Pois não há nada escondido que não venha a ser revelado, e não existe nada oculto que não venha a ser conhecido.
Oração a Jesus
Abençoa, Senhor, a casa que nos deste, No campo de trabalho e anseio que bendigo… Neste pouso de paz, temos o doce abrigo Que nos revela o Amor por Luz do Lar Celeste.
A caridade aqui é a força que nos veste De júbilo ao saber que marchamos contigo… Dá-nos, Senhor, o dom de ver-te o braço amigo Onde o brilho do Bem aqui se manifeste.
Conserva-nos a porta aberta a quem procura Conforto à solidão, socorro à desventura, Resposta, auxílio e fé, padecendo ao buscar-te!…
Que a nossa casa em Ti, no Amor que não se cansa. Seja um lar consagrado à bondade e à esperança Que te louve a Presença e o Nome, em toda parte.
Pelo Espírito Auta de Souza
XAVIER, Francisco Cândido. Educandário de Luz. Espíritos Diversos. IDEAL.
Caridade da Luz
Santa – a moeda amiga ao tornar-se carinho Em todo lar sem pão que a penúria flagela, Enaltecida sempre – a roupa mais singela Que protege a nudez ao vento e ao desalinho!…
Glorificado seja – o pouso que tutela O enfermo relegado às pedras do caminho, Preciosa – a afeição para quem vai sozinho, Trancando-se na dor em que se desmantela!…
Nobreza em toda ação que represente amparo Do auxílio de um vintém ao apoio mais raro, Que a simpatia expresse e a bondade presida!…
Brilhe em tudo, porém, com mais força e grandeza A palavra do Bem que apure a Natureza, Iluminando o Amor e libertando a Vida!…
XAVIER, Francisco Cândido. Auta de Souza.
Pelo Espírito Auta de Souza. IDE.
Orgulho e riqueza
A maior parte dos espíritos encarnados hoje na terra vive próxima do limite de uma mudança de rumo. Estamos divididos entre o nosso lado irracional egoísta e o nosso lado espiritual, racional e altruísta, no rumo mundo em regeneração que se aproxima.
Nesta situação, não é difícil encontrar nas pessoas e na sociedade em geral, uma série de valores contraditórios. A riqueza e poder ainda são características quase que universalmente admiradas em nossa sociedade. Isto reflete o nosso lado animal e irracional, herança genética do primata macho que quer ser o líder para conquistar as fêmeas do bando, ou da fêmea que quer estar ao lado do macho líder para ter os melhores filhotes.
Aqueles de nós que pertencem às elites, gostam de ostentar uma aparência de superioridade, não apenas de poder e status, mas até mesmo moral e civilizatória. Quando na verdade esta busca por riqueza, status e pela beleza física retratam mais o lado irracional do primata do que qualquer valor elevado e civilizado.
Ao mesmo tempo, uma sociedade que já busca (mesmo que timidamente) os valores da justiça e do bem comum, tende a admirar o mérito e não os privilégios injustos dos nascidos em “berço de ouro”, que possuem uma vantagem enorme na busca por estes símbolos de status.
No meio dessa contradição entre o orgulho do poder, riqueza e status e da busca pela justiça baseada no esforço individual e no mérito, encontramos muitas pessoas exibindo valores contraditórios. Em uma hora exibem com orgulho sua riqueza e seu berço numa chamada “família tradicional”, outra hora escondem todos os privilégios e facilidades a que tiveram acesso, tentando fingir um mérito extraordinário que os teria colocado (por fruto apenas do esforço individual) em um lugar inacessível para quase todos aqueles nascidos na pobreza.
Gandhi costumava dizer que para se ter uma ideia real dos nossos defeitos e dos defeitos dos outros, o correto seria usar uma lente de aumento para os nossos defeitos e uma lupa invertida para diminuir os defeitos dos outros. Mas não é isto que costumamos fazer, preferimos quase sempre ignorar nossos defeitos e destacar os defeitos dos outros. Assim também é com as nossas qualidades, tentamos ignorar todos os privilégios que nos tenham dado alguma vantagem em relação aos outros, ao mesmo tempo que gostemos de exibir com orgulho tudo o que conquistamos, mesmo que tenha sido sem nenhum mérito real.
São duas formas diferentes de orgulho. A falsa superioridade de classe, que se julga acima dos outros por considerar que faz parte de uma casta superior, por ter nascido numa família “tradicional” (rica). E, ao mesmo tempo, a falsa humildade de um mérito que não existe, fingindo ter conquistado sozinho e sem ajuda de ninguém tudo o que possui. Na verdade deveriam ser dois motivos para se ter vergonha.
Jesus disse que os últimos seriam os primeiros e os humilhados seriam exaltados. Também nos deixou o exemplo na história do homem rico, que ao entrar no templo religioso foi se sentar na primeira fileira de cadeiras (reservada às pessoas mais importantes), sendo que outro homem (mais rico) chegou depois e se sentou nos fundos. Quando isso foi notado pelo sacerdote, o mais rico foi convidado a se sentar na frente e o outro que estava na frente foi convidado a se retirar para dar lugar a este, “os que se orgulham serão humilhados e os humildes serão exaltados”.
Seguindo este exemplo apresentado por Jesus, o ideal seria que todos aqueles que possuem qualquer posição privilegiada ou de destaque, não se exibissem com orgulho das suas conquistas pessoais. Muito melhor seria que se comportassem de maneira mais humilde possível, cabendo aos outros elogiar (quando realmente merecido) o seu mérito pessoal por terem conquistado posições muito superiores do que se esperaria. Também é muito mais inteligente não se gabar do seu privilégio e da sua linhagem, só citando estas quando for justamente para corrigir seus bajuladores, informando que não possui tanto mérito assim, por ter saído de um ponto de partida privilegiado.
Em um mundo mais evoluído, habitado por espíritos dedicados a fazer cumprir o amor e a justiça cristãs, estas questões nem precisariam ser discutidas. Num mundo assim, todos aqueles que possuíssem qualquer tipo de vantagem fariam o possível para abrir mão desses privilégios e garantir que que todos possuíssem acesso a condições iguais de progredir materialmente, intelectualmente ou às posições de liderança. Somente isto já seria o suficiente para eliminar toda a pobreza e a injustiça.
Mas este mundo ainda está distante da nossa realidade. Por enquanto, o que nós espíritos distantes da perfeição podemos fazer é praticar a humildade, escondendo os nossos méritos e mostrando todas as nossas vantagens e privilégios a que tivemos acesso. Apenas se precaver contra o orgulho e a arrogância não parece muito, mas já é um primeiro passo para no futuro construirmos uma sociedade baseada no amor ao próximo e na justiça cristã.
Comentários