Amar os inimigos é perdoar-lhes e lhes retribuir o mal com o bem – Allan Kardec

amar inimigos

Amai os Inimigos

Amar os inimigos é perdoar-lhes e lhes retribuir o mal com o bem.
O que assim procede se torna superior aos seus inimigos, ao passo que abaixo deles se coloca , se procura tomar vingança.
Allan Kardec

ABENÇOEMOS

Abençoemos os que se fizeram ou se fazem instrumentos de nossas dificuldades!
Abençoemos os que não nos compreenderam ou ainda não nos compreendam, nos quais encontramos o estímulo para a aquisição de novo entendimento!
Abençoemos os que nos criaram ou nos criem problemas e embaraços, porque sem eles não adestraríamos as nossas energias para a justa e necessária auto superação.
Abençoemos quantos nos impuseram ou nos impõem trabalho incessante de renunciação e sacrifício, sem pausa, porquanto é por eles e com eles que nos habituamos a prosseguir na estrada reta que Jesus nos traçou.

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Inimigos

Inimigo. A palavra traz uma carga negativa impressionante! O inimigo é alguém que desperta em nós os sentimentos mais primitivos: medo, ódio, desejo de vingança.
Diante de um inimigo, as mãos ficam geladas, o coração bate forte, o sangue pulsa nas têmporas. E a pergunta surge: Como agir? O que fazer?
A resposta a essa pergunta foi dada pelo Cristo: Ama o inimigo, ora pelos que te perseguem.
Mas, nós, que somos pessoas comuns, costumamos reagir a esse conselho de Jesus.
E nos perguntamos: Amar o inimigo? Fazer o bem a quem nos feriu e maltratou?
E, em geral, concluímos: Impossível. Para nós, a expressão Amar o inimigo parece uma utopia.
Em alguns casos, até somos irônicos: Esse ensinamento de Jesus não é para nós. Ainda somos muito imperfeitos.
O que acontece é que não entendemos corretamente o significado da palavra amar, quando se aplica ao inimigo.
Jesus era um sábio. Ele conhecia profundamente a alma humana. Você acha que Ele iria sugerir algo que não seríamos capazes de fazer?
Claro que não! Todas as sugestões de Jesus são perfeitamente possíveis. Por isso vamos examinar melhor essa questão do amor ao inimigo?
A primeira coisa é entender o que significa a expressão Amar o inimigo.
Com essas palavras, Jesus apenas nos convida a perdoar quem nos fez mal. Ou, no mínimo, apela para que não busquemos a vingança.
Parece difícil? Nem tanto. Vamos falar de forma prática.
Se alguém tem um inimigo, em geral, qual é a atitude que adota?
A maioria das pessoas mantém o inimigo permanentemente em seus pensamentos. Não consegue pensar em nada, além da pessoa odiada.
E assim a vida segue. Quem odeia mantém-se escravo do inimigo.
Faz as refeições, dorme, acorda, trabalha e vive constantemente em meio a esse sentimento de rancor, alimentando desejos de vingança.
Parece ruim? Pois é exatamente o que fazemos: deixamos o inimigo comandar a nossa vida. Tornamo-nos escravos daqueles que odiamos.
Por isso a sabedoria da proposta de Jesus, que é a libertação dos laços que nos prendem aos inimigos.
Perdoar é mais fácil. Deixa a alma mais leve, o corpo mais saudável, as emoções sob controle.
Quando o Cristo pronunciou a expressão Amar o inimigo, na verdade, ofereceu um caminho de equilíbrio e de serenidade.
É claro que o Cristo não espera que tenhamos pelos inimigos o mesmo amor que dedicamos à família e aos amigos.
Jesus quer apenas que afastemos de nosso coração a mágoa, a infelicidade, o ódio e o desejo de vingança.
Por isso ele aconselhava: Orem pelos que vos ofendem.
E nessas preces, pedi a Deus que vos dê forças para superar a ofensa vivida.
Pedi também a Deus que vos ofereça oportunidade de ser útil àquele que vos feriu.
Se essa oportunidade surgir, não deixemos passar a chance de sermos úteis e bons. Gestos desse tipo fazem nascer na alma o sentimento de superação, de etapa vencida.
É um momento único, encantador.

Pensemos nisso!

Redação do Momento Espírita. Em 31.03.2008.
pessoas difíceis

Retribuir o Mal com o Bem

Aprendestes que foi dito: “Amareis o vosso próximo e odiareis os vossos inimigos.” Eu, porém, vos digo: “Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos odeiam e orai pelos que vos perseguem e caluniam, a fim de serdes filhos do vosso Pai que está nos céus e que faz se levante o Sol para os bons e para os maus e que chova sobre os justos e os injustos. – Porque, se só amardes os que vos amam, qual será a vossa recompensa? Não procedem assim também os publicanos? Se apenas os vossos irmãos saudardes, que é o que com isso fazeis mais do que os outros? Não fazem outro tanto os pagãos?”
(S. MATEUS, cap. V, vv. 43 a 47.)
– “Digo-vos que, se a vossa justiça não for mais abundante que a dos escribas e dos fariseus, não entrareis no reino dos céus.”(S. MATEUS, cap. V, v. 20.)
“Se somente amardes os que vos amam, que mérito se vos reconhecerá, uma vez que as pessoas de má vida também amam os que os amam? – Se o bem somente o fizerdes aos que vo-lo fazem, que mérito se vos reconhecerá, dado que o mesmo faz a gente de má vida? – Se só emprestardes àqueles de quem possais esperar o mesmo favor, que mérito se vos reconhecerá, quando as pessoas de má vida se entreajudam dessa maneira, para auferir a mesma vantagem? Pelo que vos toca, amai os vossos inimigos, fazei bem a todos e auxiliai sem esperar coisa alguma. Então, muito grande será a vossa recompensa e sereis filhos do Altíssimo, que é bom para os ingratos e até para os maus. – Sede, pois, cheios de misericórdia, como cheio de misericórdia é o vosso Deus.” (S. LUCAS, cap. VI, vv. 32 a 36.)
Se o amor do próximo constitui o princípio da caridade, amar os inimigos é a mais sublime aplicação desse princípio, porquanto a posse de tal virtude representa uma das maiores vitórias alcançadas contra o egoísmo e o orgulho.
Entretanto, há geralmente equívoco no tocante ao sentido da palavra amar, neste passo. Não pretendeu Jesus, assim falando, que cada um de nós tenha para com o seu inimigo a ternura que dispensa a um irmão ou amigo. A ternura pressupõe confiança; ora, ninguém pode depositar confiança numa pessoa, sabendo que esta lhe quer mal; ninguém pode ter para com ela expansões de amizade, sabendo-a capaz de abusar dessa atitude. Entre pessoas que desconfiam umas das outras, não pode haver essas manifestações de simpatia que existem entre as que comungam nas mesmas ideias. Enfim, ninguém pode sentir, em estar com um inimigo, prazer igual ao que sente na companhia de um amigo.
A diversidade na maneira de sentir, nessas duas circunstâncias diferentes, resulta mesmo de uma lei física: a da assimilação e da repulsão dos fluidos. O pensamento malévolo determina uma corrente fluídica que impressiona penosamente. O pensamento benévolo nos envolve num agradável eflúvio. Daí a diferença das sensações que se experimenta à aproximação de um amigo ou de um inimigo. Amar os inimigos não pode, pois, significar que não se deva estabelecer diferença alguma entre eles e os amigos. Se este preceito parece de difícil prática, impossível mesmo, é apenas por entender-se falsamente que ele manda se dê no coração, assim ao amigo, como ao inimigo, o mesmo lugar. Uma vez que a pobreza da linguagem humana obriga a que nos sirvamos do mesmo termo para exprimir matizes diversos de um sentimento, à razão cabe estabelecer as diferenças, conforme aos casos.
Amar os inimigos não é, portanto, ter-lhes uma afeição que não está na natureza, visto que o contato de um inimigo nos faz bater o coração de modo muito diverso do seu bater, ao contato de um amigo. Amar os Inimigos é não lhes guardar ódio, nem rancor, nem desejos de vingança; é perdoar-lhes, sem pensamento oculto e sem condições, o mal que nos causem; é não opor nenhum obstáculo a reconciliação com eles; é desejar-lhes o bem e não o mal; é experimentar júbilo, em vez de pesar, com o bem que lhes advenha; é socorrê-los, em se apresentando ocasião; é abster-se, quer por palavras, quer por atos, de tudo o que os possa prejudicar; é, finalmente, retribuir-lhes sempre o mal com o bem, sem a intenção de os humilhar. Quem assim procede preenche as condições do mandamento: Amai os vossos inimigos.
Amar os inimigos é, para o incrédulo, um contrassenso. Aquele para quem a vida presente é tudo, vê no seu inimigo um ser nocivo, que lhe perturba o repouso e do qual unicamente a morte. pensa ele, o pode livrar. Daí, o desejo de vingar-se. Nenhum interesse tem em perdoar, senão para satisfazer o seu orgulho perante o mundo. Em certos casos, perdoar-lhe parece mesmo uma fraqueza indigna de si. Se não se vingar, nem por isso deixará de conservar rancor e secreto desejo de mal para o outro.
Para o crente e, sobretudo, para o espírita, muito diversa é a maneira de ver, porque suas vistas se lançam sobre o passado e sobre o futuro, entre os quais a vida atual não passa de um simples ponto. Sabe ele que, pela mesma destinação da Terra, deve esperar topar aí com homens maus e perversos; que as maldades com que se defronta fazem parte das provas que lhe cumpre suportar e o elevado ponto de vista em que se coloca lhe torna menos amargas as vicissitudes, quer advenham dos homens, quer das coisas. Se não se queixa das provas, tampouco deve queixar-se dos que lhe servem de instrumento.
Se, em vez de se queixar, agradece a Deus o experimentá-lo, deve também agradecer a mão que lhe dá ensejo de demonstrar a sua paciência e a sua resignação. Esta ideia o dispõe naturalmente ao perdão. Sente, além disso, que quanto mais generoso for, tanto mais se engrandece aos seus próprios olhos e se põe fora do alcance dos dardos do seu inimigo.
O homem que no mundo ocupa elevada posição não se julga ofendido com os insultos daquele a quem considera seu inferior. O mesmo se dá com o que, no mundo moral, se eleva acima da humanidade material. Este compreende que o ódio e o rancor o aviltariam e rebaixariam. Ora, para ser superior ao seu adversário, preciso é que tenha a alma maior, mais nobre, mais generosa do que a desse último.
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. Capítulo 12.

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