Sou Um Simples Pregador de Cartazes Convidado à Festa

chico emmanuel

Festa do Reino

Sou um simples pregador
de cartazes convidado à
Festa do Reino.

Emmanuel

espiritismo

As vidas de Emmanuel

Emmanuel, exatamente assim, com dois “m” se encontra grafado o nome do espírito, no original francês “L’évangile selon le spiritisme”, em mensagem datada de Paris, em 1861 e inserida no cap. XI, item 11 da citada obra, intitulada

“O egoísmo”.

O nome ficou mais conhecido, entre os espíritas brasileiros, pela psicografia do médium mineiro Francisco Cândido Xavier. Segundo ele, foi no ano de 1931 que, pela primeira vez, numa das reuniões habituais do Centro Espírita, se fez presente o bondoso espírito Emmanuel.
Descreve Chico: “Via-lhe os traços fisionômicos de homem idoso, sentindo minha alma envolvida na suavidade de sua presença, mas o que mais me impressionava era que a generosa entidade se fazia visível para mim, dentro de reflexos luminosos que tinham a forma de uma cruz”.
Convidado a se identificar, apresentou alguns traços de suas vidas anteriores, dizendo-se ter sido senador romano, descendente da orgulhosa “Gens Cornelia” e, também sacerdote, tendo vivido inclusive no Brasil.
De 24 de outubro de 1938 a 9 de fevereiro de 1939, Emmanuel transmitiu ao médium mineiro as suas impressões, dando-nos a conhecer o orgulhoso patrício romano Públio Lentulus Cornelius, em vida pregressa Públio Lentulus Sura, e que culminou no romance extraordinário: Há dois mil anos.
Públio é o homem orgulhoso, mas também nobre. Roma é o seu mundo e por ele batalha.
Não admite a corrupção, mostrando, desde então, o seu caráter íntegro. Intransigente, sofre durante anos, a suspeita de ter sido traído pela esposa a quem ama.
Para ela, nos anos da mocidade, compusera os mais belos versos: “Alma gêmea da minh’alma / Flor de luz da minha vida / Sublime estrela caída / Das belezas da amplidão…” e, mais adiante: “És meu tesouro infinito / Juro-te eterna aliança / Porque eu sou tua esperança / Como és todo o meu amor!”.
Tem a oportunidade de se encontrar pessoalmente com Jesus, mas entre a opção de ser servo de Jesus ou servo do mundo, escolhe a segunda.
Não é por outro motivo que escreve, ao início da citada obra mediúnica: “Para mim essas recordações têm sido muito suaves, mas também muito amargas. Suaves pela rememoração das lembranças amigas, mas profundamente dolorosas, considerando o meu coração empedernido, que não soube aproveitar o minuto radioso que soara no relógio da minha vida de Espírita, há dois mil anos.”.
Desencarnou em Pompéia, no ano de 79, vítima das lavas do vulcão Vesúvio, cego e já voltado aos princípios de Jesus.
 

MENTE CORAÇÃO VERDADE AMOR

Ciência Espírita prática

Critérios para uma análise justa das comunicações dos Espíritos A maneira de conversar com os Espíritos é, pois, uma verdadeira arte, que exige tato, conhecimento do terreno que pisamos e constitui, a bem dizer, o Espiritismo prático.

Allan Kardec 1

DECEPÇÕES

ANÁLISE DAS COMUNICAÇÕES 

Uma das maiores dificuldades com que nos deparamos na prática da Ciência Espírita, quando queremos nos instruir com os Espíritos, é a análise das suas comunicações.
Todavia, em suas obras Allan Kardec e os bons Espíritos não pouparam esforços para nos ensinar a fazer uma boa apreciação das comunicações dos Espíritos. No entanto, quando temos sob as vistas uma comunicação que nos cumpre analisar, nem sempre nos vêm à lembrança todos os critérios estabelecidos para fazermos um bom juízo do seu conteúdo.
Por essa razão, nosso objetivo ao compor este material foi recolher os critérios que encontramos nas obras de Allan Kardec e que julgamos essenciais para uma boa apreciação das comunicações dos Espíritos. É provável que não tenhamos nos dado contas de todos eles, e ficaremos gratos se recebermos a sua contribuição para melhorar este quadro.
O critério metodológico adotado por Kardec na busca da verdade Vamos iniciar este trabalho partindo do ponto mais alto e abrangente para irmos nos aproximando dos detalhes.
É em A Gênese, último livro escrito por Kardec, que encontramos o critério metodológico, supremo, pelo qual ele mesmo se guiou na construção da Ciência Espírita e que deve nortear também a nossa busca da verdade, no Espiritismo prático.

BEM E O MAL

Vejamos o que disse Allan Kardec em A Gênese:

“Deus é, pois, a inteligência suprema e soberana, é único, eterno, imutável, imaterial, onipotente, soberanamente justo e bom, infinito em todas as perfeições, e não pode ser diverso disso.
Tal o eixo sobre que repousa o edifício universal. Esse o farol cujos raios se estendem por sobre o Universo inteiro, única luz capaz de guiar o homem na pesquisa da verdade. Orientando-se por essa luz, ele nunca se transviará. Se,
portanto, o homem há errado tantas vezes, é unicamente por não ter seguido o roteiro que lhe estava indicado.
Tal também o critério infalível de todas as doutrinas filosóficas e religiosas.
Para apreciá-las, dispõe o homem de uma medida rigorosamente exata nos atributos de Deus e pode afirmar a si mesmo que toda teoria, todo princípio, todo dogma, toda crença, toda prática que estiver em contradição com um só que seja desses atributos, que tenda não tanto a anulá-lo, mas simplesmente a diminuí-lo, não pode estar com a verdade.
Em filosofia, em psicologia, em moral, em religião, só há de verdadeiro o que não se afaste, nem um til, das qualidades essenciais da Divindade. A religião perfeita será aquela de cujos artigos de fé nenhum esteja em oposição àquelas qualidades; aquela cujos dogmas todos suportem a prova desse controle sem nada sofrerem.”
(A Gênese – A Gênese, cap. II – Deus – Da natureza Divina, itens 8 a 19.)
Vale lembrar que “o Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende
todas as consequências morais que decorrem dessas mesmas relações.”2
Se a filosofia espírita compreende todas as consequências morais que decorrem das relações com os Espíritos, então é preciso todo rigor na análise das ideias que nos chegam deles, se não quisermos nos deixar guiar por Espíritos mentirosos ou pseudossábios.
Dentre os atributos da Divindade, a justiça e a bondade foram sempre consideradas por Kardec na apreciação de uma nova lei que ele observada ou lhe era revelada pelos Espíritos. Já temos então dois aspectos a observar nas
comunicações dos Espíritos: a justiça e a bondade.
Elementos a serem considerados na prática da Ciência Espírita “Laboraria, pois, em erro quem, simplesmente por ter ao seu alcance um bom médium, ainda mesmo com a maior facilidade para escrever, entendesse de querer obter por ele boas comunicações de todos os gêneros. A primeira condição é, sem contradita, certificar-se da fonte donde elas emanam, isto é, das qualidades do Espírito que as transmite; porém, não é menos necessário ter em vista as qualidades do instrumento oferecido ao Espírito. É preciso, portanto, estudar a natureza do médium, como se estuda a natureza do Espírito, porquanto são esses os dois elementos essenciais para a obtenção de um resultado satisfatório.
Um terceiro existe, que desempenha papel igualmente importante: é a intenção, o pensamento íntimo, o sentimento mais ou menos louvável de quem interroga. Isto facilmente se concebe. Para que uma comunicação seja boa, preciso é que proceda de um Espírito bom; para que esse bom Espírito a POSSA transmitir indispensável lhe é um bom instrumento; para que QUEIRA transmiti-la, necessário se faz que o fim visado lhe convenha.
O Espírito, que lê o pensamento, julga se a questão que lhe propõem merece resposta séria e se a pessoa que lha dirige é digna de recebê-la. A não ser assim, não perde seu tempo em lançar boas sementes em cima de pedras e é quando os Espíritos levianos e zombeteiros entram em ação, porque, pouco lhes importando a verdade, não a encaram de muito perto e se mostram geralmente pouco escrupulosos, quer quanto aos fins, quer quanto aos meios.3
Do item acima destacamos os seguintes elementos que devem ser levados em conta na interação com os Espíritos:
1. A FONTE, ou seja, o Espírito que se comunica, sua natureza boa ou má.
Podemos julgar das qualidades do Espírito guiando-nos pela escala Espírita, itens 100 a 113 do Livro dos Espíritos;
2. O INSTRUMENTO oferecido ao Espírito, isto é, o médium, sua natureza boa ou má;
3. O EVOCADOR, ou seja, a pessoa que interroga o Espírito, sua intenção, seu sentimento íntimo;
Por fim, além do médium e do evocador, que pode ser o próprio médium, há que considerar também o MEIO que os rodeia, isto é, os demais membros do grupo ou os convidados, se houver.
Importante lembrar ao estudioso da Ciência Espírita que tanto o Espírito que se comunica quanto o médium que lhe serve de instrumento, são dotados de vontade própria, ao contrário do que ocorre com o estudo da matéria, que se submete, feito pelas ciências ordinárias.

EVANGELHO DE JESUS

A FONTE

Sobre a natureza dos Espíritos que se comunicam Estudando-se cuidadosamente o caráter dos Espíritos que
se apresentam, sobretudo do ponto de vista moral, reconhecem-se-lhes a natureza e o grau de confiança que
devem merecer. O bom-senso não poderia enganar.4
Vamos examinar primeiramente o que se deve levar em conta nas análises a respeito da FONTE de onde as comunicações emanam, e os meios de que podemos lançar mão para julgar da natureza dos Espíritos.
“Se a identidade absoluta dos Espíritos é, em muitos casos, uma questão acessória e sem importância, o mesmo já não se dá com a distinção a ser feita entre bons e maus Espíritos; sua individualidade pode nos ser indiferente, sua
qualidade jamais. Em todas as comunicações instrutivas é, pois, sobre este ponto que se deve fixar toda a atenção, porque só ele nos pode dar a medida da confiança que devemos ter no Espírito que se manifesta, seja qual for o nome sob que o faça. É bom, ou mau, o Espírito que se manifesta? Em que grau da escala espírita se encontra? Eis aí uma questão capital. (Veja-se: “Escala espírita”, em O Livro dos Espíritos, n . 100.)5
“Já dissemos que os Espíritos devem ser julgados, como os homens, pela linguagem de que usam. Suponhamos que um homem receba vinte cartas de pessoas que lhe são desconhecidas; pelo estilo, pelas ideias, por uma imensidade
de indícios, enfim, verificará se aquelas pessoas são instruídas ou ignorantes, polidas ou mal-educadas, superficiais, profundas, frívolas, orgulhosas, sérias, levianas, sentimentais, etc. Assim, também, com os Espíritos; devemos considerá-los correspondentes que nunca vimos e procurar conhecer o que pensaríamos do saber e do caráter de um homem que dissesse ou escrevesse tais coisas. Pode estabelecer-se como regra invariável e sem exceção que – a linguagem dos Espíritos está sempre em relação com o grau de sua elevação.
Os Espíritos realmente superiores não só dizem unicamente coisas boas, como também as dizem em termos isentos, de modo absoluto, de toda trivialidade. Por melhores que sejam essas coisas, se uma única expressão denotando baixeza as macula, isto constitui um sinal indubitável de inferioridade; com mais forte razão, se o conjunto do ditado fere as conveniências pela sua grosseria. A linguagem revela sempre a sua procedência, quer pelos pensamentos que exprime, quer pela forma, e, ainda mesmo que algum Espírito queira iludir-nos sobre a sua pretensa superioridade, bastará conversemos algum tempo com ele para a apreciarmos.
Inteligência não quer dizer superioridade moral “A bondade e a benevolência são atributos essenciais dos Espíritos
depurados. Não têm ódio, nem aos homens, nem aos outros Espíritos. Lamentam as fraquezas, criticam os erros, mas sempre com moderação, sem fel e sem animosidade. Admita-se que os Espíritos verdadeiramente bons só podem querer o bem e dizer apenas coisas boas e se concluirá que tudo o que denote, na linguagem dos Espíritos, falta de bondade e de benevolência não pode emanar de um bom Espírito.
“A inteligência está longe de ser um indício certo de superioridade, porquanto a inteligência e a moral nem sempre andam emparelhadas. Pode um Espírito ser bom, afável, e ter conhecimentos limitados, ao passo que outro,
inteligente e instruído, pode ser muito inferior em moralidade.
É crença bastante generalizada que, interrogando-se o Espírito de um homem que, na Terra, foi douto em certa especialidade, com mais segurança se obterá a verdade. Isto é lógico, e no entanto nem sempre é verdadeiro.
experiência demonstra que os doutos, tanto quanto os demais homens, sobretudo os desencarnados de pouco tempo, ainda se acham sob o império dos preconceitos da vida corpórea; eles não se despojam imediatamente do espírito de sistema. Pode pois, acontecer que, sob a influência das ideias que esposaram em vida e das quais fizeram para si um título de glória, vejam com menos clareza do que supomos. Não apresentamos este princípio como regra; longe disso. Dizemos apenas que o fato se dá e que, por conseguinte, a ciência humana que eles possuem não constitui sempre uma prova da sua infalibilidade, como Espíritos.
Os Espíritos pseudossábios são os mais perigosos “Há Espíritos obsessores sem maldade, que alguma coisa mesmo têm de bom, mas têm o orgulho do falso saber; têm suas ideias, seus sistemas sobre as ciências, a economia social, a moral, a religião, a filosofia; eles querem fazer prevalecer sua opinião, e para isso buscam médiuns bastante crédulos para os aceitar de olhos fechados, e que eles fascinam para os impedir de discernirem o verdadeiro do falso.
Esses são os mais perigosos, porque os sofismas nada lhes custam e podem fazer acreditadas as mais ridículas utopias. Como conhecem o prestígio dos grandes nomes, não têm nenhum escrúpulo em se adornarem com
um daqueles diante dos quais nos inclinamos, e não recuam sequer ante o sacrilégio de se dizerem Jesus, a Virgem Maria, ou um santo venerado. Procuram deslumbrar com uma linguagem pomposa, mais pretensiosa do que profunda, eriçada de termos técnicos, e ornada das grandes palavras caridade e moral; eles evitarão dar um mau conselho, porque bem sabem que seriam repelidos; além disso, aqueles que eles enganam os defendem, dizendo: Bem vedes que nada dizem de mau. Todavia, a moral para eles é apenas um passaporte, é o que menos os preocupa; o que querem, antes de tudo, é dominar e impor suas ideias por mais irracionais que elas sejam. (LM, item 246)
“Eu não terminaria nunca se fosse contar todas as comunicações desse gênero que me têm sido submetidas, por vezes muito seriamente, como emanando dos maiores santos, da Virgem Maria e do próprio Cristo. Seria realmente curioso ver as torpezas atribuídas a esses nomes venerados. É preciso ser cego para enganar-se quanto à sua origem, quando, muitas vezes, uma única palavra equívoca, um único pensamento contraditório bastam a quem se dá ao trabalho de refletir para descobrir a mentira. Como exemplos notáveis, em apoio a isto, aconselhamos os nossos leitores a lerem os artigos publicados nos números da Revista Espírita dos meses de julho e outubro de 1858.” 7
(…) Para repelir esses Espíritos não basta dizer-lhes que se vão; nem mesmo basta querer e ainda menos conjurá-los. É necessário fechar-lhes a porta e os ouvidos; provar-lhes que somos mais fortes do que eles – e o somos, incontestavelmente pelo amor do bem, pela caridade, pela doçura, pela simplicidade, pela modéstia e pelo desinteresse, qualidades que granjeiam a benevolência dos bons Espíritos. É o apoio deles que nos dá força.
Se por vezes nos deixam a braços com os maus, é isso uma prova para a nossa fé e para o nosso caráter.”8

JESUS FOTO

O INSTRUMENTO e/ou o EVOCADOR

Das qualidades dos médiuns e dos evocadores preferidos pelos bons Espíritos Os bons Espíritos se interessam pelos que aproveitam os seus conselhos e trabalham seriamente por melhorar-se.
Dão a esses suas preferências e os secundam; pouco, porém, se incomodam com aqueles junto dos quais perdem o tempo em belas palavras.” 9
Vamos agora procurar compreender quais são as melhores condições dos médiuns e do meio, para que se obtenham boas coisas.
Uma condição posta no Livro dos Médiuns, ou guia dos médiuns e dos evocadores, é que, para as evocações, a fé em Deus é necessária.10
Quando se diz necessária, diz-se: sem a qual não é possível.
Vamos inserir aqui o que caracteriza os Bons médiuns, conforme está posto no Livro dos Médiuns:
Médiuns sérios: os que unicamente para o bem se servem de suas faculdades e para fins verdadeiramente úteis.
Acreditam profaná-las, utilizando-se delas para satisfação de curiosos e de indiferentes, ou para futilidades.
Médiuns modestos: os que nenhum reclamo fazem das comunicações que recebem, por mais belas que sejam. Consideram-se estranhos a elas e não se julgam ao abrigo das mistificações. Longe de evitarem as opiniões
desinteressadas, solicitam-nas.
Médiuns devotados: os que compreendem que o verdadeiro médium tem uma missão a cumprir e deve, quando necessário, sacrificar gostos, hábitos, prazeres, tempo e mesmo interesses materiais ao bem dos outros.
Médiuns seguros: os que, além da facilidade de execução, merecem toda a confiança, pelo próprio caráter, pela natureza elevada dos Espíritos que os assistem; os que, portanto, menos expostos se acham a ser iludidos. Veremos mais tarde que esta segurança de modo algum depende dos nomes mais ou menos respeitáveis com que os Espíritos se manifestem.
“É incontestável, bem o sentis, que, epilogando assim as qualidades e os defeitos dos médiuns, isto suscitará contrariedades e até a animosidade de alguns;
mas, que importa? A mediunidade se espalha cada vez mais e o médium que levasse a mal estas reflexões, apenas uma coisa provaria: que não é bom médium, isto é, que tem a assisti-lo Espíritos maus. Ao demais, como já eu disse, tudo isto será passageiro e os maus médiuns, os que abusam, ou usam mal de suas faculdades, experimentarão tristes consequências, conforme já se tem dado com alguns. Aprenderão à sua custa o que resulta de aplicarem, no interesse de suas paixões terrenas, um dom que Deus lhes outorgara unicamente para o adiantamento moral deles. Se os não puderdes reconduzir ao bom caminho, lamentai-os, porquanto, posso dizê-lo, Deus os reprova.” ERASTO
Referindo-se ao “Quadro sinóptico das diferentes espécies de médiuns, cap. XVI do Livro dos Médiuns, disse Sócrates:
“Este quadro é de grande importância, não só para os médiuns sinceros que, lendo-o, procurarem de boa-fé preservar-se dos escolhos a que estão expostos, mas também para todos os que se servem dos médiuns, porque lhes dará a medida do que podem racionalmente esperar. Ele deverá estar constantemente sob as vistas de todo aquele que se ocupa de manifestações, do mesmo modo que a escala espírita, a que serve de complemento. Esses dois quadros reúnem todos os princípios da Doutrina e contribuirão, mais do que o supondes, para reconduzir
o Espiritismo em sua verdadeira via.”
Sócrates.

OBRAS BÁSICAS ESPIRITISMO

A natureza dos Espíritos

que assistem um médium

é uma das primeiras coisas a considerar

“Tanto é a modéstia o apanágio dos médiuns escolhidos pelos bons Espíritos, quanto o orgulho, o amor-próprio e, digamo-lo, a mediocridade são os caracteres distintivos dos médiuns inspirados pelos Espíritos inferiores. Tanto os primeiros desprezam as comunicações que recebem, quando estas se afastam da verdade, quanto os últimos mantêm contra todos a superioridade do que lhes é ditado, mesmo que seja um absurdo.”
(…) O que se quer, antes de tudo, não são comunicações a todo custo, mas comunicações boas e verdadeiras. Ora, para se ter boas comunicações são necessários bons Espíritos, e para se ter bons Espíritos é preciso ter bons
médiuns, livres de qualquer influência má. A natureza dos Espíritos que habitualmente assistem um médium é, pois, uma das primeiras coisas a considerar. Para conhecê-la exatamente, há um critério infalível e não é nos sinais
materiais, nem nas fórmulas de evocação ou de conjuração que será encontrada.
Esse critério está nos sentimentos que o Espírito inspira ao médium. Pela maneira de agir deste último pode-se julgar a natureza dos Espíritos que o dirigem e consequentemente o grau de confiança que merecem suas comunicações.
Isto não é uma opinião pessoal, um sistema, mas um princípio deduzido da mais rigorosa lógica, se admitirmos esta premissa: um mau pensamento não pode ser sugerido por um bom Espírito. Enquanto não se provar que um bom Espírito pode inspirar o mal, diremos que todo ato que se afaste da benevolência, da caridade e da humildade, e no qual se note o ódio, a inveja, o ciúme, o orgulho ferido ou a simples acrimônia, não pode ter sido inspirado senão por um mau Espírito, ainda quando este hipocritamente pregasse as mais belas máximas, porque, se fosse realmente bom, prová-lo-ia pondo seus atos em harmonia com suas palavras.
A prática do Espiritismo é cercada de tantas dificuldades; os Espíritos enganadores são tão astuciosos, tão sabidos e ao mesmo tempo tão numerosos, que não seria demais armar-se do máximo de precauções para frustrá-los.
Importa, pois, rebuscar com o maior cuidado todos os indícios pelos quais eles se podem trair. Ora, esses indícios estão, ao mesmo tempo, em sua linguagem e nos atos que provocam.
Ainda sobre a natureza dos Espíritos, Lázaro nos indica alguns critérios sem os quais não se faz uma boa apreciação: “Não há um meio infalível para distinguir a natureza dos Espíritos, se abdicarmos da razão, da comparação, da reflexão.13
Uma vez que a natureza dos Espíritos que nos assistem é uma das primeiras coisas a considerar, seja nas instruções que busquemos da parte dos Espíritos, seja numa conversa com os Espíritos familiares, seja na moralização de
um Espírito ou na cura de uma obsessão, importa-nos saber sob que assistência nos colocamos. Para que obtenhamos bons resultados é necessária a assistência de bons Espíritos.

ESSENCIAL CHICO XAVIER

Confusão entre a facilidade de EXECUÇÃO e a EXPERIÊNCIA

A observação mostra que um dos equívocos mais frequentes em nosso movimento espírita atual, é considerar que o bom médium é aquele que tem facilidade de execução, que habilmente fala ou escreve o que dizem os Espíritos.
Comumente as comunicações recebidas por tais médiuns não passam pela análise, não se considera a natureza da fonte de onde emanam, ou seja, a natureza do Espírita que se manifesta; julga-se que a veracidade da comunicação
está na autoridade do médium ou no nome do Espírito que a assina.
Vejamos o que diz Kardec a esse respeito, ao referir-se aos Médiuns experimentados, no item 192, 2º:
“A facilidade de execução é uma questão de hábito e que muitas vezes se adquire em pouco tempo, enquanto que a experiência resulta de um estudo sério de todas as dificuldades que se apresentam na prática do Espiritismo.
experiência dá ao médium o tato necessário para apreciar a natureza dos Espíritos que se manifestam, para lhes apreciar as qualidades boas ou más, pelos mais minuciosos sinais, para distinguir o embuste dos Espíritos zombeteiros, que se acobertam com as aparências da verdade. Facilmente se compreende a importância desta qualidade, sem a qual todas as outras ficam destituídas de real utilidade. O mal é que muitos médiuns confundem a experiência, fruto do estudo, com a aptidão, produto da organização física. Julgam-se mestres, porque escrevem com facilidade; repelem todos os conselhos e se tornam presas de Espíritos mentirosos e hipócritas, que os captam, lisonjeando-lhes o orgulho. (Vejase, adiante, o capítulo “Da obsessão”.)
Destacamos o que a experiência dá ao médium:
• O tato necessário para apreciar a natureza dos Espíritos que se manifestam;
• para lhes apreciar as qualidades boas ou más, pelos mais minuciosos sinais;
• para distinguir o embuste dos Espíritos zombeteiros, que se acobertam com as aparências da verdade.
Vamos, segundo o Livro dos Médiuns, o que caracteriza alguns médiuns imperfeitos:
Médiuns obsidiados: os que não podem desembaraçar-se de Espíritos importunos e enganadores, mas não se iludem.
Médiuns fascinados: os que são iludidos por Espíritos enganadores e se iludem sobre a natureza das comunicações que recebem.
Médiuns indiferentes: os que nenhum proveito moral tiram das instruções que obtêm e em nada modificam o proceder e os hábitos.
Médiuns presunçosos: os que têm a pretensão de se acharem em relação somente com Espíritos superiores. Creem-se infalíveis e consideram inferior e errôneo tudo o que deles não provenha.
Médiuns orgulhosos: os que se envaidecem das comunicações que lhes são dadas; julgam que nada mais têm que aprender no Espiritismo e não tomam para si as lições que recebem frequentemente dos Espíritos. Não se contentam com as faculdades que possuem, querem tê-las todas.
Médiuns suscetíveis: variedade dos médiuns orgulhosos, suscetibilizam-se com as críticas de que sejam objeto suas comunicações; zangam-se com a menor contradição e, se mostram o que obtêm, é para que seja admirado e não para que se lhes dê um parecer. Geralmente, tomam aversão às pessoas que os não aplaudem sem restrições e fogem das reuniões onde não possam impor-se e dominar.
Deixai que se vão pavonear algures e procurar ouvidos mais complacentes, ou que se isolem; nada perdem as reuniões que da presença deles ficam privadas.”
ERASTO.
Depois do médium feito é que começam as verdadeiras dificuldades
“Suponhamos agora que a faculdade mediúnica esteja completamente desenvolvida; que o médium escreva com facilidade; que seja, em suma, o que se chama um médium feito. Grande erro de sua parte fora crer-se dispensado de
qualquer instrução mais, porquanto apenas terá vencido uma resistência material.
Do ponto a que chegou é que começam as verdadeiras dificuldades, é que ele mais do que nunca precisa dos conselhos da prudência e da experiência, se não quiser cair nas mil armadilhas que lhe vão ser preparadas. Se pretender muito cedo voar com suas próprias asas, não tardará em ser vítima de Espíritos mentirosos, que não se descuidarão de lhe explorar a presunção. (LM, item 216)
A importância da análise das comunicações “Todo homem necessita de conselhos; infeliz aquele que se julga bastante forte por suas próprias luzes, porque terá numerosas decepções. O Espiritismo está cheio de escolhos, mesmo nos grupos, e com mais forte razão, no isolamento.
O temor excessivo que tendes de serdes enganados é um bem para vós, porque foi a vossa salvaguarda em mais de uma circunstância. No entanto, vossas comunicações necessitam de controle; não bastam algumas apreciações.
Eis por que vossos Espíritos protetores vos aconselharam a vos dirigirdes ao chefe espírita, a fim de serdes esclarecidos sobre o seu valor.” Fénelon
“Em se submetendo todas as comunicações a um exame escrupuloso, em se lhes perscrutando e analisando o pensamento e as expressões, como é de uso fazer-se quando se trata de julgar uma obra literária, rejeitando-se, sem hesitação, tudo o que peque contra a lógica e o bom-senso, tudo o que desminta o caráter do Espírito que se supõe ser o que se está manifestando, desencoraja-se os Espíritos mentirosos, que acabam por se retirar, uma vez que fiquem bem convencidos de que não lograrão iludir. Repetimos: este meio é único, mas é infalível, porque não
há comunicação má que resista a uma crítica rigorosa. Os bons espíritos nunca se ofendem com esta, pois eles próprios a aconselham e porque nada têm que temer do exame. Apenas os maus se melindram e procuram evitá-lo, porque tudo têm a perder. Só com isso provam o que são.”
Eis aqui o conselho que a tal respeito nos deu São Luís:
“Qualquer que seja a confiança legítima que vos inspirem os Espíritos que presidem aos vossos trabalhos, uma recomendação há que nunca será demais repetir e que deveríeis ter presente sempre no pensamento, quando vos entregais aos vossos estudos: é a de pesar e meditar, é a de submeter ao controle da razão mais severa todas as comunicações que receberdes; é a de não deixardes de pedir as explicações necessárias a formardes opinião segura, desde que um ponto vos pareça suspeito, duvidoso ou obscuro.”15
“Na dúvida, abstém-te, diz um dos vossos velhos provérbios. Não admitais, portanto, senão o que seja, aos vossos olhos, de manifesta evidência. Desde que uma opinião nova venha a ser expendida, por pouco que vos pareça duvidosa, fazei-a passar pelo crisol da razão e da lógica e rejeitai desassombradamente o que a razão e o bom senso reprovarem. Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma única falsidade, uma só teoria errônea.
Efetivamente, sobre essa teoria poderíeis edificar um sistema completo, que desmoronaria ao primeiro sopro
da verdade, como um monumento edificado sobre areia movediça, ao passo que, se rejeitardes hoje algumas verdades, porque não vos são demonstradas clara e logicamente, mais tarde um fato brutal, ou uma demonstração irrefutável virá afirmar-vos a sua autenticidade.
“A maneira de conversar com os Espíritos é, pois, uma verdadeira arte, que exige tato, conhecimento do terreno que pisamos e constitui, a bem dizer, o Espiritismo prático. Sabiamente dirigidas, as evocações podem ensinar grandes coisas. Elas oferecem um poderoso elemento de interesse, de moralidade e de convicção: de interesse porque nos dão a conhecer o estado do mundo que a todos nos espera, do qual por vezes fazemos uma ideia tão bizarra; de moralidade porque nelas podemos ver, por analogia, a nossa sorte futura; de convicção, porque temos nessas conversas íntimas a prova manifesta da existência e da individualidade dos Espíritos, que nada mais são do que as nossas próprias almas, desprendidas da matéria terrena.”17
O defeito com que mais se iludem os homens na busca da verdade “Para julgar os Espíritos, como para julgar os homens, é preciso, primeiro, que cada um saiba julgar-se a si mesmo. Muita gente há, infelizmente, que toma
suas próprias opiniões pessoais como paradigma exclusivo do bom e do mau, do verdadeiro e do falso; tudo o que lhes contradiga a maneira de ver, a suas ideias e ao sistema que conceberam, ou adotaram, lhes parece mau. A semelhante gente evidentemente falta a qualidade primacial para uma apreciação sã: a retidão do juízo. Disso, porém, nem suspeitam. E o defeito sobre que mais se iludem os homens. 18
Vejamos o que ensina o Livro dos Médiuns sobre a concordância da opinião dos Espíritos com as opiniões do meio onde eles se comunicam:
“Nem sempre basta que uma assembleia seja séria, para receber comunicações de ordem elevada; há pessoas que nunca riem e cujo coração, nem por isso, é puro. Ora, o coração, sobretudo, é que atrai os bons Espíritos.
Nenhuma condição moral exclui as comunicações espíritas; mas se estamos em más condições, conversamos com os que nos são semelhantes, que não deixam de nos enganar e com frequência acariciam nossos preconceitos.
Por aí se vê a influência enorme que o meio exerce sobre a natureza das manifestações inteligentes; essa influência, entretanto, não se exerce como o pretenderam algumas pessoas, quando ainda se não conhecia o mundo dos
Espíritos como se conhece hoje, e antes que experiências mais concludentes houvessem esclarecido as dúvidas. Quando as comunicações concordam com a opinião dos assistentes, não é que essa opinião se reflita no Espírito do médium, como num espelho; é que tendes junto de vós Espíritos que vos são simpáticos, para o bem, tanto quanto para o mal, e que abundam em vosso modos de ver.
Prova-o o fato de que, se tiverdes a força de atrair outros Espíritos, que não os que vos cercam, o mesmo médium usará de linguagem muito diferente e vos dirá coisas muito distanciadas dos vossos pensamentos e das vossas convicções. Em resumo, as condições do meio serão tanto melhores, quanto mais homogeneidade houver para o bem, mais sentimentos puros e elevados, mais desejo sincero de instrução, sem pensamento oculto.”19
Para que possamos compreender melhor o que significa, em filosofia, uma opinião, buscamos uma explicação dada pelo filósofo Espinosa , a respeito do 20  processo pelo qual formamos ideias e alimentamos nossos pensamentos.

EXISTÊNCIA ALLAN KARDEC

Diz o filósofo que são três os modos

pelos quais adquirimos conhecimento:

1º pela fé, que nasce por ouvir dizer, ou pela experiência;
2º pela verdadeira fé;
3º Por um conhecimento claro e distinto.
Para se fazer Espinosa dá um exemplo, tirado da regra de três.
1º Alguém sabe por ouvir dizer, e somente por ouvir dizer, que, na regra de três, o segundo número é multiplicado pelo terceiro e dividido pelo primeiro; com isso encontra-se um quarto número, que está para o terceiro como o segundo está para o primeiro. E, embora aquele que lhe ensinou essa regra possa tê-lo enganado, ele conduziu seu trabalho conforme esse método, não tendo dessa regra, aliás, um conhecimento além do que um cego tem sobre as cores; e tudo o que ele diz a respeito dela não passa de um discurso vazio, repetidas mecanicamente como um papagaio.
2º Um outro, de espírito mais vivo, não se contenta só em ouvir dizer, mas tira a prova em alguns casos Particulares, e, vendo que isso é verdade, dá à regra seu assentimento; no entanto, temos razão ao dizer que esse modo de conhecimento ainda está sujeito ao erro, pois como pode-se estar certo que uma experiência particular forneça uma regra absoluta para todos os casos?
3º Um terceiro não se contenta nem com ouvir dizer, que pode ser falso, nem com a experiência particular, que não pode dar uma regra universal, mas busca a verdadeira razão da coisa, à qual, uma vez encontrada, não pode enganar; e essa razão lhe ensina que, em virtude da proporcionalidade dos números, a coisa deve ser assim e não de outra forma.
4º Enfim, o quarto, que possui o conhecimento absolutamente claro, não tem necessidade de ouvir dizer, nem da experiência, ou da lógica, porque percebe imediatamente pela intuição a proporcionalidade dos números.
O primeiro tem uma opinião ou uma crença somente por ouvir dizer; o segundo tem uma opinião ou uma crença pela experiência, e essas são as duas formas da opinião; o terceiro está seguro por meio da verdadeira fé, que não pode jamais enganar, e é a fé propriamente dita; o quarto não tem nem a opinião nem a fé, mas vê a própria coisa em si mesma sem nenhum intermediário.

DIFICULDADES CHICO XAVIER

Vejamos o significado da fé

segundo o Espiritismo:

“A fé necessita de uma base, base que é a inteligência perfeita daquilo em que se deve crer. E, para crer, não basta ver; é preciso, sobretudo, compreender.”21
“A ideia nítida e precisa que se faz da vida futura dá uma fé inabalável no porvir, e essa fé tem consequências imensas sobre a moralização dos homens,
porque muda completamente o ponto de vista sob o qual eles encaram a vida terrena.” 22
Os Espíritos sérios se ligam aos que querem se instruir Temos prazer de responder às perguntas sérias e de elucidá-
las, quando possível. A discussão é tanto mais útil com pessoas de boa-fé, que estudaram e querem aprofundar as
coisas, pois é trabalhar para o progresso da ciência, quanto é ociosa com os que julgam sem conhecimento e querem saber sem se darem ao trabalho de aprender.”
Allan Kardec 23
As comunicações instrutivas são as comunicações sérias que têm por objeto principal um ensinamento qualquer, dado pelos Espíritos, sobre as ciências, a moral, a filosofia, etc. São mais ou menos profundas, conforme o grau de elevação e de desmaterialização do Espírito. Para retirar dessas comunicações um fruto real, é preciso que elas sejam regulares, e continuadas com perseverança. Os Espíritos sérios se ligam aos que querem se instruir e lhes secundam os esforços, enquanto deixam aos Espíritos levianos o cuidado de divertirem os que em tais
manifestações só veem uma distração passageira. Unicamente pela regularidade e frequência dessas comunicações se pode apreciar o valor moral e intelectual dos Espíritos que as dão e a confiança que eles merecem. Se é preciso experiência para julgar os homens, talvez ela seja ainda mais necessária para julgar os Espíritos.
Qualificando de instrutivas as comunicações, supomo-las verdadeiras, pois o que não for verdadeiro não pode ser instrutivo, ainda que dito na mais imponente linguagem. Nessa categoria, não podemos, conseguintemente, incluir certos ensinos que de sério apenas têm a forma, muitas vezes empolada e enfática, com que os Espíritos que os ditam, mais presunçosos do que instruídos, esperam iludir.
Mas, não podendo suprir o fundo que lhes falta, são incapazes de sustentar por muito tempo seu papel; cedo eles se traem, pondo a nu seu lado fraco, por pouco que suas comunicações tenham sequência, ou que se saiba levá-los aos seus últimos redutos.
“Os Espíritos superiores não vão às reuniões onde sabem que a presença deles é inútil. Nos meios pouco instruídos, mas onde há sinceridade, vamos de boa vontade, ainda mesmo que aí só instrumentos medíocres encontremos.
Não vamos, porém, aos meios instruídos onde domina a ironia. Em tais meios, é necessário se fale aos ouvidos e aos olhos: esse o papel dos Espíritos batedores e zombeteiros. Convém que aqueles que se orgulham da sua ciência sejam humilhados pelos Espíritos menos instruídos e menos adiantados.” 25
Ferramentas que devemos usar ao analisar as comunicações Erasto, no Livro dos Médiuns, item 230, diz que só devemos admitir o que a lógica possa aceitar, ou o que a Doutrina já ensinou. Por aí percebe-se que uma
condição bastante importante é o conhecimento da Doutrina para saber se o que está sendo dito pelos Espíritos não é contraditório com o esta já ensinou.

MORAL DOS ESPÍRITOS

Resumimos aqui as principais ferramentas de que devemos lançar mão para uma boa análise das comunicações dos Espíritos:

• Razão – Comparação – Reflexão
• Só admitir o que a lógica possa aceitar, ou o que a Doutrina já ensinou
• Saber julgar-se a si mesmo
• Saber apreciar as qualidades dos médiuns
• Saber apreciar as qualidades de quem evoca
• Saber apreciar a natureza dos Espíritos
• Saber apreciar a influência do meio
• Saber apreciar o tema que está sendo tratado na comunicação
• Conhecimento da Ciência Espírita, que servirá de parâmetro nas análises
O Contexto em que a comunicação foi dada também deve ser levado em
conta na hora da análise, como, por exemplo:
• O assunto que estava sendo tratado pelo médium ou pelo grupo;
• Que Espírito foi evocado, ou trata-se de uma comunicação espontânea;
• As perguntas feitas, os conselhos ou orientações solicitadas ao Espírito;
• Etc.
(…) É necessário saber formular e encadear metodicamente as perguntas, para que se obtenham respostas mais explícitas; captar nas respostas as nuanças que, por vezes, constituem traços característicos, revelações importantes e que escapam ao observador superficial, inexperiente ou ocasional. (…)2
O conteúdo e a forma devem ser observados com bastante atenção
• O conteúdo está à altura do Espírito que a assina, especialmente se for um Espírito superior?
• Há contradição interna, ou seja, o Espírito faz uma afirmativa num parágrafo e a nega no outro?
• Há contradição com o que o Espiritismo ensina, ou com o que já é admitido como verdade pelas ciências ordinárias?
• Há coerência entre as ideias expostas na comunicação?
• Os argumentos são lógicos, de conformidade com a razão?
• A comunicação é autêntica? (Qualificando de instrutivas as comunicações,
supomo-las verdadeiras, pois o que não for verdadeiro não pode ser
instrutivo, ainda que dito na mais imponente linguagem. LM, item 137)
• A comunicação é séria (“As comunicações instrutivas são as comunicações sérias que têm por objeto principal um ensinamento
qualquer, dado pelos Espíritos, sobre as ciências, a moral, a filosofia, etc.
LM, item 137)
• O conselho dado é útil e pode ser levado a efeito?
• O Espírito responde as perguntas feitas de forma direta?
“Nuvem alguma obscurece a luz verdadeiramente pura; o diamante sem jaça é o que tem mais valor: julgai, pois, os Espíritos pela pureza de seus ensinos. Não olvideis que, entre eles, há os que ainda não se despojaram das ideias que
levaram da vida terrena; sabei distingui-los pela linguagem de que usam; julgai-os pelo conjunto do que vos dizem;
vede se há encadeamento lógico nas suas ideias;
se nestas nada revela ignorância, orgulho ou malevolência; em suma, se suas palavras trazem todas o cunho de sabedoria que a verdadeira superioridade manifesta. Se o vosso mundo fosse inacessível ao erro, seria perfeito, e longe disso se acha ele. Ainda estais aprendendo a distinguir do erro a verdade.
Precisais das lições da experiência para exercerdes vosso juízo e para fazer-vos avançar.”(…)27
Em o Livro dos Médiuns, cap. XXXI, Kardec inseriu alguns exemplos de  comunicações apócrifas que nos trazem grande ensinamento. No item XXXIV 28
consta uma que veio assinada: Bossuet. Alfredo de Marignac. Após analisada na Sociedade Parisiense, Kardec faz a seguinte observação:
“Esta comunicação, seguramente contém de mau. Traz mesmo ideias filosóficas    profundas e conselhos muito sábios, que poderiam enganar, sobre a identidade do autor, as pessoas poucos versadas em literatura. Tendo-a o médium, que a obtivera, submetido ao exame da Sociedade Espírita de Paris, numa só voz foi declarado que ela não podia ser de Bossuet. São Luís, consultado, respondeu:
“Esta comunicação, em si mesma, é boa; mas, não acrediteis tenha sido Bossuet quem a ditou. Escreveu-a um Espírito, talvez um pouco sob a inspiração deste último, e lhe pôs por baixo o nome do grande bispo, para torná-la mais facilmente aceitável, mas pela linguagem deveis reconhecer a substituição. Ela é do Espírito que colocou seu nome depois do de Bossuet. Esse Espírito, interrogado sobre o motivo que o levou a agir assim, disse: “Eu desejava escrever alguma coisa, a fim de me fazer lembrado pelos homens; vendo que era fraca, quis colocar nela o
prestígio de um grande nome.”
– Não imaginaste que se reconheceria não ser de Bossuet a comunicação? –
“Quem sabe ao certo? Poderíeis enganar-vos. Outros, menos clarividentes,
a teriam aceitado.”
“De fato, a facilidade com que algumas pessoas aceitam o que vem do mundo invisível, sob a assinatura de um grande nome, é o que encoraja os Espíritos enganadores. Para lhes frustrar a astúcia é que se deve aplicar toda a
atenção, e não se pode lograr êxito senão com a ajuda da experiência adquirida por um estudo sério. Daí o repetirmos incessantemente: Estudai antes de praticar, porque esse é o único meio de não adquirirdes experiência à vossa própria custa.”
Ainda no mesmo capítulo XXXI, item XXXIII, após analisar duas comunicações assinada com o nome de Jesus, Kardec observa:
“Indubitavelmente, nada há de mau nestas duas comunicações; porém, teve o Cristo alguma vez essa linguagem pretensiosa, enfática e empolada? Faça-se a sua comparação com a que citamos acima, que traz o mesmo nome, e ver-se-á de que lado está o cunho da autenticidade.
Todas estas comunicações foram obtidas no mesmo círculo. Nota-se, no estilo, um certo tom familiar, idênticos torneios de frases, as mesmas expressões repetidas com frequência, como, por exemplo, ide, ide, filhos, etc., donde se pode concluir que é o mesmo Espírito que as deu todas, sob nomes diferentes.
Entretanto, nesse círculo, aliás consciencioso, se bem que um tanto crédulo demais, não se faziam evocações, nem perguntas; tudo se esperava das comunicações espontâneas, o que, como se vê, não constitui certamente uma
garantia de identidade.
Com algumas perguntas um pouco insistentes com base na lógica, teriam facilmente colocado esse Espírito no seu lugar. Ele, porém, sabia que nada tinha a temer, porquanto nada lhe perguntavam e aceitavam sem controle e de olhos fechados tudo o que ele dizia. (Veja-se o n. 269.)”
Encerramos estas breves reflexões sobre os critérios para uma análise justa das comunicações dos Espíritos, com as sábias palavras de Erasto:
“Além disso, espíritas, que vos importam os médiuns que são, afinal de contas, apenas instrumentos! O que deveis considerar é o valor e o alcance dos ensinamentos que vos são dados; é a pureza da moral que vos é ensinada; é a
clareza e a precisão das verdades que vos são reveladas; é, enfim, ver se as instruções que vos dão correspondem às legítimas aspirações das almas de escol, e se estão em conformidade com as leis gerais e imutáveis da lógica e da
harmonia universal.”29
Revista Espírita, julho de 1859 – Sociedade Parisiense – Discurso de encerramento do ano social 1
1858-1859.Livro dos Médiuns – Segunda parte – Das manifestações espíritas, cap. XXIV – Da identidade dos 6
Espíritos – Modo de se distinguirem os bons dos maus Espíritos, itens 263 a 265.
Revista Espírita, setembro de 1859 – Processos para afastar os maus Espíritos
Revista Espírita, fevereiro de 1859 – Escolhos dos médiuns 8
O Livro dos Médiuns – Segunda parte – Das manifestações espíritas, cap. XXIV – Da identidade 9
dos Espíritos – Questões sobre a natureza e identidade dos Espíritos, 268, 20ª.
O Livro dos Médiuns – Segunda parte – Das manifestações espíritas, cap. XXV – Das evocações 10
– Questões sobre as evocações, item 282, 13ª.
Revista Espírita, julho de 1860 – Exame crítico
Revista Espírita, novembro de 1860 – Dissertações espíritas – Distinção da natureza dos 13
Espíritos
Livro dos Médiuns – Segunda parte – Das manifestações espíritas, cap. XXIV – Da identidade 15
dos Espíritos – Modo de se distinguirem os bons dos maus Espíritos, itens 266.
O Livro dos Médiuns – Segunda parte – Das manifestações espíritas, cap. XX – Da influência 16
moral do médium – Dissertação de um Espírito sobre a influência moral, item 230.
Revista Espírita, julho de 1859 – Sociedade Parisiense – Discurso de encerramento do ano 17
social 1858-1859.
O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XIX – A fé transporta montanhas – A fé religiosa – 21
Condição da fé inabalável, item 7.
Livro dos Médiuns – Segunda parte – Das manifestações espíritas, cap. XXI – Da influência do 25
meio, item 231, 3ª.
Revista Espírita, julho de 1859 – Sociedade Parisiense – Discurso de encerramento do ano 26
social 1858-1859.
Revista Espírita, dezembro de 1863 – Instrução dos Espíritos – Os conflitos

LIVRO DOS MÉDIUNS ALLAN KARDEC

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