca te arrependas do amor que doaste a alguém! nem te aflijas em face da resposta que ainda não chegou, benéfica. Tem paciência e insiste mais. Continua amando a criança e compreenderá o adulto atormentado. São doentes; sim, os filhos alheios a quem amas e que te não reconhecem o carinho, como o são também os filhos da própria carne, que se debatem nas armadilhas da desdita, tornando-se arrogantes e perversos, desconhecidos e prepotentes. Com Jesus aprendemos que o amor deve enfrentar os desafios da dificuldade, robustecendo-se na fé e servindo com as mãos da caridade até a plenitude; quando o homem regenerado esteja numa Terra feliz que ele mesmo edificará. Contemplarás, então, a gleba humana ditosa e te alegrará pelo quanto contribuíste para que ela se fizesse plena”. (Joanna de Ângelis, no Capítulo Filhos Alheios).

43 – O QUE FAZER PARA QUE OS CONFLITOS EXISTENTES DENTRO DO LAR NÃO AFETEM A EDUCAÇÃO DE NOSSOS FILHOS?

A primeira providência a ser adotada é eliminar os conflitos constantes, com a implantação no lar da leitura e da prática das lições e virtudes contidas no Evangelho. Isto porque as discussões, comuns dentro de alguns lares, por mais simples e inofensivas que pareçam ser, acabam de uma forma ou de outra, afetando a educação dos filhos, principalmente por exaltarem os ânimos, tornarem as palavras rudes e acaloradas, desequilibrarem os sentimentos, as emoções e os pensamentos e promoverem acontecimentos que magoam, melindram, ferem, constrangem e produzem atos de violência verbal ou física
Isto, porém, não quer dizer que nos lares não existam, problemas, dificuldades e conflitos a serem discutidos e resolvidos. Sempre vão existir motivos para controvérsias e agitações, cuja dimensão cabe aos pais controlar para que a convivência e o relacionamento amoroso mantenham-se estáveis.
Os conflitos resolvidos sempre de uma forma fraterna, pela prática das virtudes evangélicas, garantem a estabilidade íntima de nossos filhos, geram os bons resultados dos exemplos de civilidade e preservam no lar um clima de harmonia que é muito propício para a boa educação. Além disso, a ausência de conflitos sérios e constantes sustenta a união dos membros da família; estreita as relações afetivas com os filhos; preserva o bem-estar e a alegria dentro do núcleo familiar; desenvolve o amor pelo próximo mais próximo, exteriorizando-o através da simpatia, amizade, cortesia e afabilidade; torna fácil a conversação digna e edificante; e os momentos de coexistência ficam agradáveis.

44 – OS AVÓS DEVEM TER UMA PARTICIPAÇÃO ATIVA NA EDUCAÇÃO DE NOSSOS FILHOS?

Sim, se eles tiverem amor pelos netos; forem pessoas dignas de confiança por darem bons exemplos e conselhos; possuírem características pessoais elevadas que permitam passar, com afeto, conhecimentos e experiências valiosas; forem pessoas de fácil relacionamento por adotarem condutas morais elevadas; e terem paciência com os entes queridos.
Geralmente, os netos adoram estar com os bons avós, porque eles sempre têm tempo para brincadeiras, conversas agradáveis, atividades divertidas e passeios que distraem e educam ..
Além disso, em geral, os avós gostam de ter uma participação ativa na educação dos netos, porque isso os mantêm em condições físicas e mentais adequadas, por preencher o tempo livre com atividades úteis; permite que eles continuem realizando trabalhos e tarefas educativas que agradam os mais jovens, visando a evolução, o crescimento e a prosperidade deles. Assim, granjeiam o amor, o respeito, a admiração, o carinho e a gratidão de todos.

45 – QUE ENFOQUE DEVEMOS DAR PARA TER BOM RELACIONAMENTO COM OS NOSSOS FILHOS?

A questão do bom relacionamento com os filhos é das mais importantes, para que eles tenham confiança nos exemplos educativos que lhes estamos dando.
Existe um ditado popular que diz: “Viver é fácil; difícil é conviver e se relacionar com os outros”. Assim, devemos usar a sabedoria e a prática das virtudes evangélicas para mantermos uma boa convivência e um bom relacionamento com os nossos familiares e entes queridos.
Nesse sentido, encontramos no livro Laços de Família, publicado por Edições U.S.E., um artigo de Elaine Curti Rammazzini, intitulado Relacionamento entre País e Filhos, que nos orienta muito bem a observar alguns pontos que melhoram o relacionamento:
• Cada membro da família deve procurar melhorar a visão que tem de si mesmo.
• Os pais que amam verdadeiramente os seus filhos, fazem de tudo para que eles sejam sadios e sintam-se seguros e felizes.
• Os pais espíritas desejam para seus filhos, não só o que a maioria dos pais deseja, mas também que eles possam recapitular e aprender as lições da vida, reconstruindo-se e crescendo espiritualmente.
• As expectativas dos pais em relação aos filhos não devem ser tão altas a ponto de exigirem que eles devam ser o que os pais foram ou que deveriam ter sido.
• Os pais devem buscar o crescimento de si mesmos e dos filhos, afastando-se da infantilidade ou das exigências absurdas.
* Os pais não devem ficar presos ao próprio referencial na questão da educação dos filhos. Eles devem adotar a visão espírita de que os seus filhos são Espíritos eternos (imortais), com uma vida própria e com características específicas. Os filhos precisam viver suas próprias experiências a fim de poderem ascender tanto intelectual como moralmente.
• Os pais devem permitir que os seus filhos sejam eles próprios, liberando-os das expectativas que têm em relação a eles e amando-os de verdade, sem apegos, para os tornar livres.
• A visão espírita mostra aos pais que os seus papéis são transitórios. Assim, abrem a mente e o coração para o cumprimento dos compromissos perante a si mesmos e aqueles que os cercam. Dessa forma, colocam-se na condição de orientadores no lar.
• Os bons exemplos dados pelos pais, no capítulo da educação familiar, facilita que os filhos cumpram as suas tarefas e deveres.
• Os pais devem ter em mente que cumprem a grandiosa tarefa de cooperadores de Deus na reconstrução do mundo renovado do porvir, pelo lançamento da boa semente.
• O bom relacionamento permite a aprendizagem de novos hábitos e de atitudes elevadas, que levam os filhos ao desenvolvimento, ao aprimoramento e à reconstrução do seu mundo espiritual.
• Os problemas de relacionamento entre pais e filhos são naturais e decorrem das características de um orbe conturbado, de expiação e provas, onde estagiam Espíritos imperfeitos e infelizes. Mas, com o cultivo do Evangelho no lar, os pais encontram auxílio para a superação dos problemas de relacionamento, pois passam a ter uma percepção mais ampliada dos objetivos maiores que Deus estabeleceu para cada um de Seus filhos.

46 – É POSSÍVEL DAR A EDUCAÇÃO ESPÍRITA AOS FILHOS, QUANDO O CÔNJUGE NÃO É ESPÍRITA?

Sim. A educação espírita é dada através dos bons exemplos; da preocupação em manter as atitudes morais elevadas em todas as ocasiões da vida; do diálogo esclarece dor e aberto que instrui sobre todos os aspectos da vida material e espiritual; e do culto do Evangelho no lar, que leva à prática das atitudes amorosas.
Além disso, o profundo respeito pela religião e pela crença do cônjuge, e a liberdade que lhe damos para as expressar, também são devidas, em reciprocidade, para nós. “Assim, sentimo-nos livres para expressar e transmitir, nos momentos oportunos, com simplicidade e clareza, os princípios do Espiritismo aos nossos filhos.
Dessa forma, não afetamos a convivência e o relacionamento com o cônjuge, não obstante a religião adotada por cada um. Isso denota madureza espiritual, compreensão, bom senso, liberdade, tolerância, respeito e confiança na fé e nas convicções religiosas do ente querido.
Agindo assim, os nossos filhos vêem os bons exemplos e aceitação das posições religiosas diferentes, que conseguimos estabelecer num clima de entendimento, paz e harmonia.
O que facilita, em muito, a convivência e o relacionamento entre os cônjuges com crenças religiosas diferentes são os pontos comuns de todas as religiões: Deus, a fé, a oração, a sobrevivência da alma após a morte do corpo material e a justiça divina.
Ressaltando sempre esses pontos comuns, os filhos podem ser criados e educados num ambiente em que os pais possuam religiões diferentes. Além disso, podem conhecer os detalhes das diferenças religiosas e, mais tarde, poderão optar, livremente e com conhecimento de causa, pela religião que mais lhes esclarecer, consolar, espiritualizar e elevar moralmente.

47 – QUAIS TEMAS DEVEMOS TRATAR NO DIA-A-DIA COM OS NOSSOS FILHOS VISANDO EDUCÁ-LOS?

No Espiritismo não existem temas proibidos. Todos os temas servem para mantermos um diálogo educativo e construtivo com os nossos filhos.
O mais comum é escolhermos os temas que estão em moda nos meios de comunicação e procurarmos relacioná-los com os princípios do Espiritismo, evidentemente observando a faixa etária dos nossos filhos, a sua compreensão, madureza mental e interesse.
Ainda, os livros espíritas são fontes inesgotáveis de temas. Em qualquer capítulo de um livro espírita sempre encontramos algum tema que podemos analisar, comentar e provocar conversas no cotidiano, com finalidade útil, instrutiva e educativa.
Dos livros de Allan Kardec podemos extrair temas variados, pois tratam de todos os assuntos que dizem respeito a nós e às pessoas que nos cercam.
Nos livros de Léon Denis, encontramos temas muito propícios para a educação das faculdades da alma e para o engrandecimento moral de nossos filhos.
Nos livros psicografados por Chico Xavier, Divaldo Pereira Franco e muitos outros médiuns encontramos temas que orientam, instruem e educam, visando a conquista da nobreza espiritual e o entendimento das mais variadas circunstâncias e dos diferentes acontecimentos da vida.
Recorrendo aos temas contidos em livros escritos por inúmeros autores espíritas, podemos enriquecer as conversas com os nossos filhos, no dia-a-dia, conseguindo o engrandecimento mental e moral dos membros da família.

48 – QUAIS OS PONTOS MAIS IMPORTANTES QUE DEVEMOS CUIDAR NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO ESPÍRITA DE NOSSOS FILHOS?

Essa questão importante pode ser respondida recorrendo aos diversos Capítulos do livro Família e Espiritismo, publicado por Edições U.S.E .. Neles encontramos o que se pode denominar de programa educacional espírita, aplicado às diversas faixas etárias dos filhos.
Os autores dos capítulos fizeram inúmeras recomendações isoladas, mas que, postas em conjunto, e aplicadas com bom senso e nos momentos oportunos, nos permitem cumprir os pontos que devemos cuidar para oferecermos a adequada educação espírita aos nossos filhos:
• Estudar as obras de Allan Kardec. Assim, adquirimos melhores condições para educar os filhos de acordo com os pressupostos da Doutrina Espírita. Ensinando corretamente aos nossos filhos os princípios do Espiritismo, melhor interpretarão as realidades do Espírito e, sobretudo, conquistarão a reforma íntima. (Capítulo 1: A família no Centro Espírita, de Paulo Roberto Pereira da Costa).
• Praticar O Evangelho de Jesus no Lar, que é revivido pela Doutrina Espírita em Espírito e Verdade. (Capítulo 1: A Família no Centro Espírita, de Paulo Roberto Pereira da Costa).
• Ter como lema: “Os pais necessitam se auto educarem moralmente, constituindo-se exemplos vivos de fraternidade autêntica dentro do lar e fora dele, para transmitir o fruto desta educação e vivência àqueles que formam o universo familiar” (Frase de Vinícius, contida no Capítulo 1: A Família no Centro Espírita, de Paulo Roberto Pereira da Costa).
• Ter uma estrutura espiritual e psicológica para desempenharmos o papel de orientador, evangelizador e responsável pela família. (Capítulo 1: A Família no Centro Espírita, de Paulo Roberto Pereira da Costa).
• Buscar o fortalecimento dos pontos comuns entre os membros da família para reforçarmos o amor e o equilíbrio no lar, e, assim, podermos caminhar juntos, sem receios, mesmo nos momentos mais difíceis que, porventura, tenhamos que passar.
• Não perder de vista a função educadora e regenerativa da família que é formada, segundo Emmanuel, por agentes diversos, reencontrando-se, comumente, afetos e desafetos, amigos e inimigos, para os ajustes e reajustes indispensáveis ante as leis do destino. E não há maneira mais apropriada para isso do que o bom relacionamento familiar, com o qual atingimos os objetivos da família. Para o bom relacionamento familiar são necessários o entendimento das finalidades espirituais da família, o amor no sentido mais nobre da palavra e a educação para vencermos animosidades sem preconceitos. (Capítulo 5: Casamento e Diferenças Religiosas, de Paulo S. P. de Carvalho).
• Tratar os filhos – seja o primogênito, o do meio, o caçula, o filho único, o menino, a menina, os gêmeos, o filho adotivo, os órfãos, os filhos de pais separados, o filho excepcional -, com responsabilidade, de igual para igual, observando o tamanho e a realidade de cada um, estimulando o desenvolvimento de suas aptidões, sem comparações, com respeito às necessidades e às diferentes individualidades, e sem jamais estimularmos a rivalidade e a competição entre eles. (Capítulo 10: Filhos, de Maria Luzia de Almeida Rosa).
• Ter especial cuidado no relacionamento com os filhos, observando o amor, a fraternidade, a compreensão, a ajuda, o preparo para o trabalho, o não desperdício, as atitudes, os problemas dos filhos, o interesse, o elogio, a crítica, os insultos, a autoridade, a censura, a punição, a mentira, as fantasias, as malcriações, a importância dada a certos acontecimentos ou desastres, e a permanência excessiva fora do lar, que coloca os filhos em segundo plano. (Capítulo 11: Relacionamento entre Pais e Filhos, de Carolina Flor da Luz Matos).
• Administrar, atentos à faixa etária de cada filho, o uso da televisão, as leituras, o padrão de vida, o supérfluo, os brinquedos agressivos, o entendimento da desencarnação de algum familiar, o filho doente dentro lar, e a espera de um novo filho. (Capítulo 1-1: A Criança, de Elaine Curti Rarnazzini) .
• Observar, no filho adolescente, as características psicológicas da adolescência; acompanhar o seu desenvolvimento para ajudá-lo no relacionamento fora do lar, e cuidar para que ele não caia na delinquência infanto juvenil. (Capítulo 15: A Adolescência e seus Problemas, Elaine Curti Ramazzini) .
• Não perder de vista que a educação no lar envolve a liberdade com responsabilidade, a disciplina, a formação de bons hábitos, os limites para a liberdade, e os motivos justos para as recompensas e os castigos. (Capítulo: 16 Disciplina e Liberdade, Elaine C.R.)
* Cuidar, com muita atenção, de todos os aspectos que envolvem a educação ampla dos filhos, bem como dos problemas sérios que podemos enfrentar, e que estão abordados nos seguintes capítulos, elaborados por diversos autores a saber:
– Capítulo 17: Educação Formal, Capítulo 18: Educação Social; e capítulo 19: Educação Religiosa, de Iolanda Húngaro.
– Capítulo 21 Educação Sexual; capítulo 23: Prostituição e Promiscuidade; capítulo 24, Doenças Sexualmente Transmissíveis; e capítulo 27: Aids e a Visão Espírita, de Osvaldo Magro Filho.
– Capítulo 22: Problemas do sexo, de Maria A. Valente.
– Capítulo 24: Toxicomanias, A droga, o adolescente e o agravamento de seus problemas, de Miguel C. Madeira.
– Capítulo 26: Toxicomanias: Fumo, álcool e drogas, de Miltes Ap. S.C. Bonna.

49 – O QUE FAZER QUANDO, POR MOTIVOS PROFISSIONAIS, NÃO TEMOS MUITO TEMPO PARA DEDICAR À EDUCAÇÃO ESPÍRITA DE NOSSOS FILHOS?

A falta de tempo, por qualquer motivo que seja, é muito comum na atualidade, mas não deve servir de pretexto para que coloquemos em segundo plano a educação espírita de nossos filhos.
Por mais ocupados que sejamos, devemos sempre encontrar e reservar algum tempo para os nossos filhos, para brincar, passear, manter diálogos instrutivos e educativos e transmitir bons exemplos pelo modo elevado e evangélico de ser, sentir, pensar e agir.
Além de encaminharmos os nossos filhos para as escolas que cuidam da sua educação formal, quando sentimos falta de tempo para cuidarmos da educação espírita, principalmente por motivos profissionais, devemos buscar a ajuda de um Centro Espírita que cuide da educação espiritual e moral cristã dos filhos, nem que seja nas reuniões de domingo. Além disso, devemos adotar um livro espírita dirigido às crianças ou aos jovens para que seja lido em casa ainda que nos raros momentos de convivência com a família.
Livros bastante indicados para isso são os de Eliseu Rigonatti, com textos didáticos, curtos, instrutivos, bem elaborados e voltados para o dia-a-dia, podendo ser lidos e comentados a qualquer momento, inclusive antes de se fazer uma prece junto com os filhos.
Os livros de Eliseu Rigonatti que mais se prestam a isso são: 52 Lições de Catecismo Espírito, O Evangelho do da meninada, O Livro dos Espíritos para a juventude, e Os meus deveres para com Deus, para com a Pátria, para com a Família: O Livro da Juventude.

50 – O QUE FAZER PARA NÃO COMETER ENGANOS NA EDUCAÇÃO ESPÍRITA DE NOSSOS FILHOS?

Para, nós, Espíritos a caminho da perfeição espiritual, ainda é difícil não cometer enganos. Por isso, devemos ter a preocupação de procurar fazer tudo bem feito, estar sempre vigilantes, usar a prudência e a cautela, reparar as falhas quando as cometermos, e procurar melhoria em tudo o que fazemos.
Nesse sentido, contamos, no Movimento Espírita, com as boas orientações contidas em muitos livros espíritas. Mas, uma boa orientação na forma de conduzirmos a educação espírita, de nossos filhos, sem que venhamos a cometer enganos, encontramos no conteúdo dos Capítulos do livro A educação da nova Era, de Dora Incontri. Especificamente ao elaborar uma comparação entre A Educação Hoje, e A educação Espirita, a autora oferece, ao nosso ver, uma forma adequada de educarmos os nossos filhos, sem o risco de cometermos enganos, a saber:
• Não esquecer de duas premissas básicas: amor e auto-educação. Amar para educar e auto-educar-se para amar.
• Não achem que os filhos têm sempre a razão.
* Devemos reconhecer as suas falhas e os seus defeitos para não incentivá-los à arrogância da falsa superioridade e ao desprezo da virtude.
• Não censurar os filhos por tudo e a cada instante para não fixarmos neles marcas de insegurança interior e de complexos ele inferioridade.
• Não esconder das crianças e dos adolescentes os problemas da família, para que conheçam e aprendam a enfrentar as realidades da vida.
• Não satisfazer todo capricho infantil para não desenvolver nos filhos a ambição desmedida e a falta de firmeza e coragem.
• Não aceitar o revide e a intransigência, mas, sim, ensinar os filhos a perdoar e a serem pacíficos.
• Não ter como preocupação apenas o bem-estar amoedado dos filhos, mas transmitir-lhes a herança da cultura e da virtude.
• Não moldar os filhos segundo a própria imagem, mas respeitar as suas inclinações e a sua personalidade.
• Não aceitar que os filhos menosprezem os empregados e subordinados, distorcendo os valores dos seres humanos.
• Não cultivar a cultura do dinheiro, da violência, do sexo e da ambição, mas ensinar aos filhos a cultura espiritualista da liberdade, da responsabilidade, da justiça, do amor e da fraternidade, visando a construção de um mundo novo.
• Não ignorar o lado negativo e as más influências que a televisão, a internet e os meios de comunicação podem exercer sobre a mente dos filhos.
• Acompanhar os passos dos filhos em casa, na escola, no lazer, observando seu comportamento e estando sempre a par do que acontece à volta e dentro deles.
• Não retirar os filhos do mundo, mas estar com eles no mundo, explicando e solidificando os bons princípios.
• Não faltar com o diálogo que ensina, enriquece, desperta e eleva. Mas, dialogar com humildade, paciência e criatividade.
• Dar amor aos filhos no relacionamento afetivo.
• Avaliar os filhos de acordo com o que eles podem dar e têm a oferecer e a desenvolver.
• Não esquecer que os filhos carregam um passado de experiências e conhecimentos que se manifestam na reencarnação atual, em forma de tendências e intuições inatas.
• Ajudar os filhos a evoluir intelectual e moralmente, satisfazendo as necessidades do Espírito.
• Cumprir a missão educativa com energia e seriedade, mas ao mesmo tempo com amor, compreensão, paciência e humildade.
• Não cair no autoritarismo que gera a revolta, o medo e a mentira.
• Cultivar com os filhos a amizade aberta e carinhosa.
• Não esconder dos filhos os tesouros da Doutrina Espírita, que os fazem enxergar as finalidades da vida e obter os benefícios dela.
• Não pregar sermões, mas educar os filhos com os bons exemplos, com a prática das virtudes e com o culto do Evangelho em casa, tendo a participação de toda a família.
• Cuidar da educação sexual dos filhos, através de um diálogo aberto, ponderado e sério. O sexo em desequilíbrio gera disturbios físicos e psíquicos de difícil reparação.

51 – O QUE DEVEMOS FAZER PARA SERMOS BEM SUCEDIDOS NA EDUCAÇÃO ESPÍRITA DE NOSSOS FILHOS?

Para sermos bem sucedidos na educação espírita de nossos filhos podemos seguir um roteiro muito bem elaborado de providências, que se encontra detalhado, com argumentos consistentes, no excelente livro Educadores do Coração, de autoria de Walter Barcelos. Esse roteiro pode ser sintetizado da seguinte forma:
• Não somente o intelecto de nossos filhos deve ser trabalhado, mas, muito mais, os valores do coração. Essa tarefa deve ser iniciada dentro do ambiente familiar, o mais cedo possível ainda na fase infantil.
• A educação moral de nossos filhos exige a orientação evangélica permanente; o bom exemplo; a corrigenda dos maus hábitos e dos vícios no momento oportuno; o estímulo para as boas ações; e o trilhar da disciplina e da obediência para a edificação dos bons hábitos.
• A educação de nossos filhos deve visar a formação do caráter e dos sentimentos, que lhes propicia uma vida melhor, mais humana e mais fraterna.
• Devemos realizar o trabalho de educação de nossos filhos em três núcleos: nos estabelecimentos de ensino que lhes dão a formação da cultura intelectual; nos Centros Espíritas que lhes oferecem a evangelização, a instrução moral evangélica e os fundamentos do Espiritismo; e no lar, onde promovemos a formação dos bons hábitos e bons sentimentos.
• Os nossos filhos precisam de muita atenção, observação, análise, prudência e muito amor. Assim, cuidamos do mundo mental e moral deles e os ajudamos na melhoria de seus sentimentos e de suas ações.
• Devemos transferir aos nossos filhos, durante o relacionamento constante da vida diária, os nossos conceitos morais e as nossas boas idéias, emoções, atitudes, tendências e aptidões.
• Só conseguiremos educar verdadeiramente os nossos filhos se já tivermos percorrido o caminho do bem e das boas ações e já estivermos educados para o amor fraterno. Somente estando educados, podemos educar realmente os nossos filhos.
* Para a educação bem sucedida de nossos filhos não bastam belas palavras, noções de religião, imposição de normas, exigência de disciplina, proibição do errado, uso de severidade e punições para os filhos rebeldes. Eles aprendem, de maneira profunda e direta, com as aulas vivas que recebem no recinto doméstico, onde somos os professores em tempo integral.
• Devemos construir um bom ambiente moral e espiritual dentro do lar, com a prática da caridade e dos atos de bondade, com a convivência fraterna, o respeito mútuo, a união na fé cristã, o espírito de solidariedade e as atividades beneficentes.
• Os nossos filhos aprendem e gravam muito mais vendo e observando o que fazemos. Daí a importância de lhes darmos bons exemplos.
* Devemos cumprir a missão fundamental de dirigir os nossos filhos para o amor, à vida, a bondade ativa, o trabalho construtivo, a honestidade, a obediência, o respeito e a fraternidade. Só estaremos isentos da culpa no fracasso da formação moral dos nossos filhos, quando tudo tivermos feito em termos de orientação, corrigenda dos maus hábitos, disciplina construtiva, estímulo ao trabalho, obediência, respeito e amor ao próximo.
• Para sermos bem sucedidos na educação de nossos filhos devemos: instruir exemplificando, amparar sem queixa, repetir as orientações com paciência e bom ânimo, aguardar a mudança íntima e oferecer muito amor.
• As atitudes errôneas que nos conduzem ao fracasso na educação de nossos filhos são: desconsiderar o valor do exemplo: transformar os filhos em bibelôs e em “satélites”: relegar as mentes às fantasias e superstições; não lhes pedir trabalho e cooperação: acolher as intrigas dos filhos; resolver tudo no lugar dos filhos; repreendê-los com prepotência; deixar de corrigi-los; conceder- lhes mesadas e facilidades em excesso.
• Além da satisfação das necessidades materiais de nossos filhos, devemos doar-lhes a afeição e o carinho, a amizade e a cooperação, o diálogo amigo e a orientação construtiva, a fé espírita e, sobretudo, os bons exemplos.
• Gradualmente, devemos preparar a mente e o coração dos nossos filhos para enfrentarern as inevitáveis provações e tentações, de forma que possam sair vitoriosos com as próprias forças.
• Não basta esclarecermos os nossos filhos acerca das drogas, dos vícios e da delinqüência. Devemos edificar a moral, melhorar e aperfeiçoar a anda, e mostrar-lhes as realidades da vida espiritual superior pautadas na prática das virtudes.
• A correção de uma falta cometida por nossos filhos deve ser feita repetindo-se a lição com paciência construtiva, com esperança vitoriosa e com compaixão fraterna.
• Ante os filhos difíceis, ingratos, delinquentes e insuportáveis, ao invés de desespero, nervosismo e pessimismo, devemos compreender que Deus está nos dando a oportunidade abençoada de obtermos promoção espiritual, se conseguirmos cumprir os deveres educativos com fé, amor, paciência, abnegação, humildade, perdão e compaixão.
• Os nossos filhos devem receber incentivo e orientação para que se tornem úteis nos serviços domésticos, realizando algumas tarefas com orientação, mas sem prejuízo dos estudos e dos divertimentos.
• A educação sexual de nossos filhos é tarefa que devemos cumprir antes mesmo deles receberem esclarecimentos de educadores especializados. O nosso conhecimento da visão espírita da sexualidade permite que lhes ensinemos, respeitando o nível mental, o uso da faculdade genésica com responsabilidade, seriedade, disciplina e bons sentimentos.
• Devemos tornar permanente o Culto do Evangelho no lar, com a participação dos nossos filhos desde a tenra idade, pelos benefícios que gera para a mente, a alma e o coração.

52 – COMO EDUCAR OS FILHOS QUE NASCEM COM DEFICIÊNCIA MENTAL OU FÍSICA?

A educação espírita envolve a crença na reencarnação.
Esta explica porque alguns Espíritos reencarnam em corpos com deficiências mentais ou físicas, visando enfrentar provas decorrentes da expiação dos erros cometidos em vida passada. Mas, mesmo na condição de filhos excepcionais, eles merecem o amor, a paciência e a dedicação dos pais e daqueles que lhes podem amenizar as limitações temporárias que enfrentam.
Ainda, tendo por base as orientações contidas em livros espíritas, devemos nos preocupar com a educação das crianças portadoras de deficiências, visando a amenização e a correção das suas limitações e obter o seu progresso material e espiritual, com os exemplos e os atos virtuosos de que são alvo.
Assim, a educação espírita dos filhos portadores de deficiência física ou mental envolve os seguintes conhecimentos e procedimentos:
• O corpo material, herdado dos pais pelas leis da reprodução, reflete as condições e as necessidades evolutivas do Espírito e do seu perispírito. Se o corpo material não permite que o Espírito manifeste com perfeição as suas faculdades, pelos defeitos ou pelas más formações em órgãos, é porque, antes de reencarnar, o Espírito escolheu expiar desse modo os erros cometidos no passado. E assim, passar pelas provas que visam a reparação das faltas praticadas e a sua regeneração.
• Dessa forma, impossibilidade atual de ação é uma oportunidade que o Espírito reencarnado está usando para se rearmonizar com as leis de Deus.
• As faculdades intelectuais e morais pertencem ao Espírito, mas este sofre com a insuficiência dos meios de que dispõe para se comunicar, porque os órgãos do corpo material estão pouco desenvolvidos ou defeituosos. Dessa forma, o corpo material exerce uma influência muito grande sobre a manifestação das faculdades do Espírito. É o caso de um bom músico que dispõe de um instrumento defeituoso para executar a música. Continua sendo um bom mas a música está sendo mal executada devido às imperfeições existentes no instrumento.
• Porém, com os recursos atuais da medicina e com a educação, o instrumento de manifestação poderá ser consertado ou a sua condição melhorada de forma que o Espírito poderá ter ao seu dispor um instrumento em melhores condiçôes para a sua manifestação.
• Se a má formação do corpo material for nos olhos, o Espírito estará temporariamente cego; mas deverá contar com todos os recursos hoje disponíveis na sociedade para que tenha a sua deficiência visual amenizada, podendo levar uma vida terrena quase normal. Se a deficiência for nos ouvidos ou nas cordas vocais, o Espírito estará surdo ou mudo: mas isto não o impede de desenvolver novas habilidades e novos meios de comunicação, podendo desfrutar dos inúmeros recursos alternativos que o permitem viver em condições favoráveis. Se o cérebro estiver desorganizado, o Espírito não conseguirá manifestar adequadamente a sua inteligência e as suas capacidades; mas, isto não impede que seja encaminhado para o tratamento médico hoje disponível a fim de melhorar suas condições cerebrais e levá-lo a desfrutar de melhor condição de vida.
• Portanto, com os atos de amor, com a prática da caridade e com as técnicas educativas por parte dos pais e dos seus semelhantes, os filhos portadores de deficiências podem receber muitos recursos médicos e benefícios educativos os quais amenizam as suas expiações e provas, tornando-as mais alegres e felizes.

53 – COMO EXERCER AÇÃO EDUCATIVA, QUANDO OS FILHOS ENCONTRAM-SE NA EXCEPCIONALIDADE, NA IDIOTIA OU NA DEFICIÊNCIA FÍSICA OU MENTAL?

O Espiritismo nos orienta para os valores da educação, independentemente das condições físicas ou mentais ou do estado de saúde de nossos filhos. Porque a educação beneficia o Espírito, que segue, inevitavelmente, a sua trajetória na conquista da perfeição espiritual.
A esse respeito, no Capítulo 52 do livro Encontro Marcado, o Espírito Emmanuel nos oferece, com muita propriedade, uma abordagem sobre o tema Idiotia e Lesões cerebrais irreversíveis, apresentando-nos as seguintes explicações e orientações:
• Pessoas poderosas que abusaram do poder, fizeram guerras, destruíram, incendiaram, usaram da violência, aniquilaram homens dignos, escravizaram, desrespeitaram mulheres, mutilaram crianças e mataram, caminhando na direção do sepulcro indiferentes aos seus crimes e aos inimigos invisíveis que criaram, ao deixarem o corpo físico muitas vezes com as honras tributadas aos grandes chefes, acompanhadas de cânticos e de orações, passaram a escutar, terrificados e indefesos, o vozerio de condenação e a algazarra do desespero com que foram recebidos em novo nível de consciência.
• Então, atormentados por muitas das vítimas que não souberam lhe perdoar a crueldade, suplicaram, humilhados e desditosos, da Previdência Divina a própria internação provisória em celas de esquecimento e renasceram na esfera do raciocínio deformado e entenebrecido.
• Assim, diante do irmão torturado por lesões cerebrais irreversíveis, não devemos lhe voltar o rosto, nem recorrer à eutanásia inconsciente.
• Devemos ter em mente que, quase sempre, o companheiro que se encontra na provação temporária da idiotia é um gênio fulgurante, reencarnado na sombra, que nos estende o pensamento aflito e mudo, necessitado de compaixão.
Portanto, devemos ter em mente que o Espírito reencarnado na excepcionalidade, por uma causa sempre justa, precisa do nosso amor e das nossas providências educativas, que beneficiam o seu Espírito em regeneração, mas também em evolução.
Por isso, devemos estender-lhe a nossa melhor dedicação, o nosso amparo e o oferecimento dos melhores recursos materiais e espirituais, que atenuem as suas expiações e provas e que lhe permita o sucesso na reparação e na regeneração, com vistas à conquista do futuro venturoso que o aguarda.

54 – COMO EDUCAR OS NOSSOS FILHOS COM RELAÇÃO AO PRINCÍPIO ESPÍRITA DA PLURALIDADE DOS MUNDOS MATERIAIS HABITADOS?

O Espiritismo revolucionou o entendimento dos homens sobre Deus e a Sua Obra da Criação. E, especificamente sobre o Universo material, os Espíritos superiores revelaram a Allan Kardec, através de diferentes médiuns, numa época em que não existiam nem a aviação, nem as pesquisas espaciais e em que a astronomia nem cogitava na existência de outros sistemas solares: que: homem terreno está longe de ser, como acredita; o primeiro em inteligência, bondade e perfeição ( … ) no Espírito não passa as diferentes existências corpóreas na Terra: mas em diferentes mundos, sendo que as na Terra não são as primeiras nem as últimas, mas as mais materiais e distanciadas da perfeição”; ( … ) todos os mundos são solidários: o que não se faz num mundo; pode-se fazer noutro”. (O Livro dos Espíritos, questões 55,172 e 176).
Dessa forma, sempre que surge a oportunidade devemos conversar e tratar com os nossos filhos dos temas: “a busca da prova de existência de vida em outros planetas; o objetivo das viagens espaciais; a vida na Terra, em outros mundos e o Espírito encarnado; os corpos celestes e a possível constituição física dos habitantes de outros mundos habitados; o princípio espírita da pluralidade dos mundos materiais habitados”.
Com essa educação espírita, os nossos filhos entendem que Deus, com seus Atributos, não criou o Universo material só para os homens; que os Espíritos encarnam em diferentes mundos materiais habitados que estão de acordo com suas necessidades evolutivas; que a vida na Terra está adaptada às condições físicas deste mundo, mas em outros mundos, os seres vivos se adaptaram ao meio em que têm de viver; e que antes que a Terra existisse ou permitisse a encarnação de Espíritos em evolução, outros Espíritos serviram-se de outros mundos materiais para cumprirem a sua jornada evolutiva, alcançarem a perfeição espiritual e tornarem-se Anjos.

55 – OS NOSSOS FILHOS DEVEM RECEBER UMA EDUCAÇÃO DIFERENTE EM FUNÇÃO DO SEXO DE CADA UM?

A igualdade de direitos entre os sexos é defendida pelo Espiritismo, contribuindo para o fim de conflitos, lutas, discriminações, preconceitos e privilégios de um sexo sobre o outro.
“Nesse sentido, a educação espírita desempenha um papel muito importante, ao ensinar que:
• O Espírito, que é criado por Deus, não tem sexo como conhecemos na vida corpórea para efeito de cumprimento da lei da reprodução do corpo material.
• O Espírito, numa nova existência corpórea, pode animar, em função das suas provas, missões ou expiações, o corpo de um homem ou o de uma mulher.
• Encarnando nos diferentes sexos, o Espírito progride, pois adquire as experiências inerentes às funções e às tarefas de cada sexo.
• As características masculinas ou femininas são adquiridas pelo Espírito encarnado. Ele condiciona-se a elas em função das exigências sociais e culturais e da necessidade de cumprimento da Lei da Reprodução, que permite a formação do corpo material na vida terrena e origina as missões da paternidade e da maternidade.
Dessa forma, sob a ótica do Espiritismo, não tem sentido qualquer favorecimento a um dos sexos. O Espírito é o ser essencial que; independentemente do sexo que assumiu na vida corpórea, precisa desenvolver as faculdades e habilidades, aprimorar as capacidades; fazer aquisições intelectuais e morais, adquirir experiências e exercitar a responsabilidade nas funções específicas que têm a cumprir.
Portanto, os nossos filhos devem ser educados sem quaisquer diferenças na educação, nos direitos e nas obrigações e sem quaisquer preconceitos, discriminações ou idéias de dominação. O Espírito encarnado merece respeito e apoio para cumprir a sua jornada e conquistar mais rapidamente o progresso e a felicidade.

56 – COMO A EDUCAÇÃO ESPÍRITA ORIENTA OS NOSSOS FILHOS PARA OS CAMINHOS DO BEM E DA FELICIDADE?

A educação espírita conduz os nossos filhos para os bons caminhos da vida ao fortalecê-las em termos morais e ao mostrar-lhes o complexo contexto de provas, missões ou expiações que precisam superar com as atitudes morais elevadas, que criam um destino feliz.
Nesse sentido, os nossos filhos devem saber que:
• O Espírito, criado por Deus no mundo espiritual e atualmente encarnado graças ao corpo material herdado dos pais, precisa conquistar também maior progresso moral e espiritual.
• Antes do nascimento, o Espírito escolheu as provas e as missões que deseja enfrentar na vida corpórea. Ainda, com seu livre-arbítrio, escolheu a família e as suas condições de vida na Terra.
• O destino feliz ou infeliz que o Espírito vai criar na vida terrena ao cumprir suas tarefas, não está previamente traçado. Ele é responsável por cada ato bom ou mal que praticar e irá receber as suas conseqüências boas ou más.
Assim, tanto o caminho do bem, quanto o do mal estão abertos diante do Espírito. Dependendo de como usar a vontade e o livre-arbítrio, irá produzir o bem ou o mal e obter o sucesso ou o fracasso, a felicidade ou a infelicidade.
• Se o Espírito encarnado fracassar ante as provas e as missões escolhidas, terá de reparar os erros cometidos e recomeçar a tarefa em condições mais difíceis, enfrentando outras provas que sirvam de expiação, de acordo com as faltas cometidas.
Portanto, com a educação espírita, os nossos filhos terão a consciência dilatada para se prepararem para vencer as provas, missões ou expiações, usando a responsabilidade, a elevação moral, o trabalho, o estudo, a honestidade, a paciência, a perseverança e a vigilância. Assim, trilharão os bons caminhos da vida e criarão para si um destino venturoso, tanto na Terra, quanto na vida futura.

57 – COMO DEVEMOS EDUCAR OS NOSSOS FILHOS COM RELAÇÃO À EXISTÊNCIA DA MORTE?

A morte é um assunto que está diariamente nos meios de comunicação em função dos acidentes, crimes, guerras, mortes coletivas etc. Além disso, é impossível evitarmos que os nossos filhos tomem conhecimento da morte de algum parente, amigo, pessoa ilustre ou mesmo criança da mesma idade.
Assim, os nossos filhos devem ser educados para a realidade da morte do corpo material, que promove o retorno da alma para a vida espiritual, e dos cuidados que precisam ter para preservar a vida, evitar doenças, ficar longe dos lugares perigosos, ser cautelosos com as pessoas más, violentas e criminosas etc.
A educação espírita ensina o que ocorre à alma com o seu retorno à vida verdadeira: o Espírito passa por um período de perturbação e experimenta um sono profundo; depois que desperta, vê que conserva a sua individualidade, as suas faculdades, características pessoais e afeições; o seu perispírito (corpo espiritual) tem um desprendimento fácil ou difícil do corpo material em função do tipo de morte do corpo material e do seu progresso moral; o perispírito tem a mesma aparência e forma do corpo material, ao qual esteve unido molécula a molécula; o Espírito, se praticou o bem, passa a desfrutar de uma vida cheia de doçura, na companhia de outros Espíritos sábios, bons e felizes; o Espírito, se praticou o mal, começa uma fase da vida repleta de amargor, em companhia de outros Espíritos ignorantes, maus e infelizes; o Espírito reencontra Espíritos familiares e amigos, que o antecederam na volta ao mundo dos Espíritos, se houver mérito para ser recebido por eles; o Espírito, depois de adaptado à nova fase da vida espiritual, mantém atividades de acordo com o seu grau ele evolução intelectual e moral.
Muitos livros espíritas tratam desse assunto e podem ajudar os pais a elucidar seus filhos sobre esse tema tão complexo, sem causarem medo, perturbação ou constrangimentos.

58 – COMO DEVEMOS EDUCAR OS NOSSOS FILHOS PARA QUE CONSIGAM ENFRENTAR ADEQUADAMENTE AS PROVAS NA VIDA MATERIAL?

O Espírito escolhe, antes de reencarnar, as provas que vai enfrentar na vida material, em função do seu livre-arbítrio e das suas necessidades evolutivas, visando conquistar uma posição melhor na hierarquia espiritual.
Entre as provas difíceis escolhidas estão: o nascimento entre malfeitores, para suportar certas lutas e condições de vida difíceis; a riqueza material e as tentações da fortuna e do poder para tentar vencê-las com sabedoria e generosidade e sem cair no egoísmo, na avareza e nos prazeres da sexualidade; uma vida de miséria e provações para tentar suportá-la com coragem; o contato com os vícios para ser provado nessas lutas etc. (Vide Questões 258 a 273 de O Livro dos Espíritos).
Assim, os nossos filhos devem ser educados de forma que entendam a finalidade, para o Espírito, das provas na vida material e que consigam usar bem a inteligência, a responsabilidade, o bom senso, o trabalho, o estudo, a honestidade, a precaução, a prudência, a vigilância, a paciência e a perseverança. Assim, conseguem empregar bem a vontade e o livre-arbítrio; ser bem sucedidos ante as provas; e criar para si mesmos um destino feliz.

59 – COMO DEVEMOS EDUCAR OS NOSSOS FILHOS PARA QUE CONSIGAM SUPORTAR AS FATALIDADES DA VIDA MATERIAL?

Devemos ensinar a nossos filhos que a fatalidade não existe. O que existem são as provas que o Espírito escolheu para si mesmo antes de reencarnar, determinando-lhe, no ponto de partida, as condições materiais de vida, de acordo com as suas exigências espirituais e necessárias à sua instrução, evolução e purificação. Ainda, não existe fatalidade nem para as atitudes morais. Estas serão adotadas livremente, quando as provas e circunstâncias previamente escolhidas se lhe apresentarem.
Ante as provas, o Espírito conserva sempre o seu livre-arbítrio e a sua vontade para fazer o bem ou o mal, para ceder ou resistir às más tendências e influências. Assim, vai criar um destino feliz ou infeliz.
Os nossos filhos devem aprender a adotar sempre atitudes morais elevadas, pois o destino é sempre conseqüência das coisas boas ou más que fizerem por um ato de livre-vontade. Além disso, eles devem saber que ninguém nasce fatalmente destinado a cometer um erro, um assassinato, um crime ou o suicídio, pois não existe a fatalidade para os atos morais. O insucesso ante as provas é sempre o resultado de uma decisão que foi tomada de forma errada e imprudente. Por outro lado, o sucesso decorre do uso da sabedoria, da prudência, do respeito às boas orientações e da dedicação ao trabalho e ao estudo com paciência. Dessa forma, os nossos filhos valorizarão a educação moral que é indispensável para a prática dos bons atos e a realização das boas obras, que definem um bom destino. (vide Questões 851 a 872 de O Livro dos Espíritos).

60 – COMO DEVEMOS CUIDAR DA EDUCAÇÃO INTEGRAL DE NOSSOS FILHOS?

A educação integral é aquela que leva em conta o desenvolvimento de todas as faculdades e necessidades do Espírito encarnado.
Portanto, ela abrange a educação física e esportiva; a intelectual, moral, mental, artística e musical; a dos sentimentos, das emoções, da sexualidade, da mediunidade etc. Porém, no Espírito, todas as faculdades, habilidades e possibilidades estão interligadas, de forma que uma sempre age sobre as outras e recebe delas influências, num processo muito integrado e dinâmico de causa e efeito ou de ação e reação .
A educação espírita, dessa forma, busca a educação integral de nossos filhos, visando atender a todas as suas necessidades evolutivas. Dessa forma, eles conseguem manifestar as suas faculdades, habilidades e possibilidades de um modo sempre elevado, criando um destino feliz.
Evidentemente, em apenas uma existência corpórea, o Espírito não consegue educar todas as suas faculdades, habilidades e capacidades. Portanto, ele já desenvolveu umas mais do que as outras, em função da educação que já recebeu em vidas passadas. Porém, conta, agora, com novas oportunidades de realizar esforços educativos que vão engrandecê-lo, permitir-lhe combater os pontos ainda fracos e melhorar a exteriorização das faculdades, características, habilidades e possibilidades que estão ainda pouco educadas ou evoluídas.
Com a educação integral, os nossos filhos estarão cada vez mais preparados para a conquista da prosperidade material e espiritual.

61 – COMO DEVEMOS CUIDAR DA EDUCAÇÃO INTELECTUAL DE NOSSOS FILHOS?

A educação intelectual começa a ser dada aos nossos filhos naturalmente, desde a mais tenra idade, ao tornar-lhes inteligíveis, por meios agradáveis, as coisas que o cercam; ao lhes permitir o paulatino conhecimento e a gradual compreensão das realidades da vida; ao lhes desenvolver as capacidades intelectuais que permitem a tomada de decisões sábias, racionais, lógicas e pautadas no bom senso; e ao lhes fornecer os elementos intelectuais que permitem estruturar o pensamento e resolver problemas no dia-a-dia.
As escolas tradicionais, já a partir da pré-escolar realizam muito bem esse trabalho de preparar os nossos filhos em termos intelectuais, visando, principalmente, oferecer-lhes os conhecimentos e as habilidades que lhes permitirão atuar como profissionais nos campos das ciências, das artes e das mais variadas profissões.
Mas, como pais, não devemos deixar a educação intelectual apenas sob a responsabilidade das escolas Devemos orientar, dentro do lar, os nossos filhos sobre a importância de ter uma participação ativa no processo de aprendizado para que se tornem úteis à sociedade, para que se preparem para prestar serviços aos seus semelhantes e para que possam ser bem sucedidos na conquista da prosperidade material, sempre pelo bom uso da intelectualidade.
Além disso, devemos incentivar os nossos filhos para que adquiram gosto pela boa leitura, pelo estudo, pela auto-instrução, pelas informações e pelos conhecimentos que desenvolvem a sabedoria e facilitam o uso dos recursos intelectuais nos momentos de decisão importantes perante a vida.
Com uma boa educação intelectual, os nossos filhos estarão melhor preparados para competir no dinâmico e complexo mundo das atividades produtivas, conquistando condições dignas de vida.

62 – COMO DEVEMOS CUIDAR DA EDUCAÇÃO MORAL DE NOSSOS FILHOS?

A educação moral é a grande preocupação da educação espírita, porque, geralmente, o Espírito deu prioridade, em vidas passadas, apenas à educação intelectual. Como é importante que haja um equilíbrio entre o progresso intelectual e o moral, precisamos que os nossos filhos adquiram as boas regras de conduta; compreendam a moral cristã para que façam uma perfeita distinção entre o bem e o mal e entre o certo e o errado; e tenham uma formação moral que os permita agir de modo elevado perante os semelhantes e em todas as circunstâncias da vida, observando as Leis de Deus.
A educação moral cristã, que está na essência da educação espírita, permite que os nossos filhos aprendam a praticar as virtudes ensinadas e exemplificadas por Jesus e o adotem como modelo e guia para as suas ações no cotidiano, de forma que sejam felizes.
Uma lição indispensável da educação moral cristã, que os nossos filhos precisam aprender e praticar, é: “fazer aos outros aquilo que gostamos que os outros nos façam”. Dessa forma não têm como cometer enganos na conduta moral que lhes é exigida na convivência e no relacionamento com os semelhantes, para que sejam respeitados e bem sucedidos.
A educação moral infelizmente, é ainda tratada de modo insuficiente nas escolas tradicionais. Por isso, precisamos ser os responsáveis diretos pela educação moral de nossos filhos. E, mesmo obtendo a ajuda de educadores da moral cristã, não estamos livres dessa missão educativa. Portanto, precisamos estabelecer o culto do Evangelho no Lar, para que nossos filhos conheçam as passagens evangélicas que os ensinem o valor da prática da oração, da fé, da humildade, do amor, da caridade, da justiça e do perdão. Assim, entendem os bons exemplos que lhes damos da prática dessas virtudes e se sentem também compromissados com a sua prática.

63 – COMO DEVEMOS CUIDAR DA EDUCAÇÃO DOS SENTIMENTOS DE NOSSOS FILHOS?

Os sentimentos devem refletir sempre o amor a Deus e aos semelhantes. Sem isto, não há o cumprimento dos compromissos morais e nem a paz na consciência que gera a felicidade.
O amor nos sentimentos é uma conquista que decorre da educação moral cristã. Com o amor no coração, desvinculamos os nossos filhos do ódio, egoísmo, orgulho, desejos de vingança e tendências à violência, ao mal e aos crimes.
O amor nos sentimentos desenvolve-se em nossos filhos com a boa educação que lhes damos desde o berço, com os nossos comportamentos amorosos e afetuosos e com os nossos gestos de carinho, respeito, dedicação, compreensão e paciência.
Tendo a educação moral cristã como forte aliada na educação dos sentimentos, com base no amor, e dando aos nossos filhos os exemplos vivos de que mantemos na alma os sentimentos elevados decorrentes do amor, principalmente nos momentos mais difíceis de provas, ensinamo-lhes como exteriorizar os bons sentimentos que levam à obtenção da convivência pacífica e do relacionamento fraterno e harmonioso que geram o bem-estar, o progresso e a felicidade.
Além disso, o amor nos sentimentos liberta os nossos filhos dos adversários e dos inimigos, mantendo-os unidos aos bons Espíritos encarnados ou desencarnados, que os favorecem com elevada influência.

64 – COMO DEVEMOS CUIDAR DA EDUCAÇÃO DAS EMOÇÕES DE NOSSOS FILHOS?

A conquista do equilíbrio emocional permitindo a sua demonstração principalmente nos momentos rnais complicados e difíceis da vida, é um trabalho valioso, que gera muitos frutos: manutenção dos pensamentos elevados e sadios: obtenção de simpatia no reduto doméstico, respeito nos ambientes sociais e admiração no convívio e no relacionamento pessoal.
Além disso, a educação das emoções é um investimento que garante o sucesso em muitos momentos importantes da vida, pois ela prepara os nossos filhos para enfrentarem os desafios, as provocações, as adversidades, os conflitos e as agressões com calma, segurança e gentileza, permitindo-os decidir e agir com bom senso e sabedoria.
Para obterem a educação das emoções, os nossos filhos precisam se conscientizar sobre o seu valor, aprender a da importância a ela, e treinar a:
1 – Manter a calma ou “o sangue frio” nos momentos constrangedores.
2 – Evitar a prática de atos intempestivos ou agressivos, quando enfrentarem calúnias, ofensas ou desentendimentos sérios.
3 – Cair agilmente fora, usando a tranquilidade, a vigilância e a prudência, quando perceberem que estão sendo mau influenciados, envolvidos emocionalmente em atos nefastos ou “em armações” por pessoas inescrupulosas.
4 – Manter a estabilidade psicológica quando enfrentarem adversários desleais, traições, lutas perdidas ou derrotas inevitáveis.
5 – Suportar com tranquilidade e resignação as perdas e os acidentes graves, evitando a depressão ou os traumas.
6 – Manter o controle emocional ante a competições complicadas, decisões urgentes e confrontos indesejáveis.
7 – Aceitar bem as críticas, vendo-as sempre como advertências ou conselhos oportunos.
S – Não se melindrar com as palavras ou os atos maldosos dos outros.
9 – Expor os seus bons modos, emitindo as opiniões próprias e aceitando, com gentileza, as opiniões divergentes das suas.
10 – Não demonstrar desânimo, irritação e pessimismo quando for contrariado em seus desejos e em suas vontades, mas sim conservar o bom humor e a aparência alegre.
11 – Ter paciência, otimismo, esperança e perseverança para converter situações adversas em conquistas valiosas.
12 – Saber ouvir as queixas e as reclamações do próximo, mantendo a conversação em um nível elevado e agradável.
13 – Suportar com entendimento e resignação as más notícias, evitando choques Íntimos e desabafos exaltados.
14 – Administrar bem o tempo, usando-o com bom senso e dividindo-o com sabedoria para realizar seus empreendimentos, estudos, trabalhos, esportes, divertimentos, lazeres e boas realizações, sem prender-se às conversas fúteis, intrigas, fofocas e ociosidade dos que ocupam o tempo desse modo a disseminar fatos que promovem o desgaste emocional, mental e físico.

65 – COMO DEVEMOS CUIDAR DA EDUCAÇÃO SEXUAL DE NOSSOS FILHOS?

A educação sexual de nossos filhos, sob a ótica espírita, complementa as orientações da sexologia ao lhes dar instruções espirituais, filosóficas, religiosas e morais, com as quais conseguem exteriorizar a sexualidade com maior entendimento, amor, respeito, disciplina, prudência, vigilância e responsabilidade.
Além disso, a educação sexual, pautada no Espiritismo, prepara os nossos filhos para o namoro, noivado e casamento e para o cumprimento da missão da paternidade ou da maternidade, em função da lei da reprodução, que permite a reencarnação do Espírito.
O emprego digno da sexualidade, ensinado pela Doutrina Espírita, pauta-se no respeito e na fidelidade ao parceiro; no discernimento e na ponderação dos deveres morais; no fiel cumprimento dos compromissos afetivos e amorosos assumidos; e na sublimação da faculdade genésica e do impulso sexual.
Dessa forma, a educação sexual é também responsabilidade dos pais e deve ser dada de uma forma clara e franca. A melhor pedagogia para isso são as conversas sobre os diversos temas, as condutas respeitosas no lar e fora dele e os exemplos elevados no uso da sexualidade, demonstrando disciplina, fidelidade no casamento e ausência de preconceitos, crendices, castrações e repressões injustificadas. Portanto, o próprio equilíbrio no relacionamento amoroso, afetivo e sexual é o melhor exemplo educativo para os filhos.
Alguns livros espíritas ajudam os pais na educação sexual dos filhos, ensinando-lhes as formas corretas de exteriorização da sexualidade em todas as fases da vida material.

66 – COMO CORRIGIR OS DESVIOS NA CONDUTA SEXUAL DE NOSSOS FILHOS?

Para responder a esta questão complexa, vamos recorrer às valiosas ponderações e orientações oportunas dadas pelo médium Divaldo Pereira Franco e contidas nos Capítulo Relacionamento Sexual Precoce e Homossexualismo, do livro Laços de Família.
• A educação sexual deve fazer parte do currículo diário de todos os lares e escolas.
• Os pais devem levar os filhos a perceberem a naturalidade do corpo, as transformações que ele passa com o decorrer dos anos, as alterações glandulares, o crescimento do organismo e o desenvolvimento dos órgãos sexuais.
• No período da adolescência, os pais devem instruir os filhos sobre o respeito devido à sexualidade e sobre as conseqüências dos relacionamentos sexuais fora do casamento. Assim, conscientizar os filhos a respeito das próprias responsabilidades, mostrando-lhes o perigo da gravidez indesejada, que envolve os deveres da paternidade e da maternidade.
• Os pais devem elucidar os filhos sobre os riscos das doenças sexualmente transmissíveis e educá-las, não para o uso de preservativos, mas para o sexo saudável e a continência sexual. O uso dos preservativos, para promover o sexo livre ou a liberação sexual, pode levar à prostituição, aos vícios sexuais, à corrupção moral e ao fim da dignidade e do respeito a si mesmo.
• Os pais devem educar os filhos para a adoção de atitudes sexuais salutares e para que o matrimônio seja constituído com base no amor.
• O acompanhamento do filho, desde a infância, deve visar o despertar das boas tendências e o direcionamento deles para os comportamentos sexuais adequados que produzem bons resultados.
• Os pais não devem estimular comportamentos equivocados na conduta sexual dos seus filhos, como por exemplo, vestir o menino com trajes femininos; mostrar contrariedade por ter nascido uma filha, quando desejava um filho. Estas condutas infelizes podem ensejar uma conduta sexual que não se harmonize com a psicologia ou com a anatomia verdadeira.
• Uma filha querida pode ter sensibilidade masculina num corpo feminino; porém não é necessário que ela tenha uma vida promíscua só porque existe esse choque entre a sua psicologia e a sua anatomia.
• No caso de homossexualismo, os pais devem advertir e orientar o filho, mas não expulsá-lo do lar. Quem tem um problema dessa ordem necessita de paciência e de ajuda para conseguir desfrutar da sua liberdade e encontrar a melhor maneira de ser feliz. O filho homossexual merece e necessita de assistência, educação e amor.

67 – COMO DEVEMOS CUIDAR DA EDUCAÇÃO DA MEDIUNIDADE DE NOSSOS FILHOS?

A primeira providência é detectar se os filhos possuem realmente o gérmen da faculdade mediúnica ou a predisposição orgânica da mediunidade.
A segunda providência é observar se os filhos estão com uma idade segura para fazer os experimentos que vão confirmar a predominância de um determinado tipo de mediunidade, a melhor forma dos Espíritos se comunicarem, e o grau de persistência para que o novo médium adquira experiência e melhore a habilidade e a aptidão.
O desenvolvimento da mediunidade em crianças é perigoso, se abalar seus órgãos frágeis e delicados. Assim, a mediunidade só deve ser desenvolvida em jovens e adultos que tenham um adequado desenvolvimento físico e psíquico, uma boa elevação moral, um certo conhecimento do Espiritismo, e consciência do bom uso que deve ser feito da mediunidade. Isso para que estejam aliados aos bons Espíritos, desfrutem de boas companhias espirituais e fiquem imunes às influências e manifestações de Espíritos mistificadores, zombeteiros, malfazejos e obsessores.
Com a educação mediúnica, os nossos filhos passam a usar a mediunidade de uma forma séria, útil e instrutiva, como o Espiritismo nos recomenda usá-la, tornando-se, com o passar do tempo, médiuns que podem prestar serviços relevantes à Humanidade, como foi o caso de Francisco Cândido Xavier.
Na educação mediunica, um ponto indispensável é a qualidade moral do médium, para que ele desempenhe com nobreza a tarefa de intérprete dos Espíritos, e que se identifique, simpatize e tenha afinidade com os bons Espíritos.
Se o médium reúne as virtudes da bondade, da benevolência, da simplicidade de coração e do amor ao próximo, os bons Espíritos acercam-se dele e servem-se das suas faculdades para transmitir as suas instruções morais elevadas.
Outras preocupações com a educação mediúnica são que o médium: tenha boa vontade para servir de intermediário aos Espíritos; tenha paciência para ganhar habilidade; busque aprimoramento no uso de sua aptidão inata; e faça um exercício constante da sua mediunidade para que ela produza resultados seguros e comprovados.
O estudo do O Livro dos Médiuns e a busca de outros médiuns experientes para exercitar, junto com eles, essa faculdade são também indispensáveis.
Dessa forma, as manifestações dos Espíritos tornam-se cada vez mais ostensivas e os resultados da educação mediúnica surgem de modo notável.

68 – COMO DEVEMOS CUIDAR DA EDUCAÇÃO MENTAL DE NOSSOS FILHOS?

A educação dos atributos da alma que estão reunidos na mente, – para que eles trabalhem sincronizados e harmonizados entre si -, permite que a consciência melhore as escolhas, as decisões, as atitudes e as ações, promovendo melhores condições de vida.
Os principais atributos da alma que estão contidos na mente e que precisam ser educados são a inteligência, a consciência, a vontade, a memória, o raciocínio, o discernimento, as percepções, a imaginação, a criatividade, o entendimento, a mediunidade, os sensos moral, de justiça e de beleza, o pensamento etc. Assim, a educação mental atua sobre esses atributos e essas potências da alma, melhorando-as, de forma que influam no uso das faculdades, desempenhando um papel preponderante no sucesso do Espírito em sua jornada terrena.
Para cuidar da educação mental de nossos filhos, precisamos: ensinar a eles os cuidados que devem ter com aqueles dons contidos na mente; dilatar a sua consciência com os conhecimentos nobres e elevados; desenvolver a razão que leva à prática do bem e das virtudes; ocupar a sua mente com o trabalho útil, o estudo sério, as leituras edificantes e as atividades sadias; trabalhar os estados mentais mantendo-os elevados para que gerem ideias criativas e bons pensamentos; administrar os impactos bons ou ruins na sua mente dos acontecimentos, dos fatos captados pelos sentidos, das próprias ações e das influências alheias; avaliar as suas condições mentais e cerebrais certificando-se de que estejam sempre sadias; ensinar-lhes a profilaxia do bem que conserva a saúde mental e melhora as manifestações da mente; valorizar o bom humor, a gratidão, a oração, a alegria e o sorriso, Enfim, a educação mental cuida de tudo o que permite que a mente de nossos filhos esteja sempre em perfeitas condições, garantindo-lhes o progresso.

69 – É POSSÍVEL EDUCARMOS OS NOSSOS FILHOS DE FORMA QUE TENHAM SEMPRE PENSAMENTOS ELEVADOS?

Sim. Os pensamentos refletem e expressam, com uma precisão incrível, tudo o que ocorreu e ocorre com a alma e com o seu envoltório corporal, porque todas as ocorrências na vida do Espírito encarnado passam pelos recursos, potências e poderes da sua mente, que gera os pensamentos.
Assim, pela qualidade dos pensamentos, podemos, a todo momento, avaliar as condições espirituais e materiais nossas e dos outros. E podemos ser avaliados por Deus e pelos Espíritos encarnados ou desencarnados, superiores ou inferiores, que nos cercam.
Exemplos para a melhoria e elevação dos pensamentos:
• Se melhoramos os nossos sentimentos, pautando-os no amor e no senso moral, conseqüentemente elevamos a qualidade de nossos pensamentos, tornando-os amorosos e fraternos.
• Se aprimoramos o intelecto e melhoramos a nossa capacidade de percepção, compreensão e avaliação das coisas, os nossos pensamentos tornam-se melhor elaborados e mais sábios, levando-nos às corretas decisões e ações.
• Havendo esforços educativos para promover transformações íntimas que melhoram o uso das faculdades e das forças da alma, os nossos pensamentos, no momento oportuno, serão mais equilibrados e sensatos, conduzindo-nos às boas atitudes.
• Se temos a responsabilidade de viver honestamente, os nossos pensamentos, nos momentos de decisão, tornar-se-ão mais dignos.
• Se investimos na busca do entendimento das coisas da vida, os nossos pensamentos vão retratar, quando necessário, o quanto a nossa consciência se dilatou, dando-nos melhor entendimento de Deus, de nós mesmos e dos semelhantes, da existência dos universos material e espiritual e uma noção mais exata das leis que regem a vida.
• Se a nossa vontade for educada para evitar os vícios e práticas desvirtuadas, os nossos pensamentos gerarão orientações oportunas, conduzindo-nos ao bom uso do livre-arbítrio.
• Se a nossa preocupação for melhorar, engrandecer e aprimorar o emprego da inteligência e das habilidades, as formas de raciocínio, a aplicação do saber e da bondade, o uso da razão ante às intuições e inspirações, então, os nossos pensamentos gerados serão grandiosos, permitindo-nos a inspiração e realização das boas obras.
• Se já conseguimos o controle emotivo, os nossos pensamentos serão de compreensão, tolerância, resignação e perdão, evitando os desastres causados pelo descontrole fácil das emoções, ante as crises, dificuldades, perdas e acontecimentos constrangedores.
• Com um esforço auto-educativo para obtermos uma melhor educação da sexualidade, os nossos pensamentos relativos ao uso da faculdade sexual se tornarão mais elevados e dignos, permitindo-nos o domínio dos impulsos genésicos, o uso das forças sexuais com responsabilidade e o emprego da sexualidade e dos órgãos sexuais com disciplina, vigilância, prudência e respeito ao parceiro.
• Se pusermos em prática o culto do Evangelho no lar, beneficiando a nossa força moral, então, os nossos pensamentos se tornaram magnânimos, levando-nos à prática das virtudes cristãs e dos bons exemplos de Jesus.
Portanto, avaliando, permanentemente, os nossos pensamentos, descobrimos o que já fizemos e o que precisamos ainda fazer em termos de melhoria das potências e faculdades da alma.
Por outro lado, conhecendo os de nossos filhos, podemos avaliá-los e trabalhar para conduzi-los, através dos investimentos na educação integral, ao engrandecimento dos poderes da alma que geram os pensamentos bons e elevados.

70 – COMO CONSEGUIMOS AVALIAR SE A EDUCAÇÃO ESPÍRITA QUE ESTAMOS DANDO AOS NOSSOS FILHOS ESTÁ SE REFLETINDO EM SEUS PENSAMENTOS?

Essa questão complexa pode ser respondida com a abordagem feita por Léon Denis, no Capítulo XXIV: A Disciplina do Pensamento e a Reforma do Caráter, do livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor, onde nos ensinou que:
“O pensamento é criador. Não atua somente em roda de nós, influenciando nossos semelhantes para o bem ou para o mal; atua principalmente em nós; gera nossas palavras, nossas ações e, com ele, construímos, dia a dia, o edifício grandioso ou miserável de nossa vida presente e futura ” ,
É preciso ter muito cuidado com os pensamentos, pelas influências boas ou más que exercem sobre nós e os outros; pela linguagem e pelas palavras que empregamos no cotidiano; e, principalmente, pelas ações praticadas e que definem o nosso destino feliz ou infeliz.
Para mostrar a compatibilidade que deve existir entre os bons pensamentos e os bons atos, Léon Denis nos ensinou que:
“A fiscalização dos pensamentos implica a fiscalização dos atos, porque, se uns são bons, os outros sê-lo-ão igualmente, e todo o nosso procedimento achar-se-á regulado por uma concatenação harmônica. Ao passo que, se nossos atos são bons e nossos pensamentos maus, apenas haverá uma falsa aparência do bem e continuaremos a trazer em nós um foco malfazejo, cujas influências, mais cedo ou mais tarde, derramar-se-ão fatalmente sobre nossa vida”.
Portanto, para sabermos se a educação espírita que estamos dando aos nossos filhos está gerando os bons resultados esperados, devemos aplicar essas orientações de Léon Denis e avaliar sempre os seus pensamentos, linguagem, influências, procedimentos e atos.

71 – COM QUAIS ATITUDES MENTAIS DEVEM SER EDUCADOS OS NOSSOS FILHOS PARA QUE TENHAM SUCESSO NA VIDA?

As melhores atitudes mentais são aquelas que lhes geram o progresso, a saúde, a alegria e a felicidade, a saber:
• Ter a mente em paz pela prática das virtudes e dos compromissos assumidos em todos os campos da vida.
• Usar sempre o poder ilimitado e as forças grandiosas da mente para superar os obstáculos e as dificuldades.
• Ter uma postura mental positiva e bem humorada perante todos os fatos da vida.
• Reter na mente somente as boas memórias e recordações.
• Disciplinar o uso das faculdades e as atividades mentais para gerar somente os bons pensamentos.
• Vigiar os pensamentos para inibir os que não sejam otimistas, esperançosos e alegres.
• Conservar a mente fixa apenas nos objetivos elevados da vida.
• Manter a imaginação fértil, para aprimorar o uso dos talentos.
• Cuidar do equilíbrio da mente para melhorar as formas de expressão.
• Atenção para perceber as inspirações, intuições, idéias e conselhos mentais que vêm de Deus e dos bons Espíritos.
• Não sobrecarregar a mente com medos imaginários e com preocupações tolas e excessivas que prejudicam o bem-estar.
• Libertar a mente das lembranças amargas, do ódio, da culpa, dos remorsos e dos arrependimentos, pela prática do perdão a si e aos outros.
• Combater os estados mentais deprimentes que decorrem da revolta, insatisfação, impaciência, ansiedade e aflição.
• Usar os poderes da mente para acelerar a cura de uma enfermidade, restabelecendo logo a saúde da alma e do corpo.
• Conservar um estado mental alegre e feliz, sendo grato por tudo o que possui, o que já conseguiu e recebeu.
• Fugir da mesmice, das rotinas diárias, de comodismo, do tédio e da solidão, que embotam a mente e causam o insucesso.

72 – DEVEMOS EDUCAR OS NOSSOS FILHOS DENTRO DOS CONCEITOS DE LIBERDADE AMPLA?

Sim; liberdade ampla; mas exercida com responsabilidade. Devemos ensinar aos nossos filhos; desde a infância; que possuem o livre-arbítrio estabelecido por Deus; e que, na vida em sociedade; gozam apenas de uma liberdade restrita, pois têm de respeitar os direitos alheios, como os outros têm o dever moral de respeitar os seus direitos.
Portanto, os nossos filhos devem aprender que gozam da liberdade ampla de “fazer aos outros aquilo que gostariam que os outros lhes fizessem”.
Assim, aprendem a usar a liberdade com responsabilidade, sem prejudicar aos outros; fazendo o bem que gostam de receber, sem esperar retribuição; e cumprindo as Leis divinas e terrenas com sabedoria e bondade para melhorarem as relações humanas e as formas de convivência e de relacionamento com os outros.
Esse conceito de liberdade ampla colocado em prática; levará os filhos a praticarem a Lei de amor; caridade e justiça; pela realização das boas obras e das ações fraternas.

73 – ATÉ QUE PONTO DEVEMOS RESPEITAR O LIVRE-ARBÍTRIO DE NOSSOS FILHOS?

Na vida em sociedade, o livre-arbítrio maior é o de pensar, já que o de agir está limitado ao respeito dos direitos alheios.
Nossos filhos devem ser educados de forma que façam sempre um bom uso da liberdade de ação. Neste sentido, devem contar com a educação espírita, conscientizando-os que o livre-arbítrio está regido pela Lei de causa e efeito: quem pratica o bem, pelo bom uso que faz da vontade e do livre-arbítrio, obtém as conseqüências positivas das suas atitudes e ações.
Além disso, a educação espírita ensina que cada Espírito encarnado está em um determinado grau de evolução intelectual e moral, mas que precisa educar-se e elevar-se na escala espírita para melhor utilizar o seu livre-arbítrio. Além disso, a alma está sempre sujeita às influências exercidas pelas companhias materiais e espirituais, em função das similitudes nas tendências, preferências e vontades. Precisa, pois, aprender a melhorar a si mesma, para que as suas companhias lhes sejam equivalentes.
Com a responsabilidade, baseada na educação espírita, os nossos filhos poderão desfrutar de ampla liberdade pautada nas boas ações.
Se ainda não conseguem agir com responsabilidade, devemos impor-lhes limites ao livre-arbítrio, principalmente quando elegerem crenças reprováveis que conduzam ao mal; adquirirem vícios que causem prejuízos a si mesmos e aos outros; desvirtuarem o uso das faculdades, dando vazão às más paixões e tendências, prejudicando o próximo; ou mostrarem-se indecisos na escolha do caminho e da prática do bem.
Quanto ao uso do livre-arbítrio, Léon Denis ensinou-nos o seguinte, no Capítulo XXII do livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor:
• A liberdade é condição necessária para a alma humana construir o seu destino.
• A liberdade e a responsabilidade são correlativas no ser e aumentam com a sua elevação.
• A responsabilidade faz a dignidade e a moralidade do homem.
• A responsabilidade é estabelecida pela consciência que testemunha e aprova ou censura os atos.
• O livre-arbítrio é uma expansão da personalidade e da consciência.
• O grau de liberdade depende da libertação da escravidão da ignorância e das paixões baixas e do estabelecimento do império da razão.
• A educação liberta o homem, porque prepara as faculdades, limita os apetites, e leva à conquista da verdade e das virtudes.
• O Espírito só está preparado para ser livre quando as leis universais, que lhe são externas, se tornem internas e conscientes, em decorrência de sua evolução.
• Sem a disciplina moral que cada homem deve impor a si mesmo, as liberdades não passam de um logro.
• Em tese geral, todo homem que alcançou a razão, é livre e responsável na medida do seu adiantamento.
• Libertando-se das paixões e da ignorância, o homem liberta a si mesmo e os seus semelhantes.

74 – COMO CONCILIAR A EDUCAÇÃO COM A LIBERDADE DE ESCOLHA E COM A CONQUISTA DE EXPERIÊNCIAS PRÓPRIAS?

Essa conciliação é possível observando as orientações do Espírito Irmão José, contidas no Capítulo Filhos, do livro Vigiai e Orai, psicografado pelo médium Carlos Antônio Baccelli:
“Educa os teus filhos e orienta-os, mas não te esqueças de que cada espírito tem o seu próprio caminho.
Não conseguirás substituí-los nas experiências que devam vivenciar.
Cada qual deve aprender à custa do próprio esforço e interesse.
Não superprotejas os teus filhos, afastando-os do trabalho enobrecedor.
O trabalho, para a criança, é o complemento natural da educação.
Para os anseios evolutivos do espírito na reencarnação, as facilidades constituem um desastre.
Sem disciplina, a criança cresce à mercê das circunstâncias.
Conversa com os teus filhos e procura, desde cedo, iniciá-los na prática do bem.
Sem um ponto de referência espiritual, o teu filho se perderá no abismo da descrença.

75 – COMO EDUCAR OS NOSSOS FILHOS DE MODO QUE NÃO CAIAM NOS VÍCIOS?

Os vícios, infelizmente, surgem, com grande frequência, em decorrência dos maus exemplos dos próprios pais: alguns deles exercem influências nefastas sobre os filhos por fumarem, usarem bebidas alcoólicas, comerem em excesso, gostarem de jogos de azar, desvirtuarem a sexualidade, etc.
Além disso, os filhos sofrem influências viciosas dos amigos e companheiros que adquiriram vícios e das ilusões criadas com as propagandas veiculadas nos meios de comunicação, atendendo a fortes interesses comerciais, econômicos e financeiros.
Assim, no processo educativo de nossos filhos contra os vícios, precisamos, em primeiro lugar, dar o bom exemplo; depois conscientizá-los dos perigos dos vícios, que ocasionam malefícios e constrangimentos para as pessoas viciadas da família. Dessa forma, por si mesmas, tornam-se alertas contra as más influências, sabendo evitá-las, conscientes dos riscos da dependência mental e física acarretados pelos vícios.
A educação espírita mostra a nossos filhos que os vícios afetam, não só os órgãos do corpo material, mas também os do corpo espiritual (perispírito) que é semimaterial e está ligado, célula a célula, ao envoltório físico. Isto impõe condicionamentos e sofrimentos ao Espírito, após a desencarnação. Além disso, os vícios atraem, por afinidades e propensões idênticas, outros Espíritos viciados, tornando-os companheiros constantes, carregando maus hábitos adquiridos voluntariamente na vida terrena.
Essa conscientização, geralmente, leva os nossos filhos a adotarem, a prudência e a vigilância contra os vícios, garantindo a decisão acertada ao enfrentar as más influências.

76 – COMO EDUCAR OS NOSSOS FILHOS DE MODO QUE SEJAMOS RESPEITADOS POR ELES?

A primeira providência é educá-los com todo amor, carinho, dedicação e respeito, atendendo às suas necessidades materiais e espirituais.
Por outro lado, a educação moral espírita-cristã, que lhes é ministrada desde a infância, conclama-os à prática do mandamento: “Honra a teu pai e a tua mãe”, tal qual foi abordado por Allan Kardec no Capítulo XIV de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
Fortalecidos no senso moral, no amor filial e no respeito devido aos pais, os nossos filhos serão gratos aos cuidados a eles dispensados. Estarão aptos e dispostos a amparar os genitores quando a velhice chegar, como uma retribuição a tudo de bom que receberam na infância e juventude.

77 – COMO DEVEMOS TRATAR OS FILHOS QUE NOS DEMONSTRAM INGRATIDÃO?

O amor dos pais é desinteressado. Mas, quando os filhos são ingratos, muitas vezes, eles acabam se decepcionando.
A ingratidão, invariavelmente, reflete o egoísmo, não atenuado pelo processo educativo. Assim, os pais desistem de despertar no filho ingrato as afinidades espirituais, que já deveriam ter surgido com a educação, as atitudes positivas e os exemplos paternos.
A ingratidão não deve ser motivo para que os pais se afastem dos filhos e os abandonem à própria sorte. Os pais que souberam amar, amparar e perdoar os filhos até então, não devem perder a paz na consciência, principalmente se já fizeram o que lhes estava ao alcance para educarem e beneficiarem os entes queridos.
Por outro lado, as almas ingratas trazem em si mesmas as dificuldades que terão de enfrentar para alcançarem a satisfação íntima, a simpatia alheia e a felicidade. Com a ingratidão, elas colocam-se distantes das pessoas queridas e dos seres que as amam desinteressadamente. Assim, encontram, nos caminhos da vida, muitos tropeços que as decepcionarão, com atitudes ingratas de outras pessoas egoístas. Só então, começam a descobrir o quanto são devedoras àqueles que sempre a amaram e beneficiaram, principalmente nos momentos mais frágeis e importantes da vida.

78 – A QUEM CABE A EDUCAÇÃO DOS FILHOS QUANDO HÁ A SEPARAÇÃO CONJUGAL?

Allan Kardec nos ensinou, no Capítulo XIV: Honra a teu pai e a tua mãe, do O Evangelho Segundo o Espiritismo, que: “há duas espécies de famílias: as famílias por laços espirituais e as famílias por laços corporais. As primeiras, duradouras, fortificam-se pela purificação e se perpetuam no Mundo dos Espíritos, através das diversas migrações da alma. As segundas, frágeis como a própria matéria, extinguem-se com o tempo e quase sempre se dissolvem moralmente desde a “vida atual”.
O amor pelos familiares forma os laços espirituais.
Portanto, quando não há o amor, a família desestrutura-se e extingue-se, gerando crise constante na convivência e no relacionamento, deslizes morais, rejeição ao parceiro, adultério, violência, queda nos vícios etc.
Mas, mesmo com a separação conjugal, os pais não ficam desobrigados de educar os filhos intelectual e moralmente, mesmo quando a guarda fica com um deles. Esse dever moral é intransferível. Por isso, os pais têm o dever de continuar amando os filhos, tratando-os com respeito e carinho; atendendo as suas necessidades materiais e espirituais; e cuidando de sua educação integral, para que cresçam com segurança e nobreza moral e que consigam viver sadios, alegres e felizes.

79 – QUANDO UM DOS CÔNJUGES ABANDONA O LAR, A QUEM CABE A EDUCAÇÃO DOS FILHOS?

Essa questão complexa pode ser respondida com as seguintes orientações importantes contidas no Capítulo 10: Filhos e no Capítulo 18: Pais e Filhos, do livro Vida e Sexo, de autoria do Espírito Emmanuel, a saber:
• O parceiro lesado pelo abandono usufrui o direito de envidar esforços na própria recuperação, com base na consciência tranqüila, por estar liberto de qualquer compromisso para com o agressor.
• As vítimas da deslealdade ou da prepotência não devem renunciar ao dever de amparar os filhos, notadamente se esses filhos ainda não atingiram a puberdade e o amadurecimento pela compreensão das coisas.
• O parceiro moralmente danificado deve entender que pelo esquecimento das faltas, uns dos outros, é que alcançarão a sublimação.
• O homem ou a mulher em abandono, que tem filhos pequeninos, devem se voltar, acima de tudo, para o bem desses seres, dando-lhes entendimento e ternura, por amor a Deus e a si mesmos.
• Pais e filhos são consciências livres; livres filhos de Deus empenhados no auto-burilamento, no resgate de débitos, no reajuste e na evolução. Assim, nunca deve haver desprezo dos pais para com os filhos e vice-versa.
• Os filhos devem procurar compreender as dificuldades que enfrentam, pois foram eles mesmos, na condição de Espíritos desencarnados, que insistiram com os pais, através de afetuoso constrangimento ou suave processo obsessivo, para renascer através deles, com vistas à sua própria necessidade reencarnatória.

80 – DEVEMOS ESTAR SEMPRE AVALIANDO OS COMPORTAMENTOS DE NOSSOS FILHOS?

Sim, para sabermos se o processo educativo adotado está gerando resultados satisfatórios.
Com as avaliações permanentes, feitas com discrição e intenções elevadas, isto é, sem idéia de impor castigos ou de estabelecer punições, ajustamos os rumos nas providências educativas, concentramos maiores esforços para vencer os pontos ainda fracos e tornamos mais eficientes o trabalho e o acompanhamento que devemos fazer visando a evolução intelectual e moral de nossos filhos.
Assim, as avaliações desempenham um papel muito importante no processo educacional de nossos filhos. Devem ser realizadas com frequência, mas também com sabedoria e bondade.

81 – COMO DEVEMOS ENSINAR OS NOSSOS FILHOS A RESOLVEREM OS SEUS PROBLEMAS?

A solução dos próprios problemas é, talvez, a parte mais complexa de um processo educacional. Porque exige o uso adequado de conhecimentos, experiências e técnicas que envolvam o assunto; uma certa dose de iniciativa, criatividade e paciência, até que uma solução apropriada e definitiva seja encontrada; e uma boa coordenação das faculdades da alma para que os resultados corretos ou aceitáveis sejam obtidos.
Até que os nossos filhos estejam com uma boa formação e um determinado amadurecimento intelectual e moral, precisam contar com a nossa orientação e ajuda para resolverem os seus problemas. Paralelamente, irão contando também com o auxílio dos professores e amigos visando a solução adequada para os impasses que surgem no dia-a-dia.
Mas, chega o momento em que eles descobrem que já têm condições de solucionar seus próprios problemas, nos mais variados campos da vida, e mesmo assim, devem aprender a aplicar o princípio do Buscai e Achareis, ou Ajuda-te e o céu te ajudará, explicado por Allan Kardec no Capítulo XXV de O Evangelho Segundo o Espiritismo: trabalhar, usando as próprias faculdades e habilidades para solucionar os problemas, mas sempre podendo contar com a ajuda maior:
“Pedi a luz que deve clarear o vosso caminho e ela vos será dada; pedi a força para resistir ao mal e a tereis; pedi a assistência dos Bons Espíritos e eles virão ajudar-vos e, como o anjo de Tobias, vos servirão de guias; pedi bons conselhos e jamais vos serão recusados; batei à nossa porta e ela vos será aberta; mas pedi sinceramente, com fé, fervor e confiança; apresentai-vos com humildade e não com arrogância, sem o que sereis abandonados às vossas próprias forças, e às próprias quedas que sofrerdes constituirão a punição do vosso orgulho”.

82 – DE QUE FORMA CONSEGUIMOS EDUCAR AS POTÊNCIAS DA ALMA DE NOSSOS FILHOS, ORIENTANDO-OS PARA UM IDEAL ELEVADO?

A educação das potências da alma deve começar pela educação da Vontade. Ela permite que os nossos filhos busquem os ideais elevados. Para isto, observemos as seguintes orientações de Léon Denis, sobre a vontade, contidas no Capítulo II: A Vontade, da terceira parte: As potências da Alma, do notável livro O Problema do Ser, do Destino e da dor:
“O uso persistente, tenaz, desta faculdade soberana permitir-nos-á modificar a nossa natureza, vencer todos os obstáculos, dominar a matéria, a doença e a morte. É pela vontade que dirigimos nossos pensamentos para um alvo determinado. ( … ) Aprendamos, pois, a servir-nos de nossa vontade e, por ela, a unir nossos pensamentos a tudo o que é grande, à harmonia universal, cujas vibrações enchem o espaço e embalam os mundos. ( … ) A vontade é a maior de todas as potências; é, em sua ação, comparável ao ímã. A vontade de viver, de desenvolver em nós a vida, atrai-nos novos recursos vitais; tal é o segredo da lei de evolução. ( … )
Cada alma é um foco de vibrações que a vontade põe em movimento. ( … ) Querer é poder! O poder da vontade é ilimitado. O homem, consciente de si mesmo, de seus recursos latentes, sente crescerem, suas forças na razão dos esforços. Sabe que tudo o que de bem e bom desejar há de, mais cedo ou mais tarde, realizar-se inevitavelmente, ou na atualidade ou na série das suas existências, quando seu pensamento se puser de acordo com a Lei Divina”.

83 – EM QUE SENTIDO DEVEMOS IMPULSIONAR AS FORÇAS DA ALMA DURANTE O PROCESSO EDUCATIVO DE NOSSOS FILHOS?

Durante o processo educativo de nossos filhos devemos seguir as orientações de Léon Denis e impulsionar as forças da alma para alcançar: o bem querer, a sede do saber e a expansão da capacidade de amar. Assim, todas as suas atitudes e ações serão nobres, permitindo-nos harmonizar o uso da mente com o do coração para obterem a alegria e a felicidade.
Estejamos atentos às seguintes orientações de Lêon Denis, contidas no Capítulo XXV: O Amor, do livro O Problema do Ser, do Destino e da Dor:
“Todo o poder da alma resume-se em três palavras:
Querer! Saber, Amar!
Querer, isto é, fazer convergir toda a atividade, toda a energia, para o alvo que se tem de atingir, desenvolver a vontade e aprender a dirigi-la.
Saber, porque sem o estudo profundo, sem o conhecimento das coisas e das leis, o pensamento e a vontade podem transviar-se no meio das forças que procuram conquistar e dos elementos a que aspiram governar.
Acima, porém, de tudo, é preciso amar, porque, sem o amor, a vontade e a ciência seriam incompletas e muitas vezes estéreis. O amor ilumina-as, fecunda-as, centuplica-lhes os recursos”.

84 – O QUE DEVEMOS FAZER PARA QUE NOSSOS FILHOS APRENDAM A CUMPRIR OS SEUS DEVERES?

Devemos seguir as seguintes instruções de Léon Denis, contidas no Capítulo XLIII: O Dever, de seu livro Depois da Morte:
• O dever decorre das leis morais.
• O cumprimento do dever deve ser a regra de conduta do homem nas suas relações com os semelhantes e com o Universo.
• O dever de cada pessoa varia segundo a sua condição e o seu saber.
• Quanto mais elevada for uma pessoa, mais o dever adquire grandeza, majestade e extensão e o seu cumprimento torna-se agradável, pois produz alegrias íntimas.
• O cumprimento do dever enobrece a vida, esclarece a razão e fortifica a alma, gerando calma interior, serenidade de espírito, paz na consciência e contentamento íntimo.
• Os Espíritos superiores têm profundamente enraizado em si o sentimento do dever. Assim, eles o vêem como uma obrigação de todos os momentos e uma condição imprescindível da existência.
• Há múltiplas formas para o dever: o dever para conosco, que consiste em nos respeitarmos, em nos governarmos com sabedoria, em não querermos e não realizarmos senão o que for útil digno e belo; o dever profissional que exige o cumprimento consciencioso das obrigações; o dever social que nos convida a amar os homens, a trabalhar por eles, a servir fielmente ao nosso País e à Humanidade. Há ainda o dever para com Deus e muitos outros.
• A honestidade é a essência do homem moral que faz o bem em toda a sua extensão, cumprindo os seus deveres.
• Quem conhece o alcance moral do ensino dos Espíritos impõe a si o dever de trabalhar com energia para o próprio aperfeiçoamento e o de seus irmãos. Então pode dizer ao fim de cada dia: realizei hoje obra útil, alcancei vantagem sobre mim, assisti, consolei desgraçados, esclareci irmãos, trabalhei por torná-los melhores. Assim, tenho cumprido o meu dever !

85 – PODEMOS ESTIMULAR EM NOSSOS FILHOS O DESEJO DE SE TORNAREM RICOS E PRÓSPEROS EM TERMOS MATERIAIS?

Sim. Porém; sempre observando os seguintes princípios espíritas contidos no Capítulo XVI: Servir a Deus e a Mamon, do O Evangelho Segundo o Espiritismo; de Allan Kardec, e nos Capítulos XLV: Orgulho, Riqueza e Pobreza, e XLVI: O Egoísmo, do livro Depois da Morte, de Léon Denis:
• A riqueza é uma prova mais arriscada e mais perigosa que a miséria, porque oferece excitações, tentações e fascinação. Exalta o orgulho, o egoísmo e a vida sensual, além do apego aos bens terrenos que entrava o adiantamento moral e espiritual.
• O homem não deve abusar da riqueza, mas sim transformá-la em fonte do bem e do progresso, ao ser empregada para aumentar a produção dos bens que satisfazem as necessidades humanas.
• A desigualdade na posse das riquezas decorre do fato de que nem todos os homens são igualmente inteligentes, ativos e laboriosos para a adquirir, nem sóbrios e previdentes para a conservar.
• A fortuna é uma prova moral, pela liberdade que o homem desfruta de a empregar, seja para o bem, seja para o mal.
• A riqueza se transfere incessantemente de Espírito para Espírito através da lei da reencarnação, de forma que quem hoje não a tem, já a teve no passado ou a terá no futuro, numa outra existência; e quem hoje a possui poderá não tê-la mais amanhã.
• Para certos Espíritos encarnados, a riqueza é uma prova da caridade e da abnegação. Para outros, a pobreza é uma prova da paciência e da resignação.
• A verdadeira riqueza da alma são os conhecimentos, a inteligência e as qualidades morais, pois a riqueza material não pode ser levada deste mundo, quando a alma retornar à vida espiritual.
• A fortuna legítima é a adquirida pelo trabalho honesto e conquistada sem causar prejuízo a ninguém.
• Os lucros da riqueza devem decorrer da sua boa aplicação nas obras úteis que geram trabalho e instrução e que expandem o amor ao próximo e o bem estar de todos.
• O bom emprego da riqueza é aquele que resulta em algum bem para os semelhantes, em termos de aliviar a miséria; aplacar a fome, preservar do frio e abrigar do abandono.
• A missão das grandes fortunas é proporcionar trabalhos de toda espécie, pois o trabalho desenvolve a inteligência e exalta a dignidade do homem que tem o seu salário.
• A riqueza torna-se boa ou ruim, conforme a utilidade que lhe for dada. Assim, ela é a origem de grande bem, quando é usada com critério e moderação para contribuir para o progresso intelectual da Humanidade, para melhorar a sociedade ao criar instituições de beneficência, escolas, descobertas da ciência e empreendimentos que assistem os que imploram trabalho, socorro e lutam contra as
necessidades humanas.
• Uma análise da própria consciência nos permite saber se nos tornamos um membro útil da sociedade pelo emprego da riqueza em nosso proveito; se não caímos nos ataques do orgulho, do egoísmo e da avareza; se usamos os nossos recursos no engrandecimento da obra social e na causa do bem, da verdade, da fraternidade e da solidariedade.

86 – QUAIS TESOUROS DEVEMOS ENSINAR OS NOSSOS FILHOS A ACUMULAR?

Os tesouros que os nossos filhos devem aprender a acumular são os intelectuais, morais e espirituais, pois são duradouros e pertencentes ao Espírito imortal.
Essa orientação valiosa encontramos na mensagem Brado de Alerta, do Espírito João, contida no Capítulo 8 do livro Depoimentos vivos, de psicografia de Divaldo Pereira Franco, que contém as seguintes notas:
• Geralmente, pensamos em dinheiro, em projeção e em casa, mas nos esquecemos que esses valores não são verdadeiros, pois não permanecem para sempre. Eles se gastam e passam de mãos na Terra.
• Os tesouros que devemos oferecer aos nossos filhos são os que os acompanham por toda a eternidade. Essas fortunas, depois do exemplo, são: a educação, a instrução e a preparação para a vida, pois habilitam-nos a exteriorizar os valores da humildade, da mansidão e do sacrifício.
• Quando tornamos os nossos filhos ricos pela posse das fortunas que não ficam na Terra, sentimo-nos felizes na Pátria espiritual, pois deixamo-lhes aberto o caminho do crescimento e da felicidade.
Ainda, no Capítulo 19: Apelo às Mães, daquele mesmo livro, constatamos a situação difícil em que se encontrou na vida espiritual o Espírito Marta da Anunciação, ao se considerar uma suicida moral, por ter se iludido com os tesouros materiais e dado uma educação errada para a filha. Por isso, ela dirigiu o seguinte apelo às mães terrenas:
“Trocai as fantasias pelo respeito à verdade, ao lado das crianças: nem a austeridade da clausura, nem a libertinagem da “motoca”; nem a exigência monacal, nem a indiferença do anarquismo; nem o potro da proibição, nem o descuido da invigilância; nem a corda punitiva, nem o desrespeito total.
Acima de todas as coisas, o amor que observa e corrige, que acompanha e educa, que disciplina e consola, porquanto, sem dúvida alguma, não há melhor método pedagógico de educação do que o amor honrado, constante e firme de uma mãe que faz do lar um santuário onde os filhos são as messes abençoadas da vida.
Dai as vossas alegrias de agora; mães, sofrendo um pouco, certamente, para experimentardes a ventura, mais tarde, vendo os vossos filhos ditosos, e não carregardes o fardo que ora me esmaga, experimentando, dia-a-dia sem nunca cessar, o gosto amargo do fel do remorso”.

87 – COMO EDUCAR OS NOSSOS FILHOS DE MODO QUE NÃO VENHAM A SOFRER NA VIDA?

Para entendermos os sofrimentos, devemos conhecer os seguintes ensinamentos de Allan Kardec, contidos no Capítulo V: BEM AVENTURADOS OS AFLITOS, DE O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO.
“Remontando à fonte dos males terrenos, reconhece-se que muitos são conseqüência natural do caráter e da conduta daqueles que os sofrem. Quantos homens caem por sua própria culpa! Quantos são vítimas de sua imprevidência, de seu orgulho e de sua ambição! Quantas pessoas arruinadas por falta de ordem, de perseverança, por mau comportamento ou por não terem limitado os seus desejos?
Quantas uniões infelizes, porque resultaram dos cálculos do interesse ou da vaidade, nada tendo com isso o coração! Que de dissensões de disputas honestas, poderiam ser evitadas com mais moderação e menos suscetibilidade. Quantas doenças e aleijões são o efeito da intemperança e dos excessos de toda ordem !
Quantos pais infelizes com os filhos, por não terem combatido as suas más tendências desde o príncípio. Por fraqueza ou indiferença, deixaram que se desenvolvessem neles os germes do orgulho, do egoísmo e da tola vaidade, que ressecam o coração. Mais tarde, colhendo o que semearam, admiram-se e afligem-se com a sua falta de respeito e a sua ingratidão.”
Dessa forma, as causas para muitos sofrimentos podem ser evitadas com as nossas boas atitudes, bem como as de nossos filhos. Portanto, devemos ensinar a eles a avaliarem previamente as consequências de cada ação; a praticarem apenas as boas obras; a estarem conscientes da importância de praticarem somente o bem, mesmo ante às situações constrangedoras; a não serem os próprios causadores dos infortúnios e das vicissitudes da vida por não aplicarem os ensinamentos intelectuais e morais que receberam de forma amorosa. Assim, evitarão muitos sofrimentos.

88 – É POSSÍVEL PREPARARMOS OS NOSSOS FILHOS PARA ENFRENTAREM AS DORES NA VIDA MATERIAL?

A questão das dores na vida material foi tratada por Allan Kardec no Capítulo V: Bem aventurados os aflitos, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, da seguinte forma:
• As dores são a conseqüência das más atitudes.
• As dores levam as pessoas a sentir a diferença entre a prática do bem e a do mal.
• Enfrentando as dores, as pessoas adquirem experiência de vida e procuram a própria melhoria.
• Certas dores decorrentes de acidentes inevitáveis, da perda de ente querido que sustenta a família, dos reveses da fortuna, dos flagelos naturais, das doenças de nascença, da morte de criancinhas, não têm as suas causas na existência atual, mas sim numa existência precedente. Essas dores são a consequência natural ou a expiação de uma falta cometida numa vida passada.
• As dores decorrentes de uma existência num mundo material inferior levam os Espíritos encarnados a trabalhar pela própria melhoria, visando a conquista de uma vida num mundo mais avançado.
• Certas dores são provas escolhidas pelo Espírito visando a própria purificação e a busca do seu adiantamento.
• Certas lutas penosas, cheias de dores e aflições, enfrentadas por almas elevadas que possuem boas tendências e sentimentos nobres inatos, decorrem da missão que solicitaram para evoluir mais, se cumprirem essa missão sem revolta ou reclamação.
• O Espírito encarnado deve suportar as dores com resignação e paciência, pois elas têm sempre uma causa justa e geram benefícios na vida futura.
Assim, os nossos filhos devem ser educados de forma que compreendam bem as causas e finalidades das dores. Dessa forma, conseguem enfrentá-las com coragem, calma, resignação, esperança e nobreza espiritual.

89 – QUE CONSOLAÇÃO PODEMOS DAR AOS NOSSOS FILHOS, QUANDO ESTIVEREM SUPORTANDO DORES E SOFRIMENTOS?

O conhecimento das causas para as dores, as aflições e os sofrimentos, contidas no Capitulo V: Bem aventurados os aflitos, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, serve de consolação para os nossos filhos, caso eles tenham que suportá-las.
Além disso, eles devem ter acesso às lições muito bem desenvolvidas por Léon Denis no Capítulo XXVI: A Dor, do livro O Problema do ser, do destino e da Dor, a saber:
• A dor é uma lei de equilíbrio e educação.
• As faltas cometidas no passado recaem sobre nós, determinando as condições de nosso destino. O sofrimento é, assim, a repercussão das violações cometidas, mas também o agente de desenvolvimento e a condição para o progresso.
• A dor, assim como o prazer, são necessários à educação do ser em sua jornada evolutiva.
• Pela vontade, podemos domar e vencer a dor ou, pelo menos, fazê-la redundar em nosso proveito, tornando-a um meio útil à nossa elevação.
• A ideia que fazemos da felicidade e da desgraça, da alegria e da dor varia de acordo com a nossa evolução espiritual.
• Ante a dor, precisamos desenvolver a coragem de suportá-la com paciência.
• A dor dignamente suportada permite conquistas espirituais que abrem os caminhos do Céu.
• Há almas virtuosas e elevadas que vêm a este mundo para cumprir sua missão experimentando sofrimentos; mas, mesmo assim, nos deixam grandes exemplos.
• A dor física é, em geral, um aviso da Natureza, que procura preservar-nos dos excessos, abusos e vícios e da autodestruição.
• O sofrimento tem sempre um resultado útil na educação, no aperfeiçoamento e no adiantamento de cada indivíduo.
• A dor é necessária enquanto o homem tiver o seu pensamento e os seus atos em desacordo com as leis eternas. Ela deixará de existir quando o homem se harmonizar com elas e superar as causas que a fizeram nascer, em função de uma educação mais elevada, pautada na beleza moral, na justiça e no amor.
• Em geral, os sábios, os filósofos e os pensadores nos têm ensinado a temer, a recear e a detestar a dor. Bem poucos a têm compreendido e explicado. Já as religiões acharam socorros espirituais para as almas aflitas, embora, muitas vezes, oferecendo restritas consolações. Mas, a Doutrina Espírita tem os recursos necessários ao consolo das aflições, ao enriquecimento da Filosofia, regeneração das religiões. Atrai a estima do discípulo mais humilde e o respeito do gênio, ao se constituir em um remédio moral poderoso contra a dor, oferecendo explicação para o papel do sofrimento, e dando aceitação e consolações nos momentos de infortúnio.
• Nas horas de sofrimento, de angústia e de acabrunhamento podemos invocar e atrair a presença dos bons Espíritos, que podem nos oferecer forças desconhecidas e nos ajudar a suportar as misérias e os males da vida material.
• Se Deus permite que passemos por decepções, abandonos, doenças e reveses, é para obrigar-nos a despregar a vista da Terra e elevá-la para Ele, a procura de alegrias superiores àquelas que podemos provar neste mundo.
• Nenhum de nossos males se perde; não há dor sem compensação, trabalho sem proveito. Caminhamos todos através das vicissitudes e das lágrimas para um fim grandioso fixado por Deus. E temos ao nosso lado um guia seguro, um conselheiro invisível para nos sustentar e consolar.
• Ao invés de revoltados contra a dor, acabrunhados, inertes e fracos debaixo de sua ação, devemos usar a vontade, coragem, aceitação, confiança no futuro e o nosso pensamento positivo para tirarmos dela todo o proveito que pode oferecer ao nosso espírito e coração, e para servirmos de exemplo aos nossos semelhantes.
• Dar tensão às vontades; retemperar os caracteres para os combates da vida; desenvolver a força de resistência; afastar da alma da criança tudo o que pode amolentá-la; elevar o ideal a um nível superior de força e grandeza – eis o que a educação moderna deveria adotar como objetivo essencial.

90 – QUAL A MELHOR FORMA DE LEVARMOS OS NOSSOS FILHOS A ENTENDER A EXISTÊNCIA DE PUNIÇÃO?

Os nossos filhos começam a entender a existência de punição, quando tomam consciência das conseqüências da prática do mal.
As punições, penas, sanções, dores ou castigos e sofrimentos físicos ou morais existem para aqueles que se tornaram, desrespeitosos .. desonestos, irresponsáveis, delinquentes, contraventores, ladrões, violentos ou criminosos, visando forçá-los à reeducação e a não repetirem os erros graves cometidos.
Outros argumentos que facilitam os nossos filhos a entender a finalidade das punições podem ser extraídos do Capítulo V: Bem aventurados os aflitos, de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
• Sempre existe uma causa justa para uma punição.
• A própria pessoa culpada causa a punição, pois sofre as consequências do seu mau caráter ou da sua conduta inadequada ou de conseqüências funestas.
• A pessoa condenada sofre as consequências do mal que praticou.
• Perante as Leis de Deus, não há uma só falta, por mais leve que seja, ou uma simples infração às Leis que não tenha consequências forçosas e inevitáveis, mais ou menos desagradáveis.
• Deus quer que o progresso das criaturas ocorra e, por isso, não deixa impune nenhum desvio do caminho reto.
• Os sofrimentos de uma pessoa são uma advertência de que ela andou mal, e que deve se emendar.
• A confiança na existência da impunidade retardaria o adiantamento do Espírito e a sua felicidade futura.
• Todo efeito mau tem uma causa má. Assim, se a causa da punição não estiver na vida atual estará em uma existência precedente: se o infrator não for punido ou completamente punido na existência presente não escapará das conseqüências futuras pelas faltas cometidas.

91 – O QUE DEVEMOS FAZER PARA CORRIGIR AS TENDÊNCIAS À VIOLÊNCIA DE NOSSOS FILHOS?

Devemos corrigir os maus pendores e as tendências aos atos de violência que os nossos filhos demonstram usando os ensinos da moral espírita-cristã, com bom-senso, sabedoria, bondade e paciência. Assim, os tiramos do mau caminho que estão enveredando.
Ainda, nesse mesmo sentido, devemos adotar as valiosas recomendações feitas por Lydienio Barreto de Menezes, nos Capítulos Maus Pendores e Agressividade e Revide, do livro A Educação à Luz do Espiritismo:
• Dar aos filhos com tendência à violência uma atenção maior, pois são almas longe ainda de um grau de elevação que nos dê certa tranqüilidade no processo educacional.
• Devemos ficar atentos aos vícios, aos maus pendores e às más tendências de nossos filhos, para podermos refreá-los.
• Com um diálogo franco e amigo e uma vivência dentro dos padrões morais, podemos impedir que os nossos filhos se tornem acessíveis aos convites perniciosos, feitos por almas em desequilíbrio, impedindo-os de se enveredarem por caminhos de difícil retorno.
• Devemos acompanhar a educação de nossos filhos e observar o comportamento e as reações deles, os tipos de amizades que possuem e os locais que frequentam, para que não sejamos colhidos por surpresas ou notícias desagradáveis.
• Envidar todos os esforços para cumprir as responsabilidades educativas e semear os frutos da alegria, que evitam o fracasso dos Espíritos que Deus nos confiou.
• Inibir as tendências à agressividade para conosco e com os irmãos e amiguinhos. As manifestações violentas devem ser reprimidas desde cedo, para evitar que criem raízes profundas, prejudicando o futuro de nossos filhos.
• As crises de violência devem ser reprimidas com orientação e não com agressividade ou pancada. Violência reprimindo violência não funciona. Somente o diálogo orientador ou o castigo bem aplicado, podem surtir o efeito desejado.
• Não devemos estimular a lei mosaica do “olho por olho e dente por dente”; nem o revide quando ” alguém pisar no seu calo”; e nem “a defesa da honra para não trazer o desaforo para casa”. Isto não quer dizer que os nossos filhos devem se tornar “sacos de pancada”. O revide só deve ocorrer em último caso e para a defesa da integridade física. O ditado popular que diz: “Quando um não quer, dois não brigam”, deve ser ensinado e adotado como válido.
• As atitudes agressivas de nossos filhos adolescentes ou jovens devem ser consideradas falta de educação, em seu sentido mais amplo. Com a educação, podemos transformar paixões em virtudes, principalmente se acompanhada da educação religiosa, que coloca o amor nos corações dos filhos.
• A educação de nossos filhos com base na filosofia da não-violência, os afasta de certas situações, antes que uma briga comece. Eles se tornam capazes de mostrar a outra face, segundo a recomendação evangélica, ou seja, diante da violência, agir com brandura e amor.
• Podemos nos tornar culpados pelos atos de violência e de vandalismo de nossos filhos, se fizermos vistas grossas diante das más atitudes deles, preferindo a acomodação à tomada de decisões enérgicas e punitivas que entrem em choque com os nossos entes queridos.

92 – PODEMOS INCUTIR MEDO EM NOSSOS FILHOS PARA QUE NOS OBEDEÇAM E SE COMPORTEM BEM?

Não. O medo manifesta-se de uma forma natural em todos os seres vivos, quando se vêem diante de uma ameaça real ou imaginária. Muitas vezes, dependendo do grau dessa ameaça, a pessoa experimenta taquicardia, sudorese e incômodo físico e mental, que podem levar ao denominado pânico.
Além disso, o medo desempenha um papel importante na vida dos indivíduos, porque os leva a fugir dos perigos, a evitar as conseqüências das atitudes equivocadas, a adotar comportamentos de vigilância, prudência e cautela e a buscar a segurança que preserva a própria vida.
Por outro lado, quando os pais incutem nos filhos medo de animais, fantasmas, lugares perigosos, acidentes, bandidos, monstros, inferno depois da morte etc, aumentam a tendência à insegurança. Assim, podem se tornar, com o passar do tempo, filhos medrosos, assustados, ansiosos, cheios de fobias e excessivamente cautelosos. Isto, sem dúvida, é conseqüência de uma educação errada que receberam.
Os filhos que atingiram um medo irracional, incontrolável, patológico ou doentio, que afeta as suas atividades diárias e prejudica o desenvolvimento normal, precisam de tratamento médico para vencerem os transtornos decorrentes.
Portanto, não devemos jamais educar os nossos filhos com base no medo. Pelo contrário, eles devem ser esclarecidos sobre as conseqüências do medo que não é controlado, excessivo ou que pode surgir em função de experiências traumáticas, perdas, rejeições, fracassos, repressões, eventos dolorosos ou fatos marcantes, para que procurem logo orientação e tratamento médico.

93 – A CULTURA DO NÃO DESPERDÍCIO DEVE SER APLICADA NA EDUCAÇÃO ESPÍRITA?

Sim. Existem pessoas que não têm as suas necessidades supridas devido ao desperdício de alimentos, remédios, roupas, utensílios, água, energia, recursos naturais e dinheiro. Assim, o desperdício é falta de caridade com aqueles que precisam do que foi desperdiçado.
Os nossos filhos devem aprender, com os nossos exemplos, que o que sobra ou é abundante em nossa família deve ser encaminhado, com um espírito de fraternidade e solidariedade, para as famílias carentes ou para as instituições de auxílio ao próximo. Dessa forma, a escassez e a miséria que causam sofrimentos podem ser atenuadas .
Nesse sentido, é muito oportuna a mensagem do Espírito Joanna de Ângelis, psicografada por Divaldo Pereira Franco, alertando que o desperdício de toda ordem deve ser combatido. Também devemos combater o desperdício de tempo, de oportunidades edificantes que promovem o próprio burilamento, de palavras, em repousos excessivos e férias demoradas. Também não deve haver desperdício em festas extravagantes, em jogos e em abusos de todo o gênero. O desperdício não deve estar também nem no uso da inteligência, da beleza, da cultura e da arte.
Portanto, aos nossos filhos deve ser incorporada a cultura do não desperdício na sua educação espírita.

94 – EM QUE ÉPOCA OS NOSSOS FILHOS DEVEM RECEBER AS INSTRUÇÕES SOBRE OS ASSUNTOS QUE PERTENCEM ÀS ÁREAS ACADÊMICAS?

As instruções que os nossos filhos vão receber na Faculdade permitem que exerçam uma profissão de nível superior. Porém, para que eles consigam escolher esse campo profissional de atuação, precisam, com a máxima antecedência possível, ir conhecendo a abrangência de cada profissão. Assim, podem sentir as tendências inatas para determinada profissão e decidir quanto ao seu futuro.
Porém, antes de chegarem a essa fase avançada da vida, os nossos filhos precisam já ter adquirido a educação espírita e as instruções que lhes permitem entender as leis que regem os fenômenos da evolução e do destino.
Nesse sentido, o Espírito Emmanuel, na mensagem Instrução Espírito, contida no Capítulo 10 do Livro Opinião Espírito, recomenda que os nossos filhos devam:
• receber a educação do caráter;
• desenvolver o espírito de fraternidade;
• compreender a reencarnação que consola;
• colher apontamentos e informações que mudam os rumos da história;
• assimilar um modo positivo de vida que renova o sentimento;
• colher diretrizes que orientam a escolha e a conduta;
• manter diálogos que permutam experiências e corrigem as preferências e as atitudes;
• e conhecer o Evangelho, que contém as mais altas normas para a sublimação do espírito. O Evangelho foi a maior mensagem descida dos Céus à Terra para dignificar a vida e iluminar o coração.

95 – O QUE FAZER QUANDO OS FILHOS NÃO ACEITAM A EDUCAÇÃO QUE LHES DAMOS E CRIAM DESARMONIA NO LAR E FORA DELE?

Uma grande decepção para os pais ocorre quando os filhos rebelam-se contra a boa educação que recebem no lar e fora dele. Mas, uma solução para esse impasse pode ser encontrada no Capítulo 34 do livro Encontro Marcado, onde o Espírito Emmanuel trata dos Filhos Diferentes que Vivem em Desarmonia com o Lar, apresentando-nos as seguintes orientações:
• Geralmente, os filhos recebem as instruções que lhes damos e são encaminhados para o bem com facilidade; mas podemos encontrar algum filho que não se afina com os nossos ideais e que não alcança o padrão que tentamos alcançar, mantendo-se distante da harmonia familiar e contrariando os nossos sonhos e a nossa esperança.
• Ante a esse filho diferente, não devemos cair no desespero ou na amargura, mas orar e pedir a luz para que o nosso entendimento se abra. Geralmente, nos vemos perante um companheiro ou companheira de outras existências, que o tempo ocultou e que a Lei nos ofereceu de novo à presença para que possamos complementar a nossa obra de amor.
• Não devemos jamais erguer a voz para acusar o filho-problema, quando não podemos lhe elogiar a conduta. Devemos ampará-lo com a nossa prece, estendendo-lhe apoio e inspiração pelas vias da alma.
• Embora tenhamos o dever de corrigi-lo, devemos abençoá-lo tantas vezes quantas se fizerem precisas, ensinando-lhe o caminho da retidão e da obediência, com as melhores palavras cheias de sentimento.
• Vivendo entre a angústia e o enternecimento e, às vezes, adotando procedimentos de exceção, devemos auxiliá-los sempre, aconchegá-los brandamente ao nosso regaço amoroso, sabendo que o filho diferente significa um encontro marcado entre a nossa esperança e a bondade de Deus.

96 – COMO EDUCAR OS FILHOS-PROBLEMAS?

O que designamos de modo impróprio como filhos-problema tem um novo entendimento à luz da Doutrina Espírita.
Esse entendimento espírita foi muito bem retratado pelo Espírito Emmanuel nos Capítulos 38, 39 e 40, intitulados, respectivamente, de Credores no Lar, Familiares e na Intimidade Doméstica e contidos no livro da Esperança, a saber:
• Certos antagonismos que afligem o nosso lar decorrem das atitudes dos filhos-credores, que devem ser vistos como instrutores de feição diferente, que a Justiça Divina conduziu à nossa presença, através da reencarnação.
• Eles reaparecem humildes e pequeninos, frágeis e emudecidos para que possam receber a nossa palavra de apaziguamento e brandura, numa nova fase de entendimento.
• Embora na condição de filhos, assumem, com o passar do tempo, a condição de examinadores constantes de nossos atos, tentando governar os impulsos, fiscalizar os gestos, observar as companhias e exigir mais dedicação. Assim, transformam-se em inspetores intransigentes em nossa vida, causando-nos sofrimentos, pois não conseguimos entender-lhes os pensamentos, nem fazer com que percebam os nossos testemunhos de amor.
• Quando nos vejamos diante desses filhos crescidos e lúcidos, que nos causam dolorosos problemas, devemos recordar que eles são credores do passado a pedirem o resgate de velhas contas. Portanto, devemos auxiliá-los e sustentá-los com abnegação, ternura e sacrifícios; devemos cumprir os nossos deveres de enriquecê-los de educação e trabalho, dignidade e alegria, para que venhamos a conquistar a própria libertação.
• É dentro do próprio lar: que somos constrangidos ao exercício da assistência constante; que a Providência Divina experimenta a nossa madureza mental ou o proveito dos bons conselhos que damos; que precisamos mobilizar o apoio, a compreensão, a disciplina e o exemplo, para preservarmos as forças que nos asseguram, a felicidade; que somos exigidos a desenvolver determinadas virtudes, tais como a paciência, a lealdade, o equilíbrio, a abnegação, a firmeza, a brandura, a humildade e a dedicação ao serviço.
• Os filhos que se encontram caídos no reduto doméstico, por falta de fé e esperança, por erros cometidos, por desilusão e tristeza ante a provação, devemos compreender e auxiliar, sem nada exigir e sem nada perguntar.

97 – O QUE DEVEMOS FAZER QUANDO OS NOSSOS FILHOS SE TORNAM REBELDES APESAR DA EDUCAÇÃO ESPÍRITA QUE LHES DAMOS?

A educação espírita nos ensina a criar os nossos filhos com muito amor e carinho, ensinando-lhes a moral cristã, a liberdade com responsabilidade, o valor da disciplina no uso das faculdades para conquistarem as boas coisas da vida; e a importância da prática das boas ações para progredirem em termos materiais e espirituais.
Mas, alguns filhos, apesar de receberem a educação espírita, tornam-se rebeldes à nossa autoridade e aos nossos conselhos. Assim, fazem-nos sentir desafiados ou vencidos. Nesses momentos, é importante lembrarmo-nos das orientações de Roque Jacintho, contidas no Capítulo 24:
Filhos Rebeldes, do livro: Filhos, Como Educá-los, na Visão Espírita:
• Há filhos rebeldes, quase incorrigíveis, que se colocam além e acima dos bons princípios da educação espiritual, que são duros de sentimento, que se recusam a dobrar a sua cerviz, e que adotam procedimentos e têm aspirações diferentes dos pais.
• Os filhos rebeldes são Espíritos com experiências e sentimentos diferenciados, exigindo um processo educativo em que todos os recursos devem ser empregados para despertá-los, sem desfalecimento, para o bem e a realidade da existência e da vida.
• Os pais não devem poupar energias para a reeducação desses filhos, sem jamais se culparem pelas atitudes que eles preferem.
• Os pais que perseveram nas tarefas educativas podem aguardar a manifestação oportuna dos Mentores Espirituais, que prepararão as lições da dor necessária para a correção de rumo dos filhos rebeldes.
• Os filhos rebeldes que não se educam no lar, encontram sofrimentos e provas difíceis, funcionando como processos educativos impostos pela vida, visando remodelá-los e aperfeiçoá-los. Neste caso, os pais devem orar pelos filhos e ter resignação.

98 – QUE TIPO DE EDUCAÇÃO DEVEMOS DAR AOS NOSSOS FILHOS PARA QUE ELES SE TORNEM VENCEDORES NA VIDA?

A educação espírita oferece todos os ingredientes para que os nossos filhos se tornem vencedores na vida, com características e conhecimentos elevados, permitindo a tomada de decisões acertadas em todas as circunstâncias da existência.
O Espírito Emmanuel, através da mediunidade de Chico Xavier, conseguiu reunir na mensagem Vencerás, importantes recomendações, abaixo sintetizadas, que retratam muito bem as providências oportunas que os nossos filhos precisam tomar para que se tornem vencedores, em termos morais, espirituais e materiais:
• Não desanimar, nem cultivar o pessimismo, mantendo sempre a persistência.
• Centralizar os esforços no bem a fazer.
• Esquecer as sugestões do medo destrutivo, para avançar e seguir adiante, mesmo entre lágrimas ou superando os próprios erros.
• Trabalhar muito, edificando sempre.
• Não consentir que o gelo do desencanto entorpeça o coração.
• Não deixar se impressionar pela dificuldade.
• Convencer-se de que a vitória espiritual é construção para o dia a dia.
• Não desistir da paciência.
• Não acreditar que existe realização sem esforço.
• Manter o silêncio para a injúria; o esquecimento para o mal; o perdão para as ofensas, lembrando que os agressores são doentes.
• Não permitir que irmãos em desequilíbrio destruam o trabalho, nem apaguem a esperança.
• Não menosprezar o dever imposto pela consciência.
• Reajustar a própria visão e procurar o rumo certo, caso cometa algum engano em um trecho do caminho.
• Não contar vantagens, nem os fracassos.
• Estudar, buscando aprender sempre.
• Não se voltar contra ninguém.
• Não dramatizar provocações, nem problemas.
• Conservar o hábito da oração, para que a luz se faça na vida íntima.
• Buscar resguardo em Deus para perseverar no trabalho por Ele confiado.
• Amar sempre, fazendo pelos outros o melhor que possa ser realizado.
• Agir auxiliando e servir sem apego.
Dessa forma, a vitória será alcança da por nossos filhos, com certeza.

99 – A EDUCAÇÃO ESPÍRITA TEM CONDIÇÃO DE PROPICIAR A FELICIDADE PARA OS NOSSOS FILHOS?

Sim, desde que eles consigam pôr em prática as orientações educativas que lhes são ou foram ministradas. Então, a felicidade vai ser uma decorrência natural disso.
Os principais pontos da educação espírita que os nossos filhos precisam pôr em prática para serem felizes são:
• Manter as atitudes morais sempre elevadas, seguindo os ensinamentos de Jesus.
• Perseverar na conquista da educação moral e intelectual.
• Exteriorizar o amor fraterno no convívio e no relacionamento com os familiares e com os semelhantes.
• Trabalhar e estudar sempre, mantendo a disposição, o prazer, a paciência, o bom ânimo, a humildade, a alegria e a esperança de progredir cada vez mais.
• Usar bem todas as faculdades, desfrutando de uma liberdade ampla, pautada na responsabilidade.
• Realizar as boas obras que beneficiam, em primeiro lugar, o próximo.
• Adotar as medidas profiláticas necessárias a manutenção da saúde do corpo e da alma.
• Ser vigilante e cauteloso com as influências nefastas que se originam de Espíritos imperfeitos, encarnados ou desencarnados.
* Enfrentar com coragem e confiança os momentos de prova, adversidade e tribulações na vida.
* Manter sempre um diálogo cortês com todos, demonstrando ter bom humor e equilíbrio íntimo.
• Colocar a Lei de causa e efeito a seu favor pela realização das boas atitudes e obras.
• Ser uma pessoa simpática pelo modo elevado ele ser, pensar, sentir e agir.
• Ter gratidão com tudo e com todos,
• Não desperdiçar o tempo.
• Frequentar ambientes saudáveis, agradáveis e educativos.
• Fazer os outros felizes com a prática da caridade e das boas ações.
• Cultivar a oração para estar em contato mental permanente com Deus e com os Seus Mensageiros.

100 – PALAVRAS FINAIS

Como vimos nos Capítulos precedentes, a educação espírita de nossos filhos envolve, às vezes, questões complexas; porém, são adequadamente resolvidas graças à valiosa contribuição e orientações educativas oferecidas por inúmeros autores, encarnados ou desencarnados, cujas obras encontram-se relacionadas na Bibliografia.
Graças aos trabalhos desses educadores, contamos com a educação espírita que engrandece as faculdades da alma e ajuda os nossos filhos na conquista da prosperidade material e espiritual.
Evidentemente, os assuntos tratados, embora numerosos, não esgotam toda a problemática muito dinâmica da educação espírita de nossos filhos; mas, certamente, os pontos elucidados já servem de base para que outras questões relevantes e inéditas possam ser equacionadas com sabedoria, amor e nobreza espiritual. Além disso, sempre que surgirem problemas novos, devemos recorrer aos ensinamentos contidos nos livros espíritas para solucioná-los adequadamente, como foi feito durante o desenvolvimento deste trabalho.
Por fim, contando com as diretrizes verdadeiras, lógicas e sábias do Espiritismo, sentimo-nos aptos a nortear os nossos procedimentos educativos e a pôr em prática, na educação de nossos filhos, os princípios da maravilhosa Doutrina Espírita. Isto permite, sem dúvida, que os nossos filhos estejam muito bem orientados, instruídos e educados para a vida. Dessa forma, conquistam, com mais facilidade, o progresso moral, espiritual e material, rumando felizes para a perfeição espiritual, que é a meta estabelecida por Deus para todos os Seus filhos.
Geziel Andrade

ENSINAR AS CRIANÇAS

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