A experiência é excelente mestra. Disso todos sabemos. Mas, por vezes, bem que poderíamos deixar de passar por algumas delas, muito desagradáveis. Isso, se usássemos um pouco de calma e bom senso.
Narra um médico que ele tinha uma cirurgia de pequeno porte marcada. Coisa nada complicada. De toda forma, preparou-se no dia anterior, revisando todos os exames.
Seis e meia da manhã, em seu automóvel, dirigiu-se à clínica. Cedo, ninguém na rua. Ele seguia tranquilo, cantarolando, quando um carro cortou a sua frente, quase provocando um acidente.
Ele freou bruscamente. Assustou-se. A adrenalina subiu. Ficou irritado, furioso! Pensou no quase grave acidente provocado por um mau motorista. Provavelmente, um bêbado saindo de uma noitada.
Indignado, acelerou e alcançou o carro, quadras adiante, num sinal fechado.
Abriu o vidro e verificou se tratar de uma mulher. Descarregou nela, que estava com jeito de quem nem tinha percebido o que fizera, toda sua lista especial, de nomes ruins.
Começou por irresponsável, incompetente, terminando com o tradicional só podia ser mulher!
Nem ele mesmo sabia porque dissera aquilo, ao final. Intimamente tinha certeza de que sua noiva dirigia com muito mais atenção do que ele próprio.
Lembrou de alguns palavrões e os despejou também. Ela devolveu, mais ou menos na mesma moeda. Para não ouvir, ele foi fechando o vidro.
O sinal abriu. Ele acelerou e cortou a frente dela, para devolver o gesto, exatamente na mesma medida.
Finalmente, chegou à garagem da clínica. Agora, sentia-se um pouco mais calmo. Afinal, tinha descarregado toda sua raiva e se sentia vingado.
Trocou de roupa. Conferiu a mesa cirúrgica. Abriu a porta da sala e chamou a paciente.
Era ela! A mulher que cortara a sua frente. Aquela que ele chamara de tudo e mais um pouco. Aquela que, por vingança, ele tinha fechado, ao arrancar com seu carro, no último sinaleiro.
Dr. Diego gelou. Rapidamente, colocou a máscara cirúrgica e o gorro, ficando somente com os olhos de fora, espiando e esperando.
Será que ela o reconhecera? Ela entrou. Ele falou com voz calma e pacífica, tentando disfarçar.
Ao menos naquele dia, deu certo. Quer dizer, ele acredita que foi assim. Se ela o reconheceu, disfarçou muito bem. Nunca comentou nada. Talvez, por educação.
Depois da cirurgia, ele ainda a atendeu no pós-operatório, por três vezes. Nunca tocaram no assunto.
Mas Dr. Diego afirma: Aprendi a não brigar no trânsito, nunca mais.
* * *
Pense nisso!
Nossa educação e o trato gentil são medidos nas situações adversas. Naquelas em que somos desafiados a manter a calma.
É fácil ser educado em momentos de tranquilidade, em que os demais também se mostram educados.
O grande desafio é aprendermos, sem experiências amargas, preferencialmente, a sermos corteses, ponderados, educados nos momentos de crise, sustos e reveses.
E um bom momento é começar hoje a realizar a grande aprendizagem, o sadio exercício.
Redação do Momento Espírita, com base em blog de autoria de Diego Bassani, inserido na revista Seleções Reader’s Digest, de agosto de 2003.
Esclarecendo dúvidas
O Espiritismo, conforme reconhece o Conselho Federativo Nacional, órgão da Federação Espírita Brasileira, é a Revelação prometida pelo Cristo de Deus para os séculos em que a Humanidade alcançasse um grau de assimilação mais elevado.
Os fenômenos psíquicos, tão velhos quanto o mundo, só atraíram a atenção dos intelectuais, quando surgiram os ocorridos em Hydesville, em 1848.
Em 1857, após observá-los e catalogá-los com o mais meticuloso rigor científico, Allan Kardec lançou ao mundo o primeiro livro da codificação dessa nova Revelação – “O Livro dos Espíritos”, criando o vocábulo Espiritismo para designar essa Revelação, então chamada e ainda conhecida em outros países pelo nome de Neo-Espiritualismo.
Difere o Espiritismo de todas as religiões conhecidas por demonstrar a lógica dos seus ensinos através de experiências científicas e por apresentar uma filosofia também baseada em experimentos e observações e documentada por uma legião de sábios de renome universal.
Religião científico-filosófica, confirmando os ensinamentos básicos de todas as religiões, não pretende demolir as que a precederam, antes reconhece a necessidade da existência delas para grande parte da humanidade, cuja evolução se processará lenta e inevitavelmente.
Doutrina religiosa, sem dogmas propriamente ditos, sem liturgia, sem símbolos, sem sacerdócio organizado, ao contrário de quase todas as demais religiões, não adota em suas reuniões e em suas práticas:
a) paramentos, ou quaisquer vestes especiais;
b) vinho ou qualquer bebida alcoólica;
c) incenso, mirra, fumo ou substâncias outras que produzam fumaça;
d) altares, imagens, andores, velas e quaisquer objetos materiais como auxiliares de atração do público;
e) hinos ou cantos em línguas mortas ou exóticas, só os admitindo, na língua do país, exclusivamente em reuniões festivas realizadas pela infância e pela juventude e em sessões ditas de efeitos físicos;
f) danças, procissões e atos análogos;
g) atender a interesses materiais terra-a-terra, rasteiros ou mundanos;
h) pagamento por toda e qualquer graça conseguida para o próximo;
i) talismãs, amuletos, orações miraculosas, bentinhos, escapulários ou quaisquer objetos e coisas semelhantes;
j) administração de sacramentos, concessão de indulgências, distribuição de títulos nobiliárquicos;
k) confeccionar horóscopos, exercer a cartomancia, a quiromancia, a astromancia e outras “mancias”;
l) rituais e encenações extravagantes de modo a impressionar o público;
m) termos exóticos ou heteróclitos para a designação de seres e coisas;
n) fazer promessas e despachos, riscar cruzes e pontos, praticar, enfim, a longa série de atos materiais oriundos das velhas e primitivas concepções religiosas.
O fenômeno psíquico pode surgir em qualquer meio religioso ou irreligioso e seu aparecimento pode conduzir a criatura ao Espiritismo, mas a consolidação da crença, o conhecimento das leis que presidem os destinos do homem e a perfeita assimilação da Doutrina Espírita só se conseguem através do estudo das obras de Allan Kardec e das que lhe são subsidiárias.
MISSÃO E DEVER
Renascido entre os ventos outonais do Rhone e do Saone, nas terras de Lion, chega com pujante dever a cumprir e nobre missão a desempenhar.
Quando menino, estuda e avança.
Na juventude, burila-se e cresce mais.
Na fase adulta, faz-se mestre-escola e trabalha no ensino, amando e avançando na própria profissão.
Como cidadão, observa, aprende, constrói imagens de um mundo novo de coerência com as leis do Altíssimo.
Aproximado dos fenômenos da Vida Imortal, contata os mortos da Terra e descobre um campo novo de aprendizado eloquente.
Compreende o chamado e ajusta-se ao que tomou por dever.
Estuda, analisa, pergunta, escreve… e desatam-se os pensamentos estelares no intelecto humano.
Colige os ditos das Alturas e verifica a sanha do lado infeliz do Mundo Além.
Não se deixa engodar pelos trapaceiros, tampouco se empolga com os primeiros êxitos.
Toma os elogios à guisa de incentivo, dedicando-os ao Grande Guia, e recebe calúnias e outras agressões por combustível necessário a sua marcha.
Apresenta ao mundo a Doutrina dos Sempre Vivos, e incendeia os corações com amor e as mentes com sabedoria, vertidos dos campos do Infinito.
Enquanto os ventos do progresso a Doutrina Nova espargem, ele deixa o corpo carnal, que tomba insultado pela perda das forças mais básicas e torna-se um Astro a brilhar nos céus da cultura humana, tendo contribuído, eficazmente, para que a Terra se mostrasse melhor.
Allan Kardec, missionário grandioso de Jesus, além do legado esplendoroso que a Codificação Espírita representa, ensina a todos, por meio de uma vida sóbria e profunda, a cumprir deveres e atender a missão que, em verdade, o Criador confere a cada um dos Seus filhos.
Raul Teixeira. Pelo Espírito Francisco de Paula Vítor.
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