Não basta não fazer o mal é necessário ter uma reação positiva

moral de jesus

Deus Sabe

“Disse Jesus:

Se alguém te bater numa face mostre a outra face..”
“Não basta não fazer o mal é necessário ter uma reação positiva no bem,
segundo a Lei de Causa e Efeito, no princípio que nada nos acontece por acaso,
tudo que desejamos ao nosso próximo receberemos em duas faces
conforme teus propósitos meritórios auferidos ou de reparação
de débitos perante a Contabilidade Divina.
Tudo é Justiça Divina a cada um segundo suas obras no Bem ou no Mal.
Assim, nenhum mal te sucederás sem que Deus não saiba.”

vera7

nossos afetos

Estudo Sobre o Passe

1. Introdução

“Passes”

“E rogava-lhe muito, dizendo: Minha filha está moribunda; rogo-te que venhas e lhe imponhas as mãos para que sare, e viva” – Marcos 5: 23.
“Jesus impunha as mãos nos enfermos e transmitia-lhes os bens da saúde. Seu amoroso poder conhecia os menores desequilíbrios da Natureza e os recursos para restaurar a harmonia indispensável.
“Nenhum ato do Divino Mestre é destituído de significação. Reconhecendo essa verdade os apóstolos passaram a impor as mãos fraternas em nome do Senhor e tornavam-se instrumentos da Divina Misericórdia.
“Atualmente, no Cristianismo redivivo, temos, de novo, o movimento socorrista do Plano Invisível, através da imposição da mãos. Os passes, como transfusões de forças psíquicas, em que preciosas energias espirituais fluem dos mensageiros do Cristo para os doadores e beneficiários, representam a continuidade do esforço do Mestre para atenuar os sofrimentos do mundo.
“Seria audácia por parte dos discípulos novos a expectativa de resultados tão sublimes quanto os obtidos por Jesus junto aos paralíticos, perturbados e agonizantes.
“O Mestre sabe, enquanto nós outros estamos aprendendo a conhecer. É necessário, contudo, não desprezar-lhe a lição, continuando, por nossa vez, a obra de amor, através das mãos fraternas.
“Onde exista sincera atitude mental do bem, pode estender-se o serviço providencial de Jesus.
“Não importa a fórmula exterior. Cumpre-nos reconhecer que o bem pode e deve ser ministrado em seu nome.”
Emmanuel (Caminho, Verdade e Vida, cap. 153).

2. O passe e o conceito de cura

A Organização Mundial da Saúde considera que a saúde é o completo bem estar físico, mental e social. Nós, espíritas, anuímos a essa definição; só que admitimos que toda doença de alguma gravidade tem uma origem espiritual. A ação moral desequilibrada do Espírito afeta o perispírito; e estando o perispírito intimamente ligado ao corpo físico, seu desajuste vibratório afeta-o, e ele adoece.
Em sua essência profunda, o passe é a mobilização ativa de nosso amor em favor do bem do semelhante. Jesus, o Divino Modelo, ensinou-nos a fazê-lo em diversas e bem conhecidas passagens de sua vida. Na página que fizemos figurar como introdução destes apontamentos, por exemplo, Emmanuel comenta o caso de Jairo, que procurou Jesus, movido por ardente fé, implorando pela filha, em estado de morte aparente. Atendendo-lhe ao pedido, Jesus vai até sua casa e, convocando-a à vida, restaura-lhe prontamente a saúde.
No versículo 9 do décimo capítulo de seu Evangelho, Lucas registra importante recomendação de Jesus aos discípulos: “E curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: É chegado a vós o Reino de Deus.” Entendemos que o Mestre se reportava aqui a dois tipos de cura:
Os recursos fluídicos benéficos, restauradores do corpo: o passe.
Os recursos do esclarecimento, que propiciam a cura integral e definitiva do homem, sobrepondo-se a todas as terapias que se têm criado no mundo.
A começar por Allan Kardec, praticamente todos os grandes autores espíritas dedicaram muita atenção ao passe e à questão da saúde integral do ser humano. Eis algumas passagens significativas a esse respeito:
O passe não é unicamente transfusão de energias anímicas. É o equilibrante ideal da mente, apoio eficaz de todos os tratamentos. (André Luiz, Opinião Espírita, cap. 55, p. 180.)
Para evitar essas recidivas, é necessário que o remédio espiritual ataque o mal em sua base […], é preciso tratar, ao mesmo tempo, o corpo e a alma. (Abade Príncipe de Hohenlohe, Revue Spirite, outubro de 1867.)
O maior milagre que Jesus operou, o que verdadeiramente testa a sua superioridade, foi a revolução que os seus ensinos produziram no mundo, mau grado à exiguidade dos seus meios de ação. (Kardec, A Gênese, cap. 15, § 63.)
Sabemos que essa “revolução” a que se refere Kardec é o ensino e a exemplificação do amor, do bem, da fraternidade e todas as demais virtudes nascidas desses belos sentimentos, que estabelecem o Reino de Deus em nosso Espírito, adornando-o com as lindas e perfumosas flores do jardim do Evangelho.
Como almejar à cura total dos nossos desequilíbrios orgânicos e espirituais, se ainda agasalhamos em nosso ser o orgulho, o egoísmo e todas as mazelas deles decorrentes?
Como sararmos da úlcera, da alergia desconfortável, da artrite deformante, do coração em descompasso, se a ira e o grito de cólera ainda ecoam em nossa alma?
Como almejarmos o fim da ansiedade, da depressão e todas as distonias anímicas de múltiplas nomenclaturas, se ainda nutrimos ódio, rancor, mágoa, ciúme, inveja, pensamentos sombrios? Como, se a excelsa virtude a mansidão cantada por Jesus em suas bem-aventuranças (Mateus 5: 5-12) ainda não se instalou em nossos corações?
Como pretendermos ter o equilíbrio físico e psíquico, se vivemos em guerra com a sociedade, com o vizinho menos evoluído, com os familiares em processo de reajuste, com o nosso grupo de trabalho? Quantas vezes até mesmo em nossas lides na casa espírita nos deixamos envolver por sentimentos contrários àqueles que Jesus nos ensinou: mágoas, revoltas, melindres, que constituem sombras densas em nossos corações, enfermando-nos?
Como poderemos ser felizes e saudáveis, se a ganância das posses materiais nos absorvem todo o tempo e as energias? Como, se nos esquecemos da busca dos tesouros imperecíveis que não são consumidos pelas traças, pela ferrugem e pelos ladrões? Além de se constituírem libertação das dores, dos sofrimentos, das enfermidades, os tesouros espirituais são também passaporte para as moradas celestes, como prometeu Jesus, que partiria para nos preparar o lugar no “céu” para aquele que seguisse os seus ensinos (João 14: 1-3).
Onde buscar a saúde, se sorvemos os venenos dos tóxicos, do álcool, do tabaco, entregando-nos ainda aos excessos da alimentação, do sexo e tantos outros? Como seguir o preceito sublime de Jesus – amar o próximo -, se não somos capazes de amar a nós próprios, mantendo vícios e paixões que desgastam a nossa harmonia orgânica?
Serão de pouca valia os recursos da medicina da Terra e do Céu, enquanto não aprendermos os caminhos de Jesus. Palmilhando esses caminhos, teríamos menos necessidade de hospitais, de hospícios, de presídios, de creches, de asilos …
A grande Cura proposta pelo Espiritismo deve ser o cumprimento de um sério e amplo programa de iluminação interior, apoiado na prática do bem, na vivência cristã constante.

3. O passe e a finalidade do centro espírita

O Centro Espírita – unidade fundamental do Movimento Espírita -, “para bem atender às suas finalidades, deve ser núcleo de estudo, de fraternidade, de oração e de trabalho, com base no Evangelho de Jesus, à luz da Doutrina Espírita”. Desviá-lo dessa diretriz é comprometer a causa a que se pretende servir.
Editorial de Reformador, março de 1992.
O passe foi incluído nas práticas do Espiritismo como um auxiliar dos recursos terapêuticos ordinários. É, portanto, um meio e não a finalidade do Espiritismo. No entanto, muitas pessoas procuram o centro espírita em busca somente da cura ou melhora de seus males físicos, psicológicos e dos distúrbios ditos “espirituais”.
Geralmente, as pessoas que assim procedem são nossos irmãos que desconhecem os fundamentos do Espiritismo. Muitos vêem no Espiritismo mais uma religião, criada por Kardec. Outros ligam-no somente à mediunidade, temendo sua prática, que envolveria o relacionamento com “almas do outro mundo”. Ainda outros associam-no a curas, e mesmo à fórmulas místicas para a solução de problemas financeiros, conjugais, etc. Há aqueles que, sem nada conhecer, tomam passes freqüentemente, por hábito, mesmo sem estarem necessitando. Isso tudo resulta do desconhecimento doutrinário, de interpretações pessoais, da disseminação de conceitos errôneos.
É dever do centro espírita, por meio do seu corpo de trabalhadores, esclarecer os que o procuram acerca dos objetivos maiores do Espiritismo, que gravitam em torno da libertação da criatura das amarras da ignorância das leis divinas, alçando-a à perfeição.
Bem orientado, o centro espírita é um foco de luz na Terra, que ilumina o saber e o amor, a razão o e sentimento. Daí ele ser a um só tempo:
Escola – que possibilita ao ser humano, pelo estudo constante disciplinado, inteirar-se das sábias leis divinas que regulam o seu destino.
Hospital – onde são socorridos os acidentados da alma pelos recursos fluídicos e espirituais, como o passe, a água fluidificada, a prece, a desobsessão, a palavra de esperança e encorajamento, o estudo evangélico e doutrinário.
Oficina de trabalho no bem – onde, ajudando o próximo carente, o ser ajuda-se a si próprio, aprendendo e vivenciando os valores cristãos, a verdadeira caridade, tal qual definida na resposta à questão 886 de O Livro dos Espíritos: “Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas”.

4. Os mecanismos do passe

Muitas vezes, a fé que leva as pessoas a procurarem os recursos do passe é cega. Desconhecem os seus mecanismos, os seus efeitos e sua aplicação. A fé cega é mística. A fé verdadeira é uma força atrativa e fixadora das energias benéficas.
O Espiritismo possui elementos para o devido esclarecimento acerca dos mecanismos do passe. O passe não é algo sobrenatural. Ele ocorre com base em leis naturais que regulam a ação dos fluidos responsáveis por todos os fenômenos espirituais. São leis diversas das que regem os fenômenos da matéria, do mundo corporal. A ciência oficial, que têm como objeto exclusivo o estudo da matéria, não pode explicar o passe.
Para entendermos os mecanismos do passe, é importante estudarmos os fluidos e suas leis, o que inclui a análise do perispírito, suas funções, suas propriedades. Tudo isso encontra-se exposto nas obras básicas de Allan Kardec, notadamente no capítulo 14 de A Gênese, bem como em outras obras sérias, como as de André Luiz, Léon Denis, Yvonne Pereira, Philomeno de Miranda, etc.
Do ponto de vista “técnico”, o passe é a ação dirigida de certos fluidos. Sua aplicação processa-se de perispírito a perispírito. E por estar o perispírito ligado ao corpo físico célula a célula, exerce sobre ele preponderante influência. Daí se compreende, por exemplo, o bem estar físico que decorre da ação do passe. A energia salutar transmitida ao perispírito repercute no corpo, nos órgãos enfermos, por um processo de ressonância. É por isso que o passista não necessita tocar o corpo do paciente enfermo.
No referido capítulo 14 A Gênese, § 31, há uma explicação clara de como ocorre essa transmissão fluídica medicamentosa. Vejamos este trecho:
Como se há visto, o fluido universal é o elemento primitivo do corpo carnal e do perispírito, os quais são simples transformações dele. Pela identidade da sua natureza, esse fluido, condensado no perispírito, pode fornecer princípios reparadores ao corpo; o Espírito, encarnado ou desencarnado, é o agente propulsor que infiltra num corpo deteriorado uma parte da substância de seu envoltório fluídico.
Notemos a referência à ação do perispírito no passe: “parte da substância do seu envoltório fluídico”, que é o perispírito. E continua o texto:
A cura se opera mediante a substituição de uma molécula malsã por uma molécula sã. O poder curativo estará, pois, na razão direta da pureza da substância inoculada; mas depende também da energia da vontade que, quanto maior for, tanto mais abundante emissão fluídica provocará e tanto maior força de penetração dará ao fluido. Depende ainda das intenções daquele que deseje realizar a cura, seja homem ou Espírito. Os fluidos que emanam de uma fonte impura são quais substâncias medicamentosas alteradas.
Logo adiante, no parágrafo 33, Kardec enumera as diversas maneiras em que a ação fluídica pode produzir-se:
1o – Pelo próprio fluido do magnetizador; é o magnetismo propriamente dito, ou magnetismo humano, cuja ação se acha adstrita à força e, sobretudo, à qualidade do fluido.
Trata-se, pois, do passe que provém somente do passista encarnado (“magnetizador”). Era o recurso utilizado por Jesus para restabelecer as saúde dos enfermos. A força fluídica abundante, penetrante, pura no mais alto grau que se pode ajuizar, saía dele próprio. No livro Pão Nosso, Emmanuel legou-nos página intitulada “Magnetismo de Jesus”, que muito elucida a grandeza de seu magnetismo balsâmico.
2o – Pelo fluido dos Espíritos, atuando diretamente e sem intermediário sobre um encarnado, seja para o curar ou acalmar um sofrimento, seja para provocar o sono sonambúlico espontâneo, seja para exercer sobre o indivíduo uma influência física ou moral qualquer. É o magnetismo espiritual, cuja qualidade está na razão direta das qualidades do Espírito.
É o passe que provém unicamente dos Espíritos desencarnados. Ninguém fica ao abandono quanto aos medicamentos do “Céu”. Pelos eflúvios dos missionários do Mundo Maior quantas curas, quantas melhoras ocorrem, quantas esperanças se espalham! Mesmo aqueles que ainda não aprenderam a buscar os recursos do passe estão sempre sendo socorridos pelo Alto, nos lares, no tumulto das ruas, no silêncio dos hospitais, nas guerras, em todo lugar.
3o – Pelos fluidos que os Espíritos derramam sobre o magnetizador, que serve de veículo para esse derramamento. É o magnetismo misto, semi-espiritual, ou, se o preferirem, humano-espiritual. Combinado com o fluido humano, o fluido espiritual lhe imprime qualidades de que ele carece. Em tais circunstâncias, o concurso dos Espíritos é amiúde espontâneo, porém, as mais das vezes, provocado por um apelo do magnetizador.
Neste terceiro e último processo há o passe “misto”, em que cooperam os Espíritos e os encarnados. Quando se fala em passes nas casas espíritas hoje em dia, em geral se entende esse tipo de passe. Nele o “magnetizador” é também um médium. Ele recebe para dar. É o intermediário entre os Espíritos e o enfermo, contribuindo, ao mesmo tempo, com seus próprios recursos. Muitas vezes o enfermo necessita de fluidos mais “materiais”, que os Espíritos por si sós não podem fornecer. Compreende-se, então, a importância dessa modalidade de passe.
Para complementar o estudo de A Gênese, vamos transcrever os itens 1 a 6 do parágrafo 176 de O Livro dos Médiuns, em que Kardec trata dos médiuns curadores.
1. Podem considerar-se as pessoas dotadas de força magnética como formando uma variedade de médiuns?
” Não há que duvidar.”
2. Entretanto, o médium é um intermediário entre os Espíritos e o homem; ora o magnetizador, haurindo em si mesmo a força de que se utiliza, não parece que seja intermediário de nenhuma potência estranha.
“É um erro: a força magnética reside, sem dúvida, no homem, mas é aumentada pela ação dos Espíritos que ele chama em seu auxilio. Se magnetizas com o propósito de curar, por exemplo, e invocas um bom Espírito que se interessa por ti e por teu doente, ele aumenta a tua força e a tua vontade, dirige o teu fluido e lhe dá as qualidades necessárias.”
3. Há, entretanto, bons magnetizadores que não creem nos Espíritos.
“Pensas então que os Espíritos só atuam nos que creem neles? Os que magnetizam para o bem são auxiliados por bons espíritos. Todo homem que nutre o desejo do bem os chama, sem dar por isso, do mesmo modo que, pelo desejo do mal e pelas más intenções, chama os maus.”
4. Agiria com maior eficácia aquele que, tendo a força magnética, acreditasse na intervenção dos Espíritos?
“Faria coisas que consideraríeis milagre.”
5. Há pessoas que verdadeiramente possuem o dom de curar pelo simples contato, sem o emprego dos passes magnéticos?
“Certamente; não tens disso múltiplos exemplos?”
6. Nesse caso, há também ação magnética, ou apenas influencia dos Espíritos?
“Uma e outra coisa. Essas pessoas são verdadeiros médiuns, pois que atuam sob a influencia dos Espíritos; isso, porém, não quer dizer que sejam quais médiuns escreventes, conforme o entendes.”
Ao doarmos as nossas próprias energias somos “magnetizadores”, mas podemos ao mesmo tempo ser médiuns, quando nossos recursos são aumentados e enriquecidos pelos Espíritos. Indivíduos não espíritas, não cristãos, não filiados a qualquer credo religioso, mas que laboram no bem em outros campos do amor, podem também ceder fluidos curadores para quem necessite, inclusive com o auxílio de Espíritos, sem se darem conta disso. O que importa é ser bom, é amar o próximo como ensinou Jesus.

5. A aplicação do passe

a) Preparo

Para lograr bom resultado, todo trabalho espiritual necessita de preparo. No caso do passe, deve haver preparo tanto do passista como do enfermo. Da parte do primeiro, porém, esse preparo deve ser constante, em vista das emergências que ocorrem no centro espírita e fora dele.
O ideal seria que toda aplicação de passe fosse precedida de esclarecimento doutrinário sobre os fluidos, a fé, a oração, etc. Com o estudo e as reflexões evangélicas o ambiente se tranquiliza e os fluidos atuam de forma mais adequada.
Por meio dessas atividades preparatórias, quem vai receber o passe aprende a buscar sua melhoria não somente pelo passe, mas pela eliminação de suas imperfeições morais, causa última dos seus males. Essa é a terapêutica de profundidade proposta pelo Espiritismo.
Quanto ao passista, não há necessidade que receba antes o chamado “passe de limpeza”, a fim de estar mais apto para aplicar o passe. Essa “limpeza” deve ser obtida por seus esforços em seguir as normas apontadas nas seções 6 e 7. Não é submetendo-se a uma operação momentânea que poderá tornar-se instrumento dócil e puro dos Espíritos Superiores.

b) Técnicas

Perguntado sobre qual seria a melhor técnica para a transmissão do passe (O Consolador, no 99), Emmanuel respondeu:
O passe deverá obedecer à fórmula que forneça maior percentagem de confiança, não só a quem o dá, como a quem o recebe. Devemos esclarecer, todavia, que o passe é transmissão de uma força psíquica e espiritual, dispensando qualquer contato físico na sua aplicação.
Comentando o assunto em seu livro Conduta Espírita (cap. 28), André Luiz, adverte:
Lembrar-se de que na aplicação de passes não se faz precisa a gesticulação violenta, a respiração ofegante ou o bocejo contínuo […]. A transmissão do passe dispensa qualquer recurso espetacular.
Não há técnicas únicas para aplicação do passe. O passe deve ser simples. Em qualquer caso, dispensam-se quaisquer gestos estranhos, fórmulas místicas e outros recursos espetaculares. É falta de estudo da Doutrina Espírita que tem levado a adoção de práticas estranhas nos trabalhos de passe em muitas casas espíritas.
Detalhando mais o ensino, destaquemos algumas atitudes exteriores comuns que o médium passista deve abolir:
Tilintar dos dedos, esfregar ou tremer as mãos;
Tocar o paciente. O passe não é dado no corpo físico, como já salientamos. É recomendável guardar certa distância do paciente.
Reflexos. O doador de energias pelo passe não deve se deixar influenciar pelos desarranjos emocionais e enfermiços de certos pacientes. A influencia negativa nunca atinge quem está bem física e espiritualmente, com domínio de suas emoções. É da lei que o bem dilua o mal. André Luiz conta em Nos Domínios da Mediunidade que num trabalho mediúnico se comunicou o Espírito José Maria, altamente perturbado, inferior. A médium que o serviu foi Celina, que era qual “harpa delicada” nas mãos dos Benfeitores, pelos seus dotes morais. André Luiz estranhou que justamente ela fosse a intérprete de tão perversa criatura. O Instrutor Áulus explica, porém: “Quanto aos fluidos de natureza deletéria, não precisamos teme-los. Recuam instintivamente ante a luz espiritual que os fustiga e desintegra”. De fato, a ação do bem irradiado por Celina desintegrou os fluidos perniciosos de José Maria. Se a médium não estivesse preparada os danos seriam inevitáveis. Assim também ocorre no passe.
Tomar passe após aplicá-lo. É uma pratica dispensável. Muitos passistas empregam-na por desconhecimento dos mecanismos fluídicos; alegam que é para “eliminar as más influências” e se “reabastecer”. O passe adequadamente desenvolvido não exaure quem o transmite, muito pelo contrário. No livro Conduta Espírita, André Luiz recomenda-nos “jamais temer a exaustão das forças magnéticas” (cap. 28). O médium passista é canal pelo qual circulam abundantemente as forças radiantes que emanam do “Céu”. Em sua obra Nos Domínios da Mediunidade (cap. 17), esse mesmo autor relata um diálogo de seu amigo Hilário Silva com o Instrutor Áulus. Perguntando Hilário se os trabalhadores encarnados que examinavam ministrando o passe não precisariam recear a exaustão, obtém esclarecedora resposta:
De modo algum. Tanto quanto nós, não comparecem aqui com a pretensão de serem os senhores do beneficio, mas sim na condição de beneficiários que recebem para dar. A oração, com o reconhecimento de nossa desvalia, coloca-nos na posição de simples elos de uma cadeia de socorro, cuja orientação reside no Alto. Somos nós aqui, neste recinto consagrado à missão evangélica, sob a inspiração de Jesus, algo semelhante à tomada elétrica, dando passagem à força que não nos pertence e que servirá na produção de energia e luz.
Quanto ao tempo de duração do passe, compreende-se que não seja fixo. Cabe ao passista usar o bom senso e a inspiração do momento. Demorar muito, principalmente em crianças, não é confortável e causa irritação. Não é aconselhável também acumular fluidos só numa parte do corpo, a cabeça, por exemplo.

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6. O passista: Requisitos morais.

Quem pode aplicar o passe? Essa é uma das primeiras perguntas que surgem quando pensamos na programação das atividades de passe nas casas espíritas. O conhecimento da natureza e dos mecanismos do passe nos possibilita inferir que todas as pessoas sadias poderiam, em princípio, aplicar o passe. Todas possuem fluidos, em várias gradações, naturalmente, que podem ser mobilizados pelo amor na direção do semelhante que sofre.
Mas para efetivamente nos qualificarmos como bons servidores do passe, precisamos muito esforço, muita vontade ativa, muita disciplina para irmos adquirindo certas condições mínimas, de que resumidamente trataremos nesta seção e na seguinte.
Ao comentar a passagem evangélica relatada em Mateus 8: 17, Emmanuel ressalta a influência da pureza dos sentimentos de Jesus na promoção da cura, acrescentando que o mesmo se aplica aos nossos esforços na aplicação do passe, embora ainda estejamos imensamente distantes da condição do Cristo:
Se pretendes, pois, guardar as vantagens do passe que, em substância, é ato sublime de fraternidade cristã, purifica o sentimento e o raciocínio, o coração e o cérebro. (Segue-me, cap. “O passe”, p. 134)
No capítulo 19 do livro Missionários da Luz, de André Luiz, encontramos estas significativas palavras do Instrutor Alexandre:
O missionário do auxilio magnético, na Crosta ou aqui em nossa esfera, necessita ter grande domínio sobre si mesmo, espontâneo equilíbrio de sentimentos, acendrado amor aos semelhantes, alta compreensão da vida, fé vigorosa e profunda confiança no Poder Divino.
Vemos aqui a imensa gama de conquistas requeridas de todo aquele que se propõe doar fluidos balsamizantes aos necessitados. Logo após, Alexandre faz um esclarecimento que achamos importante transcrever:
Cumpre-me acentuar todavia, que semelhantes requisitos em nosso plano constituem exigências a que não se pode fugir, quando, na esfera carnal, a boa vontade sincera, em muitos casos, pode suprir essa ou aquela deficiência, o que se justifica, em virtude da assistência prestada pelos benfeitores de nossos círculos de ação ao servidor humano, ainda incompleto no terreno das qualidades desejáveis.
O passe é um trabalho de equipe. É comum que os colaboradores encarnados mostrem maior soma de deficiências que os desencarnados, em geral mais conscientes de seus deveres e da delicadeza da tarefa. Não podendo os serviços serem prejudicados, já que é o bem do próximo que está em jogo, tais deficiências podem ser supridas pelos Espíritos, quando de nossa parte houver boa vontade e desejo sincero de ajudar. Meditando nisso, vemos como precisamos lutar por nossa melhoria integral!
Continuemos o estudo com André Luiz, acompanhando-lhe o diálogo com Alexandre:
– Ainda mesmo que o operário humano revele valores muito reduzidos, pode ser mobilizado? […]
– Perfeitamente […]. Desde que o interesse dele nas aquisições sagradas do bem seja mantido acima de qualquer preocupação transitória, deve esperar incessante progresso das faculdades radiantes, não só pelo esforço próprio, senão também pelo concurso de Mais Alto de que se fez merecedor.
Que resposta profunda! No inicio, Alexandre afirma: “Perfeitamente”, acrescentando no entanto que é mais importante o interesse do passista no seu aprimoramento do que em cuidar das coisas do mundo. Temos observado que isso nem sempre ocorre; comumente, a luta espiritualizante é deixada em segundo plano.
Os livros de André Luiz nos têm trazido lições primorosas sobre vários temas. Vamos transcrever mais um trecho do diálogo entre Hilário Silva e o Instrutor Áulus, registrado no capítulo 17 de Nos Domínios da Mediunidade”:
– Quer dizer que numa casa como esta [um centro espírita] há colaboradores espirituais devidamente fichados, assim como ocorre com médicos e enfermeiros num hospital terrestre comum?
– Perfeitamente. Tanto entre os homens como entre nós, que ainda nos achamos longe da perfeição espiritual, o êxito do trabalho reclama experiência, horário, segurança, responsabilidade do servidor fiel aos compromissos assumidos. A Lei não pode menosprezar as linhas da lógica.
– E os médiuns [Clara e Henrique]? são invariavelmente os mesmos?
– Sim; contudo, em casos de impedimento justo, podem ser substituídos, embora nessas circunstâncias se verifiquem, inevitavelmente, pequenos prejuízos resultante de natural desajuste.
E um pouco mais adiante:
– Preparam-se, os nossos amigos [Clara e Henrique], à frente do trabalho, com o auxilio da prece?
– Sem dúvida. A oração é prodigioso banho de forças, tal a vigorosa corrente mental que atrai. Por ela, Clara e Henrique expulsam do próprio mundo interior, os sombrios remanescentes da atividade comum que trazem do círculo diário de luta e sorvem do nosso plano, as substâncias renovadoras de que se repletam, a fim de conseguirem operar com eficácia a favor do próximo. Desse modo ajudam e acabam por ser firmemente ajudados.
Quantos ensinamentos para o passista! Quantas diretrizes para o preparo do doador de fluidos! Áulus afirma que o serviço de passe deve ser exercido com a mesma responsabilidade dos médicos que socorrem nos hospitais da Terra. Cada hospital possui a sua equipe de médicos, encarregados cada um de sua área, obedecendo à disciplina que o hospital estipula. Achamos importante a referência ao fichamento dos colaboradores no “hospital” do centro espírita. Como são graves as conseqüências da ausência do passista escalado no dia e hora do passe! Tudo estava programado para que os seus fluidos fossem utilizados, os Espíritos contavam com ele, mas … Nas substituições apressadas é inevitável o dano geral. Ciente disso, é importante que o passista só falte em situações excepcionais.
Outro ponto fundamental do texto transcrito é a necessidade de o passista recorrer à oração como um meio iluminado para alijar do mundo interior eventuais pensamentos sombrios, remanescentes das atividades do dia, e sorver dos bons Espíritos as substâncias renovadoras, para ajudar com eficácia o enfermo.
Com base na vasta literatura espírita sobre o assunto, tentaremos enumerar agora algumas das diretrizes que o passista deve seguir tanto em sua vivência cotidiana quanto na aplicação do passe.

a) Estudo

Na introdução de O Livro dos Espíritos, na primeira parte de O Livro dos Médiuns e em outras de suas obras, Allan Kardec ressalta a importância do estudo contínuo do Espiritismo, apresentando diversas sugestões de como ele deve ser empreendido. Há muita diferença entre ler um texto e estudá-lo, meditando sobre o seu conteúdo.
No caso do passe, é importante ter conhecimento especializado de sua natureza, seus mecanismos, seus efeitos. No capítulo 14 de O Livro dos Médiuns Kardec indaga se o poder de curar pode ser transmitido (§ 176, no 7). E os Espíritos esclarecem: – “O poder, não; mas o conhecimento de que necessita para exercê-lo, quem o possua”.
No já citado capítulo 19 de Missionários da Luz encontramos ainda a exposição de conceitos notáveis sobre o valor do conhecimento para o bom desempenho das tarefas espíritas. Ausência de estudo significa estagnação, em qualquer setor de trabalho.
Acima de tudo, o estudo metódico do Espiritismo desperta nas pessoas o desejo de amar, perdoar sempre, de incorporar em suas almas as virtudes evangélicas, essenciais para uma vida feliz.

b) Disciplina

Com o trabalho disciplinado, o espírita encontra tempo para cumprir todos os seus deveres e ser mais assíduo e pontual nas tarefas assumidas no centro espírita.
Deve-se lembrar que as tarefas espirituais não são mecânicas. O operário chega na indústria, liga as máquinas e tudo começa a funcionar. As atividades espirituais, porém, precisam de preparo íntimo, meditação, asserenamento físico e mental para serem desenvolvidas a contento.
O respeito à programação estabelecida para os trabalhos do passe é indispensável. Faltar ou chegar atrasado desorganiza o ritmo harmônico das atividades.

c) Amor

Eleger o amor como a base da vida. Ele é a maior mola do nosso progresso, rumo aos cimos onde nos aguardam a paz e a felicidade.

d) Paciência

A paciência é uma virtude imprescindível a quem se dispõe a acolher os irmãos necessitados e aflitos, que muitas vezes chegam ao centro espírita em franco destrambelho psíquico, podendo causar irritação a quem não se lembre de que é alguém que enfermou do espírito.
A afabilidade e a doçura são filhas diletas da paciência. Ouvir com paciência aquele que está em desequilíbrio, ou que desconheça os mecanismo espirituais, já é um avanço no tratamento de muitos males. O bom trabalhador espírita deve adquirir o excelente hábito de ouvir mais do que falar. Que “fale” sobretudo com o coração, pelas emissões do bem.

e) Vivência cristã constante

É muito bom termos ímpetos generosos; mas é melhor ainda que a generosidade seja constante em todas as nossas atitudes. Nos momentos floridos é muito fácil assumir atitudes cristãs. Na hora dos testemunhos expiatórios, dos testes com pessoas difíceis, porém, o grito de cólera, a critica contumaz, os pensamentos menos nobres invadem o nosso ser, ainda próximo da irracionalidade. Como consequência, surgem os distúrbios incômodos da depressão, do desânimo, do suicídio, dos processos obsessivos cruéis.

f) Equilíbrio emocional

O equilíbrio emocional um requisito bastante difícil, mas que pode ser conquistado. Para essa conquista é preciso que não nos desgastemos com mágoas excessivas, paixões, ressentimentos, temores, nervosismo, etc. São estados doentios que expressam a falta de fé nos desígnios divinos. A oração e o serviço ao próximo são notáveis recursos para o equilíbrio emocional.
Devemos abster-nos de dar passe quando em desequilíbrio espiritual, pois os fluidos ficam como que “poluídos”.

g) Preparo contínuo

A necessidade de aplicar passe em alguém pode surgir a qualquer momento. Daí a importância de o passista estar sempre preparado, mesmo durante o seu trabalho profissional ou nos momentos de lazer.
Os bons Espíritos precisam contar conosco para as tarefas de emergência, às vezes fora da casa espírita. Podem mobilizar nossos recursos para atender nossos irmãos mais carentes sem mesmo tomarmos consciência disso, na via pública, no ônibus, no local de trabalho, numa visita fraterna, etc.

h) Fé e oração

Devemos ter confiança absoluta na misericórdia e justiça de Deus, lembrando que é dela que, em última instância, provêm os recursos terapêuticos do passe. A prece, a meditação, estabelecem nossa ligação com os emissários divinos, criando um clima excelente para o êxito do trabalho espiritual.

principios espíritas

7. O passista: Requisitos físicos.

Depois de havermos apontado alguns dos requisitos morais, tão difíceis de conquistar, faremos alguns comentários sobre as condições físicas de quem ministra o passe.

I) Higiene

A higiene é um dos requisitos básicos para a saúde. Além de beneficiar o passista, a sua higiene representa respeito para os que vão receber o passe.

II) Alimentação

A alimentação deve ser equilibrada, adequada ao organismo, sem os excessos da gula e do jejum. Hábitos alimentares sadios, com a ingestão de frutas, legumes, verduras fazem bem não só aos passistas, mas a qualquer pessoa. O trabalhador dos serviços de passe e, aliás, da mediunidade em geral, não deve apresentar-se de estômago cheio; nas horas que antecedem as atividades deve evitar a ingestão de alimentos de difícil digestão, como carnes e gorduras, de condimentos fortes e de excitantes, como café, chás (exceto de ervas), etc.

III) Vícios: álcool, fumo, tóxicos

É fácil compreender que uma pessoa que assista a necessitados na área do passe, ou em outras tarefas mediúnicas, deve abster-se completamente de tais vícios. Eles lesam o organismo, obscurecem o raciocínio, impregnam negativamente os fluidos a serem mobilizados a favor do próximo e propiciam a atração de Espíritos inferiores que, mesmo desencarnados, querem continuar cultivando-os. Sabemos do imenso zelo dos bons Espíritos que cooperam nas atividades do passe na casa espírita no sentido de anular a ação maléfica das substâncias tóxicas que ingerimos. Apresentando-nos nessas condições lamentáveis desrespeitamos não apenas esses Espíritos, dando-lhes redobrado trabalho, mas também as pessoas que vão, confiantes, receber o passe.

IV) Conduta sexual

A atividade sexual em si é instintiva, mas o seu uso é moral. O sexo só deve ser exercido com equilíbrio, nobreza, acompanhado do verdadeiro amor.

V) Hábito do Jogo

O hábito do jogo é assunto muito discutido no Movimento Espírita. Alguns segmentos admitem certos jogos, como rifas ou bingos, para ajudar o centro espírita. No entanto, devemos refletir se, acolhendo esse tipo de atividade em nosso meio não estaríamos de alguma forma apoiando a visão de que devemos buscar o ganho material fácil na chamada “sorte”, em detrimento do trabalho, por humilde que seja. A manutenção material dos centros de fato constitui problema comum e difícil para os dirigentes, pois os colaboradores nem sempre se dão conta de que lhes cumpre o dever de ajudá-lo materialmente, na medida de suas possibilidades, é claro.
Não apresenta os inconvenientes dos jogos de azar a confecção de produtos, como roupas, alimentos, móveis, etc. e a sua venda, em benefício do centro, desde que ninguém seja moralmente constrangido a participar dessas atividades, e desde que se evite de forma absoluta pedir-se produtos e favores a pessoas não espíritas e políticos.
Alega-se também que os jogos sem apostas servem como distração; um baralho nas manhãs ou tardes domingueiras para passar o tempo, por exemplo. É claro que ao espírita não estão interditas as diversões sadias. Mas será que o verdadeiro espírita dispõe de tanto tempo que precisa jogar para passar? E o tempo para as leituras e estudos edificantes? E o preparo das aulas, a caridade, o trabalho fraterno? Será que os grandes luminares do Espiritismo precisaram arranjar passatempos?

8. O enfermo

a) Posição mental para receber o passe

Para que obtenha melhora, as pessoas que buscam o recurso do passe devem ter postura mental adequada. A esse respeito, é interessante consultarmos o item 10 do capítulo 15 de A Gênese. Kardec analisa aí a passagem evangélica da mulher hemorroíssa (Marcos, 5: 25-34), uma das inúmeras curas operadas por Jesus. Vejamos este trecho:
Considerado como matéria terapêutica, o fluido tem que atingir a matéria orgânica, a fim de repará-la; pode então ser dirigido sobre o mal pela vontade do curador, ou atraído pelo desejo ardente, pela confiança, numa palavra: pela fé do doente. Com relação à corrente fluídica, o primeiro age como uma bomba calcante e o segundo como uma bomba aspirante.
Aquele que vai receber o passe deve pautar-se na atitude da mulher hemorroíssa, que foi curada porque, pela sua ardente fé, aspirou, atraiu, assimilou os fluidos amorosos de Jesus. Razão tinha pois o Mestre para dizer-lhe: “Tua fé te salvou”.
Sabemos que os fluidos são assimilados pelo perispírito, que possui, dentre outras, a notável propriedade de absorver fluidos ambientes. Constatamos, assim, a grande importância da postura mental e espiritual do enfermo, com o pensamento em prece, em ligação constante com os bons Espíritos, para que o passe seja eficaz.

b) Posição física para receber o passe

Quem vai receber o passe deve ficar na posição que lhe dê mais conforto físico. O passe transmite-se ao perispírito, independentemente da posição do corpo físico. Dependendo do lugar, pode ficar deitado, sentado ou de pé. Mas em qualquer caso, deverá ficar descontraído, respirando normalmente.
Não há necessidade de ficar com as mãos espalmadas para cima, como se fossem “receber” algo material.
Certas pessoas alegam que não se devem cruzar os braços ou as pernas, porque tais posturas dificultariam a “circulação” dos fluidos. Parece-nos, porém, que se não devemos cruzar os membros é apenas porque isso em geral atrapalha a circulação sanguínea e gera tensões musculares.
Sensações de calor, frio, tremor, suor, arrepio, choro podem ocorrer durante o passe. São, geralmente, motivadas por causas psicológicas. O misticismo, de que muitos ainda se não desvencilharam, pode provocar efeitos ilusórios variados.
Nem o passista nem o paciente precisam retirar pulseiras, colares, relógios, óculos, sapatos, etc. Tais objetos não interferem no passe, porque são de natureza diversa daquela dos fluidos.
Vemos alguns fumantes que apressam-se em alijar-se momentaneamente do maço de cigarros. A presença dos cigarros não é, em si, o problema. O problema sério é o hábito de fumar, que intoxica o organismo, atuando em sentido contrário ao do passe, quando recebido.

9. Quando receber o passe

Não abuses, sobretudo, daqueles que te auxiliam. Não tomes o lugar do verdadeiramente necessitado, tão só porque os teus caprichos e melindres pessoais estejam feridos.

Emmanuel, Segue-me, p. 134

respostas

A ninguém imponhas precipitadamente as mãos.

Paulo, I Timóteo 5: 22
Dessas sábias advertências de Emmanuel e do Apóstolo dos Gentios concluímos que as pessoas só devem buscar os recursos do passe quando têm realmente necessidade. Passe é remédio. E todo remédio só se toma quando necessário, na dose certa e até que se recupere a saúde. Se estamos bem, o passe é dispensável.
No capítulo 28 de Conduta Espírita, André Luiz recomenda-nos “esclarecer os companheiros quanto à inconveniência da petição de passe todos os dias, sem necessidade real, para que esse gênero de auxílio não se transforme em mania.”
Se a pessoa não precisa de passe, devemos esclarecê-la a esse respeito, orientando-a para o estudo doutrinário e o serviço ao próximo. Devemos lembrar-nos que os problemas do nosso dia podem ser resolvidos com bom senso, honestidade, equilíbrio e muita disciplina.
Em seu livro Segue-me, Emmanuel assim se expressa sobre a questão de quem necessita do passe: “O passe exprime também gastos de forças, e não deves provocar o dispêndio de energias do Alto, com infantilidades e ninharias” (p. 134).
Muitas pessoas que buscam o passe deveriam igualmente buscar a ajuda da medicina humana. Allan Kardec advertiu diversas vezes que diante de qualquer distúrbio, deve-se antes de mais nada pesquisar suas possíveis causas orgânicas. Não a função do passe e do Espiritismo substituir os métodos da ciência no tratamento das enfermidades. O Espiritismo visa, em primeiro lugar, a esclarecer a criatura, para que corrija o seu proceder moral, forrando-se assim às necessidades de expiar e de sofrer. Depois, objetiva a suplementar o tratamento médico, renovando os fluidos vitais do enfermo pela aplicação do passe e da água fluidificada.
Quando tudo o que puder ser feito na esfera médica e espírita estiver sendo feito, a Doutrina Espírita nos esclarece que a dor estará sendo necessária para a evolução do enfermo, devendo ser enfrentada com resignação.
Nos que padecem enfermidades irreversíveis o passe produz efeito benéfico, muito ajudando-os a suportar a suas dores, e contribuindo para tornar menos penoso o processo da desencarnação.
Nos casos de obsessão o passe pode contribuir para desligar o obsessor do psiquismo do obsidiado. Mas esse desligamento não constitui terapêutica de base. Obtida assim uma “trégua”, é necessário que o hospedeiro das influências maléficas seja orientado a buscar os recursos do Evangelho e da Doutrina Espírita para a sua libertação definitiva, transformando seu padrão mental e moral.
O passe é também usado como tratamento abençoado para os Espíritos sofredores do mundo espiritual. Isso pode ocorrer quando a pessoa encarnada que recebe o passe está intimamente vinculada a um Espírito, que então se beneficia igualmente dos recursos fluídicos. O passe pode também ser ministrado por um Espírito sobre outro, no Mundo Espiritual, como se relata, por exemplo, nos capítulos 22 a 25 do livro Os Mensageiros, de André Luiz.

10. O recinto do passe

De ambiente poluído nada de bom se pode esperar.
André Luiz, Conduta Espírita, cap. 28.
O lugar mais adequado para a transmissão do passe é o centro espírita, que, pela natureza de suas atividades, constitui o núcleo mais importante de assistência a encarnados e desencarnados no que tange ao socorro de ordem espiritual.
Se possível, deve-se reservar uma sala especial para essa tarefa, na qual se reúnem sublimados recursos fluídicos movimentados pelos pensamentos elevados e pelas preces.
A sala de passes deve ser simples, mas muito limpa, arejada, ensolarada. Os Espíritos auxiliam na preparação do ambiente espiritual, porém não podem usar vassoura, água e sabão.
É desnecessária a sua decoração com quadros e fotos dos fundadores desencarnados. Todo o centro espírita, aliás, dispensa quaisquer objetos de culto, como placas, retratos, bustos, monumentos, recintos com nomes de mentores. Por outro lado, são apreciadas as flores, em vasos ou em latadas nos pátios e jardins, onde os Espíritos e os frequentadores haurem as energias das plantas e se encantam com o Belo.
Quanto à iluminação da sala de passes, podemos dizer que a luz reduzida pode auxiliar na manipulação dos fluidos pelos Espíritos. Mas é preferível a claridade suave ao escuro completo. Este pode suscitar idéias de misticismo, medo e até malícia nas mentes menos equilibradas.
O passe pode ser aplicado também nos lares, hospitais, creches, trabalho, ruas, etc., com a devida discrição. Se não houver um ambiente reservado, no qual só estejam presentes pessoas que entenderão e contribuirão positivamente com a tarefa, devemos abster-nos de qualquer prática ostensiva. Neste caso, recorreremos à oração silenciosa, pedindo aos Bons Espíritos que aproveitem, se possível, os nossos recursos fluídicos no auxílio ao próximo. Assim, podemos transmitir o passe com um abraço, um aperto de mão ou com um simples olhar de amor. O passe é dado sem ser percebido por curiosos.
Sempre, porém, que o enfermo puder se locomover até o centro espírita, deveremos pedir que o faça, para receber o passe. Dessa forma, também aproveitará as preleções evangélicas e doutrinárias, que devem sempre anteceder a transmissão dos passes, despertando para os valores nobres da vida, meditando sobre suas ações, corrigindo rumos.
Algumas pessoas têm vergonha de serem vistas no centro espírita, e então solicitam que a equipe do passe vá até sua casa. Nesse caso devemos sugerir-lhe a modificação de atitude e, não obtendo sucesso, delicadamente abster-nos de atender-lhe ao apelo pouco razoável. Evidenciará ainda não estar disposto a trocar seus preconceitos e idéias antigas pelos valores espirituais. Foi por conhecer a relutância da criatura humana em fazer essa transformação que Jesus asseverou, em linguagem figurada: “Porque se alguém, nesta geração adúltera e pecadora, se envergonhar de mim e das minhas palavras, também dele se envergonhará o Filho do homem, quando vier na glória de seu Pai com os santos anjos.” (Marcos 8: 38, Lucas 9: 26) Não é que devamos nos vingar dessa pessoa, ou ficar magoados com ela; mas devemos deixar que o tempo opere seu amadurecimento.
Mesmo no caso de impedimento por enfermidade, só deveremos aplicar passes fora do centro quando forem solicitados pelo enfermo ou, no absoluto impedimento deste, por sua família. Temos notícias de casos em que familiares ou amigos solicitaram passe para um enfermo que, na hora, o rejeitou. Nesses casos, o passe não teria efeito.
O passe fora do centro espírita tem o inconveniente do ambiente possivelmente desfavorável, impregnado de miasmas fluídicos de ira, maledicência, alcoólicos, de fumo etc. Mesmo assim, é caridade atender e vencer com equilíbrio os obstáculos, quando houver um pedido sincero e um mínimo de boa vontade por parte do enfermo e seus familiares. O bom senso e a caridade são sempre os elementos que devem preponderar na tomada de qualquer decisão a esse respeito. Não devemos nos impor regras inflexíveis e automatizadas em tarefas desse gênero.

11. Os efeitos do passe

Existem vários fatores que influem nos efeitos do passe. A despeito da ajuda segura dos bons Espíritos, o resultado dependerá das condições do enfermo e também do passista, se bem que as deficiências deste possam em geral ser supridas pelos Espíritos.
Temos observado que algumas pessoas se sentem curadas, outras apenas melhoram, enquanto outras ainda permanecem completamente impermeáveis aos recursos do passe.
O clima de fraternidade, simpatia entre o passista e o enfermo é condição importantíssima para que o passe produza bons resultados.
A fé é outro fator relevante. Observamos que muitos não voltam mais ao centro espírita após constatarem que não obtiveram melhoras imediatas. Na sua ignorância, alegam que o centro é “fraco”, ou mesmo descreem completamente dos recursos fluídicos e dos mecanismos divinos.
O passista não deve aplicar-se em demasia no exame dos resultados do passe. Empenhe-se em cumprir os requisitos que se exigem de sua posição, e confie na Providência Divina, que saberá, melhor do que ele, quais as reais condições de cada enfermo, quais os seus méritos e suas necessidades provacionais e expiatórias. Nunca se envaideça de eventuais resultados positivos, lembrando sempre de que a fonte última de todo o bem é Deus.
Antes de cogitarmos, em vão, acerca do merecimento que tenhamos, procuremos dar novos rumos aos nossos passos, para irmos ao encontro dos necessitados; às nossas mãos, para que elas abençoem, agasalhem, acariciem;. ao nosso coração, para aprendermos amar os semelhantes. Imprimamos novas diretrizes aos nossos hábitos infelizes. Acendamos novas luzes para os nossos pensamentos e sentimentos. Adotemos atitudes cristãs no lar, no trabalho, no mundo!

12. A água fluidificada

É assim que as mais insignificantes substâncias, como a água, por exemplo, podem adquirir qualidades poderosas e efetivas, sob a ação do fluido espiritual ou magnético, ao qual elas servem de veículo, ou se quiserem, de reservatório.
Kardec, A Gênese, cap. 15, § 25
A água é dos corpos mais simples e receptivos da Terra. É como que a base pura, em que a medicação do Céu pode ser impressa, através de recursos substanciais de assistência ao corpo e à alma, embora em processo invisível aos olhos mortais.
Emmanuel, Segue-me, p. 131.
Por essas assertivas, aprendemos que água é passível de adquirir qualidades diversas, de natureza sutil ou “fluídica”, ao influxo da vontade de um agente. No meio espírita, a água modificada pela ação de Espíritos desencarnados ou encarnados no sentido de tornar-se medicamentosa ficou conhecida como “água fluidificada” ou “magnetizada”. Trata-se de expressões impróprias, mas que o uso já consagrou. (Do ponto de vista da física, a água pura que bebemos já é um fluido, e não é suscetível de magnetizar-se por um ímã, por exemplo.)
A água dita “fluidificada” é, na verdade, um veículo de recursos medicamentosos que atuam no perispírito. Indiretamente, contribui para o restabelecimento do corpo carnal. Em seu livro Fluidos e Passes Therezinha Oliveira assim se refere à ação da água fluidificada (p. 89):
Ao ser ingerida, […] é metabolizada pelo organismo, que absorve as quintessências que vão atuar no perispírito, à semelhança de medicamento homeopático.
A água fluidificada é indicada nos casos de carência fluídica, comuns quando há desequilíbrio emocional, debilitação orgânica por enfermidade, nos desgastes por processo obsessivo, nas lesões de órgãos, etc.
Sendo uma espécie de medicamento, não devemos abusar de sua utilização, tornando sua ingestão um hábito indiscriminado.
A água pode ser fluidificada para uso geral ou para determinado enfermo. Isso deve ser claramente considerado quando mobilizamos a nossa vontade com o objetivo de preparar a água. Como no último caso a água adquire propriedades específicas para a pessoa que temos em vista, não deve ser usada por outras pessoas.
Para fluidificar a água não é necessário impor as mãos sobre ela. Muito receptiva aos fluidos espirituais, a água se torna remédio salutar pela ação da prece em ambientes de silêncio e respeito, onde há vontade ardente de ajudar o semelhante necessitado. Como o passe, a fluidificação é uma tarefa executada pelos Espíritos bons com a ajuda dos recursos humanos.

13. Jesus – O Divino Modelo

Qual o tipo mais perfeito que Deus tem oferecido ao homem, para lhe servir de guia e modelo? “Jesus”.
O Livro dos Espíritos, questão no 625.
Jesus pertence à classe dos Espíritos Puros, aqueles que já atingiram a perfeição máxima, como se explica na questão 97 de O Livro dos Espíritos. Para a humanidade terrena, Jesus ocupa uma posição especial, tendo-se encarregado de conceber e coordenar a formação e a evolução do planeta e dos seres vivos que o têm habitado.
Pastor de nossas almas, vela incessantemente por nosso bem, conduzindo-nos com acendrado amor ao aprisco divino. E nós, que aspiramos à condição de seus discípulos humildes, devemos empenhar-nos para seguir-Lhe as pegadas sublimes.
Todos os aspectos de Sua passagem na Terra fornecem-nos exemplos a serem imitados. Acima de tudo, devemos inspirar-nos em sua conduta moral, marcada pelo amor puro que distribuía entre todos e tudo que encontrava. Em muitas ocasiões, a mobilização desse amor deu-se na forma de alívio para as dores, nas múltiplas expressões das enfermidades orgânicas e espirituais. Cegueiras e paralisias, ulcerações e debilidades, processos letárgicos e obsessivos foram por Ele sanados ou aliviados.
As numerosas curas operadas pelo Mestre foram em geral tidas por milagrosas. Coube ao Espiritismo a sua explicação racional, pela ação fluídica impulsionada por uma poderosa vontade.
Foi no último livro que publicou A Gênese, os Milagres e as Predições segundo o Espiritismo que Kardec examinou alguns dos principais feitos materiais de Jesus, destacando-se entre eles as curas de diversas doenças e limitações orgânicas. Devemos, a esse respeito, consultar os capítulos 13, 14 e 15. No último deles são analisados, de forma particular, os casos da mulher hemorroíssa (Mc 5: 25-34), do cego de Betsaida (Mc 8: 22-26), do paralítico de Cafarnaum (Mt 9: 1-8), dos dez leprosos (Lc 17: 11-19), do homem da mão seca (Mc 3: 1-8), da mulher curvada (Lc 13: 10-17), do paralítico da piscina de Betesda (Jo 5: 1-17), do cego de nascença (Jo 9: 1-34), além de vários casos de “possessões” e “ressurreições”.
É de notar-se que ao propiciar alívio para as dores físicas Jesus costumava concitar os beneficiados à renovação moral, à liberação dos “pecados”, para que “coisas piores” não lhe adviessem, ensinando-nos assim a correlação que existe entre as nossas condições moral e física.
Aprendemos, em Espiritismo, que as raízes profundas de nossos males residem na alma. Purificada esta, o corpo se melhorará naturalmente, num prazo maior ou menor, dependendo das características de nosso caso. De nada adianta procurarmos a cura das enfermidades físicas, tanto pela medicina da terra como pela do céu, se permanecermos desatentos com o nosso procedimento moral. Busquemos, pois, aprimorar-nos de maneira integral, pautando-nos sempre no exemplo de Jesus-Cristo e daqueles que ao longo dos séculos o têm seguido.
14. Referências bibliográficas
ANDRÉ LUIZ. Os Mensageiros. (F.C. Xavier.) 13a ed., Rio, FEB.
—–. Missionários da Luz. (F.C. Xavier.) 14a ed., Rio, FEB.
—–. Conduta Espírita. (Waldo Vieira.) 8a ed., Rio, FEB.
—–. Nos Domínios da Mediunidade. (F.C. Xavier.) 13a ed., Rio, FEB.
—–. “O passe”. In: Opinião Espírita. Emmanuel e André Luiz. (F.C. Xavier e Waldo Vieira). 5a ed., Uberaba, CEC, 1982.
EMMANUEL. O Consolador. (F.C. Xavier.) 8a ed., Rio, FEB.
—–. Caminho, Verdade e Vida. (F.C. Xavier.) 9a ed., Rio, FEB.
—–. Segue-me. (F.C. Xavier.) 5a ed., Matão, O Clarim, 1982.
—–. Pão Nosso. (F.C. Xavier.) 1a ed., Rio, FEB, 1950.
KARDEC, A. O Livro dos Espíritos. (Trad. Guillon Ribeiro.) 76a ed., Rio, FEB.
——. O Evangelho Segundo o Espiritismo. (Trad. Guillon Ribeiro.) 113a ed., Rio, FEB.
—–. A Gênese. (Trad. Guillon Ribeiro.) 19 ed., Rio, FEB.
OLIVEIRA, T. (org.) Fluidos e Passes. 1a ed., Capivari, EME, 1995.

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