Orai Uns Pelos Outros a Fim de que Sareis

Orai uns pelos outros

Orai uns pelos outros, afim de que sareis, porque a prece da alma justa muito pode em seus efeitos.

 (Nas Fronteira da Loucura, cap. 29, pp. 227 a 229.)

As faculdades mediúnicas do menino Chico Xavier

As faculdades mediúnicas do menino Chico Xavier se desenvolviam com facilidade, assustando alguns, preocupando outros e chamando a atenção em especial de vários católicos. Nas missas pela manhã, figuras reluzentes transformavam as hóstias em focos de luz e defuntos conhecidos de Pedro Leopoldo reapareciam com rosas nas mãos.
Contra delírios tão estapafúrdios, só mesmo uma saraivada de rezas, uma série de novenas pelo descanso dos mortos e muito trabalho. Foi o Padre Scarzello quem acabou salvando o garoto Chico do risco de ser internado como louco. Como a salvação dele não foi possível com as mil ave-marias ou com os pedregulhos equilibrados na cabeça do rapazinho Chico Xavier durante as procissões, veio depois com a possibilidade de um salário. É isso mesmo! A fábrica de tecidos se dispunha a empregar crianças para o turno da noite.
Foi o Padre Scarzello mesmo que aconselhou Chico a se candidatar para à vaga. Só assim o seu pai (João Cândido) tiraria aquela ideia da cabeça, ou seja, melhor um filho com dinheiro para ajudar em casa do que um maluco hospitalizado. Assim, com nove anos de idade, o adolescente Chico Xavier começou a trabalhar como tecelão. Entrava às três horas da tarde e ia até uma hora da manhã; dormia até às seis da manhã, ia para a escola, saía às onze horas, almoçava, dormia uma hora após o almoço e se preparava para entrar de novo na fábrica. Nem parecia mais aquele menino mal-assombrado como ficara conhecido.
Tudo, no entanto não passava de fachada! Chico sempre encontrava tempo de correr para o quintal para conversar com Cidália (segunda esposa de João Cândido), sempre debruçada sobre a roupa suja no tanque. Nesses encontros, ele (Chico Xavier) costumava enxergar, próximas ao varal, figuras cobertas com mantos coloridos. Perguntava então à carinhosa madrasta (que tinha como segunda mãe) quem era a aquela gente, mas sempre ficava sem resposta.
( Texto extraído do Livro “As vidas de Chico Xavier” de Marcel Souto Maior”).

Nas Fronteiras da Loucura

Manoel Philomeno de Miranda
(Parte 24)
Damos continuidade ao estudo metódico e sequencial do livro Nas Fronteiras da Loucura, de Manoel Philomeno de Miranda, obra psicografada por Divaldo P. Franco.

Questões preliminares

A. Pode-se dizer que em toda gênese da loucura existe uma incidência obsessiva?
Sim. Quem o diz é o Dr. Bezerra de Menezes. Eis suas palavras: “Em toda gênese da loucura, há uma incidência obsessiva. Desde os traumatismos cranianos às manifestações mais va­riadas, o paciente, por encontrar-se incurso na violação das Leis do equilíbrio, padece, simultaneamente, a presença negativa dos seus ad­versários espirituais, que lhe pioram o quadro. Estando em desarranjo, por esta ou aquela razão, endógena ou exógena, os implementos cere­brais, mais fácil se torna a cobrança infeliz pelos desafetos violen­tos, que aturdem o Espírito que se não pode comunicar com o exterior, mais desequilibrando os complexos e delicados mecanismos da mente”. (Nas Fronteiras da Loucura, cap. 29, pp. 226 e 227.)
B. Em que sentido a prece é importante nas terapias antiobsessivas?
A prece é importante por causa da ação dissolvente que exerce sobre as correntes negativas que envolvem o paciente, gerando vibrações de alto teor e modificando a paisagem psicofísica em torno. É por isso que Tiago recomendou, em sua Epístola famosa (cap. 5:16): “Orai uns pelos outros, a fim de que sareis, porque a prece da alma justa muito pode em seus efeitos”. (Obra citada, cap. 29, pp. 227 a 229.)
C. Por que a lamentação prejudica as pessoas, especialmente as que enfrentam doenças?
Segundo Dr. Alberto, o psiquiatra que atendia Julinda, a lamentação é portadora de miasmas que deprimem a pessoa e intoxicam o paciente, mantendo-o em área de pessimismo. Otimismo, alegria, esperança de dias melhores são psicoterapias oportunas, em qualquer problema e muito especialmente na faixa do comportamento mental. É por isso que as religiões preconizam a confiança e a coragem, o perdão e a fé, a humildade e a paciência, logrando êxito com os seus fiéis. Depois de dizer tais palavras, o psiquiatra acrescentou: “Sabe-se, hoje, cientificamente, que a boa palavra proferida com entu­siasmo faz que o cérebro e o hipotálamo secretem uma substância deno­minada endorfina, que atua na medula e bloqueia a dor, tal como ocorre na Acupuntura… Assim, ouvir e falar de forma positiva, sorrir com natural e justa alegria, fazem muito bem a todas as pessoas”. (Obra citada, cap. 30, pp. 230 e 231.)

Texto para leitura

115. Os conflitos dos sonhos – Cibele explicou à D. Angélica que o sono físico faculta o parcial desprendimento do Espírito, que não fica inativo. “Conforme os interesses que se acalentam quando em vigília, no período do repouso orgânico – informou Cibele – cada um prossegue na realização do que lhe apraz, partindo em direção do que mais o sen­sibiliza… Saiba, a minha irmã, que o seu sonho foi um acontecimento real, onde eu me encontrava também e teve lugar na sede da nossa So­ciedade.” D. Angélica, profundamente sensibilizada, acreditou nas in­formações da amiga, que era uma pessoa séria, muito ativa no exercício do bem e portadora de excelentes qualidades morais. Cibele aproveitou, então, a ocasião para dizer que vinha colocando o nome de Julinda nas vibrações do seu grupo: “Espírita, como o sou, estou esclarecida de que a dor tem uma função especial na vida de todos nós, e que tudo quanto nos acontece é sempre para o nosso progresso e crescimento es­piritual. Não obstante, Jesus nos recomendou orar, pedindo, também, a ajuda de nosso Pai, que nos concederia o de que necessitamos”. Tocada pela bondade natural da amiga, D. Angélica assumiu ali mesmo, consigo própria, o propósito de conhecer melhor o Espiritismo. O dia transcor­reu assim em clima de muita paz, como há muito não sucedia. De noite, Roberto apareceu para jantar, revelando também excelente estado psí­quico. Durante a refeição, ambos narraram as reminiscências do inusi­tado encontro. “Sonhei – disse o rapaz – com Julinda recuperada, prometendo-me a paternidade. Havia outras pessoas presentes e uma de­las referia-se a um processo de aborto provocado por minha esposa, o que certamente não é verdade…” D. Angélica, que também desconhecia o crime oculto de Julinda, confortou-o: “São os detalhes conflitantes dos sonhos”. (Cap. 29, pp. 222 e 223)
116. Julinda melhora – O diálogo entre D. Angélica e o genro pros­seguiu, tendo este declarado haver despertado em lágrimas, como se es­tivesse retornando de um passado marcado por muitas dores com promes­sas de futuras e próximas alegrias. Angélica relatou-lhe, em seguida, a conversa mantida com Cibele, acreditando também que se iniciava ali uma fase nova e abençoada de suas vidas. No Hospital, naquele mesmo dia, à tarde, Dr. Bezerra voltou a visitar Julinda, que se encontrava regularmente lúcida e calma, sem a compressão fluídica perturbadora de Ricardo. A jovem denotava, porém, grande melancolia, na qual a lem­brança do aborto assomava, com sincero arrependimento. Intuindo o compromisso assumido na noite anterior, reflexionava, então, quanto à possibilidade de ser mãe, tão logo saísse dali. Juvêncio, seu pai, a pedido do Dr. Bezerra, a assistia, evitando assim a malévola interfe­rência de Elvídio e seus asseclas. Telepaticamente, ele tentava alcan­çar-lhe o raciocínio entorpecido pela ação dos antidepressivos, apli­cando-lhe, de quando em quando, passes de dispersão das cargas men­tais viciadas que assimilara e das próprias construções deprimentes e perniciosas que ela produzia. Julinda surpreendera a enfermeira, ao aceitar o desjejum sem a costumeira hostilidade, o que se repetiu à hora do almoço. Dr. Bezerra já esperava essa melhora. Nesse comenos, sabedor da nova disposição da paciente, Dr. Alberto, o psiquiatra, foi ver Julinda. Tratava-se de sincero estudioso da Psiquiatria, que se reencarnara com a tarefa de fazer uma ponte entre os conhecimentos acadêmicos e as ma­nifestações paranormais. Interessando-se pelas in­vestigações parapsicológicas da chamada Escola americana, também deno­minada “Psicocêntrica”, o médico não era infenso à comunicação dos Es­píritos e conhecia a velha mas sempre atual obra do Dr. Karl Wickland, “Trinta anos entre os mortos”, que muito lhe despertou o interesse. (Cap. 29, pp. 224 e 225)
117. A gênese da loucura – Dr. Alberto conversou com Julinda, que o atendeu com afabilidade, apesar da tristeza que a acometia. “Iremos diminuir-lhe a dose da medicação e confio que estará bem disposta muito antes do que prevíamos”, disse-lhe o médico. A jovem sorriu, ao mesmo tempo em que seus olhos se encheram de lágrimas, e manifestou o desejo de ver a mãe e o marido, com os quais afirmou haver sonhado. Os prognósticos eram, assim, favoráveis, embora a psicosfera no aparta­mento fosse ainda desagradável. Dr. Bezerra convidou seus acompanhan­tes à oração, tecendo, na sequência, oportunos comentários sobre a ob­sessão, que põe o indivíduo nas fronteiras da loucura. Disse então o Benfeitor Espiritual: “Em toda gênese da loucura, há uma incidência obsessiva. Desde os traumatismos cranianos às manifestações mais va­riadas, o paciente, por encontrar-se incurso na violação das Leis do equilíbrio, padece, simultaneamente, a presença negativa dos seus ad­versários espirituais, que lhe pioram o quadro. Estando em desarranjo, por esta ou aquela razão, endógena ou exógena, os implementos cere­brais, mais fácil se torna a cobrança infeliz pelos desafetos violen­tos, que aturdem o Espírito que se não pode comunicar com o exterior, mais desequilibrando os complexos e delicados mecanismos da mente”. O Mentor explicou, então, que nas obsessões o descontrole da aparelhagem mental advém como consequência da demorada ação do agente perturbador, cuja interferência psíquica no hospedeiro termina por produzir danos, reparáveis, a princípio, e difíceis de recomposição, ao largo do tempo. “Processos obsessivos existem, como na possessão – afirmou Dr. Bezerra –, em que o enfermo passa a sofrer a intercorrência da lou­cura conforme os estudos clássicos da Psiquiatria. Seja, porém, em qual incidência estagie o doente, não nos esqueçamos de que este é um Espírito enfermo, porque enquadrado nos códigos da reparação dos débi­tos, com as matrizes psíquicas que facilitam o acoplamento da mente perseguidora, esteja em sanidade mental, sendo levado à obsessão, ou em patologia de alienação outra, piorando-lhe o estado.” O Instrutor asseverou que a ação psicoterápica da Doutrina Espírita, associada às modernas técnicas de cura, contribuirá decisivamente para a mudança do quadro mental da Humanidade. Nessa época, que não tardará, “o doente mental já não sofrerá os eletrochoques desordenados, nem as substân­cias e barbitúricos violentos”. “À medida em que o homem avance em conquistas morais – informou o Mentor –, diminuir-lhe-ão as pro­vações e expiações mais pungentes, ainda em vigência na Terra, enri­quecida de Tecnologia, porém carente de amor e equilíbrio emocional.” (Cap. 29, pp. 226 e 227)
118. Toda vigilância é pouca – Terminada sua breve explanação, Dr. Bezerra movimentou energias, dissolvendo as cargas condensadas negati­vas, a fim de que o ambiente ficasse respirável psiquicamente, ameni­zando a situação de Julinda. Logo depois, Juvêncio convidou os dois vigilantes de Elvídio a uma conversa amena, elucidando que ali se ins­talava novo comando e passando a exercer o controle da situação, a partir daquele momento. Como as duas Entidades temessem o Chefe, pre­feriram notificá-lo, afastando-se incontinente. Elvídio logo compare­ceu ao recinto, acompanhado de assessores e de um séquito de perturba­dores delinquentes, em atitude ameaçadora. Dr. Bezerra recebeu-os com doçura e informou que Ricardo havia mudado de planos e de comporta­mento, e fora encaminhado à recuperação moral e espiritual, que lhe era indispensável. A irradiação do Mentor, serena e afetuosa, irritou ainda mais Elvídio e sua turba, que, sem delongas, entre apupos e im­propérios, se retiraram. Dr. Figueiredo destacou dois Espíritos, liga­dos ao Hospital, para cooperarem com Juvêncio no atendimento e guarda da enferma. O autor desta obra lembra, então, que nos processos de desobsessão passam geralmente despercebidas aos encarnados as ativida­des desenvolvidas no plano espiritual, onde a luta é mais tenaz e se deslindam os laços apertados das causas complexas da problemática alienante. Recomenda ele, em face disso, que os membros das atividades desobsessivas se resguardem, ao máximo, na oração, na vigilância e no trabalho superior, na caridade, precatando-se de sofrer o desforço da­queles que se veem frustrados nos planos nefastos de perseguição. Sa­bendo-se em desbaratamento, não poucas vezes investem, furibundos, contra os trabalhadores de boa vontade, agredindo-os, arremessando-lhes pessoas violentas, maledicentes ou cruéis com o objetivo de des­coroçoá-los no ministério socorrista com que lhes facilitaria o pros­seguimento do programa infeliz. Impossibilitados de impedir a ação benfazeja dos Numes Tutelares, recorrem a projetos escabrosos, desani­madores e prejudiciais, a fim de crucificarem os operários da caridade no mundo. De uma coerente e contínua sintonia entre encarnados e os Bons Espíritos, decorrem os resultados favoráveis da terapia antiob­sessiva, abrindo canais de saúde e paz com vistas ao futuro de todos. A prece é, nesse sentido, um dos mais eficientes recursos de que todos podemos dispor, em face da ação dissolvente que ela exerce sobre as correntes negativas que envolvem o paciente, gerando vibrações de alto teor e modificando a paisagem psicofísica em torno. É por isso que Tiago recomendou, em sua Epístola famosa (cap. 5:16): “Orai uns pelos outros, a fim de que sareis, porque a prece da alma justa muito pode em seus efeitos”. (Cap. 29, pp. 227 a 229)
119. O reencontro – No sábado seguinte, como o médico prometera, os familiares de Julinda foram recebidos na Casa de Saúde e, na presença do Dr. Alberto, deu-se o esperado encontro com a paciente. Sem a pre­sença psíquica de Ricardo, nem a psicosfera enfermiça que era mantida pelos partidários de Elvídio, o quadro era confortador. Julinda reno­vara-se mentalmente e passara a cuidar até da aparência e da alimenta­ção. A reunião teve lugar em agradável sala de estar. Ao ver Roberto e a mãe, Julinda abraçou-os em lágrimas incontidas, comovendo os visi­tantes. “Tenho sofrido, como só Deus sabe!”, externou a jovem. “Todos são bondosos comigo, mas padeço estranhos pesadelos e compressões que me enlouquecem…” O esposo, inspirado por Juvêncio, respondeu: “Compreendemos, querida. Podemos imaginar o que lhe sucede. Todavia, estamos unidos na mesma dor, embora em situações diferentes. Nós ou­tros participamos, solidários, do seu calvário, que nos dará, também, libertação… Recorde que, se não houvesse sucedido a crucificação do Justo, a humanidade não teria a glória da ressurreição, com que Ele nos acena liberdade e glória totais”. A palavra de Roberto acalmou-a e facultou ao psiquiatra um comentário muito oportuno: “A lamentação é portadora de miasmas que deprimem a pessoa e intoxicam o paciente, mantendo-o em área de pessimismo. Otimismo, alegria, esperança de dias melhores são, também, psicoterapias oportunas, em qualquer problema e muito especialmente na faixa do comportamento mental”. “Por isso que as religiões preconizam a confiança e a coragem, o perdão e a fé, a humildade e a paciência, logrando êxito com os seus fiéis.” E aduziu: “Sabe-se, hoje, cientificamente, que a boa palavra proferida com entusiasmo faz que o cérebro e o hipotálamo secretem uma substância denominada endorfina, que atua na medula e bloqueia a dor, tal como ocorre na Acupuntura… Assim, ouvir e falar de forma positiva, sorrir com natural e justa alegria, fazem muito bem a todas as pessoas”. (Cap. 30, pp. 230 e 231)
Orai Uns Pelos Outros a Fim de que Sareis

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