Orai Pelos que Vos Perseguem e Vigiai para Não Cairdes

Orai Pelos que Vos Perseguem e Vigiai para Não Caírdes

orai e vigiai

As Leis Divinas

Que é preciso cristianizar a Humanidade é afirmação que não padece dúvida; entre­tanto, cristianizar, na Doutrina Espírita, é raciocinar com a verdade e construir com o bem de todos, para que, em nome de Jesus, não venhamos a fazer sobre a Terra mais um sistema de fanatismo e de negação.

EMMANUEL

(Psicografia de Francisco Cândido Xavier,
publicada em “Reformador” de 3/61.)

tapete mágico

NOTA DO AUTOR
Os assuntos desenvolvidos nesta obra apoiam-se em “O LIVRO DOS ESPÍRITOS”, parte 3ª, ou foram por ele inspirados.

1. As Leis Divinas

Desde tempos imemoriais, a Ciência. vem-se dedicando exclusivamente ao estudo dos fenômenos do mundo físico, suscetíveis de se­rem examinados pela observação e experimentação, deixando a cargo da. Religião o trato das questões metafísicas ou espirituais.
Com o avanço científico nos últimos sé­culos, principalmente no 19º, o divórcio en­tre a Ciência e a Religião transformou-se em beligerância.
Apoiada na Razão, e superestimando os descobrimentos no campo da matéria, a Ciên­cia passou a zombar da Religião, enquanto esta, desarvorada e ferida em seus alicerces — os dogmas sem prova —, revidava como podia, lançando anátemas às conquistas da­quela, apontando-as como contrárias à Fé.
Devido à posição extremada que tomaram e ao ponto de vista exclusivo que defendiam, Ciência e Religião deram à Humanidade a falsa impressão de serem irreconciliáveis e que os triunfos de uma haveriam de custar, necessàriamente, o enfraquecimento da outra.
Não é assim, felizmente.
O Espiritismo, embora ainda repelido e duramente atacado, tanto pela Ciência como pela Religião ditas oficiais, veio trazer, no momento oportuno, preciosa cota de conheci­mentos novos, do interesse de ambas, ofere­cendo-lhes, com isso, o elo de ligação que lhes faltava, para que se ponham de acordo e se prestem mútua cooperação, porque, se é exato que a Religião não pode ignorar os fatos natu­rais comprovados pela Ciência, sem desacre­ditar-se, esta, igualmente, jamais chegaria a completar-se se continuasse a fazer tábua rasa do elemento espiritual.
Graças ao Espiritismo, começa-se a reco­nhecer que o homem, criatura complexa que é, formada de corpo e alma, não sofre apenas as influências do meio físico em que vive, quais o clima, o solo, a alimentação, etc, mas tanto ou mais as influências da psicosf era terrena, ou seja, das entidades espirituais — boas ou mas — que coabitam este planeta (os cha­mados anjos ou demônios), as quais interfe­rem em seu comportamento em muito maior escala do que ele queira admitir. Daí a reco­mendação do Cristo: “orai e vigiai para não cairdes em tentação.”
Graças ainda ao Espiritismo, sabe-se, hoje, que o espírito (ou alma) não é mera “função” do sistema sensório-nervoso-cerebral, como apregoava a pseudociência materialista, nem tão pouco unta “centelha” informe, incapaz de subsistir por si mesma, como o imaginavam as religiões primevas ou primárias, mas sim um ser individualizado, revestido de uma subs­tância quintessenciada, que, apesar de imper­ceptível aos nossos sentidos grosseiros, é passível de, enquanto encarnado, ser afetado pelas enfermidades ou pelos traumatismos orgâni­cos, mas que, por outro lado, também afeta o indumento (soma) de que se serve durante a existência humana, ocasionando-lhe, com suas emoções, distúrbios funcionais e até mes­mo lesões graves, como o atesta a psiquiatria moderna ao fazer medicina psicossomática.
Quanto mais o homem desenvolve suas faculdades intelectuais e aprimora suas per­cepções espirituais, tanto mais vai-se intei­rando de que o mundo material, esfera de ação da Ciência, e a ordem moral, objeto especula­tivo da Religião, guardam íntimas e profun­das relações entre si, concorrendo, um e outra, para a harmonia universal, mercê das leis sá­bias, eternas e imutáveis que os regem, como sábio, eterno e imutável é o Seu legislador.
Não pode nem deve haver, portanto, ne­nhum conflito entre a verdadeira Ciência e a verdadeira Religião. Sendo, como são, expres­sões da mesma Verdade Divina, o que preci­sam fazer é dar-se as mãos, apoiando-se reciprocamente, de modo que o progresso de uma sirva para fortalecer a. outra e, juntas, ajudem o homem a realizar os altos e gloriosos des­tinos para que foi criado.
(Capítulo 1, questão 614 e seguintes.)

servidor

2. O Conhecimento da Lei Natural

Depois de muitos séculos de desunião, ou, pior ainda, de estúpida e feroz hostilidade re­cíproca, eis que as Igrejas Cristãs começam a compreender a conveniência de colocarem em segunda plana as questiúnculas que as di­videm, para darem mais ênfase ao objetivo essencial que lhes é comum: a edificação das almas para o Bem, dispondo-se a envidar sé­rios esforços no sentido de extinguirem, em suas respectivas hostes, o malfadado sectarismo, responsável por tantos males, substituin­do-o por um espírito de tolerância e de cola­boração mútuas.
Esse nobre movimento constitui, sem dú­vida, uma excelente contribuição à causa da fraternidade universal. Não deve, entretanto, parar aí, mas sim evoluir até o reconhecimento de que as demais religiões, embora não cristãs, também são dignas de todo o respeito, pois na doutrina moral de cada uma delas existe algo de sublime, capaz de levar os seus profitentes ao conhecimento e à observância da Lei Natural estabelecida por Deus para a felicidade de todas as criaturas.
Ninguém contesta ser absolutamente in­dispensável habituar-nos, pouco a pouco, com a intensidade da luz para que ela não nos des­lumbre ou encegueça. A Verdade, do mesmo modo, para que seja útil, precisa ser revelada de conformidade com o grau de entendimento de cada um dé nós. Daí não ter sido posta, sempre, ao alcance de todos, igualmente do­sada.
Para os que já alcançaram apreciável desenvolvimento espiritual, muitas crenças e cerimônias religiosas vigentes aqui, ali e acolá, parecerão absurdas, ou mesmo risíveis. Todas têm, todavia, o seu valor, porquanto satisfazem à necessidade de grande número de almas simples que a elas ainda se apegam e nelas encontram o seu caminho para. Deus.
Essas almas simples não estão à margem da Lei do Progresso e, após uma série de novas existências, tempo virá em que também se libertarão de crendices e superstições para se nortearem por princípios filosóficos mais avançados.
Por compreender isso foi que Paulo, em sua primeira Epístola aos Coríntios (13:11), se expressou desta forma:
“Quando eu era menino, falava como me­nino, julgava como menino, discorria como menino; mas, depois que cheguei a ser homem feito, dei de mão às coisas que eram de me­nino.”
Kardec, instruído pelas vozes do Alto, diz-nos que em todas as épocas e em todos os quadrantes da Terra, sempre houve homens de bem (profetas) inspirados por Deus para auxiliarem a marcha evolutiva da Humanidade. Destarte, “para o estudioso, não há ne­nhum sistema antigo de filosofia, nenhuma tradição, nenhuma religião, que seja despi­cienda, pois em tudo há germes de grandes verdades que, se bem pareçam contraditórias entre si, dispersas que se acham em meio de acessórios sem fundamento, facilmente coor­denáveis se vos apresentam, graças a expli­cação que o Espiritismo dá de uma imensi­dade de coisas que até agora se nos afigura­vam sem razão alguma, e cuja realidade está irrecusavelmente demonstrada”.
(Capítulo 1º, questão 619 e seguintes.)

verdade com amor

3. A Progressividade da Revelação Divina –

1º. Há uma opinião generalizada de que, sendo a Bíblia, um livro de inspiração divina, tudo o que nela se contém, “de capa. a capa”, forma um bloco indiviso, uma unidade indecomponível, um repositório de verdades eternas, e que, rejeitar-lhe uma palavra que seja, seria negar aquele seu caráter transcendente.
É preciso, entretanto, dar-nos conta de que entre a época em que foi escrito o pen­tateuco de Moisés e aquela em que João es­creveu o Apocalipse, decorreram séculos e sé­culos, durante os quais a Humanidade pro­grediu, civilizou-se e sensibilizou-se, devendo ter ocorrido, paralelamente com esse desen­volvimento, um acréscimo correspondente nos valores morais da Revelação Divina, como de fato ocorreu.
Por outro lado, sendo o progresso cons­tante e infinito, essa revelação, necessariamente, também deve ser ininterrupta e eterna, não podendo haver cessado, por conseguinte (como alguns o supõem), com o último livro do Novo Testamento.
Certo, sendo Deus a perfeição absoluta, desde a eternidade, “sempre revelou o que é perfeito — como lembra um renomado pensa­dor contemporâneo —, mas os recipientes hu­manos da antiguidade receberam imperfeitamente a perfeita revelação de Deus, devido à imperfeição desses humanos recipientes, porquanto, o quer que é recebido, é recebido se­gundo o modo do recipiente. Se alguém mer­gulhar no oceano um dedal, vai tirar, não a plenitude do oceano, mas a diminuta fração correspondente ao pequenino recipiente do dedal.
Se mergulhar no mesmo oceano um recipiente de litro, vai tirar da mesma imen­sidade medida maior de água. O recipiente não recebe segundo a medida do objeto, mas sim segundo a medida do sujeito. Na razão direta que o sujeito recipente ampliar o seu espaço, a sua receptividade, receberá maior quantidade do objeto”.
Aos homens das primeiras idades, extre­mamente ignorantes e incapazes de sentir a menor consideração para com os semelhantes, entre os quais o único tipo de justiça vigente era o direito do mais forte, não poderia haver outro meio de sofrear-lhes os ímpetos brutais senão fazendo-os crer em deuses terríveis e vingativos, cujo desagrado se fazia sentir através de tempestades, erupções vulcânicas, ter­remotos, epidemias, etc, que tanto pavor lhes causavam.
O sentimento religioso dos homens teve, pois, como ponto de partida, o temor a um poder extraterreno, infinitamente superior ao seu.
E foi apoiado nisso que Moisés pôde estabelecer a concepção de Jeová, uma espécie de amigo todo-poderoso, que, postando-se à frente dos exércitos do povo judeu, ajudava-o em suas batalhas, dirigia-lhe os destinos, assistia-o diuturnamente, mas exigia dele a mais completa fidelidade e obediência, bem assim o sacrifício de gado, aves ou cereais, confor­me as posses de cada um.
Era como levar os homens à aceitação do monoteísmo e encaminhá-los a um princípio de desapego dos bens materiais, que tinham em grande apreço.
O Velho-Testamento oferece-nos um rela­to minucioso dessa etapa da evolução huma­na. Vê-se, por ali, que “o Deus de Abraão e de Isaac” e uma divindade zelosa dos israe­litas, que faz com eles um pacto (Êx., 34:10), pelo qual se compromete a obrar prodígios em seu favor, mas que, ciumento, manda passar à espada, pendurar em forcas ou lapidar os que se atreva.m a adorar outros deuses (Êxodo, capítulo 32 versículo 27; Números capítulo 25 versículo 24; Deuteronômio, capítulo 13) e, com requinte de um znestre-cuca, estabelece como preparar e executar os holocaustos em Sua memória OU pelos Pecados do “seu” povo (Lev., Capítulos 1 a 7).
Por essa época, conquanto fossem, talvez, os homens mais adiantados espiritualmente os judeus não haviam atingido ainda um nível de mentalidade que lhes permitisse compreender que, malgrado a diversidade dos caracte­res físicos e culturais dos terrícolas, todos per­tencemos a uma só família: a Humanidade.
E Porque não Pudessem assimilar lições de teor mais elevado a par das ordenações de Moisés especificamente nacionais que tinham por objetivo levá-los a uma estreita solidariedade racial e regras outras, oportunas porém transitórias que servissem para discipliná-los durante o êxodo, receberam também a pri­meira grande revelação de leis divinas — o Decálogo – que lhes prescrevia o que não deviam fazer em dano do próximo.
Chegou o momento, todavia, em que a Humanidade devia ser preparada para um novo avanço e…
fora do amor

4. A Progressividade da Revelação Divina 

2º “… Surgiu o Cristo, proclamando: “Sede perfeitos, porque perfeito é o vosso Pai ce­lestial.”
Não fora nada fácil fazer que os homens, contrastando seu orgulho odiento, limitassem seu direito de vingança e, vencendo seu forte egoísmo, se dispusessem a levar seus melhores bens ao templo, para oferecê-los em sacrifício.
Neste novo passo, entretanto, a dificuldade é bem maior: O Cristo pede-lhes que renunciem a qualquer espécie de desforra; que, às ofensas recebidas, retribuam com o perdão e a prece pelos ofensores; e que se sacrifiquem a si mesmos em benefício dos outros, até mes­mo dos inimigos!
Para conduzi-los à realização de tal magnanimidade, dá-lhes então uma doutrina excelsa, em que Deus já não é aquele ser faccioso, que faz dos israelitas “a porção escolhida” dentre todos os povos (Ex, 19:5), mas sim o Pai “nosso,” isto é, de todas as nações e de todas as raças, porque para Ele “não há acepção de pessoas” (Atos, 10:34; Rom., 2:11).
Ante essa estupenda revelação, desmoronam, diluem-se todas as diferenças do antigo concerto. Já não há Judeus e gentios sacerdotes e plebeu senhores e escravos Todos são iguais, porque filhos do mesmo Pai justo e. bondoso, que nos criou por Amor e quer que todos sejamos partícipes de Sua glória.
São freqüentes, no Evangelho, as referências do Cristo a essa irmandade universal tão em contraposição ao sectarismo estreito da legislação mosaica. Sirva-nos de exemplo ape­nas a seguinte:
Certa ocasião, quando pregava foi interrompido por alguém que lhe disse: “Eis que estão, ali fora, tua mãe e teus irmãos, os quais desejam falar-te” Ao que ele respondeu:
“Quem é minha mãe? e quem são meus ir­mãos!” E, estendendo a mão para os seus dis­cípulos, disse: “Eis aqui. minha, mãe e meus irmãos; Porque todo aquele que fizer a Von­tade de meu Pai que está nos Céus, este é meu irmão, minha irmã, e mãe.” (Mat, 12: 46-50)
Contrariamente ainda à expectativa dos judeus, que sonhavam com as delicias de um reino terrestre, de que teriam a hegemonia pois a isso se cingiam suas esperanças, o Cristo anuncia-lhes algo diferente — “o reino dos céus”, ou seja, uma vida de felicidade mais intensa e mais duradoura, nos planos espiri­tuais, de cuja existência nem sequer suspei­tavam!
Esse reino, porém, não pode ser tomado de assalto, à força. Para merecê-lo, cada qual terá que, em contrapartida, edificar-se moral­mente, o que vale dizer, pôr-se em condições de ser um de seus súditos.
Então nos instrui, solícito, no maravilhoso Sermão da Montanha:
Bem-aventurados os pobres de espírito —os humildes, os que têm a candura e a adorável simplicidade das crianças —, porque de­les é o reino dos céus
Bem-aventurados os brandos e pacíficos — os que tratam a todos com afabilidade, do­çura e piedade, sem jamais usar de violência —, pois serão chamados filhos de Deus…
Bem-aventurados os limpos de coração —os que, havendo vencido seus impulsos infe­riores, não se permitem qualquer ato, nem mesmo uma palavra, ou o menor pensamento impuro, que possa ofender o próximo em sua honorabilidade —, pois eles verão a Deus.
Bem-aventurados OS misericordiosos —os que perdoam e desculpam as ofensas recebidas e, sem guardar quaisquer ressentimentos, se mostram sempre dispostos a ajudar e a servir aqueles mesmos que os magoaram ou feriram —, pois, a seu turno, obterão misericórdia.
“Não, resistais ao que Vos fizer mal; antes, se alguém te ferir na face direita, oferece-lhe também a outra. Ao que quer demandar Contigo em juízo para tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa. E se qualquer te obrigar a ir Carregado mil passos, vai com ele ainda mais outros dois mil. Dá a quem te pede, e não voltes as costas ao que deseja que lhe emprestes.”
Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos têm ódio, e orai pelos que vos perseguem e caluniam, para serdes filhos de vosso Pai, que está nos céus, o qual faz nascer o seu sol Sobre bons e maus, e vir chuva sobre justos e injustos Porque, se não amais senão os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem os Publicanos também.
( Espiritismo) – # – Rodolfo Calligaris – As Leis Morais 

elevar o pensamento

PENSAMENTOS

Se sabemos que o Senhor habita em nós, aperfeiçoemos a nossa vida, a fim de manifestá-lo.
O usurário, para amealhar o dinheiro, quase sempre perde a paz.
Juventude não é um estado do corpo.
Há moços que transitam no mundo, trazendo o coração repleto de lastimáveis ruínas.
Beleza física, poder temporário, propriedades passageiras e fortuna amoedada podem ser simples atributos da máscara humana, que o tempo transforma infatigável.
Para que nos elevemos, com todos os elementos de nossa órbita, não conhecemos outro recurso além da oração, que pede luz, amor e verdade.
Sabemos que a retorta não sublima o caráter e que a discussão filosófica nada tem a ver com a caridade e com a justiça.
Emmanuel

alegra-te

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