Amar,
…não significa desproteger, ninguém nos ama mais do que Deus, no entanto, Ele não nos isenta da luta.
Chico Xavier
AFORISMOS ESPÍRITAS
E PENSAMENTOS AVULSOS
Os Espíritos bons aprovam aquilo que acham bom, mas não fazem elogios exagerados. Estes, como tudo que denota lisonja, são sinais de inferioridade da parte dos Espíritos.
Os Espíritos bons não lisonjeiam os preconceitos de nenhuma espécie, nem políticos, nem religiosos; podem não os atacar bruscamente, porque sabem que isso seria aumentar a resistência. Entretanto, há uma grande diferença entre essas atitudes, que poderíamos chamar de precauções oratórias, e a aprovação absoluta das mais falsas ideias, de que os Espíritos obsessores muitas vezes se servem para captar a confiança daqueles a quem querem subjugar, explorando-lhes o ponto fraco.
Há pessoas que têm uma mania singular; encontram uma ideia completamente elaborada por outrem; esta lhes parece boa e, sobretudo, proveitosa; dela se apropriam, dão-na como própria e acabam iludidos a ponto de se crerem realmente seus autores, assegurando que lhes foi roubada.
Certo dia um homem viu ser feita uma experiência de eletricidade e tentou reproduzi-la. Porque não tivesse os conhecimentos requeridos, nem os instrumentos necessários, fracassou. Então, sem ir mais longe e sem procurar saber se a causa do insucesso não estaria nele mesmo, declarou que a eletricidade não existia e que ia escrever para o demonstrar.
Que pensaríeis da lógica de quem assim raciocinasse? Não se assemelharia a um cego que, não podendo ver, se pusesse a escrever contra a luz e a faculdade da visão? Entretanto, é este o raciocínio que ouvimos a propósito dos Espíritos, por homem que passa por espirituoso; que tenha espírito, sim; mas capacidade para julgar é outra coisa. Procura escrever como médium e, porque não o consegue, conclui que a mediunidade não existe. Ora, segundo ele, se a mediunidade é uma faculdade ilusória, os Espíritos não podem existir senão nos cérebros doentios. Que sagacidade!
Allan Kardec
Nota – Com o número do mês de janeiro de 1860, a Revista Espírita começará o seu terceiro ano.
Credores Diferentes
“Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos.”
Jesus. (MATEUS, 5:44.)
O problema do inimigo sempre merece estudos mais acurados.
Certo, ninguém poderá aderir, de pronto, à completa união com o adversário do dia de hoje, como Jesus não pôde rir-se com os perseguidores, no martírio do Calvário.
Entretanto, a advertência do Senhor, conclamando-nos a amar os inimigos, reveste-se de profunda significação em todas as facetas pelas quais a examinemos, mobilizando os instrumentos da análise comum.
Geralmente, somos devedores de altos benefícios a quantos nos perseguem e caluniam; constituem os instrumentos que nos trabalham a individualidade, compelindo- nos a renovações de elevado alcance que raramente compreendemos nos instantes mais graves da experiência. São eles que nos indicam as fraquezas, as deficiências e as necessidades a serem atendidas na tarefa que estamos executando.
Os amigos, em muitas ocasiões, são imprevidentes companheiros, porquanto contemporizam com o mal; os adversários, porém, situam-no com vigor.
Pela rudeza do inimigo, o homem comumente se faz rubro e indignado uma só vez, mas, pela complacência dos afeiçoados, torna-se pálido e acabrunhado, vezes sem conta.
Não queremos dizer com isto que a criatura deva cultivar inimizades; no entanto, somos daqueles que reconhecem por beneméritos credores quantos nos proclamam as faltas.
São médicos corajosos que nos facultam corretivo.
É difícil para muita gente, na Terra, a aceitação de semelhante verdade; todavia, chega sempre um instante em que entendemos o apelo do Cristo, em sua magna extensão.
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