Paz da Consciência Tranquila

Paz da Consciência Tranquila – EMMANUEL CHICO XAVIER

IMPERFEIÇÃO DO HOMEM ALLAN KARDEC
felicidadeeterna

Paz de Consciência

“Quanto à felicidade, cremos que ela nasce na paz da consciência tranquila pelo dever cumprido e cresce, no íntimo de cada pessoa, à medida que a pessoa procura fazer a felicidade dos outros, sem pedir felicidade para si própria.”
Chico Xavier

POR ACASO CHICO XAVIER

Paz do Mundo e Paz do Cristo

 

“A paz vos deixo, a minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo a dá.” – Jesus. (JOÃO, 14:27.)

 

É indispensável não confundir a paz do mundo com a paz do Cristo.
A calma do plano inferior pode não passar de estacionamento.
A serenidade das esferas mais altas significa trabalho divino, a caminho da Luz Imortal.
O mundo consegue proporcionar muitos acordos e arranjos nesse terreno, mas somente o Senhor pode outorgar ao espírito a paz verdadeira.
Nos círculos da carne, a paz das nações costuma representar o silêncio provisório das baionetas; a dos abastados inconscientes é a preguiça improdutiva e incapaz; a dos que se revoltam, no quadro de lutas necessárias, é a manifestação do desespero doentio; a dos ociosos sistemáticos, é a fuga ao trabalho; a dos arbitrários, é a satisfação dos próprios caprichos; a dos vaidosos, é o aplauso da ignorância; a dos vingativos, é a destruição dos adversários; a dos maus, é a vitória da crueldade; a dos negociantes sagazes, é a exploração inferior; a dos que se agarram às sensações de baixo teor, é a viciação dos sentidos; a dos comilões, é o repasto opulento do estômago, embora haja fome espiritual no coração.
Há muitos ímpios, caluniadores, criminosos e indiferentes que desfrutam a paz do mundo. Sentem-se triunfantes, venturosos e dominadores no século. A ignorância endinheirada, a vaidade bem vestida e a preguiça inteligente sempre dirão que seguem muito bem.
Não te esqueças, contudo, de que a paz do mundo pode ser, muitas vezes, o sono enfermiço da alma. Busca, desse modo, aquela paz do Senhor, paz que excede o entendimento, por nascida e cultivada, portas a dentro do espírito, no campo da consciência e no santuário do coração.

 

XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 105.
EM VERDADE ANDRÉ LUIZ

 

Rota do Espírita

 

Erguer-se de manhã e bendizer a vida.
Espalhar ao redor a presença do bem.
Escutar calmamente as notícias da hora.
Dar a palavra amiga. Ajudar conversando.
Dispor o coração a servir sem perguntas.
Fazer mais que o dever na tarefa em que esteja.
Suportar sem revolta as provações em curso.
Apagar a discórdia e liquidar problemas.
Estudar e entender. Discernir e elevar.
Render culto à Verdade entre bênçãos de amor.
Ver o direito alheio e respeitá-lo em tudo.
Ser fiel ao trabalho e esquecer as ofensas.
Amar fraternalmente a todas as criaturas.
Acender cada noite as estrelas da paz no abrigo da consciência em preces de alegria.
– Eis a rota ideal na jornada constante do espírita-cristão, à luz de cada dia.

 

Xavier, Francisco Cândido. Pelo Espírito Albino Teixeira. Página recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, em reunião da Comunhão Espírita Cristã, na noite de 17-11-65, em Uberaba, Minas. Fonte: Reformador – fevereiro, 1966.

LIVRO DO TEMPO

Consciência Ferida

 

Meus amigos.
Deus nos ampare.
Depois de minha primeira visita, eis que torno à vossa casa, que funcionou para mim como um ninho de socorro e um tribunal de justiça.
Mulher padecente, trazia enlaçado a mim, qual se fora erva sufocante sobre árvore ferida, o espírito revoltado de meu próprio filho, cuja reencarnação impedi,num processo de aborto, no qual, por minha vez, perdi a existência.
Leviana e surda ao dever, adquiri compromissos com a maternidade, detestando-a.
E, por odiar o rebento que me palpitava no seio, procurei destruí-lo, usando venenosa beberagem que igualmente me furtou a vida corpórea.
Entretanto, se supunha que a morte fosse um ponto final à minha tragédia íntima, estava profundamente enganada, porque da poça de sangue a que se me reduziram os despojos, levantou-se, diante de mim, uma sombra acusadora.
A princípio, dessa nuvem amorfa nascia o choro incessante de uma criança recém-nata.
Tentando emudecer aqueles vagidos angustiosos, inutilmente rezei, usando orações decoradas na infância…
A nuvem, porém, jazia algemada ao meu próprio peito, através de laços cuja consistência ainda hoje não posso definir.
Abandonei, amedrontada, o meu aposento de mulher solteira e, esquecendo o culto do prazer a que me dedicara, procurei fugir, como se eu pudesse escapar de mim mesma.
Perdi a idéia de rumo…
Esqueci o calendário.
De minha memória desapareceu a noção de tempo.
Guardava a consciência de que a nuvem e eu corríamos sem cessar…
Houve, contudo, um momento em que a sombra se converteu na forma de um homem, que me perseguia, amaldiçoando:
– Desnaturada! Assassina!… Assassina!…
Anelei, assim, depois da morte, a vinda de outra morte que me afundasse no esquecimento.
Sentindo sede, debruçava-me no charco…
Torturada de fome, atirava-me aos detritos dos animais mortos no campo…
Ah! como será possível alguém adivinhar na Terra, enquanto a bênção do corpo físico é uma graça para o espírito que opera entre os homens, o tormento da consciência que edificou em si mesma o inferno que a envolve?
Minha existência passou a ser um suplício constante, terrível, inominável…
Chegou, todavia, a noite em que, à maneira de náufrago fatigado, vim dar à praia de vosso templo.
Mãos amigas apartaram-me da sombra agressiva a que me prendia, agoniada…
O alívio surgiu, por fim…
Entretanto, de alma conturbada, roguei esclarecimento para o meu desvario, embora conhecendo a minha culpa de pecadora penitente.
Recebi, de imediato, a resposta.
Um de vossos amigos – justamente aquele que me acompanha aqui, nesta noite, com fins educativos – submeteu- me a longa intervenção magnética e, fazendo com que minhas reminiscências recuassem no tempo, vi-me no Rio, menina malnascida, amparada por nobre mulher.
Para ser mais explícita, devo adiantar que essa criatura era Dona Mariana Carlota, a Condessa de Belmonte, aia do Imperador D. Pedro II, ainda criança.
Fui conduzida ao leito de pálida menina enferma, que morria pouco a pouco… Essa menina era a Princesa Dona Paula, que se afeiçoou a mim, com natural carinho.
Mas, por morte dela, eu ficava aos treze anos novamente desamparada.
No entanto, benfeitores do palácio estenderam-me braços generosos e fui mantida em São Cristóvão, na posição de criada humilde.
Aos vinte de idade, desposei um artesão da Casa Real.
Miguel era o nome de meu marido.
Duas filhas vieram ao nosso encontro.
A tentação dos prazeres carnais, porém, fascinava-me o espírito inferior.
Foi assim que aceitei a proposta indigna de um homem que me arrancou do lar para delituosa aventura.
Na tela de minhas recordações, surgiu então a noite do dia 4 de setembro de 1843, noite festiva que consagrou o casamento daquele que era o Imperador do Brasil.
Mulher moça, esposa e mãe, olvidei minhas obrigações e fui à procura de quem passara a ser o adversário de minha felicidade, a fim de receber-lhe a companhia, na rua Direita, junto ao Arco do Triunfo, com o qual se comemorava a grande cerimônia.
O Rio, nessa data, acolhia a nova imperatriz dos brasileiros.
É necessário me detenha nesses fatos – esclarece o benfeitor que me auxilia -, para marcar em nossa lição que o tempo não desaparece com o passado, continuando vivo em nosso presente, como estará também vivo para nós, no grande futuro…
Na noite a que me reporto, fui surpreendida por meu esposo, numa atitude de desconsideração aos compromissos que abraçara.
Miguel não resistiu.
Respondeu-me à loucura com o suicídio.
Transformou-se-me, então, a vida.
Dificuldades sobrevieram.
Enjeitei minhas filhas.
Partilhei o destino do aventureiro que, em seguida à minha irreflexão, me atirou ao resvaladouro das mulheres de ninguém…
Entretanto, a sombra de meu companheiro suicida nunca mais se apagou de meus passos.
Seguiu-me, não obstante desencarnado, agravou-me as provações e reuniu-se a mim, quando me desliguei do corpo de carne, num asilo de alienados mentais, depois de atribulada peregrinação pelo meretrício.
Escuros tempos assomaram-me à lembrança.
O caminho expiatório é um trilho de sofrimentos e reparações, e nós éramos dois condenados, respirando a escuridão de noite profunda…
Uma noite imensa, povoada de gemidos, de blasfêmias, de dor… até que renasci na carne, novamente em corpo de mulher. Amando-me e odiando-me ao mesmo tempo, Miguel intentara ser meu filho, contudo, arruinei-lhe os propósitos, recusando a maternidade menos feliz, retornando nós dois, desse modo, às trevas de onde vínhamos.
Agora, tudo de novo a recomeçar…
Um século,meus amigos…
Um século de um erro a outro erro…
Vede o martírio da mulher que em cem anos nada mais fez senão transviar-se por invigilância!
De 1943 até o ano findo, padecimentos novos me exacerbaram a luta, até que a prece e o amor me socorreram.
Venho, pois, compartilhar-vos a oração, a fim de que me renove, de modo a partir dignamente ao encontro do esposo que buscou reaproximar-se de mim, na condição de filho, para, de alguma sorte, ensaiarmos juntos a jornada reparadora.
Com a presente narrativa, não tenho outro intuito senão dizer-vos que a vida está continuando…
Que o trabalho não cessa…
Que o tempo não morre…
E que ai daqueles que caem, porque o soerguimento, muitas vezes, constitui fogo e fel no coração.
Sou um Espírito em reajuste.
Alguém que vos bate à porta, rogando amparo.
Pobre mulher que fala às outras, avisando-as quanto ao flagelo que nos aguarda, cada vez que o nosso coração foge aos princípios superiores da senda de elevação…
Expresso-me, assim, porque os homens, até certo ponto, são produto de nossa influência e domínio.
Os homens que nos partilham o leito, que se nutrem do pão que amassamos, que nos absorvem os pensamentos e que nos ouvem as palavras são nossos filhos e nossos irmãos, dependendo de nós para a vitória da Justiça e do Bem.
Que o Senhor nos dê consciência de nosso mandato! Que as companheiras presentes me ajudem com as suas preces, aproveitando igualmente a experiência aflitiva da mísera irmã que, em se perdendo, há tanto tempo, ainda não conseguiu recuperar-se…
Que Deus nos ilumine!…

 

Pelo Espírito Maria da Glória
XAVIER, Francisco Cândido. Instruções Psicofônicas. Espíritos Diversos. FEB. Capítulo 29.

CÉREBRO E CORAÇÃO EMMANUEL

Consciência

“Guardando o mistério da fé numa consciência pura.” – Paulo. (I TIMÓTEO, 3:9.)

 

Curiosidade ou sofrimento oferecem portas à fé, mas não representam o vaso divino destinado à sua manutenção.
Em todos os lugares, observamos pessoas que, em seguida a grandes calamidades da sorte, correm pressurosas aos templos ou aos oráculos novos, manifestando esperança no remédio das palavras.
O fenômeno, entretanto, muitas vezes, é apenas verbal. O que lhes vibra no coração é o capricho insatisfeito ou ferido pelos azorragues de experiências cruéis…
Claro que semelhante recurso pode constituir um caminho para a edificação da confiança, sem ser, contudo, a providência ideal.
Paulo de Tarso, em suas recomendações a Timóteo. esclarece o problema com traço firme.
É imprescindível guardar a fé e a crença em sentimentos puros. Sem isso, o homem oscilará, na intranqüilidade, pela insegurança do mundo Intimo.
A consciência obscura ou tisnada inclina-se, invariavelmente, para as retificações dolorosas, em cujo serviço podem nascer novos débitos, quando a criatura se caracteriza pela vontade frágil e enfermiça.
Os aprendizes do Evangelho devem recordar o conselho paulino que se reveste de profunda importância para todas as escolas do Cristianismo.
O divino mistério da fé viva é problema de consciência cristalina. Trabalhemos, portanto, por apresentarmos ao Pai a retidão e a pureza dos pensamentos.

 

XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 131.
A VIDA CHICO XAVIER

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