ESPIRITISMO E A MAÇONARIA – DIVALDO FRANCO

LÉON DENIS

Palestra “A Maçonaria e o Espiritismo” – Divaldo Pereira Franco promovida em 1994 na cidade de Americana (SP) pela Loja Maçônica Sublime Universo 125. Divaldo inicia com o famoso discurso de Voltaire na solenidade em que recebeu o Grau 33 da Ordem Maçônica. Em seguida discorre sobre os ideais da Maçonaria e faz um paralelo com a Doutrina Espírita, salientando os pontos em comum de ambas as doutrinas e traçando seus iluminados objetivos que anelam pela dignificação humana.

 

Léon Denis e a Maçonaria

Eduardo Carvalho Monteiro

Léon Denis é considerado o maior seguidor de Allan Kardec, o Codificador do Espiritismo, daí sua grande importância para os estudiosos da Doutrina Espírita. A partir da biografia escrita por Gaston Luce, amigo e contemporâneo de Denis, pouco se acrescentou à sua vida e obra; daí a importância deste estudo que resgata fatos inéditos de sua trajetória terrena e servem para compreender melhor a importância que teve para a Maçonaria e o Espiritismo.

A relação entre o espiritismo e a maçonaria

Segundo o livro “Maçonaria e Espiritismo: Encontros e Desencontros” da editora Madras, ainda não foi encontrado o registro de Kardec nas lojas francesas, mas é certa a influência que o maçon Franz Mesmer teve sobre Kardec.
Allan Kardec foi um discípulo dele.
Além disso, Kardec usa termos maçons em suas obras como “arquiteto” para se referenciar a deus, pedra angular, prumo, etc.
Mesmer é o criador do termo “magnetismo animal”, parte fundamental da teoria kardecista.
Ele era formado em medicina pela universidade de Vienna.
No ano de 1774 ele diz ter produzido uma onda magnética artificial em uma paciente.
Ele fez a mulher engolir um preparado de ferro e passou ímãs no corpo dela.
A mulher disse sentir ondas percorrendo seu corpo e melhorou da doença.
Mesmer acreditou que não foram os ímãs, mas o seu próprio magnetismo animal que curou a mulher.
Após ter falhado na cura de uma cega em Vienna, ele mudou-se para Paris.
Abriu uma clínica e “curava” os paciente fazendo os “passes magnéticos”, tão comuns nos centros kardecistas brasileiros.
Como ficou famoso, passou a utilizar uma banheira cheia de água magnetizada com bastões de ferro que saíam dela para “curar” vários pacientes de uma só vez.
No ano de 1784 o rei Luiz XVI nomeou uma comissão de cientistas para estudar o fluido do
magnetismo animal que Mesmer usava.
A comissão incluia o grande químico Lavoisier;
o físico Guillotin inventor da guilhotina e até o cientista maçon Benjamin Franklin,
aquele da pipa e o raio.
A comissão logo descobriu que o fluido não existia,
e que os benefícios dos tratamento eram devidos à imaginação.
Novamente desmascarado, Mesmer saiu de Paris e voltou para Vienna.
O que ele fez depois disso é desconhecido.

O espiritismo e a maçonaria

A origem da Maçonaria remonta aos povos mais antigos e vem acompanhando, dentro dos rigores da sua tradição secreta e ritualista, cada passo da civilização humana, nela influenciando sobretudo através da presença dos maçons nas mais diversas profissões.
Em um livro admirável sobre o assunto, o nobre maçom Luiz Prado, depois de lembrar que a trilogia Liberdade, Igualdade e Fraternidade é a divisa imortal do verdadeiro maçom, explica que a Maçonaria, na “sua trajetória gloriosa, tomou as denominações de ‘Ordem dos guardas da lei das doze tábuas’, ‘Ordem dos Essênios’, ‘Ordem dos Templários’, ‘Ordem do Cardo’, ‘Associação dos Pedreiros-livres’ e outras mais. Prossegue dizendo que o “reflexo da atual Maçonaria deve ter feito sentir-se nos tempos de Moisés, na Palestina dos Romanos e no Continente do Velho Mundo.”
No tocante ao significado vernacular, diz ele que o “vocábulo — Maçonaria — derivou do termo francês — maçon — que, traduzido para o português, quer dizer — ‘pedreiro’. Eis como se justifica o motivo dos maçons serem conhecidos como ‘pedreiros-livres.”
A propósito, reina até hoje no movimento espírita uma séria dúvida em saber se Allan Kardec (ou Hippolyte Léon Denizard Rivail, seu nome civil) teria ou não teria sido maçom. Não que isso tenha importância capital para a Doutrina Espírita, mas permitiria conhecer melhor a opinião de Allan Kardec sobre a instituição maçônica. Contudo, referida dúvida ainda não pôde ser devidamente esclarecida.
Com efeito, André Moreil, conceituado biógrafo de Kardec, parece inclinado a responder positivamente, escrevendo que “não se sabe em que loja foi iniciado Denizard Rivail. Isto pouco importa. Os princípios eram os mesmos. Eis a definição ideológica da Maçonaria, segundo o Larousse do século XIX:
‘A Maçonaria tem por fim a melhoria moral e material do homem; por princípios, a lei do progresso da Humanidade, as idéias filosóficas de tolerância, fraternidade, igualdade e liberdade, abstração feita da fé religiosa ou política, das nacionalidades e das diferenças sociais.
‘O Espiritismo moral e social iria dizer justamente a mesma coisa. Os princípios filosóficos são absolutamente idênticos:
a) Existência de Deus.
b) Imortalidade da alma.
c) Solidariedade humana.”
Entretanto, depois de profunda investigação e minuciosos estudos, Zêus Wantuil, chegou à conclusão de que “… apenas existiu, entre Rivail e a Maçonaria, afinidade de princípios e ideais, sem jamais haver ele ingressado em loja alguma.
É certo que sempre viu com simpatia a franco-Maçonaria, mas isto não implica nem prova qualquer adesão oficial da parte dele.”
Deixando de lado essa polêmica, a verdade é que o Espiritismo e a Maçonaria têm inegáveis pontos em comum, e juntos poderão acelerar o progresso da Humanidade e o estabelecimento da justiça social, sobretudo através da perfeição moral dos espíritas e dos maçons.

Seguindo então o nosso objetivo de pesquisar assuntos de interesse atual nas obras de Allan Kardec, verificamos que na sessão da Sociedade Espírita de Paris do dia 25 de fevereiro de 1864, várias dissertações foram obtidas sobre o concurso que o Espiritismo poderia encontrar na Franco-Maçonaria, que depois foram publicadas na Revista Espírita de Abril de 1864. Comunicaram-se naquela oportunidade os Espíritos Guttemberg (Médium: Sr. Leymarie), Jacques de Molé (Médium: Srta. Bréguet) e o franco-maçom Vaucanson (Médium: Sr. D’Ambel). Vejamos a seguir algumas considerações que extraímos daquelas brilhantes comunicações, usando o método de perguntas e respostas:
P. Qual a importância social da Maçonaria?
R. “As instituições maçônicas foram para a sociedade um encaminhamento à felicidade. Numa época em que toda ideia liberal era considerada um crime, os homens necessitavam de uma força que, inteiramente submissa às leis, não fosse menos emancipada por suas crenças, por suas instituições e pela unidade de seu ensino. Nessa época a religião ainda era, não mãe consoladora, mas força despótica que, pela voz de seus ministros, ordenava, feria, fazia tudo curvar-se à sua vontade; era um assunto de pavor para quem quisesse, como livre pensador, agir e dar aos homens sofredores alguma coragem e ao infeliz, algum consolo moral. Unidos pelo coração, pela fortuna e pela caridade, nossos templos foram os únicos altares onde não se havia desconhecido o verdadeiro Deus, onde o homem ainda podia dizer-se homem, onde a criança podia esperar encontrar, mais tarde, um protetor, e o abandonado, amigos.”
P. Existe alguma afinidade entre a Maçonaria e o Espiritismo?
R. “Que é o que se pede a todo maçom iniciado? Crer na imortalidade da alma, no Divino Arquiteto, ser benfeitor, devotado, sociável, digno e humilde. Ali pratica a igualdade na mais larga escala. Há, pois, nessas sociedades uma afinidade com o Espiritismo de tal modo evidente que salta aos olhos.”
P. E os maçons conhecem o Espiritismo?
R. “A questão do Espiritismo foi posta em ordem do dia em várias lojas e eis o resultado: leram volumosos relatórios muito confusos a este respeito, mas não o estudaram a fundo, o que fez que nisto, como em muitas outras coisas, discutissem matéria que não conheciam, julgando por ouvir dizer, mais do que pela realidade. Contudo muitos maçons são espíritas e trabalham muito na propaganda desta crença. Todos escutam, e se o hábito diz não, a razão diz sim.”
P. A Maçonaria já aceita as ideias espíritas?
R. “O Espiritismo é uma irresistível corrente de ideias, que deve ganhar todo o mundo. É questão de tempo. Ora, seria desconhecer o caráter da instituição maçônica, crer que esta concorde em se anular, representar um papel negativo em meio ao movimento que impele a Humanidade para a frente; crer que ela apague o facho, como se temesse a luz. Esperai, então. Porque o tempo é um recrutador sem igual; por ele as impressões se modificam e, necessariamente, no vasto campo dos estados abertos nas lojas, o estudo espírita entrará como complemento, porque isto já está no ar. Riram, falaram; não riem mais: meditam.
“Assim, então, tereis uma pepineira espírita nessas sociedades essencialmente liberais. Por elas entrareis plenamente neste segundo período, que deve preparar as vias prometidas. Os homens inteligentes da Maçonaria vos bendirão por sua vez; pois a moral dos Espíritos dará um corpo a essa seita tão comprometida, tão temida, mas que tem feito mais bem do que se pensa.”
P. Como e quando isto acontecerá?
R. “Tudo tem um parto laborioso, uma afinidade misteriosa; e se isto existe para o que perturba as camadas sociais, é muito mais verdadeiro para o que conduz o progresso moral dos povos. Ainda alguns dias, e o Espiritismo terá transposto o muro que separa a maioria das paredes do templo dos segredos; e, nesse dia, a sociedade verá florescer no seu seio a mais bela flor espírita que, deixando suas pétalas caírem, dará uma semente regeneradora da verdadeira liberdade. Agora, glória ao Grande Arquiteto!”

Eliseu Mota Júnior

livro dos espíritos Deus

Allan Kardec era maçom e o objetivo do espiritismo

“Em Paris, onde passou ao Oriente Eterno a 31 de março de 1869, foi professor de Física, Química, Fisiologia e Astronomia, no Liceu Polimático. Paralelamente, foi Iniciado na Maçonaria junto à Grande Loja Escocesa de Paris e começou a estudar os fenômenos espíritas, que, na passagem das décadas de 1840 e 1850, era um dos assuntos mais discutidos da América do Norte e da Europa, em razão da descoberta, nos Estados Unidos, da possibilidade de comunicação entre seres daqueles e de outras encarnações.”

A MAÇONARIA E A RELIGIÃO ESPÍRITA

A Maçonaria é uma Instituição, que acolhe seus adeptos crentes ao Criador e livres, de bons costumes e por uma Iniciação. O Espiritismo é Ciência, Filosofia e Religião.
A Maçonaria é Religiosa, Política (não partidária), Social e tem um vínculo com a Filantropia. No entanto, ela não é uma Religião, pois seus princípios a tornam bem próxima de todas as Religiões e seus fundamentos básicos permitem, que sejam aceitos adeptos de todas as religiões, não tolhendo os pensamentos de nenhum interessado. Não é política já disse, uma vez que não aceita discussão de política partidária em suas reuniões, mas almeja sempre o bem estar da sociedade, que é ou deve ser o principal objetivo de um Governo.
 
Não é social, mas aproxima seus adeptos em reuniões, gerando amizades sólidas e exemplares, nunca esquecendo de lutar pelos Direitos Humanos.
Não é filantrópica, mas auxilia a Entidades de ajuda aos que necessitam sempre de forma discreta, seguindo a recomendação Bíblica de “fazer com a mão direita sem que a esquerda saiba”. A Maçonaria cultiva além de tudo isto, valores morais e cívicos desfraldando sempre a bandeira do Patriotismo.
O Espiritismo é uma Religião resultante da relação dos espíritos com o homem e segundo Allan Kardec é uma Ciência, que resulta em uma Filosofia, A Filosofia Espírita. Allan Kardec é denominado Codificador do Espiritismo.
Podemos sintetizar dizendo, que a prática do Espiritismo é Religiosa e a prática da Maçonaria é ligada a graus iniciáticos dos Antigos Mistérios. Vale ressaltar, que enquanto o Espiritismo foi Codificado há pouco mais de 200 anos, a Maçonaria existe a cerca de 3000 anos.
Eles não se conflitam de forma alguma e as semelhanças estão na parte ética, moral e social, já que estão juntos no aperfeiçoamento do homem e no bem – estar da sociedade.
Enquanto a Maçonaria, com sua simbologia procura fazer com que seus adeptos desbastem a pedra bruta dentro de si mesmos, a Religião Espírita procura fazer a transformação moral pelo domínio de suas más inclinações.
No Brasil tivemos grandes espíritas maçons, onde destacamos Bezerra de Menezes (Presidente da F.E.B.), o Senador Quintino Bocaiuva, o jornalista Antônio da Silva Neto, os jornalistas Alcindo Guanabara e Dias da Cruz dentre outros.
No entanto fica no ar uma pergunta: Allan Kardec era Maçom?
Allan Kardec fora aluno de Pestalozzi. Antes de ser espírita dedicava-se ao estudo do magnetismo . Nasceu na França com o nome de Denizard Rivail. Escreveu vários trabalhos pedagógicos, tendo apresentado uma contribuição à Reforma do Ensino, sendo esta aceita pelo Governo Francês.
O professor Rivail como já vimos, teve sua fase notável como Educador, mas a partir de 1855, passou a dedicar-se aos problemas do espírito. Não apenas as causas, partiu das “mesas girantes” da tipologia e de outras formas de comunicação dos mortos.
Com o lançamento da obra “O Livro dos Espíritos” em 1857, marco basilar da Doutrina Espírita, desaparece o professor Rivail e surge ALLAN KARDEC.
Um ponto ainda não apurado em pesquisa histórica, está na obra de André Moreil, escritor Francês. Segundo Moreil, Allan Kardec teria pertencido à Maçonaria. O próprio Moreil não encontrou, por exemplo, o registro da iniciação maçônica, elemento principal de comprovação. A que Loja e em que época foi filiado. Moreil apresenta algumas analogias significativas, pois na época de Kardec, quase todos queriam ser maçons, já que era uma Instituição de muita força e projeção internacional. Napoleão III, bem como outros soberanos, fizeram parte da Ordem Maçônica e Kardec frequentou o círculo de Napoleão III. A divisa “Trabalho, Solidariedade e Tolerância”, que Kardec adotou e manteve no Espiritismo, lembra a trilogia da Revolução Francesa  Liberdade ,Igualdade e Fraternidade”. também usada pela Maçonaria.
Este é um raciocínio analógico, pois não há registros e não se faz provas por coincidências. A maior referência à Maçonaria, foi o fato de Allan Kardec ter empregado a expressão Grande Arquiteto, na obra “Céu e Inferno” quando se sabe, que esta é uma expressão Maçônica. Além do “Livro dos Espíritos”, ser um livro de forte conteúdo Maçônico.
Perguntado, o Dr. José Castellani, reconhecido estudioso da Maçonaria, se Allan Kardec havia sido Maçom, teria respondido: “Alguns biógrafos de Kardec dizem que foi membro da Grande Loja da França há mais de 20 anos”. Diante de consulta, apenas foi respondido, que consta fora iniciado ali, mas que não tem documentos comprobatórios. Portanto, historicamente a dúvida continua. Entretanto, em quase todas as obras por ele escritas na parte inicial, existem muitos termos do jargão e da doutrina Maçônica.
As Grandes religiões da Abril Cultural, citam no fascículo 58, que Rivail antes de se tornar o Codificador do Espiritismo, teria pertencido à Grande Loja Escocesa de Paris e seus paramentos estão depositados na “Sociedade de Direitos Humanos de Paris”. Inclusive o fascículo registra uma fotografia, do que teria sido os paramentos maçônicos de Rivail.
 
Conforme vimos, a Maçonaria e a Religião Espírita caminham no mesmo sentido. O combate à injustiça, a luta a favor da cultura, da justiça; a luta contra os preconceitos e a procura do bem – estar social, fazem com que as duas Instituições, tenham objetivos muito próximos. Quanto a se o Codificador do Espiritismo foi Maçom tudo indica que sim embora não haja comprovação documental.

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