Poder Passar Pela Porta Estreita

o egoísmo e a desonestidade vera jacubowski

Eis a Porta da Passagem…

“O egoísmo e a desonestidade é
o grande causador do maior empecilho do homem,
para poder passar pela porta estreita.”
Vera Jacubowski

a educação é a única saída da violência

A porta estreita

Entrai pela porta estreita, porque larga é a porta da perdição e espaçoso o caminho que a ela conduz, e muitos são os que por ela entram. – Quão pequena é a porta da vida! Quão apertado o caminho que a ela conduz! E quão poucos a encontram! (São Mateus, cap. VII, vv. 13 e 14.)
Muitas pessoas, até mesmo no meio espírita, interpretam ao pé da letra essa passagem do evangelho de Mateus, sobre a porta estreita, por entenderem que o homem foi punido pelo cometimento do pecado original, em desobediência aos desígnios de Deus, fazendo por merecer esse justo castigo da perda do paraíso, e que, por conseguinte, só conseguirá a salvação a peso de muitos sofrimentos, impostos por muitas dificuldades, que exigirão da criatura grandes esforços para suplantar verdadeiros suplícios e martírios com que Deus resolveu castigá-lo.
Ainda têm a velha e viciada visão do Deus cruel, vingador, irascível, que se vingava de quem não cumprisse suas determinações, condenando o desgraçado por sua desobediência a castigos dignos do mais violento e desumano carrasco terrestre, sem levar em conta certas circunstâncias como, por exemplo, quando alguém cometia algo contrário às suas Leis por pura ignorância, ou até mesmo por ter aprendido com alguém de maneira errada, e procedia conforme o que conhecia; pensamento esse, fruto do ensino religioso ultrapassado e sem coerência a que sempre esteve submetido.
Pobre infeliz, que além de ter que vencer as suas próprias dificuldades no enfrentamento das vicissitudes que lhe estão entrelaçadas, fazendo parte ativa do seu momento de crescimento, desde há muitos séculos, ainda tinha que fugir da fúria cruel e irracional do “Deus” que deveria ser seu pai amoroso e compreensivo dando-lhe exemplo de mansuetude, paz, harmonia, amor etc. etc., e não alguém tão ou mais violento e vingador quanto ele próprio.
Para desfazer esse terrível equívoco, a sabedoria divina nos enviou o Consolador Prometido por Jesus e, n’O Evangelho segundo o Espiritismo, desfrutamos da oportunidade sublime de aprender a interpretar essa mesma passagem de Mateus de uma outra maneira, com ótica diferente. Os Espíritos superiores nos esclarecem que precisamos saber antes de tudo que Deus é nosso Pai e que nos ama com o amor que nenhum ser humano é capaz de amar, consolidando na nossa doutrina as palavras proferidas pelo nosso Mestre Jesus, quando nos ensinou a orar ao “Pai nosso que está no céu”.
Se nós como pais, com a nossa acanhada visão espiritual, não aceitamos condenar um filho nosso que tenha caído em erro, pois lhe concedemos sempre nova oportunidade de se recuperar do erro, e até mesmo assumimos muitos desses erros, quitando o débito com o outro a quem nosso filho contraiu a dívida, para não assistirmos sua desventura, quanto mais esse Pai criador de tudo e de todos, detentor de todas as virtudes em grau absoluto.
Explicam-nos os mensageiros da boa nova, nessa incomparável obra, que é estreita a porta da salvação porque a grandes esforços sobre si mesmo é obrigado o homem que a queira transpor, para vencer suas más tendências, coisa a que poucos se dispõem a fazer, e que é larga a porta da perdição, porque são numerosas as paixões más que ainda trazemos arraigadas em nosso espírito milenar, e, por isso mesmo, o maior número de criaturas envereda pelo caminho do mal na hora que é chamado a escolher o caminho a trilhar usando o seu livre-arbítrio, e assumindo, portanto, as consequências das suas escolhas, representando para nós o complemento da máxima: “Muitos são os chamados e poucos os escolhidos”.
E continua o ensinamento nos esclarecendo: “Tal o estado da Humanidade terrena, porque, sendo a Terra mundo de expiação, nela predomina o mal. Quando se achar transformada, a estrada do bem será a mais frequentada. Aquelas palavras devem, pois, serem entendidas em sentido relativo e não em sentido absoluto. Se houvesse de ser esse o estado normal da Humanidade, teria Deus condenado à perdição a imensa maioria das suas criaturas, suposição inadmissível, desde que se reconheça que Deus é todo justiça e bondade”.
Mas, de que delitos esta Humanidade se houvera feito culpada para merecer tão triste sorte, no presente e no futuro, se toda ela se achasse degredada na Terra e se a alma não tivesse tido outras existências? Por que tantos entraves postos diante de seus passos? Por que essa porta tão estreita que só a muito poucos é dado transpor, se a sorte da alma é determinada para sempre, logo após a morte? Assim é que, com a unicidade da existência, o homem está sempre em contradição consigo mesmo e com a justiça de Deus. Com a anterioridade da alma e a pluralidade dos mundos, o horizonte se alarga; faz-se luz sobre os pontos mais obscuros da fé; o presente e o futuro tornam-se solidários com o passado, e só então se pode compreender toda a profundeza, toda a verdade e toda a sabedoria das máximas do Cristo.
Nem todos os que dizem: “Senhor! Senhor!” entrarão no reino dos céus.¹
Na mesma obra acima, em seu Capítulo VI – O Cristo Consolador, João XIV, vv.15 a 17 e 26, o Espírito de Verdade vem nos trazer os esclarecimentos que nos faltavam acerca do assunto, afirmando-nos: “Mas, ingratos, os homens afastaram-se do caminho reto e largo que conduz ao reino de meu Pai e enveredaram pelas ásperas sendas da impiedade”.²
Em vista de tantos esclarecimentos, trazidos a lume pelo insigne codificador do Espiritismo, através do trabalho de implantação da verdade entre nós, realizado por Jesus e seus diletos colaboradores da esfera mais alta da espiritualidade superior, para que tenhamos conhecimento da verdade, pois só ela será capaz de nos libertar de nossa secular ignorância, dediquemo-nos a estudá-la com disposição, com sincera intenção de apreender seus luminosos ensinamentos com disciplina e boa vontade, e certamente compreenderemos, por fim, que Deus é manancial inesgotável de amor em benefício de todas as suas criaturas.

Fontes:

1) O Evangelho segundo o Espiritismo – Cap. XVIII; 2) Idem, idem, Cap. IV.
O egoísmo é a fonte de todos os vícios, como a caridade o é de todas as virtudes. Destruir um e desenvolver a outra, tal deve ser o alvo de todos os esforços do homem, se quiser assegurar a sua felicidade neste mundo, tanto quanto no futuro.
Allan Kardec. O Livro dos Espíritos, nota questão 917.

lei de ação e reação vera jacubowski

“Mas os cuidados deste mundo, os enganos das riquezas e as ambições doutras coisas, entrando, sufocam a palavra, que fica infrutífera.” – Jesus. (MARCOS, 4:19.)
A árvore da fé viva não cresce no coração, miraculosamente.
Qual acontece na vida comum, o Criador dá tudo, mas não prescinde do esforço da criatura.
Qualquer planta útil reclama especial atenção no desenvolvimento.
Indispensável cogitar-se do trabalho de proteção, auxílio e defesa. Estacadas, adubos, vigilância, todos os fatores de preservação devem ser postos em movimento, a fim de que o vegetal precioso atinja os fins a que se destina.
A conquista da crença edificante não é serviço de menor esforço.
A maioria das pessoas admite que a fé constitua milagrosa auréola doada a alguns espíritos privilegiados pelo favor divino.
Isso, contudo, é um equívoco de lamentáveis conseqüências.
A sublime virtude é construção do mundo interior, em cujo desdobramento cada aprendiz funciona como orientador, engenheiro e operário de si mesmo.
Não se faz possível a realização, quando excessivas ansiedades terrestres, de parceria com enganos e ambições inferiores, torturam o campo íntimo, à maneira de vermes e malfeitores, atacando a obra.
A lição do Evangelho é semente viva.
O coração humano é receptivo, tanto quanto a terra.
É imprescindível tratar a planta divina com desvelada ternura e instinto enérgico de defesa.
Há muitos perigos sutis contra ela, quais sejam os tóxicos dos maus livros, as opiniões ociosas, as discussões excitantes, o hábito de analisar os outros antes do auto- exame.
Ninguém pode, pois, em sã consciência, transferir, de modo integral, a vibração da fé ao espírito alheio, porque, realmente, isso é tarefa que compete a cada um.
XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 40.
EXERCÍCIO DA SOLIDÃO

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