QUANDO PASSAMOS A JULGAR O OUTRO

QUANDO PASSAMOS A JULGAR O OUTRO

JULGAMENTO

“Quando passamos a julgar o outro é que percebemos que o maior defeito está em nós mesmos.”
 
Vera Jacubowski

corcovado rio de janeiro

Defeito e Julgamento

Vemos com tanta nitidez os defeitos dos outros, mas como é difícil identificar aquele que nos prejudica, nos faz sofrer, nos colocando em situação de erro perante as leis espirituais e deixando a felicidade distante. Se não bastasse a nossa inferioridade, ainda nos dispomos a julgar aquele que certamente, de uma maneira ou de outra, comete os mesmos erros que nós. Sempre estamos certos e os outros sempre errados.
“Não julgueis, a fim de que não sejais julgados…” (Mateus – Cap. VII; 1 e 2). Que dificuldade! Olhamos para as pessoas e ali, como numa tela mental, os erros, os defeitos, de aquele ser que fulminado pelos nossos olhares é radiografado e julgado, como se fossemos as criaturas mais perfeitas da Terra.
O caminho em busca da perfeição exige uma nova postura, um trabalho de renovação interior, reflexão sobre ensinamentos e situações morais, devemos principalmente conscientizarmos dos nossos erros das nossas imperfeições e das nossas limitações sem esses exercícios o retardo espiritual continuará, sempre em prejuízo nosso. “Conhece-te a ti mesmo”. Disse Sócrates, o filósofo.
Por achar que somos pessoas melhores, julgamos, esquecemos do argueiro no olho, lembra! Se gostarmos de evidenciar os erros dos outros, somos maledicentes. Jesus nos alertou dizendo: “Será usado da mesma medida com você”. A maledicência é uma imperfeição da alma. Quem a pratica é maldoso. Não devemos esmiuçar a vida daqueles que convive ao nosso redor.
O grau de adiantamento a que estamos determina o nosso modo de agir, e às vezes não temos compreensão dos nossos erros, daí a necessidade de agirmos com caridade e deixarmos que a pessoa, através do seu amadurecimento espiritual, enxergue os maus atos praticados. Isso não quer dizer que devemos ser coniventes com os erros das pessoas. O mal deve ser combatido, sem evidenciar a inferioridade momentânea dos outros. Aquele que erra, mais tarde, se refletir, tomar nova postura e ser humilde, corrigirá os erros praticados.
Julgar é maldade, muitas vezes dizemos, jamais agiremos dessa maneira. Será que nunca fizemos isso? Acho que fazemos a todo instante, é natural da inferioridade. A postura deverá ser de luta contra as tendências inferiores. Quer saber se você é uma pessoa boa? Examine sua capacidade de perdoar, a colheita é inevitável.
Mudemos, vamos ser gentis, amorosos, falar aquilo que é bom, evitar a impaciência, as agressões verbais, não censurar, cuidado com as respostas mal conduzidas. O que fizermos aos outros, será usado de medida, quando formos avaliados pela espiritualidade. “Perdoa-lhes porque eles não sabem o que fazem” – Jesus. Reflita!
É mais fácil condenar do que ser solícito, a indulgência é o que mais precisamos, é uma necessidade, condenemos o mal, vivemos juntos daqueles que erram e erram, como nós. Mais cedo ou mais tarde precisaremos do perdão e da compreensão, porque a reprovação pode cair sobre nós. Quando censuramos desacreditamos a pessoa, fazemos o mal e não reprimimos o mal como seria certo e justo.
Jesus nos legou inúmeros exemplos de compreensão e perdão. A passagem da mulher adúltera diz:
“Quando os fariseus e escribas acusaram a mulher adúltera, exigindo seu apedrejamento, o Mestre disse: Quem não tiver pecado, que atire a primeira pedra”. Foram todos embora.
Consultando as escritas de Emmanuel, ele nos alerta dizendo: “A incompreensão, indiscutivelmente, é assim como a treva perante a luz, entretanto, se a vocação da claridade te assinala o íntimo, prossegue combatendo as sombras, nos menores recantos de teu caminho… Se as estrelas da sabedoria e do amor te povoam o coração, não humilhes quem passa sob o nevoeiro da ignorância e da maldade… Não te faças demasiadamente superior diante dos inferiores ou excessivamente forte perante os fracos… Não clames, pois, contra a incompreensão, usando inquietude e desencanto, vinagre e fel… Por trás da cortina do “eu”, conservamos lamentavelmente cegueira diante da vida”.
Antes de preocuparmos com os defeitos dos outros, renovemo-nos dia a dia, só a transformação aparente não adianta, teremos que ir a fundo na renovação da nossa personalidade, renovemos nossa alma, vivamos uma vida equilibrada. Se a tendência do homem é acusar, lutemos contra ela. Quanto mais evoluído é um espírito, tanto maior é sua capacidade de perdoar.
Luis Carlos Affonso

pensamentos e orações

“Não julgueis, e não sereis julgados.
Porque do mesmo modo que julgardes, sereis também vós julgados e, com a medida com que tiverdes medido, também vós sereis medidos.
Por que olhas a palha que está no olho de teu irmão e não vês a trave que está no teu? Hipócrita!
Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar a palha do olho do teu irmão”.

Jesus

Mateus, 7:1 a 5

Esclarecimentos iniciais:

Julgar (do Latim Judicare) significa:

verbo transitivo: decidir como juiz ou árbitro; sentenciar; entender; avaliar; formar juízo; lavrar ou pronunciar sentenças; apreciar;
verbo intransitivo: formar opinião, conceito a respeito de pessoa ou coisa; ajuizar.
Existe aí uma pequena confusão. A palavra crítico (do Latim. criticu , do Grego. Kritikós) tem como significado “capaz de julgar”, mas no sentido de avaliar.
Daí decorre que geralmente pensamos na palavra “criticar” num sentido negativo – destacar falhas nos outros. Mas a palavra “criticar” significa simplesmente “avaliar”.
Entendendo as palavras do Mestre
Neste passo, as palavras de Jesus não significam estar contra o julgamento civil.
O próprio Mestre, apesar da grandiosidade de seu espírito, a despeito de ser o maior que veio a Terra (questão 625 de “O Livro dos Espíritos”), que estava em condições de exercer qualquer espécie de julgamento, não concordou em desempenhar o papel de juiz:
“Disse-Lhe então alguém do meio do povo: “Mestre, dize a meu irmão que reparta comigo a
herança”. Jesus respondeu-lhe: “Meu amigo, quem me constituiu juiz ou árbitro entre vós?”
Lucas, 12:13 e 14
Pedro, discípulo ocular de Jesus, em sua Primeira Epístola, no capítulo II, versículos 13 e 14, relembra o ensino do Mestre:
“Por amor do Senhor, sede submissos, pois, a toda autoridade humana, quer ao rei como soberano, quer aos
governadores como enviados por ele para castigo dos malfeitores e para favorecer as pessoas honestas”.
Como a Bíblia não se contradiz, Paulo, Apóstolo dos Gentios, reafirma:
“Admoesta-os a que sejam submissos aos magistrados e às autoridades,
sejam obedientes, estejam prontos para qualquer obra boa”.
Epístola a Tito, 3:1
e
“Cada qual seja submisso às autoridades constituídas. Porque não há autoridade
que não venha de Deus, e as que existem foram instituídas por Deus”.
Epístola aos Romanos, 13:1
Então qual o propósito de Jesus ao “ordenar”: precisamos parar de julgar?
Em Mateus, 5:17, Ele deixa claro que não queria modificar a lei ou os profetas, mas dar-lhes novo entendimento. Dessa forma Ele falava aos judeus:
1) Os judeus já estavam seguindo Jesus por onde quer que Ele fosse, na tentativa de achar alguma falha para acusá-Lo (Lucas, 6:1 a 7);
2) Os escribas e fariseus eram culpados do tipo de julgamento que Jesus estava denunciando (Lucas, 18:9 a 14);
3) Em Mateus, 5:20, Ele disse: “(…) Se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais entrareis no reino dos céus”
Quando Jesus nos disse: não julgueis para não serdes julgados, Ele quis nos dizer para não condenarmos a criatura, e não a sua atitude. Ele quis nos dizer para não denegrir a criatura, não condenar a criatura e sim o mal que ela possa ter feito.
Então, reprimir o mal é nosso dever. Censurar o mal, também, mas não as criaturas. É através do exemplo que devemos educar. As palavras, até convencem, mas os exemplos arrastam.
De um modo geral, somos benevolentes para com os nossos erros e muito severos para com os erros dos outros.
A nossa tendência é nos acharmos as criaturas mais perfeitas da face da Terra. Sempre estamos certos e os outros sempre errados.
As palavras de Jesus ensinam que existe um determinado tipo de julgamento que devemos evitar:
Tendencioso: Uma deficiência comum é permitir que nossa formação, nossos preconceitos e preferências influenciem nosso julgamento. É difícil evitar isto. Dizem que os gregos antigos às vezes realizavam julgamentos no escuro para serem influenciados somente pelos fatos.
Precipitado: Acontece com freqüência de julgarmos os outros precipitadamente, sem ter todos os fatos ou conhecer todas as circunstâncias. Muitas vezes, não temos as informações completas sobre o que realmente aconteceu. Pode ser que não entendamos o histórico ou a motivação do indivíduo acusado. Talvez não saibamos se aquele ato foi a regra ou uma exceção na vida dele. Antes de instruir a multidão a “julgar com reta justiça”, Jesus disse: “Não julgueis segundo a aparência” (João, 7:24).
Severo: Como resultado das perspectivas negativas acima citadas, ao se formular um julgamento, não raro somos severos e hipercríticos em nosso parecer, quando deveríamos temperar nossa análise com misericórdia e amor. Pedro disse: “Antes de tudo, mantenham entre vós uma ardente caridade, porque a caridade cobre a multidão de pecados” (1 Pedro, 4:8).
Dar-se bem com os outros é em grande parte uma questão de espírito. Por um lado, há um espírito amoroso e compassivo que acredita no melhor e tenta elevar e ajudar o outro. Por outro lado, há um espírito severo, insensível e julgador que se deleita em ver alguém “receber o que merece”. Este conflito está representado na espada a nós prometida pelo Mestre dos Mestres em Mateus 10:34.
Insensível: Jesus também estava condenando a atitude de pensar o pior sobre o que as pessoas fazem, em vez de pensar no melhor. Em 1 Coríntios 13:4 a 7, Paulo diz, em outras palavras, que o amor está “sempre ávido para crer no melhor”.
É verdade que podemos conhecer uma pessoa pelo que ela faz, mas geralmente seus atos estão sujeitos a pelo menos duas interpretações diferentes: uma boa e outra má. Nesse caso, qual interpretação geralmente consideramos para o que essa pessoa fez?
E Jesus disse: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem”. Lucas, cap. 23:34
Com estas palavras Jesus nos ensina em primeiro lugar, que ao Pai compete o nosso julgamento;.em segundo, Ele se apresenta como defensor daqueles que O ofendem.
Isto implica dizer que, no âmbito da lei de causa e efeito, seremos bitolados pelo mesmo gabarito que usarmos contra o nosso irmão no desenrolar das nossas vidas terrenas.
Que Paz do Senhor seja com todos.
Fraternal abraço.
Marcos José Ferreira da Cruz Machado
Belo Horizonte – FEV/2009

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