INGRATIDÃO E VERDADEIRAMENTE BOM – Allan Kardec

abraço

 

Verdadeiramente Bom

 

Ouve-se constantemente dizer que a ingratidão com que somos pagos,
endurece o nosso coração e nos torna egoístas.
Falar assim é provar que se tem o coração fácil de ser endurecido,
uma vez que esse temor não poderia deter
o homem verdadeiramente bom.
Autor: Allan Kardec
Fonte: Viagem Espírita em 1862, D
Discursos pronunciados nas reuniões gerais dos espíritas de Lyon e Bordeaux 

NASCIMENTO ALLAN KARDEC

Ingratidão

Dentre os muitos inimigos morais do homem, a ingratidão assoma, relevante, na condição de filha dileta do egoísmo, que se nutre com as vérminas do orgulho.
A ingratidão estabelece síndromas de distúrbios comportamentais, que degeneram, a curto ou longo prazo, em problemas de alienação mental.
Nos dias hodiernos, a ingratidão toma corpo com muita facilidade, tornando-se elemento normal nas relações sociais, em lamentável agressão aos postulados éticos, quando não se tenha em conta a moral evangélica.
Filhos ingratos e genitores desleixados dos seus deveres, irmãos insensatos e cônjuges levianos, amigos desassisados pululam nas avenidas do mundo moderno, envergando roupagens de alto custo ou andrajos de miséria, igualados na mesma indigência espiritual.
Abençoa a mão que um dia se distendeu, generosa, no teu rumo, socorrendo-te e amparando-te.
Mesmo que ela, por acaso, se haja convertido em instrumento que te oferta o fel da amargura, recorda-te de quando te abençoou com a dádiva sem preço da misericórdia e da compreensão em que te apoiaste.
Da mesma forma que não é meritório fazer o bem e aguardar retribuição, não é justificável que se mutile a generosidade com as lâminas da ingratidão, em quem espalhou benefício.
Há pessoas que se acreditam somente credoras de receber ajuda, supondo-se privilegiados ante a vida, empanturradas de empáfia, fingindo ignorar a própria fragilidade.
Sorriem ante os que lhes estimulam as paixões dissolventes, demorando-se como belas flores de estufa, de vida breve, a nutrir-se do clima em que se consumirão.
São gentis, enquanto se locupletam, no entanto, afastam-se amargas e maledicentes da presença generosa de quem lhes foi devotado…
Censuram o benfeitor mediante alegações mesquinhas, justificando, com acusações, a própria enfermidade.
Aqueles por quem ora se entusiasmam, serão abandonados amanhã, com o mesmo ardor, logo não lhes posam ser úteis ou atendê-las nas suas exigências.
Não as censures, nem lhes concedas as tuas preocupações aumentando as dores que te ferem a alma.
Ora por elas, envolvendo-as de ternura. Elas estão equivocadas e despertarão um dia.
Prossegue ajudando quem te cruze o caminho, sem a preocupação de reter ninguém no teu círculo de afetividade.
O cristão autêntico não se faz compreender, ainda hoje, porém compreende sempre.
Seus pés sangram continuamente, porque a vida que escolheu é lição de progresso e libertação.
Mantém, na mente e no coração, o sentimento de gratidão por quem te auxilie. Desde que é dever socorrer e perdoar o inimigo, é muito mais justo permanecer fiel ao benfeitor e ao amigo.
Ninguém consegue o topo da subida, sem o primeiro passo, tanto quanto jamais alguém penetrará no insondável das realidades divinas sem a bênção do conhecimento haurido através da singeleza do alfabeto.
Por melhor que ora te encontres, por maiores que sejam os sinais do teu aparente progresso material, ignoras o amanhã…
E mesmo que sigas em contínua ascensão econômica e social, o crescimento moral tem regime de urgência e em todos estes campos não poderás negar a gratidão a quem, na tua hora de aspereza, concedeu-te o primeiro impulso, ofereceu-te mão generosa para que continuasses.
Não apenas os adversários, os invejosos e os políticos-religiosos infelizes fizeram-se os crucificadores de Jesus.
Foram, também, os amigos ingratos, os beneficiários reticentes, os companheiros moralmente dúbios…
Judas, que aparentava amá-lo, deixou-se enredar nos problemas que o perturbavam e, ingrato, O entregou…
Pedro, que Lhe era devotado, porém invigilante, tombando nas malhas de cruéis perturbações espirituais obsessivas O negou…
…E outros tantos que desapareceram, não Lhe ofertando amor ou fidelidade, carinho ou gratidão.
Muitos haviam sido aqueles a quem Ele ajudou; iluminou-os com a verdade e libertou-os dos males de vária procedência que os afligiam.
Sê grato, sempre, em qualquer circunstância, principalmente quando o teu companheiro gentil, se te apresente turbado ou triste, enfermo ou solitário, porquanto nesta fase é que ele necessita de amizade e não nos momentos em que pode doar, oferecer-se e amparar.
A gratidão, nascida da seiva do amor, é estrela que assinala cada alma na marcha da evolução, deixando sinais luminosos pelo caminho.
FRANCO, Divaldo Pereira. Otimismo.
Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL.

ESTUDO

Questões 149 a 150 – No instante da morte

149. Que sucede à alma no instante da morte?
“Volta a ser Espírito, isto é, volve ao mundo dos Espíritos, donde se apartara momentaneamente.”
150. A alma, após a morte, conserva a sua individualidade?
“Sim; jamais a perde. Que seria ela, se não a conservasse?”
a) – Como comprova a alma a sua individualidade, uma vez que não tem mais corpo material?
“Continua a ter um fluido que lhe é próprio, haurido na atmosfera do seu planeta, e que guarda a aparência de sua última encarnação: seu perispírito.”
b) – A alma nada leva consigo deste mundo?
“Nada, a não ser a lembrança e o desejo de ir para um mundo melhor, lembrança cheia de doçura ou de amargor, conforme o uso que ela fez da vida. Quanto mais pura for, melhor compreenderá a futilidade do que deixa na Terra.”
KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 76.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1995.

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