O PERDÃO DAS OFENSAS SOB A VISÃO ESPÍRITA

O perdão na visão espírita

“O perdão das ofensas faz bem para quem perdoar.
O primeiro beneficiado é quem consegue perdoar.
O perdão é um poderoso medicamento da alma que nos cura as feridas mais profundas.”

Vera Jacubowski

espiral da evolução

Perdoar para ser perdoado

Ouvimos muitas vezes que é preciso perdoar para ser perdoado. Mas se você desencarnasse agora, deixaria para trás alguma ofensa recebida e não perdoada? Você já perdoou as ofensas recebidas? Bom mesmo seria se não houvesse ofensa alguma, se você nunca se sentisse ofendido.
Mas somos, ainda, muito suscetíveis. Nos melindramos por pouca coisa. Poucas coisas produzem tanto mal e causam tantas doenças como a falta de perdão. “Nunca vou te perdoar”; veja só que frase mais feia. É uma afirmação terrível, e só a coloco aqui para que você avalie o quanto essa sentença tem de destrutiva e irresponsável.
Sim, é uma irresponsabilidade não perdoar. Falta de responsabilidade para com você mesmo, para com o próximo e para com o Universo. O Universo é harmonia, e qualquer pensamento, palavra ou ação desarmônica produz um desajuste que terá que ser reparado, mais cedo ou mais tarde.
Tudo no Universo é harmonia. Analise a precisão dos dias e das noites, as órbitas dos planetas, a perfeição do sistema solar, que é um grão de areia na imensidão do cosmos. Tudo é harmônico, perfeito, íntegro. Por isso o Bem sempre prospera. O Mal é desarmonia, e terá que se reajustar, inevitavelmente. O perdão está de acordo as Leis de Deus, está de acordo com a harmonia cósmica. Enquanto você não perdoa, fica ligado ao erro, à ofensa recebida.
Você acha que deve perdoar a quem o ofendeu? Se você observar com frieza, talvez perceba que não há nada a ser perdoado na pessoa que produziu a ofensa. Ela é humana como você, é espírito imortal como você, é sujeita a erros e acertos como você. Se há algo a ser perdoado é a situação que foi gerada, não a pessoa que gerou a situação. Todos somos parceiros de jornada, irmãos de caminhada evolutiva. A situação criada é que foi ruim, e você deve desligar-se dela.
Desligue-se. Perdoe. A palavra perdão não é usada nos textos mais antigos do evangelho. No texto grego do primeiro século há a palavra aphiemi, significando, justamente, desligar. A palavra perdoar vem do Latim perdonare; dar plenamente, doar totalmente. Perdoar é desligar-se, libertar-se, livrar-se. É isso que se deve fazer em relação às situações que nos ofenderam.
As pessoas que foram causadoras das ofensas que recebemos são falíveis como nós. Também estão neste planeta de aprendizado. Entre bilhões de mundos habitados, dividem conosco este cisco espacial chamado planeta Terra. Não é à toa que cruzaram nosso caminho. Somos instrumentos de aprendizado uns dos outros. E só não aprendemos se não quisermos, só não aproveitamos as oportunidades de aprendizado se ficarmos presos a picuinhas infames.
Você não pode esquecer que você também já ofendeu, você também já provocou situações ofensivas. Perdoe para ser perdoado. Do mesmo modo como você perdoar, assim também você será perdoado. Sua consciência é seu juiz. Perdoe. Perdoe a si mesmo, desligue-se dos erros cometidos. Os erros são tentativas de acerto que não obtiveram o sucesso desejado. Se você não perdoar a si mesmo, como irá perdoar ao próximo?
Morel Felipe Wilkon

sol nascendo

I – Perdão das Ofensas
SIMEÃO

Bordeaux, 1862

14 – Quantas vezes perdoarei ao meu irmão? Perdoá-lo-eis, não sete vezes, mas setenta vezes sete. Eis um desses ensinos de Jesus que devem calar em vossa inteligência e falar bem alto ao vosso coração. Comparai essas palavras misericordiosas com a oração tão simples, tão resumida, e ao mesmo tempo tão grande nas suas aspirações, que Jesus ensinou aos discípulos, e encontrareis sempre o mesmo pensamento. Jesus, o justo por excelência, responde a Pedro: Perdoarás, mas sem limites; perdoarás cada ofensa, tantas vezes quantas ela vos for feita; ensinarás a teus irmãos esse esquecimento de si mesmo, que nos torna invulneráveis às agressões, aos maus tratos e às injúrias, serás doce e humilde de coração, não medindo jamais a mansuetude; e farás, enfim, para os outros, o que desejas que o Pai celeste faça por ti. Não tem Ele de te perdoar sempre, e acaso conta o número de vezes que o seu perdão vem apagar as tuas faltas?
Ouvi, pois essa resposta de Jesus, e como Pedro, aplicai-a a vós mesmos. Perdoai, usai a indulgência, sede caridosos, generosos, e até mesmo pródigos no vosso amor. Daí, porque o Senhor vos dará; abaixai-vos, que o Senhor vos levantará; humilhai-vos, que o Senhor vos fará sentar à sua direita.
Ide, meus bem-amados, estudai e comentai essas palavras que vos dirijo, da parte daquele que, do alto dos esplendores celestes, tem sempre os olhos voltados para vós, e continua com amor a tarefa ingrata que começou há dezoito séculos. Perdoai, pois, os vossos irmãos, como tendes necessidade de ser perdoados. Se os seus atos vos prejudicaram pessoalmente, eis um motivo a mais para serdes indulgentes, porque o mérito do perdão é proporcional à gravidade do mal, e não haveria nenhum em passar por alto os erros de vossos irmãos, se estes apenas vos incomodassem de leve.
Espíritas, não vos olvideis de que, tanto em palavras como em atos, o perdão das injúrias nunca deve reduzir-se a uma expressão vazia. Se vos dizeis espíritas, sede-o de fato: esquecei o mal que vos tenham feito, e pensai apenas numa coisa: no bem que possais fazer. Aquele que entrou nesse caminho não deve afastar-se dele, nem mesmo em pensamento, pois sois responsáveis pelos vossos pensamentos, que Deus conhece. Fazei, pois, que eles sejam desprovidos de qualquer sentimento de rancor. Deus sabe o que existe no fundo do coração de cada um. Feliz aquele que pode dizer cada noite, ao dormir: Nada tenho contra o meu próximo.
perdão das ofensas Vera Jacubowski 3

PAULO

Apóstolo, Lyon, 1861

15 – Perdoar aos inimigos é pedir perdão para si mesmo; perdoar aos amigos é dar prova de amizade; perdoar as ofensas é mostrar que se melhora. Perdoai, pois, meus amigos, para que Deus vos perdoe. Porque, se fordes duros, exigentes, inflexíveis, se guardardes até mesmo uma ligeira ofensa, como quereis que Deus esqueça que todos os dias tendes grande necessidade de indulgência? Oh, infeliz daquele que diz: Eu jamais perdoarei, porque pronuncia a sua própria condenação! Quem sabe se, mergulhando em vós mesmos, não descobrireis que fostes o agressor?
Quem sabe se, nessa luta que começa por um simples aborrecimento e acaba pela desavença, não fostes vós a dar o primeiro golpe? Se não vos escapou uma palavra ferina? Se usaste de toda a moderação necessária? Sem dúvida o vosso adversário está errado ao se mostrar tão suscetível, mas essa é ainda uma razão para serdes indulgentes, e para não merecer ele a vossa reprovação. Admitamos que fosseis realmente o ofendido, em certa circunstância.
Quem sabe se não envenenastes o caso com represálias, fazendo degenerar numa disputa grave aquilo que facilmente poderia cair no esquecimento? Se dependeu de vós impedir as conseqüências, e não o fizestes, sois realmente culpado. Admitamos ainda que nada tendes a reprovar na vossa conduta, e, nesse caso, maior o vosso mérito, se vos mostrardes clemente.
Mas há duas maneiras bem diferentes de perdoar: há o perdão dos lábios e o perdão do coração. Muitos dizem do adversário: “Eu o perdôo”, enquanto que, interiormente, experimentam um secreto prazer pelo mal que lhe acontece, dizendo-se a si mesmo que foi bem merecido. Quantos dizem: “Perdôo”, e acrescentam: “mas jamais me reconciliarei; não quero vê-lo pelo resto da vida”!
É esse o perdão segundo o Evangelho? Não. O verdadeiro perdão, o perdão cristão, é aquele que lança um véu sobre o passado. É o único que vos será levado em conta, pois Deus não se contenta com as aparências: sonda o fundo dos corações e os mais secretos pensamentos, e não se satisfaz com palavras e simples fingimentos. O esquecimento completo e absoluto das ofensas é próprio das grandes almas; o rancor é sempre um sinal de baixeza e de inferioridade. Não esqueçais que o verdadeiro perdão se reconhece pelos atos, muito mais que pelas palavras.

E.S.E.

fazer novo fim

Perdoar

Sim, deves perdoar! Perdoar e esquecer a ofensa que te colheu de surpresa, quase dilacerando a tua paz. Afinal, o teu opositor não desejou ferir-te realmente, e, se o fez com essa intenção, perdoa ainda, perdoa-o com maior dose de compaixão e amor.
Ele deve estar enfermo, credor, portanto, da misericórdia do perdão.
Ante a tua aflição, talvez ele sorria. A insanidade se apresenta em face múltipla e uma delas é a impiedade, outra o sarcasmo, podendo revestir-se de aspectos muito diversos.
Se ele agiu, cruciado pela ira, assacando as armas da calúnia e da agressão, foi vitimado por cilada infeliz da qual poderá sair desequilibrado ou comprometido organicamente. Possivelmente, não irá perceber esse problema, senão mais tarde.
Quando te ofendeu deliberadamente, conduzindo o teu nome e o teu caráter ao descrédito, em verdade se desacreditou ele mesmo.
Continuas o que és e não o que ele disse a teu respeito.
Conquanto justifique manter a animosidade contra tua pessoa, evitando a reaproximação, alimenta miasmas que lhe fazem mal e se abebera da alienação com indisfarçável presunção.
Perdoa, portanto, seja o que for e a quem for.
O perdão beneficia aquele que perdoa, por propiciar-lhe paz espiritual, equilíbrio emocional e lucidez mental.
Felizes são os que possuem a fortuna do perdão para a distender largamente, sem parcimônia.
O perdoado é alguém em débito; o que perdoou é espírito em lucro.
Se revidas o mal és igual ao ofensor; se perdoas, estás em melhor condição; mas se perdoas e amas aquele que te maltratou, avanças em marcha invejável pela rota do bem.
Todo agressor sofre em si mesmo. É um espírito envenenado, espargindo o tóxico que o vitima. Não desças a ele senão para o ajudar.
Há tanto tempo não experimentavas aflição ou problema – graças à fé clara e nobre que esflora em tua alma – que te desacostumaste ao convívio do sofrimento. Por isso, estás considerando em demasia o petardo com que te atingiram, valorizando a ferida que podes de imediato cicatrizar.
Pelo que se passa contigo, medita e compreenderás o que ocorre com ele, o teu ofensor.
O que te é Inusitado, nele é habitual.
Se não te permitires a ira ou a rebeldia – perdoarás!
A mão que, em afagando a tua, crava nela espinhos e urze que carrega, está ferida ou se ferirá simultaneamente. Não lhe retribuas a atitude, usando estiletes de violência para não aprofundares as lacerações.
O regato singelo, que tem o curso impedido por calhaus e os não pode afastar, contorna-os ou para, a fim de ultrapassá-los e seguir adiante.
A natureza violentada pela tormenta responde ao ultraje reverdescendo tudo e logo multiplicando flores e grãos.
E o pântano infeliz, na sua desolação, quando se adorna de luar, parece receber o perdão da paisagem e a benéfica esperança da oportunidade de ser drenado brevemente, transformando-se em jardim.
Que é o “Consolador”, que hoje nos conforta e esclarece, conduzindo uma plêiade de Embaixadores dos Céus para a Terra, em missão de misericórdia e amor, senão o perdão de Deus aos nossos erros, por intercessão de Jesus?!
Perdoa, sim, e intercede ao Senhor por aquele que te ofende, olvidando todo o mal que ele supõe ter-te feito ou que supões que ele te fez, e, se o conseguires, ama-o, assim mesmo como ele é.
“Não vos digo que perdoeis até sete vezes, mas até setenta vezes sete vezes”. Mateus: 18-22.
“A misericórdia é o complemento da brandura, porquanto aquele que não for misericordioso não poderá ser brando e pacifico. Ela consiste no esquecimento e no perdão das ofensas”. O Evangelho Segundo O Espiritismo, Cap. X – Item 4.
Autor: Joanna de Ângelis
Psicografia de Divaldo Franco. Livro: Florações Evangélicas

viver em paz emmanuel

CRESCIMENTO ESPIRITUAL

ENTRE O MAL E O BEM

O mal não prospera nunca.
O mal é tão somente a ausência do bem.
A única maneira de crescer é pelo bem que tem a finalidade de regenerar, restaurar e reequilibrar as energias mal-sãs, recolocando a Lei Divina em execução no interior do coração humano.
Não penseis que Deus abomina os maus, mas torce para que eles se restabeleçam e venham a encontrar o caminho da luz e da libertação.
Vera Jacubowski

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