MISSÃO DOS ESPÍRITAS

missão dos espíritas

II – Missão dos Espíritas

ERASTO
Paris, 1863

4 – Não percebeis desde já a formação da tempestade que deve assolar o Velho Mundo, e reduzir a nada a soma das iniquidades terrenas? Ah, bendizei o Senhor, vós que tendes fé na sua soberana justiça, e que, novos apóstolos da crença revelada pelas vozes proféticas superiores, ides pregar o dogma novo da reencarnação e da elevação dos Espíritos, segundo o bom ou mau desempenho de suas missões e a maneira porque suportaram as suas provas terrenas. Deixai de temores! As línguas de fogo estão sobre as vossas cabeças. Oh, verdadeiros adeptos do Espiritismo: vós sois os eleitos de Deus! Ide e pregai a palavra divina. É chegada a hora em que devem sacrificar os vossos hábitos, os vossos trabalhos, as vossas futilidades, à sua propagação. Ide e pregai: os Espíritos elevados estão convosco. Falareis, certamente, a pessoas que não quererão escutar a palavra de Deus, porque essa palavra os convida incessantemente ao sacrifício.
Pregareis o desinteresse aos avarentos, a abstinência aos dissolutos, a mansidão aos tiranos domésticos e aos déspotas: palavras perdidas, bem sabem, mas que importa! É necessário regar com o vosso suor o terreno em que deveis semear, porque ele não frutificará, não produzirá, senão sob os esforços incessantes da enxada e da charrua evangélicas. Ide e pregai!
Sim, vós todos, homens de boa-fé, que tendes consciência de vossa inferioridade, ao contemplar no infinito os mundos espaciais, parti em cruzada contra a injustiça e a iniquidade. Ide e aniquilai o culto do bezerro de ouro, que dia a dia mais se expande. Ide, que Deus vos conduz! Homens simples e ignorantes, vossas línguas se soltarão, e falareis como nenhum orador sabe falar. Ide e pregai, que as populações atentas receberão com alegria as vossas palavras de consolação, de fraternidade, de esperança e de paz.
Que importam as ciladas que armarem no vosso caminho? Somente os lobos caem nas armadilhas de lobos, pois o pastor saberá defender as suas ovelhas contra os carrascos imoladores.
Ide, homens que sois grandes perante Deus, e que, mais felizes do que Tomé, credes sem querer ver e aceitais os fatos da mediunidade, mesmo quando nada conseguistes obter por vós mesmos. Ide: o Espírito de Deus vos guia!
Marcha, pois, para frente, grandiosa falange da fé! E os pesados batalhões dos incrédulos se desvanecerão diante de ti, como as névoas da manhã aos primeiros raios de Sol.
A fé é a virtude que transporta montanhas, disse Jesus. Mas, ainda mais pesadas que as maiores montanhas, são as jazidas da impureza e de todos os vícios da impureza, no coração humano. Parti, pois, cheios de coragem, para remover essas montanhas de iniquidades que as gerações futuras não devem conhecer, senão como pertencentes à idade das lendas, da mesma maneira como só imperfeitamente conheceis os períodos anteriores à civilização pagã.
Sim, as revoluções morais e filosóficas vão eclodir em todos os pontos do globo. Aproxima-se a hora em que a luz divina brilhará sobre os dois mundos.
Ide, pois, levando a palavra divina aos grandes, que a desdenharão; aos sábios, que desejarão prová-la; e aos simples e pequeninos, que a aceitarão, pois principalmente entre os mártires do trabalho, nesta expiação terrena, encontrareis entusiasmo e fé. Ide, que estes receberão jubilosos, agradecendo e louvando a Deus, a consolação divina que lhes oferecerdes; e, baixando a fronte, renderão graças pelas aflições que a Terra lhes reservou.
Arme-se de decisão e coragem a vossa falange! Mãos à obra! O arado está pronto, a terra preparada: arai!
Ide e agradecei a Deus a gloriosa tarefa que vos concedeu. Mas, cuidado, que entre os chamados para o Espiritismo, muitos se desviaram da senda! Atentai, pois, no vosso caminho, e buscai a verdade.
Perguntareis, então: Se entre os chamados para o Espiritismo, muitos se transviaram, como reconhecer os que se acham no bom caminho?
Responderemos: Podeis reconhecê-los pelos ensinos e a prática dos verdadeiros princípios da caridade; pela consolação que distribuírem aos aflitos; pelo amor que dedicarem ao próximo; pela sua abnegação e o seu altruísmo. Podeis reconhecê-los, finalmente, pela vitória dos seus princípios, porque Deus quer que a sua lei triunfe, e os que a seguem são os escolhidos, que vencerão. Os que, porém, falseiam o espírito dessa lei, para satisfazerem sua vaidade e sua ambição, esses serão destruídos.

eu sou espírita

MISSÃO DOS ESPÍRITAS

Francisco Cândido Xavier

“Em nossa reunião pública, no início das tarefas em pauta, O evangelho segundo o espiritismo, no capítulo XX, item 4, nos ofereceu a preleção sobre a ‘Missão dos espíritas’. Vários comentaristas expuseram o assunto com muita elevação, salientando os valores e as facilidades da civilização moderna que traçam mais amplos caminhos de evolução para a vida planetária em que nos achamos.
No término dos estudos, o nosso caro Emmanuel escreveu os apontamentos que lhe passo às mãos.
É uma página que nos leva a refletir profundamente quanto à necessidade das lições de Jesus em nossas experiências”.
NOTA – Como vemos nessa rápida explicação de Chico Xavier, o tema de estudo fornecido pelo Evangelho, sempre aberto ao acaso, não aparece ligado a conversações anteriores como habitualmente temos observado. É possível que Chico não tenha sido informado a respeito, pois há sempre muitos problemas que lhe tomam a atenção antes do início dos trabalhos. Mas a verdade é que o assunto corresponde a uma das necessidades mais prementes do momento espírita que estamos vivendo, numa fase de transição da vida terrena em que as perturbações psíquicas se alastram de maneira alarmante.

espiritismo

PROGRESSO E VIDA

Emmanuel
Quem lance na Terra ligeiro olhar para a retaguarda de oito lustros se espantará certamente em verificando o progresso dentro do qual a vida planetária vai marchando, aceleradamente, para o futuro melhor.
Ainda assim reconhecerá que as exigências de ordem espiritual não se alteraram muito no curso do tempo.
O homem de hoje dispõe fartamente da televisão pela qual consegue, se o deseja, contemplar de perto as ocorrências do mundo, no entanto, não possui autoconhecimento bastante para analisar-se de modo construtivo.
Inventa computadores que o auxiliam efetuando prodígios de informação e de cálculo, mas ainda não conhece, nas engrenagens perfeitas em que se expressam as leis de causa e efeito que lhe presidem a experiência e o destino.
Utiliza a energia nuclear, todavia, ignora ainda toda a extensão dos poderes do espírito.
Realiza voos espaciais aplicando os princípios da astronáutica, entretanto, é compelido a receber aulas de relacionamento humano a fim de harmonizar-se com os vizinhos que não lhe adotem o modo de pensar ou de crer.
Vacina-se contra a poliomielite, mas não consegue, por enquanto, imunizar-se contra os perigos do ódio e do ressentimento, da discórdia e do desespero.
Desfruta os recursos do subsolo, até mesmo do próprio mar, e descobre minas de nitrogênio nos céus que o rodeiam, no entanto, não sabe manejar, senão muito imperfeitamente, os valores da alma.
*
Compreendamos que a Humanidade atual efetua proezas admiráveis em todos os domínios da natureza física, mas é necessário que os nossos corações se adaptem às leis do bem que Jesus nos legou, de modo a irmanar-nos e a respeitar-nos uns aos outros, sem o que o lazer na Terra ser-nos-á fator desencadeante de tédio e deliquência e a grandeza exterior se nos erguerá em soberbo palácio – onde prosseguiremos sofrendo à míngua de amor.
RESPEITO PELOS OUTROS
Irmão Saulo
Todos somos naturalmente egocêntricos, pois o egocentrismo é a base da individualidade e, consequentemente, da personalidade. A pessoa humana é um ego conscientemente definido. E é necessário que seja assim, pois do contrário não seríamos um ser, uma consciência estruturada e capaz de agir. Mas o egoísmo é uma deformação do egocentrismo, uma doença do ego. Essa doença se manifesta por vários sintomas bem conhecidos: a arrogância, a avareza, o comodismo, a ganância e, sobretudo a falta de respeito pelos outros.
A facilidade com que interferimos na vida alheia, com que xingamos, insultamos, caluniamos, julgamos os outros – é o maior flagelo que assola o mundo. Essa falta de respeito pelos outros é o fruto espinhento do egoísmo que gera os conflitos no lar, na sociedade, nas nações e na vida internacional.
Os espíritas, incumbidos da missão de restabelecer o cristianismo na Terra, são os que mais necessitam de compreender esse problema. O primeiro dever dos espíritas, no tocante ao respeito pelo próximo, refere-se à própria doutrina que nos foi dada pelos espíritos superiores através do trabalho missionário de Allan Kardec. No entanto, a todo o momento vemos espíritas que pretendem, sem o mínimo de conhecimento doutrinário exigível, reformar a doutrina e superara Kardec.
No item 4 do capítulo XX de O evangelho segundo o espiritismo temos a bela mensagem de Erasto, discípulo do apóstolo Paulo, intitulada “Missão dos espíritas”, que devia ser lida e comentada constantemente nas reuniões doutrinárias. Erasto nos adverte: “Cuidado, que entre os chamados para o espiritismo muitos se desviaram da senda! Atentai, pois, no vosso caminho – e buscai a verdade!”
Emmanuel, em sua mensagem, nos conclama ao amor e ao respeito mútuos, segundo “as leis do bem que Jesus nos legou”. Amor e respeito não querem dizer anulação do discernimento e da personalidade, querem dizer compreensão. Precisamos amar, compreender e respeitar os outros, mas sempre nos lembrando do respeito que devemos ao Espírito da Verdade e à doutrina que ele nos legou. O primeiro sinal de obsessão num espírita, num adepto da doutrina, é a sua leviandade na aceitação das fábulas que desfiguram o ensino dos espíritos do Senhor, a falta de respeito para com o Espírito da Verdade.

espíritas amai-vos

1. MISSÃO DOS ESPÍRITAS

2. 627. Uma vez que Jesus ensinou as verdadeiras leis de Deus, qual a utilidade do ensino que os Espíritos dão? Terão que nos ensinar mais alguma coisa? R. Jesus empregava amiúde, na sua linguagem, alegorias e parábolas, porque falava de conformidade com os tempos e os lugares. Allan Kardec – O Livro dos Espíritos, n. 627
3. R. Faz-se mister agora que a verdade se torne inteligível para todo mundo. Muito necessário é que aquelas leis sejam explicadas e desenvolvidas, tão poucos são os que as compreendem e ainda menos os que as praticam. Allan Kardec – O Livro dos Espíritos, n. 627
4. A nossa missão consiste em abrir os olhos e os ouvidos a todos, confundindo os orgulhosos e desmascarando os hipócritas: os que vestem a capa da virtude e da religião, a fim de ocultarem suas torpezas. Allan Kardec – O Livro dos Espíritos, n. 627
5. O ensino dos Espíritos tem que ser claro e sem equívocos, para que ninguém possa pretextar ignorância e para que todos o possam julgar e apreciar com a razão. Allan Kardec – O Livro dos Espíritos, n. 627
6. Estamos incumbidos de preparar o reino do bem que Jesus anunciou. Daí a necessidade de que a ninguém seja possível interpretar a lei de Deus ao sabor de suas paixões, nem falsear o sentido de uma lei toda de amor e de caridade. Allan Kardec – O Livro dos Espíritos, n. 627
7. Não escutais já o ruído da tempestade que há de arrebatar o velho mundo e abismar no nada o conjunto das iniquidades terrenas? – Erasto, anjo-da- guarda do médium. (Paris, 1863.) Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XX, item 4.
8. Bons espíritas, meus bem-amados, sois todos obreiros da última hora. Bem orgulhoso seria aquele que dissesse: Comecei o trabalho ao alvorecer do dia e só o terminarei ao anoitecer. – Constantino, Espírito Protetor. (Bordéus, 1863.) Allan Kardec – ESE, cap.XX , Instruções dos espíritos – Item 2.
9. Todos viestes quando fostes chamados, um pouco mais cedo, um pouco mais tarde, para a encarnação cujos grilhões arrastais; mas há quantos séculos e séculos o Senhor vos chamava para a sua vinha, sem que quisésseis penetrar nela! – Constantino, Espírito Protetor. (Bordéus, 1863.) Allan Kardec – ESE, cap.XX , Instruções dos espíritos – Item 2.
10. Todos viestes quando fostes chamados, um pouco mais cedo, um pouco mais tarde, para a encarnação cujos grilhões arrastais; mas há quantos séculos e séculos o Senhor vos chamava para a sua vinha, sem que quisésseis penetrar nela! – Constantino, Espírito Protetor. (Bordéus, 1863.) Allan Kardec – ESE, cap.XX , Instruções dos espíritos – Item 2.
11. Eis-vos no momento de embolsar o salário; empregai bem a hora que vos resta e não esqueçais nunca que a vossa existência, por longa que vos pareça, mais não é do que um instante fugitivo na imensidade dos tempos que formam para vós a eternidade. – Constantino, Espírito Protetor. (Bordéus, 1863.) Allan Kardec – ESE, cap.XX , Instruções dos espíritos – Item 2.
12. Ah! bendizei o Senhor, vós que haveis posto a vossa fé na sua soberana justiça e que, novos apóstolos da crença revelada pelas proféticas vozes superiores, ides pregar o novo dogma da reencarnação e da elevação dos Espíritos, conforme tenham cumprido, bem ou mal, suas missões e suportado suas provas terrestres. – Erasto, anjo-da-guarda do médium. (Paris, 1863.) Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XX, item 4.
13. Não mais vos assusteis! As línguas de fogo estão sobre as vossas cabeças. Ó verdadeiros adeptos do Espiritismo! … sois os escolhidos de Deus! Ide e pregai a palavra divina. – Erasto, anjo-da- guarda do médium. (Paris, 1863.) Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XX, item 4.
14. É chegada a hora em que deveis sacrificar à sua propagação os vossos hábitos, os vossos trabalhos, as vossas ocupações fúteis. Ide e pregai. – Erasto, anjo-da-guarda do médium. (Paris, 1863.) Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XX, item 4.
15. Convosco estão os Espíritos elevados. Certamente falareis a criaturas que não quererão escutar a voz de Deus, porque essa voz as exorta incessantemente à abnegação. – Erasto, anjo-da-guarda do médium. (Paris, 1863.) Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XX, item 4.
16. Pregareis o desinteresse aos avaros, a abstinência aos dissolutos, a mansidão aos tiranos domésticos, como aos déspotas! Palavras perdidas, eu o sei; mas não importa. – Erasto, anjo-da- guarda do médium. (Paris, 1863.) Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XX, item 4.
17. Faz-se mister regueis com os vossos suores o terreno onde tendes de semear, porquanto ele não frutificará e não produzirá senão sob os reiterados golpes da enxada e da charrua evangélicas. Ide e pregai! – Erasto, anjo- da-guarda do médium. (Paris, 1863.) Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XX, item 4.
18. Ó todos vós, homens de boa-fé, conscientes da vossa inferioridade em face dos mundos disseminados pelo Infinito! … lançai-vos em cruzada contra a injustiça e a iniquidade. – Erasto, anjo-da-guarda do médium. (Paris, 1863.) Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XX, item 4.
19. Ide e proscrevei esse culto do bezerro de ouro, que cada dia mais se alastra. Ide, Deus vos guia! Homens simples e ignorantes, vossas línguas se soltarão e falareis como nenhum orador fala. – Erasto, anjo-da-guarda do médium. (Paris, 1863.) Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XX, item 4.
20. Ide e pregai, que as populações atentas recolherão ditosas as vossas palavras de consolação, de fraternidade, de esperança e de paz. – Erasto, anjo-da- guarda do médium. (Paris, 1863.) Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XX, item 4.
21. Que importam as emboscadas que vos armem pelo caminho! Somente lobos caem em armadilhas para lobos, porquanto o pastor saberá defender suas ovelhas das fogueiras imoladoras. – Erasto, anjo-da-guarda do médium. (Paris, 1863.) Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XX, item 4.
22. Ide, homens, que, grandes diante de Deus, mais ditosos do que Tomé, credes sem fazerdes questão de ver e aceitais os fatos da mediunidade, mesmo quando não tenhais conseguido obtê-los por vós mesmos; ide, o Espírito de Deus vos conduz. – Erasto, anjo-da-guarda do médium. (Paris, 1863.) Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XX, item 4.
23. Marcha, pois, avante, falange imponente pela tua fé! Diante de ti os grandes batalhões dos incrédulos se dissiparão, como a bruma da manhã aos primeiros raios-do-Sol nascente. – Erasto, anjo-da-guarda do médium. (Paris, 1863.) Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XX, item 4.
24. A fé é a virtude que desloca montanhas, disse Jesus. Todavia, mais pesados do que as maiores montanhas, jazem depositados nos corações dos homens a impureza e todos os vícios que derivam da impureza. – Erasto, anjo-da-guarda do médium. (Paris, 1863.) Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XX, item 4.
25. Parti, então, cheios de coragem, para removerdes essa montanha de iniquidades que as futuras gerações só deverão conhecer como lenda, do mesmo modo que vós, que só muito imperfeitamente conheceis os tempos que antecederam a civilização pagã. – Erasto, anjo-da-guarda do médium. (Paris, 1863.) Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XX, item 4.
26. Sim, em todos os pontos do Globo vão produzir-se as subversões morais e filosóficas; aproxima-se a hora em que a luz divina se espargirá sobre os dois mundos. – Erasto, anjo-da-guarda do médium. (Paris, 1863.) Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XX, item 4.
27. Ide, pois, e levai a palavra divina: aos grandes que a desprezarão, aos eruditos que exigirão provas, aos pequenos e simples que a aceitarão; porque, principalmente entre os mártires do trabalho, desta provação terrena, encontrareis fervor e fé. Ide; estes receberão, com hinos de gratidão e louvores a Deus, a santa consolação que lhes levareis, e baixarão a fronte, rendendo- lhe graças pelas aflições que a Terra lhes destina. – Erasto, anjo-da-guarda do médium. (Paris, 1863.) Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XX, item 4.
28. Arme-se a vossa falange de decisão e coragem! Mãos à obra! o arado está pronto; a terra espera; arai! Ide e agradecei a Deus a gloriosa tarefa que Ele vos confiou; mas, atenção! Entre os chamados para o Espiritismo muitos se transviaram; reparai, pois, vosso caminho e segui a verdade. – Erasto, anjo-da-guarda do médium. (Paris, 1863.) Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XX, item 4.
29. Pergunta. – Se, entre os chamados para o Espiritismo, muitos se transviaram, quais os sinais pelos quais reconheceremos os que se acham no bom caminho? – Erasto, anjo-da-guarda do médium. (Paris, 1863.) Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XX, item 4.
30. Resposta. – Reconhecê-los-eis pelos princípios da verdadeira caridade que eles ensinarão e praticarão. Reconhecê- los-eis pelo número de aflitos a que levem consolo; reconhecê-los-eis pelo seu amor ao próximo, pela sua abnegação, pelo seu desinteresse pessoal; … – Erasto, anjo-da-guarda do médium. (Paris, 1863.) Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XX, item 4.
31. …reconhecê-los-eis, finalmente, pelo triunfo de seus princípios, porque Deus quer o triunfo de Sua lei; os que seguem Sua lei, esses são os escolhidos e Ele lhes dará a vitória; mas Ele destruirá aqueles que falseiam o espírito dessa lei e fazem dela degrau para contentar sua vaidade e sua ambição. – Erasto, anjo-da-guarda do médium. (Paris, 1863.) Allan Kardec – O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XX, item 4.

livraria espírita na praça

A missão dos espíritas

Rubens Policastro Meira
Há quase 2.000 anos, um Homem, Jesus, descortinando o futuro, nos dizia: Ide e pregai. Ide! Eis que vos mando como cordeiros ao meio de lobos (Lucas 10:3).
Naquela mesma ocasião, o Mestre nos asseverava da vinda do Consolador. (João 16:7). Igualmente nos chamava a atenção sobre os trabalhadores da última hora, dizendo-nos: Assim, os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos, porque muitos são os chamados e poucos os escolhidos (Mateus 20:1 a 16).
No devido tempo, cumprem-se as promessas de Jesus, e o Consolador surge, sob a égide do Espírito Verdade, na feição da Doutrina dos Espíritos, codificada por Kardec. Surge como foi anunciado, visando realizar a transformação da humanidade pelo melhoramento das massas, o que se dará gradualmente, pouco a pouco, pelo melhoramento dos indivíduos (LM – cap. XXIX – item 130).
Mas, para realizar sua missão cósmica, a Doutrina Espírita necessita dos trabalhadores, e surgem no contexto histórico, aqueles que são os trabalhadores da última hora, os quais têm o direito de receber o mesmo salário dos demais que o antecederam, desde que a sua boa vontade os haja conservado à disposição daquele que os tinha de empregar e que o seu retardamento não seja fruto da preguiça ou da má vontade. Têm eles direito ao salário, porque desde a alvorada esperavam com impaciência aquele que por fim os chamaria para o trabalho (Ev. Seg. Esp. – Cap. XX – item 2).
A ordem imperativa do Mestre, IDE! Eis que vos mando como cordeiros ao meio de lobos, reflete-se nos trabalhadores espíritas, em que Jesus se reportava a cordeiros fortes, e que conseguissem superar as lutas da estrada e respirar em planos mais altos que os lobos vorazes. Jamais o Mestre iria enviar cordeiros e ovelhas frágeis à luta. Seria o mesmo que ajudar a carnificina.
E como fortalecer os cordeiros? Com o conhecimento adquirido, através da Doutrina dos Espíritos; com a certeza, a convicção da imortalidade; da reencarnação; da Lei da Ação e Reação etc.
Todos os que já tomamos contato com a Doutrina Consoladora, somos os cordeiros que Jesus envia. E Ele necessita de cooperadores fiéis, prudentes, mas valorosos.
Envia-nos ao centro do conflito, não como quem remete cordeiros ao matadouro, mas sim à gleba de serviço, onde se pode semear novos e sublimados dons espirituais, entre os lobos famintos, através da exemplificação e do amor incessante e incondicional.

missão da casa espírita

Objetivo do Espiritismo

Jesus já nos falara da Doutrina dos Espíritos, quando em reunião íntima dissera: Mas, quando vier aquele Espírito de Verdade, ele vos guiará em toda a verdade… (João 16:13).
E Kardec nos informa quando diz: A Doutrina Espírita, como movimento renovador, tem um papel considerável no seio da humanidade. Pelas verdades fundamentais que traz, preenche o vazio que a incredulidade faz nas idéias e nas crenças; pela certeza de um futuro conforme a Justiça de Deus, tempera as agruras da vida e evita os funestos efeitos do desespero. Dissipa a incredulidade e a superstição, pois que dá a conhecer novas leis da natureza, chave para os fenômenos incompreendidos e problemas até então julgados insolúveis.
Coloca-se como campeã absoluta da liberdade de consciência, longe de substituir um exclusivismo por outro; combate o fanatismo sob todas as formas; em vez de desencorajar o fraco, encoraja-o, mostrando-lhe o fim a que pode atingir. Destrói o império da fé cega, que aniquila a razão e da obediência passiva que embrutece; emancipa a inteligência do homem e levanta a sua moral (RE – 1866 – OUTUBRO – PAG. 298).
A Doutrina Espírita vem, como o Cristianismo, mostrar ao homem a absoluta necessidade de sua renovação interior pelas conseqüências mesmas que resultam de cada um de seu atos, de cada um de seus pensamentos (RE – 1866 – MAIO – PAG. 158), objetivando dessa forma, levar à transformação da humanidade pelo melhoramento individual. O melhoramento é, pois, o objetivo essencial do Espiritismo (RE – 1866 ABRIL – PAG. 113/114), pois assim tornará patente a destruição das idéias materialistas (RE – 1863 – MARÇO – PAG. 82).

O que entendemos por ideias materialistas, por materialismo?

A imensa maioria de nossos companheiros espíritas, seja por ignorância, seja por comodismo, seja pelo espírito místico e de religiosidade igrejeira, entende que o materialismo é uma doutrina que descrê de Deus. Mas o materialismo que os Espíritos informaram a Kardec, quando da pergunta 799 de O Livro dos Espíritos: De que maneira pode o Espiritismo, contribuir para o progresso? Resp. Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade…, não se circunscreve a crer ou deixar de crer, mas sim, ao espírito de lascívia, luxúria, impiedade, de exploração, de desperdício dos bens da Terra, de impunidade, de corrupção sob todos os aspectos, e todos os outros males. Este é o materialismo, que cabe ao Espiritismo destruir.
E para encerrar este tópico de nosso estudo, Kardec ainda nos informa que Ele (o Espiritismo) traz o elemento regenerador da humanidade e será a bússola das gerações futuras (RE – 1865 – OUTUBRO – PAG. 299).

Objetivo do espírita perante si mesmo

Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos, perguntou aos Espíritos, pergunta 573: Em que consiste a missão dos Espíritos encarnados? Em instruir os homens, em lhes auxiliar o progresso; em lhes melhorar as instituições, por meios diretos e materiais… responderam-lhes as entidades. Sabedor do comportamento humano, muitas vezes inútil, Kardec continua as perguntas, e, à pergunta 574, do mesmo livro, interroga:
Qual pode ser, na Terra, a missão das criaturas voluntariamente inúteis? Há efetivamente pessoas que só para si mesmas vivem e que não sabem tornar-se úteis ao que quer que seja. São pobres seres dignos de compaixão, porquanto expiarão duramente sua voluntária inutilidade, começando-lhes muitas vezes, já neste mundo, o castigo, pelo aborrecimento e pelo desgosto que a vida lhes causa.
Todos reconhecemos que não somos espíritos perfeitos, que trazemos conosco pesados fardos a carregar, mas também reconhecemos que O Pai não coloca fardos pesados em ombros frágeis.
Tomando conhecimento da Doutrina dos Espíritos, pelo estudo, pela meditação, estaremos sendo conscientizados pela Verdade, que nos tornará livres.
Com esse conhecimento, com essa conscientização, é que encetaremos a marcha para o melhoramento individual, caminho a que tenderá todo espírita sério (RE – 1866 – ABRIL – PAG. 114). Portanto, cabe a todos nós fazermos jus àquela frase, inserida no Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVII, item 3, in-fine, de que Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar suas inclinações más.
Consciente de que sendo a Doutrina Espírita uma ciência, com conseqüências essencialmente morais e éticas, todos nós, espíritas, não podemos abstermo-nos das obrigações que a nós são impostas, livremente.
Com o entendimento racional e o estudo constante, compreenderemos melhor o valor de cada um de nossos atos; sondaremos melhor todos os escaninhos de nossa consciência; compreenderemos melhor a maneira de nos erguer das quedas advindas da longa série de experiências passadas, possibilitando-nos adquirir novos conhecimentos e novas forças, fazendo-nos evitar o mal e a praticar o bem, conforme a Lei de Justiça.
Assim, após estarmos esclarecidos, e continuarmos orgulhosos, egoístas, cúpidos, estaremos continuando com a consciência em trevas, embora estejamos em meio à Luz.
Seremos espíritas apenas de nome, de rótulo, tendo em vista que continuaremos ligados aos prazeres materiais, muitas vezes por comodismo.
É importante que todos compreendamos que somos mensageiros do Alto, que somos os trabalhadores da última hora, e como tais não devemos permitir que nosso espírito venha a aviltar-se, a degradar-se ao contato dos prazeres da volúpia; das ignóbeis tentações da avareza, que subtrai a alguns o gozo dos bens que Deus deu a todos.
Deveremos compreender que o egoísmo, nascido do orgulho, cega a alma e a faz violar os direitos da Justiça, da Humanidade, desde que gera todos os males que assolam a Terra fazendo dela um lugar de dores e expiação.
Cabe a nós, para sermos verdadeiros espíritas, exercer vigilância cuidadosa e permanente sobre nós mesmos, isto é, velarmos sobre os arrebatamentos de nossos corações, a fim de caminharmos de acordo com as Leis da Justiça e da Fraternidade. E agindo com tal disposição, vivenciarmos a Doutrina, Kardec, Jesus, para podermos exercer influência sobre a humanidade no sentido de sua renovação.
Esclarecidos, aceitando as conseqüências da Doutrina Espírita para nós mesmos, colocaremos nosso devotamento a toda prova e sem segundas intenções ou subterfúgios; colocaremos os interesses da causa, que são os do CRISTO e da Humanidade, acima de quaisquer interesses pessoais ou de amor próprio.
Os aspectos moral e ético da Doutrina Espírita não são simples teoria. Devemos envidar esforços para pregar pelo exemplo; conscientizarmo-nos para ter a coragem de dar nossa opinião, em quaisquer situações, sejam elas morais, científicas, filosóficas, sociais, em qualquer campo. Mas também se necessário, sabermos pagar tais opiniões com nossa própria pessoa, com nossa própria vida.
Para encerrarmos este item, é importante lembrarmos de Jesus, na parábola que ficou conhecida como Parábola da Figueira Estéril. Todos devemos nos comparar à Figueira. Devemos dar bons frutos. A parábola nos diz: (Lucas 13:6 a 9) Um certo homem tinha uma figueira plantada na sua vinha, e foi procurar nela fruto, não o achando; E disse ao vinhateiro: Eis que há três anos venho procurar fruto nessa figueira, e não o acho; corta-a; porque ocupa ainda a terra inutilmente? E, respondendo ele, disse-lhe: Senhor, deixa-a este ano, até que eu a escave e a esterque; e, se der fruto, ficará, e, se não, depois a mandarás cortar.
Vejamos, na análise da parábola:
Um certo homem Símbolo de Deus, o Pai.
Figueira Nós, espíritos encarnados.
Fruto Conhecimento, justiça, amor, bondade, etc.
Vinhateiro ou Viticultor Jesus.
Na Literatura Judaica, principalmente no saber rabínico, a figueira é mencionada freqüentemente como símbolo nacional, daí ter o Mestre utilizado essa figura.
O aviso transmitido é óbvio. A figueira representa todos nós, individual e coletivamente; O vinhateiro, o viticultor é Jesus, o Mestre, que intercede ao Senhor (O PAI) por nós (a árvore estéril) na esperança de que ainda dê frutos. A parábola é de alcance e aplicação universal, cabendo a cada um de nós produzir frutos sazonados, em vista do conhecimento que a Doutrina nos enseja, e para que não se concretize, para nós espíritas, as palavras de Jesus no Sermão da Montanha: Toda árvore que não dá bom fruto, corta-se e lança-se no fogo (Mateus 7:19).

Perante a Doutrina

A obrigação essencial do verdadeiro espírita é lutar e zelar pela prevalência dos Princípios Básicos da Doutrina dos Espíritos. Mas para tal é imprescindível estudá-la bem, conhecê-la bem. Entender, estar consciente, saber enfim, que o Espiritismo não é apenas uma eclosão mediúnica, não é somente manifestações de espíritos. Espiritismo é VIDA ETERNA.
Assim sendo, freqüentar sessões, fazer preces, implorar auxílio dos bons espíritos, freqüentar socialmente o centro espírita, NÃO BASTA. É preciso mais, muito mais, principalmente vivê-la, vivenciá-la, estudá-la em suas obras básicas, em sua codificação. Kardec nos legou suas obras, em conjunto com os Espíritos, como roteiro, como luz a iluminar nossas estradas em trevas.
Muitos companheiros acham que não dispõem de tempo para estudar as Obras Básicas. Entendem que basta ouvir os Guias nas sessões mediúnicas, para entendê-la. Falsa idéia, falso conceito.
Esquecem que muitas vezes esses próprios Guias não possuem conhecimento doutrinário, são espíritos ainda em processo de aprendizado.
Jesus já nos alertava: se um cego guia outro cego, ambos cairão no barranco. No momento de transição histórica em que vive a humanidade, enxameiam, tanto por parte dos encarnados, quanto dos desencarnados, espíritos agitados por novas idéias, novos conceitos, ansiosos por transmitirem suas novas revelações.
Estamos assistindo agora, neste instante, a DISPENSA de médiuns nas comunicações (TCI), revelações mil via TVP, e outros mais. Novidades absurdas, que perturbam o movimento doutrinário, confundem, e muitas vezes impedem a divulgação da luz. São os falsos profetas encarnados e desencarnados. E muitos espíritas deixam-se levar por eles, pelas novidades que trazem. Demonstram os novidadeiros, e aqueles que o seguem e os aceitam, que Kardec estaria superado, e dessa forma a obra kardequiana nada mais tem a nos ensinar.
Kardec, em 1866, já nos alertava sobre esses fatos, quando escreveu: …as comunicações dos Espíritos deram fundamento à Doutrina. Repeli-las depois de as terem aclamado é querer SOLAPAR o Espiritismo pela base, tirando-lhe o alicerce. Tal NÃO PODE ser o pensamento dos espíritas sérios e devotados…
É necessário portanto lutar, travar o bom combate, munido das armas nas trincheiras de Kardec, que já nos alertava sobre os inimigos do Espiritismo.
É um fato constante que o Espiritismo é mais entravado pelos que o compreendem mal, do que pelos que os não o compreendem absolutamente e, mesmo por seus inimigos declarados. E é de notar que os que o compreendem mal geralmente têm pretensão de o compreender melhor que os outros; …Tal pretensão, que delata o orgulho, é uma prova evidente da ignorância dos verdadeiros princípios da Doutrina (RE – 1864 – NOVEMBRO – PAG. 321).
Portanto, somente o estudo, a conscientização e a vivência espírita poderão municiar as armas para esse bom combate, pois o Espiritismo só reconhece como adeptos os que põem em prática os seus ensinamentos… pois este é o sinal característico do verdadeiro espírita (RE – 1869 – JANEIRO – PAG. 17).
Para encerrar este item, lembremo-nos de Bezerra de Menezes, quando, por intermédio de Chico Xavier, nos dizia: ESTUDAR KARDEC, CONHECER KARDEC, PARA VIVER JESUS.

Perante a sociedade

Uma das finalidades da Doutrina dos Espíritos é demonstrar que o espírito é imortal. Do conceito da imortalidade, flui o estudo das relações entre o mundo dos encarnados e o dos desencarnados.
Assim, temos que o processo de humanização é uma necessidade, uma determinante das Leis Naturais, com o fim de atingir-se a perfeição, obviamente, relativa. É o que se depreende das perguntas 132 e 166 de O Livro dos Espíritos quando analisadas conjuntamente. Vejamos:

132 – Qual o objetivo da encarnação dos espíritos?

Deus lhes IMPÕE a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição.
…Mas para alcançarem essa perfeição, têm que sofrer todas as vicissitudes da EXISTÊNCIA CORPORAL. /…Visa ainda outro fim a encarnação: o de por o Espírito em condições de suportar a PARTE QUE LHE TOCA NA OBRA DA CRIAÇÃO. /…É assim que CONCORRENDO para a obra Geral, ELE PRÓPRIO se adianta.

166 – Como pode a alma, que não alcançou a perfeição durante a vida corpórea, acabar por depurar-se?

Sofrendo a prova de uma nova existência.
Nas perguntas acima demonstradas estão as bases da EVOLUÇÃO e da JUSTIÇA:

ESPÍRITOS BONS

REENCARNAÇÃO

Continuando na análise, verificamos que do processo de humanização e das relações existentes surge uma nova necessidade: a de viver em sociedade.
Kardec formula então a perg. 766, de O Livro dos Espíritos:

766 – A vida social está na Natureza?

Certamente. Deus fez o homem para VIVER EM SOCIEDADE.

Abrindo um parênteses em nosso estudo, perguntamos: Como está a sociedade Humana? O que estamos assistindo diuturnamente?

A sociedade humana está profundamente enferma. A Humanidade, com raras exceções, geme, chora, desespera-se, pelo muito que sofre; o egoísmo, o amor próprio, a cupidez, a tudo devoram; a corrupção, a miséria, o vício, geram as vítimas da maldade e da violência, que se sucedem sem parar; as religiões, ditas cristãs, a tudo assistem, acomodadas, pois que se desviaram do caminho traçado pelo Cristo; os homens de bem, verdadeiros intermediários entre a Humanidade e a Providência, são raros, escassos, e impotentes ante a onda avassaladora do utilitarismo que vige.
Assistimos diuturnamente, milhões de pessoas, de irmãos nossos, que vivem em estado de miséria absoluta. Milhões se alimentam do LIXO; sobrevivem do LIXO, disputando com as aves de rapina, e entre si, as sobras de alimento acumuladas no LIXO. Espetáculo terrificante, degradante, que assistimos todos os dias.
Somente no Brasil, hoje, existem cerca de 45 MILHÕES de irmãos em estado de MISÉRIA ABSOLUTA.
Caros irmãos! Se o objetivo da encarnação é permitir ao espírito atingir a perfeição (relativa); se durante a vida corpórea, não conseguiu depurar-se, sofrerá novas existências; se o homem (espírito encarnado) deve viver em sociedade, podemos concluir que dessa conjugação de respostas de O Livro dos Espíritos (132-166-766) resulta que as leis da matéria, que são divinas, devem ser respeitadas, pois sem elas, o homem, individualmente, e a sociedade humana, coletivamente, não lograrão atingir e cumprir o seu destino.
Para que o ser humano (espírito encarnado) ou a sociedade humana possa cumprir seu destino, o instinto e os meios de conservação são os fatores básicos, conforme podemos constatar, no LIVRO DOS ESPÍRITOS, Cap. V – DA LEI DA CONSERVAÇÃO – perg. 702 e seguintes.
Tais fatores básicos conjugados nos levam ao PRIMEIRO de todos os direitos naturais do homem: o de VIVER (O Livro dos Espíritos – perg. 880).

Diante do exposto, a que conclusão chegamos?

Conclui-se que o homem (espírito encarnado) para atingir e cumprir seu destino, para aprofundar sua fé (certeza, convicção) e sua tranqüilidade, necessita de uma ORDEM SOCIAL-ECONÔMICA mais justa nas relações humanas, coerentes com o pensamento e o espírito de Jesus.
Nós espíritas estamos encarregados de levar a luz, já que sabemos, com os conhecimentos emanados da Doutrina Espírita, porque a Humanidade está doente; porque sofre; porque chora; porque desespera.
Ide e pregai! falou-nos Jesus.
Ide e pregai! repetiu Erasto (Evang. Segundo o Espiritismo – Cap. XX – item 4) em Paris no ano de 1863.
Ide! Eis que vos mando como cordeiros ao meio de lobos (Jesus – Lucas 10:3).
O verdadeiro espírita, convicto das realidades da vida que estuda, NÃO deve ficar na posição cômoda, passiva, dos que esperam e aguardam Jesus, levantando as mãos postas aos céus, em atitude suplicante.
Ide! Eis que vos mando… foi a ordem peremptória do Mestre. Cabe a nós respondermos:
PRESENTE, estou pronto.
Mas muitos companheiros reclamam contra a cruz e o martírio.
Esquecem-se que o Mestre e seus corajosos sucessores encontraram na cruz e no martírio, as trincheiras de lutas, através da resistência construtiva contra o mal.
É necessária, imperiosa, nossa ida aos lobos.
É por demais perigoso esperá-los.
Para levarmos adiante as tarefas de Jesus, de Kardec, da Doutrina Espírita, visando o porvir grandioso da Humanidade, é necessário não mensurarmos os esforços, nem regatearmos sacrifícios, lembrando de que Jesus, ensejando a libertação pelo AMOR, tornou-se servo de todos; desde o começo até hoje, sem cansaço, sem queixas…
Mas, para irmos aos lobos, atendendo ao apelo de Jesus, é necessário estarmos preparados, do conhecimento doutrinário espírita, mas também do conhecimento, do estudo das leis da matéria, da natureza física, dominadora, para que possamos aproveitar suas energias em benefício da humanidade, do homem, que está sujeito diretamente a uma dessas leis: a Lei da Natureza Econômica.
Por conseguinte, a ética do amor (moral), da solidariedade, entre os homens, não deriva da vontade de quem quer que seja, mas de uma NECESSIDADE social, porque, estando os homens privados do alimento, da saúde, do trabalho, da educação, se descontrolam, se degeneram, se violentam, apelando pelo instinto de conservação, redundando para o egoísmo das lutas de concorrência, que acabam se degenerando em conflitos, vícios, guerras, etc., etc.
Se as leis de Produção Social, para acabar com a fome, a miséria e o desemprego, forem dominadas pela inteligência e não pelo egoísmo, aí estará a chave para ajustar-se com as aspirações de Jesus, de Kardec, da Doutrina dos Espíritos.
Vejam a resposta à pergunta 930 de O Livro dos Espíritos, com comentários de Kardec:
Numa sociedade organizada segundo a Lei do Cristo ninguém deve morrer de fome. Comentário de Kardec.
Com uma organização social criteriosa e previdente, ao homem só por culpa sua pode faltar o necessário. Porém, suas próprias faltas são freqüentemente resultado DO MEIO onde se acha colocado. Quando praticar a lei de Deus, terá uma ordem social fundada na Justiça e na solidariedade e ele próprio também será melhor.
O que nós espíritas, o que o movimento espírita tem feito, para que possa influir em nossos representantes legislativos, a fim de que as leis sejam mais justas?
Quase nada, ou absolutamente nada.
Todos falamos, criticamos, entre nós mesmos, conscientes das mazelas que assolam o ser humano, e encetamos campanhas BENEFICENTES, com amor e solidariedade, mas sem irmos ao cerne do problema.
IDE! Eis que vos mando como cordeiros ao MEIO de lobos. Precisamos ir ao MEIO, ao centro do problema.
O que fazemos representa o dar esmolas. E que pensar da esmola? O Livro dos Espíritos, à pergunta 888, nos dá a resposta: Condenando-se a pedir esmola, o homem se degrada física e moralmente: embrutece-se. Uma sociedade que se baseia na lei de Deus e na Justiça DEVE PROVER a vida do fraco sem que haja para ele humilhação. DEVE assegurar a existência dos que NÃO podem trabalhar, sem lhes deixar a vida a mercê do acaso e da boa vontade de alguns.
É de grande importância para nossa meditação, a leitura e compreensão da pergunta, resposta e comentário de Kardec, à pergunta 793 de O Livro dos Espíritos.
Kardec, em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XVI, item 7, nos informa: Com efeito, o homem tem por missão trabalhar pela melhoria do planeta. E mais adiante: Para nutrir uma população sempre crescente, é preciso aumentar a produção.
Esta uma das Leis da Produção Social.

Mas o que realmente vemos e assistimos por parte da grande maioria dos espíritas?

Assistimos e vemos que a grande maioria dos espíritas são espíritas religiosos, aguardando que o Mestre, que os Espíritos venham resolver o problema, sanar as dificuldades, realizar o milagre de transformar a sociedade em uma sociedade mais justa.
Invertem o problema, pregando e ensinando, que tudo deriva do Karma, que se deve atender unicamente a alma e a moral cristã, desprezando os aspectos materiais, da saúde do corpo físico, da alimentação, da educação, indo de forma contrária às recomendações da resposta à pergunta 677 de O Livro dos Espíritos (LEI DO TRABALHO).
Tais pregações e ensinamentos incentivam a vida contemplativa, a pieguice, a covardia, a subserviência, a falta de confiança nas energias criadoras do espírito, que se esmaga, se estiola, vencido diante das desditas, para atribuí-las a castigos divinos, ao Karma, e, por isso, resignam-se a pedir a misericórdia de Deus, como se o homem devesse resignar-se à miséria, à fome, à doença, para com tal resignação aceitar um convite de Deus aos que desejem chegar a Ele.
É importante a conscientização do espírita em particular e do movimento espírita em geral, de que enquanto persistir no mundo a FOME, o DESEMPREGO, a EXPLORAÇÃO, NÃO haverá FRATERNIDADE, nem LIBERDADE, nem IGUALDADE, nem MORAL CRISTÃ que possa impedir a violência, o crime, a miséria, os vícios, os desregramentos físicos e morais. Tais fatores terrificantes são frutos dos dominadores, exclusivistas, egoístas, corruptos e corruptores, que detém egoisticamente em suas escassas mãos o poderio.
É importante nossa conscientização de que não se alcançará uma sociedade de paz, de amor, num mundo dividido entre a abundância de poucos e a miséria de milhões, entre o esbanjamento e a fome. É absolutamente necessário lutar a fim de terminar com esta tremenda desigualdade social. Kardec, em OBRAS PÓSTUMAS, sobre o Espiritismo, nos diz:
Não será ele que fará as instituições do mundo regenerado; os HOMENS é que as farão, sob o império da Justiça, de caridade, de fraternidade e da solidariedade, mais bem compreendidas, graças ao Espiritismo.
E para encerrar nosso estudo, nada melhor que a mensagem de Erasto, extraída da RE – 1861 – JUNHO – PAG. 197/198, e inserida em O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. XX, item 4, MISSÃO DOS ESPÍRITAS:
…Ide e Pregai a palavra divina. É chegada a hora em que deveis sacrificar à sua pregação os vossos hábitos, os vossos trabalhos, as vossas ocupações fúteis.
…certamente falareis a pessoas que não quererão escutar a voz de Deus, porque essa voz as exorta incessantemente à abnegação; pregareis o desinteresse aos avarentos, a abstinência aos dissolutos, a mansuetude aos tiranos domésticos como aos déspotas.
…lançai-vos em cruzada contra a injustiça e a iniquidade. Ide e proscrevei esse culto do bezerro de ouro, que cada dia mais se alastra.
…Somente lobos caem em armadilhas para lobos,…
Companheiros, irmãos em Jesus, lembremo-nos sempre que o espírita é o construtor consciente de uma nova forma de sociedade humana na terra; sua responsabilidade é proporcional ao seu conhecimento da realidade, que a Doutrina dos Espíritos lhe proporcionou; que é seu dever enfrentar as dificuldades atuais, e transformá-las em novas oportunidades de progresso. Cumpramos assim nosso dever para com Jesus; para com Kardec; para com a Doutrina dos Espíritos; para com a Humanidade.

Esta a nossa missão.

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