A Lei das Leis Divina

dança balé

 

Leis das Leis

 Quando num futuro os homens levarem a sério as Leis das Leis:
“Amai-vos uns aos outros.”,
O Pai Celestial ensejará o surgimento de descobertas
que advirão que não podemos hoje sequer imaginar,
e que naturalmente virão para a felicidade de todos.

Há dois mil anos, Jesus afirmou:

“ainda tinha muitas coisas para nos dizer”.
Quando, afinal, estaremos aptos a suportá-las?!…

fé e providência hammed

Kardec

Lembrando o Codificador da Doutrina Espírita, é imperioso estejamos
alerta em nossos deveres fundamentais.
Convençamo-nos de que é necessário:
sentir Kardec;
estudar Kardec;
anotar Kardec;
meditar Kardec;
analisar Kardec;
comentar Kardec;
interpretar Kardec;
cultivar Kardec;
ensinar Kardec e
divulgar Kardec…
Que é preciso cristianizar a Humanidade é afirmação que não padece
dúvida; entretanto, cristianizar, na Doutrina Espírita, é raciocinar com a verdade e construir com o bem de todos, para que, em nome de Jesus, não venhamos a fazer sobre a Terra mais um sistema de fanatismo e de negação.
EMMANUEL
(Psicografia de Francisco Cândido Xavier, publicada em
“Reformador” de 3/61.)

filho de deus

As Leis Divinas

Desde tempos imemoriais, a Ciência. vem-se dedicando exclusivamente
ao estudo dos fenômenos do mundo físico, suscetíveis de serem examinados pela observação e experimentação, deixando a cargo da. Religião o trato das questões metafísicas ou espirituais.
Com o avanço científico nos últimos séculos, principalmente no 19º, o
divórcio entre a Ciência e a Religião transformou-se em beligerância.
Apoiada na Razão, e superestimando os descobrimentos no campo da
matéria, a Ciência passou a zombar da Religião, enquanto esta, desarvorada e ferida em seus alicerces — os dogmas sem prova —, revidava como podia, lançando anátemas às conquistas daquela, apontando-as como contrárias à Fé.
Devido à posição extremada que tomaram e ao ponto de vista exclusivo
que defendiam, Ciência e Religião deram à Humanidade a falsa impressão de serem irreconciliáveis e que os triunfos de uma haveriam de custar, necessariamente, o enfraquecimento da outra.
Não é assim, felizmente.
O Espiritismo, embora ainda repelido e duramente atacado, tanto pela
Ciência como pela Religião ditas oficiais, veio trazer, no momento oportuno, preciosa cota de conhecimentos novos, do interesse de ambas, oferecendo-lhes, com isso, o elo de ligação que lhes faltava, para que se ponham de acordo e se prestem mútua cooperação, porque, se é exato que a Religião não pode ignorar os fatos naturais comprovados pela Ciência, sem desacreditar-se, esta, igualmente, jamais chegaria a completar-se se continuasse a fazer tábua rasa do elemento espiritual.
Graças ao Espiritismo, começa-se a reconhecer que o homem, criatura
complexa que é, formada de corpo e alma, não sofre apenas as influências do meio físico em que vive, quais o clima, o solo, a alimentação, etc, mas tanto ou mais as influências da psicosfera terrena, ou seja, das entidades espirituais — boas ou mas — que coabitam este planeta (os chamados anjos ou demônios), as quais interferem em seu comportamento em muito maior escala do que ele
queira admitir. Daí a recomendação do Cristo: “orai e vigiai para não cairdes em tentação.”
Graças ainda ao Espiritismo, sabe-se, hoje, que o espírito (ou alma) não é mera “função” do sistema sensório-nervoso-cerebral, como apregoava a pseudo ciência materialista, nem tão pouco unta “centelha” informe, incapaz de subsistir por si mesma, como o imaginavam as religiões primevas ou primárias, mas sim um ser individualizado, revestido de uma substância quintaessenciada, que, apesar de imperceptível aos nossos sentidos grosseiros, é passível de,
enquanto encarnado, ser afetado pelas enfermidades ou pelos traumatismos orgânicos, mas que, por outro lado, também afeta o indumento (soma) de que se serve durante a existência humana, ocasionando-lhe, com suas emoções, distúrbios funcionais e até mesmo lesões graves, como o atesta a psiquiatria moderna ao fazer medicina psicossomática.
Quanto mais o homem desenvolve suas faculdades intelectuais e aprimora suas percepções espirituais, tanto mais vai-se inteirando de que o mundo material, esfera de ação da Ciência, e a ordem moral, objeto especulativo da Religião, guardam íntimas e profundas relações entre si, concorrendo, um e outra, para a harmonia universal, mercê das leis sábias, eternas e imutáveis que os regem, como sábio, eterno e imutável é o Seu legislador.
Não pode nem deve haver, portanto, nenhum conflito entre a verdadeira Ciência e a verdadeira Religião. Sendo, como são, expressões da mesma Verdade Divina, o que precisam fazer é dar-se as mãos, apoiando-se reciprocamente, de modo que o progresso de uma sirva para fortalecer a. outra e, juntas, ajudem o homem a realizar os altos e gloriosos destinos para que foi criado.

(Capítulo 1, questão 614 e seguintes.)

a verdade

O Conhecimento da Lei Natural

Depois de muitos séculos de desunião, ou, pior ainda, de estúpida e feroz hostilidade recíproca, eis que as Igrejas Cristãs começam a compreender a conveniência de colocarem em segunda plana as questiúnculas que as dividem, para darem mais ênfase ao objetivo essencial que lhes é comum: a edificação das almas para o Bem, dispondo-se a envidar sérios esforços no sentido de extinguirem, em suas respectivas hostes, o malfadado sectarismo, responsável por tantos males, substituindo-o por um espírito de tolerância e de
colaboração mútuas.
Esse nobre movimento constitui, sem dúvida, uma excelente contribuição à causa da fraternidade universal. Não deve, entretanto, parar aí, mas sim evoluir até o reconhecimento de que as demais religiões, embora não cristãs, também são dignas de todo o respeito, pois na doutrina moral de cada uma delas existe algo de sublime, capaz de levar os seus profitentes ao conhecimento e à observância da Lei Natural estabelecida por Deus para a felicidade de todas as criaturas.
Ninguém contesta ser absolutamente indispensável habituar-nos, pouco a pouco, com a intensidade da luz para que ela não nos deslumbre ou encegueça. A Verdade, do mesmo modo, para que seja útil, precisa ser revelada de conformidade com o grau de entendimento de cada um de nós.
Daí não ter sido posta, sempre, ao alcance de todos, igualmente dosada.
Para os que já alcançaram apreciável desenvolvimento espiritual, muitas crenças e cerimônias religiosas vigentes aqui, ali e acolá, parecerão absurdas, ou mesmo risíveis. Todas têm, todavia, o seu valor, porquanto satisfazem à necessidade de grande número de almas simples que a elas ainda se apegam e nelas encontram o seu caminho para. Deus.
Essas almas simples não estão à margem da Lei do Progresso e, após
uma série de novas existências, tempo virá em que também se libertarão de crendices e superstições para se nortearem por princípios filosóficos mais avançados.
Por compreender isso foi que Paulo, em sua primeira Epístola aos
Coríntios (13:11), se expressou desta forma:
“Quando eu era menino, falava como menino, julgava como menino,
discorria como menino; mas, depois que cheguei a ser homem feito, dei de
mão às coisas que eram de menino.”
Kardec, instruído pelas vozes do Alto, diz-nos que em todas as épocas e
em todos os quadrantes da Terra, sempre houve homens de bem (profetas) inspirados por Deus para auxiliarem a marcha evolutiva da Humanidade.
Destarte, “para o estudioso, não há nenhum sistema antigo de filosofia,
nenhuma tradição, nenhuma religião, que seja despicienda, pois em tudo há germes de grandes verdades que, se bem pareçam contraditórias entre si, dispersas que se acham em meio de acessórios sem fundamento, facilmente coordenáveis se vos apresentam, graças à explicação que o Espiritismo dá de uma imensidade de coisas que até agora se nos afiguravam sem razão alguma, e cuja realidade está irrecusavelmente demonstrada”.

(Capítulo 1º, questão 619 e seguintes.)

ser grande em humildade

A Progressividade da Revelação Divina

– 1º Há uma opinião generalizada de  que, sendo a Bíblia, um livro de
inspiração divina, tudo o que nela se contém, “de capa. a capa”, forma um bloco indiviso, uma unidade indecomponível, um repositório de verdades eternas, e que, rejeitar-lhe uma palavra que seja, seria negar aquele seu caráter transcendente.
É preciso, entretanto, dar-nos conta de que entre a época em que foi
escrito o pentateuco de Moisés e aquela em que João escreveu o Apocalipse, decorreram séculos e séculos, durante os quais a Humanidade progrediu, civilizou-se e sensibilizou-se, devendo ter ocorrido, paralelamente com esse desenvolvimento, um acréscimo correspondente nos valores morais da Revelação Divina, como de fato ocorreu.
Por outro lado, sendo o progresso constante e infinito, essa revelação,
necessariamente, também deve ser ininterrupta e eterna, não podendo haver cessado, por conseguinte (como alguns o supõem), com o último livro do Novo Testamento.
Certo, sendo Deus a perfeição absoluta, desde a eternidade, “sempre
revelou o que é perfeito — como lembra um renomado pensador
contemporâneo —, mas os recipientes humanos da antiguidade receberam imperfeitamente a perfeita revelação de Deus, devido à imperfeição desses humanos recipientes, porquanto, o quer que é recebido, é recebido segundo o modo do recipiente.
Se alguém mergulhar no oceano um dedal, vai tirar, não a plenitude do oceano, mas a diminuta fração correspondente ao pequenino recipiente do dedal. Se mergulhar no mesmo oceano um recipiente de litro, vai
tirar da mesma imensidade medida maior de água. O recipiente não recebe segundo a medida do objeto, mas sim segundo a medida do sujeito. Na razão direta que o sujeito recipiente ampliar o seu espaço, a sua receptividade, receberá maior quantidade do objeto”.
Aos homens das primeiras idades, extremamente ignorantes e incapazes de sentir a menor consideração para com os semelhantes, entre os quais o único tipo de justiça vigente era o direito do mais forte, não poderia haver outro meio de sofrear-lhes os ímpetos brutais senão fazendo-os crer em deuses terríveis e vingativos, cujo desagrado se fazia sentir através de tempestades, erupções vulcânicas, terremotos, epidemias, etc, que tanto pavor lhes causavam.
O sentimento religioso dos homens teve, pois, como ponto de partida, o
temor a um poder extraterreno, infinitamente superior ao seu.
E foi apoiado nisso que Moisés pôde estabelecer a concepção de Jeová,
uma espécie de amigo todo-poderoso, que, postando-se à frente dos exércitos do povo judeu, ajudava-o em suas batalhas, dirigia-lhe os destinos, assistia-o diuturnamente, mas exigia dele a mais completa fidelidade e obediência, bem assim o sacrifício de gado, aves ou cereais, conforme as posses de cada um.
Era como levar os homens à aceitação do monoteísmo e encaminhá-los a um princípio de desapego dos bens materiais, que tinham em grande apreço.
O Velho-Testamento oferece-nos um relato minucioso dessa etapa da
evolução humana. Vê-se, por ali, que “o Deus de Abraão e de Isaac” e uma divindade zelosa dos israelitas, que faz com eles um pacto (Êx., 34:10), pelo qual se compromete a obrar prodígios em seu favor, mas que, ciumento, manda passar à espada, pendurar em forcas ou lapidar os que se atrevam a adorar outros deuses (Êxodo, capítulo 32 versículo 27; Números capítulo 25 versículo 24; Deuteronômio, capítulo 13) e, com requinte de um mestre-cuca, estabelece como preparar e executar os holocaustos em Sua memória OU pelos Pecados do “seu” povo (Lev., Capítulos 1 a 7).
Por essa época, conquanto fossem, talvez, os homens mais adiantados
espiritualmente os judeus não haviam atingido ainda um nível de mentalidade que lhes permitisse compreender que, malgrado a diversidade dos caracteres físicos e culturais dos terrícolas, todos pertencemos a uma só família: a Humanidade.
E Porque não Pudessem assimilar lições de teor mais elevado a par das
ordenações de Moisés especificamente nacionais que tinham por objetivo levá-los a uma estreita solidariedade racial e regras outras, oportunas porém transitórias que servissem para discipliná-los durante o êxodo, receberam também a primeira grande revelação de leis divinas — o Decálogo – que lhes prescrevia o que não deviam fazer em dano do próximo.
Chegou o momento, todavia, em que a Humanidade devia ser preparada para um novo avanço e…

amai os inimigos

A Progressividade da Revelação Divina

– 2º “… Surgiu o Cristo, proclamando: “Sede perfeitos, porque perfeito é o vosso Pai celestial.”
Não fora nada fácil fazer que os homens, contrastando seu orgulho
odiento, limitassem seu direito de vingança e, vencendo seu forte egoísmo, se dispusessem a levar seus melhores bens ao templo, para oferecê-los em sacrifício.
Neste novo passo, entretanto, a dificuldade é bem maior: O Cristo pede-lhes que renunciem a qualquer espécie de desforra; que, às ofensas recebidas, retribuam com o perdão e a prece pelos ofensores; e que se sacrifiquem a si mesmos em benefício dos outros, até mesmo dos inimigos!
Para conduzi-los à realização de tal magnanimidade, dá-lhes então uma
doutrina excelsa, em que Deus já não é aquele ser faccioso, que faz dos
israelitas “a porção escolhida” dentre todos os povos (Ex, 19:5), mas sim o Pai “nosso,” isto é, de todas as nações e de todas as raças, porque para Ele “não há acepção de pessoas” (Atos, 10:34; Rom., 2:11).
Ante essa estupenda revelação, desmoronam, diluem-se todas as
diferenças do antigo concerto. Já não há Judeus e gentios sacerdotes e plebeu senhores e escravos Todos são iguais, porque filhos do mesmo Pai justo e. bondoso, que nos criou por Amor e quer que todos sejamos partícipes de Sua glória.
São frequentes, no Evangelho, as referências do Cristo a essa irmandade universal tão em contraposição ao sectarismo estreito da legislação mosaica.
Sirva-nos de exemplo apenas a seguinte:
Certa ocasião, quando pregava foi interrompido por alguém que lhe disse: “Eis que estão, ali fora, tua mãe e teus irmãos, os quais desejam falar-te”
Ao que ele respondeu:
“Quem é minha mãe? e quem são meus irmãos!” E, estendendo a mão para os seus discípulos, disse: “Eis aqui. minha, mãe e meus irmãos; Porque todo aquele que fizer a Vontade de meu Pai que está nos Céus, este é meu irmão, minha irmã, e mãe.” (Mat, 12: 46-50)
Contrariamente ainda à expectativa dos judeus, que sonhavam com as
delicias de um reino terrestre, de que teriam a hegemonia pois a isso se
cingiam suas esperanças, o Cristo anuncia-lhes algo diferente — “o reino dos céus”, ou seja, uma vida de felicidade mais intensa e mais duradoura, nos planos espirituais, de cuja existência nem sequer suspeitavam!
Esse reino, porém, não pode ser tomado de assalto, à força. Para merecê-lo, cada qual terá que, em contrapartida, edificar-se moralmente, o que vale dizer, pôr-se em condições de ser um de seus súditos.
Então nos instrui, solícito, no maravilhoso Sermão da Montanha:
Bem-aventurados os pobres de espírito —os humildes, os que têm a
candura e a adorável simplicidade das crianças —, porque deles é o reino dos céus.
Bem-aventurados os brandos e pacíficos — os que tratam a todos com
afabilidade, doçura e piedade, sem jamais usar de violência —, pois serão chamados filhos de Deus…
Bem-aventurados os limpos de coração —os que, havendo vencido seus
impulsos inferiores, não se permitem qualquer ato, nem mesmo uma palavra, ou o menor pensamento impuro, que possa ofender o próximo em sua honorabilidade —, pois eles verão a Deus.
Bem-aventurados os misericordiosos —os que perdoam e desculpam as
ofensas recebidas e, sem guardar quaisquer ressentimentos, se mostram sempre dispostos a ajudar e a servir aqueles mesmos que os magoaram ou feriram —, pois, a seu turno, obterão misericórdia.
“Não, resistais ao que Vos fizer mal; antes, se alguém te ferir na face
direita, oferece-lhe também a outra. Ao que quer demandar Contigo em juízo para tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa. E se qualquer te obrigar a ir Carregado mil passos, vai com ele ainda mais outros dois mil. Dá a quem te pede, e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes.”
Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos têm ódio, e orai pelos
que vos perseguem e caluniam, para serdes filhos de vosso Pai, que está nos céus, o qual faz nascer o seu sol Sobre bons e maus, e vir chuva sobre justos e injustos Porque, se não amais senão os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem os Publicanos também o mesmo? E se saudardes somente os Vossos irmãos que fazeis nisto de especial? Não fazem também assim os gentios ?“ (Mat., capítulo 5)
Ressaltando a superioridade do anunciado reino celestial sobre as
Posses e os gozos materiais, acrescenta ainda:
“Não queirais acumular tesouros na terra, onde a ferrugem e a traça os
consomem, e onde os ladrões os desenterram e roubam; mas formai Para Vós tesouros no céu, onde não os consome a ferrugem nem a traça, e onde os ladrões não os desenterram nem roubam.” (Mat., 6: 19-20)
*
Conquanto estas normas de ética datem de há quase dois milênios,
“poucos são os que as compreendem e ainda menos os que as praticam”, dizem-nos os Espíritos do Senhor. (Capítulo 1, questão 627)
E foi certamente prevendo isso que…

dádivas oferecidas

A Progressividade da Revelação Divina

– 3º Ao soar a hora de sua saída deste mundo, Jesus, em colóquio amoroso com seus discípulos, procura confortá-los, dizendo-lhes:
“Não se turbe o vosso coração. Credes em Deus, crede também em mim.
Na casa de meu Pai há muitas moradas e, pois, vou a aparelhar-vos o lugar. Depois virei outra vez e tomar-vos-ei para mim mesmo, a fim de que, onde eu estiver, estejais também. Se me amais, guardai os meus mandamentos e eu rogarei ao Pai que vos envie outro Consolador, para que fique eternamente convosco. O Espírito de Verdade, a quem o mundo não pode receber, porque o não vê, nem o conhece, vós o conhecereis, porque ele ficará convosco e estará em vós. O Consolador, que é o Espírito Santo a quem o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar tudo o que vos tenho dito.”
E após dar-lhes outras instruções, exortando-os à prática do amor
universal, conforme o preceito que lhes dera, repete-lhes:
“Convém-vos que eu vá, pois, se eu não for, o Consolador não virá a vós,
mas, se eu for, vo-lo enviarei. Ainda tenho muito que vos dizer, mas vós não o podeis suportar agora. Quando vier, porém, aquele Espírito de Verdade, ele vos ensinará todas as verdades, porque não falará por si mesmo, mas dirá tudo que tiver ouvido e vos anunciará as coisas que estão para vir.” (João, Capítulos 14, 15, 16)
Diante disso, como podem as religiões que se fundamentam
exclusivamente na Bíblia afirmar que têm a posse da verdade total, se o Cristo não dissera tudo que tinha a dizer, antes deixou MUITO para ser revelado posteriormente, o que só se daria quando viesse o Consolador?
Ensina a Teologia tradicional que esse Consolador já teria vindo no dia de Pentecostes. Estará certa?
Nesse dia, de fato, foram os apóstolos influenciados pelas potestades do
Alto, que lhes abriram as inteligências e provocaram a eclosão de suas
faculdades medianímicas, necessárias à tarefa que iriam desempenhar. Não se tratava, porém, da realização da promessa quanto à vinda do consolador, o Espírito de Verdade.
Vejamos porque:
Segundo os textos evangélicos que vimos de transcrever, a missão do
Consolador seria “ensinar aquelas coisas que Jesus não pudera dizer, porque os homens não estavam em estado de compreendê-las”, bem como “fazer lembrar tudo o que fora ensinado por ele”.
Ora, se o Cristo não dissera tudo quanto tinha a dizer, porque nem
mesmo seus discípulos podiam, ainda, entender certas verdades, será que, algumas semanas depois, já haviam esses mesmos homens alcançado as luzes necessárias à compreensão do que ele deixara de dizer?
Só mesmo quem desconhecesse por completo a natureza humana poderia admitir tal hipótese.
Talvez se diga que precisamente para dar-lhes esse entendimento é que
descera o Espírito Santo sobre os apóstolos. Mas, basta ler Atos, capítulo 2, onde o episódio de Pentecostes vem narrado, para verificar que nada de novo lhes foi dito, nenhum ensino especial lhes foi ministrado, nessa ocasião. A admitir-se ainda que eles tivessem recebido alguma revelação particular, de que as Escrituras não nos dão noticia, então deveriam ter ficado aptos a elucidar todos os pontos dúbios, obscuros ou omissos do Evangelho.
Muito ao contrário disso, entretanto, o que se sabe é que a interpretação contraditória dos ensinos do Mestre, desde os primeiros séculos, dividiu o Cristianismo em numerosas seitas, cada uma delas se supondo proprietária exclusiva da verdade, as quais, empenhando-se em lutas impiedosas e cruentas, impuseram à Humanidade o sacrifício de milhões e milhões de vidas.
Os cinquenta dias que decorreram da ressurreição ao Pentecostes, assim como não seriam suficientes para dar aos homens os conhecimentos que só podem ser adquiridos a longo prazo, seriam poucos, igualmente, para que houvessem esquecido as palavras do Mestre e se fizesse preciso “recordá-las”, tanto mais que, durante quarenta dias, permaneceu ele cá na Terra, manifestando-se aos discípulos, antes de ascender aos céus.
Não sendo exato que o Consolador tenha sido enviado no dia de
Pentecostes, conforme ficou demonstrado, é de perguntar-se:
Teria ele aparecido em outra ocasião? Quando?

instrumento da paz francisco de assis

A Progressividade da Revelação Divina

– 4º  Se atentarmos bem para estas palavras de Jesus, ao anunciar o
Consolador: “para que ele fique eternamente convosco, e estará em vós”, não há como deixar de reconhecer — di-lo Kardec — que isto não pode aplicar-se senão a uma doutrina que, quando assimilada, pode permanecer para sempre conosco, ou em nós.
O Consolador, assim, personifica uma doutrina eminentemente consoladora, que, na época oportuna, viria trazer aos homens as consolações de que iriam precisar, pois não as encontrariam nas religiões materializadas erigidas à sombra da cruz.
Com efeito, tais religiões, desvirtuando completamente os ensinamentos do Cristo, transformaram-nos num amontoado de dogmas esdrúxulos, incompreensíveis e falsos que, por não falarem à inteligência nem tocarem o coração dos homens, acabaram levando-os à descrença, ao materialismo e, consequentemente, ao desvario.
Essa nova Doutrina só pode ser o Espiritismo, porque só ele, em seu
tríplice aspecto de ciência, filosofia e religião, possui condições para realizar todas as promessas do Consolador.
Ao mesmo tempo que explica e desenvolve tudo quanto Jesus ensinara
por parábolas ou em linguagem velada, dá ao homem o conhecimento exato de si mesmo, “de onde vem, para onde vai e porque está na Terra”, coisas que não puderam ser reveladas antes, porque os tempos não eram chegados.
Sim, “jamais permitiu Deus que o homem recebesse comunicações tão
completas e instrutivas como as que hoje lhe são dadas.” (Ibidem, questão 628)
Às idéias vagas e imprecisas da vida futura, contidas no Evangelho,
acrescenta agora o Espiritismo a demonstração palpável e inequívoca da existência do mundo espiritual; desvenda-nos “as leis que o regem, suas relações com o mundo invisível, a natureza e o estado dos seres que o habitam e, por conseguinte, o destino do homem depois da morte”, destino esse feliz ou desgraçado, não por se haver crido desta ou daquela forma, mas segundo o grau de pureza e perfeição adquirida. Com isso, aviva a crença, dá-lhes um seguro Ponto de apoio desfazendo a dúvida pungente que pairava em torno da sobrevivência.
Por ele ficamos sabendo ainda, que todos os que se amam Podem
reencontrar-se no Além, porquanto não existem abismos intransponíveis a separar-nos definitivamente uns dos outros. Nem mesmo aqueles que se comprometeram seriamente com a Justiça Divina ficam esquecidos. Assim como aqui na Terra há criaturas abnegadas e generosas que se dedicam à tarefa de amparar os que se aviltaram nos chavascais do vicio e do crime, salvando-os da degradação, também no mundo espiritual há seres bondosos e
devotados Cuja missão é Socorrer as almas infelizes guiando-as no
conhecimento de Deus.
O Espiritismo veio revelar-nos, também, que não há culpas irremissíveis nem penas eternas; que o sofrimento Pode ser vencido pelo arrependimento sincero e a devida reparação dos males cometidos por via da lei das vidas sucessivas, lei sublime esta, que esclarece, com uma lógica irretorquível, todas as aparentes anomalias da vida terrena, quais as diferenças de aptidões intelectuais e morais, as desigualdades de sorte e de posição social, as enfermidades e os aleijões congênitos, as mortes Prematuras, e quantos problemas possam ser levantados no tocante ao ser, ao seu destino vário e às
muitas dores que o excruciam.
Que amplitude dá o Espiritismo ao pensamento do homem! Que vastos e esplêndidos horizontes lhe descortina com a. revelação de que a vida nos planos espirituais e a vida corpórea são dois modos de existência, que se alternam para a realização do progresso. Longe de ser um punhado de argila que se agita, hoje, para voltar, amanhã, ao seio da mãe natura, é o homem um ser imortal, evolvendo incessantemente através das gerações de um determinado mundo, e, em seguida, de mundo em mundo, até à perfeição, sem solução de continuidade!
Ensejando tão alta visão das coisas, a Doutrina Espírita faz que o homem empreste menos importância às vicissitudes terrenas, assim como, pela perspectiva de felicidade que lhe mostra, ajuda-o a ganhar paciência e resignação nos mais duros reveses, infundindo-lhe a necessária coragem para prosseguir, sem desfalecimento, até ao termo de sua longa, mas gloriosa jornada.
Destarte, pelos novos cabedais que dá ao homem; pela fé inabalável que lhe comunica; pelas consolações que lhe oferece em quaisquer circunstâncias da vida; e pela radiosa esperança com que o faz encarar o futuro, o Espiritismo é, de fato, o verdadeiro Consolador.
*
Talvez nos indaguem: Se a manifestação das Leis Divinas é ininterrupta e eterna, como foi afirmado no primeiro capítulo desta série, o Espiritismo, a seu turno, não está fadado a ceder lugar a uma. outra grande revelação, superior à que ele nos trouxe?
Responde a isso o próprio Kardec:
“Ligado a todos os ramos da economia social, aos quais empresta o
apoio de suas próprias descobertas, (o Espiritismo) assimilará sempre todas as doutrinas progressivas de qualquer ordem que elas sejam, elevadas ao estado de verdades práticas, etc.”
“MARCHANDO COM O PROGRESSO, O ESPIRITISMO JAMAIS SERÁ
ULTRAPASSADO, PORQUE, SE NOVAS DESCOBERTAS DEMONSTRASSEM ESTAR EM ERRO SOBRE UM CERTO PONTO, ELE SE MODIFICARIA SOBRE ESSE PONTO; SE UMA NOVA VERDADE SE REVELAR, ELE A ACEITARÁ.”

(Gênese, capítulo 1, nº 55)

Rodolfo Calligaris

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