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REUNIÕES MEDIÚNICAS UMA PORTA ENTRE DOIS PLANOS DE VIDA

esclarecimento sobre reuniões mediúnicas

Dialogando com Espíritos: dialogador, doutrinador ou médium esclarecedor

Essa reflexão tratará do trabalho fraterno de dialogador, doutrinador ou médium esclarecedor em uma reunião mediúnica espírita.
Em “Organização e funcionamento da reunião mediúnica espírita”, da Federação Espírita Brasileira, sob a coordenação de Marta Antunes de Oliveira de Moura, no item 6.3, extrai-se: “O esclarecedor é a pessoa que, na reunião, exerce o papel de ouvir, dialogar e esclarecer os Espíritos manifestantes necessitados, porém, consciente de que se encontra perante uma criatura humana que sofre, e que, muitas vezes, desconhece a real situação em que se encontra”.
A atividade de dialogador, doutrinador ou médium esclarecedor é de suma importância no acolhimento aos Espíritos sofredores que comparecem à reunião mediúnica espírita, principalmente nos trabalhos de desobsessão, como Suely Caldas Schubert, no livro “Obsessão / Desobsessão”, na “Terceira Parte: Reunião de desobsessão”, Capítulo 6, “O Doutrinador”, ensina:
“Esclarecer, em reunião de desobsessão, é clarear o raciocínio; é levar uma entidade desencarnada, através de uma série de reflexões, a entender determinado problema que ela traz consigo e que não consegue resolver; ou fazê-la compreender que as suas atitudes representam um problema para terceiros, com agravantes para ela mesma. É leva-la a modificar conceitos errôneos, distorcidos e cristalizados, por meio de uma lógica clara, concisa, com base na Doutrina Espírita e, sobretudo, permeada de amor.
Essa é uma das mais belas tarefas na reunião de desobsessão e que requer muita prudência, discernimento e diplomacia. Que requer, principalmente, o ascendente moral daquele que fala sobre aquele que ouve, que está sendo atendido. Esse ascendente moral faz com que as explicações dadas levem o cunho da serenidade, da energia equilibrada e da veracidade.”

Suely Caldas Schubert, no mesmo Capítulo, continua:
“As palavras são como setas arremessadas, que poderão ser danosas ou benéficas, dependendo do sentimento de quem as projeta. As primeiras ferem, causam distúrbios, destroem e podem acordar sentimentos de revide, com igual teor vibratório. As segundas, vibrando na luz do amor, penetram na alma como bênçãos gratificantes, produzindo reflexos de claridade que se identificarão com o emissor.
No instante do esclarecimento, quando a entidade se comunica, ela está de alguma forma expectante, aguardando alguma coisa, para ela, imprevisível. Também os presentes à reunião se colocam em posição especial, porém, de doação, de desejo de atender à expectativa do irmão necessitado. E qualquer que seja a maneira sob a qual ele se apresente, todos os pensamentos e todas as vibrações devem estar unidos, homogêneos, dirigidos no intuito de beneficiá-lo. Nesta hora, o doutrinador será o polo centralizador desse conjunto de emoções positivas, estabelecendo-se uma corrente magnética que envolve o comunicante e que ajuda, concomitantemente, ao que esclarece. Este, recebendo ainda o influxo amoroso do mentor da reunião, terá condições de dirigir a conversação para o rumo mais acertado e que atinja o cerne da problemática que o Espírito apresenta.
O esclarecimento não se faz mostrando erudição, conhecimentos filosóficos ou doutrinários. Também não há necessidade de dar uma aula sobre o que é o Espiritismo, nem de mostrar o quanto os espíritas trabalham. Como não é o instante para criticar, censurar, acusar ou julgar. Esclarecer não é fazer sermão. Não surtirão bons resultados palavras revestidas de grande beleza, mas vazias, ocas, frias. Não atenderão às angústias e aflições daquele que sofre e muito menos abrandarão os revoltados e vingativos.
Em quaisquer dos casos, é preciso compreendamos que é quase impossível a uma pessoa mudar de procedimento, sem que seja levada a conhecer as causas que deram origem aos seus problemas. Razão por que, em grande número de comunicações, o doutrinador, sentindo que há esta necessidade, deve aplicar as técnicas de regressão de memória no comunicante. Esta técnica consiste em levá-lo a recordar-se de fatos do seu passado, de sua última ou anterior reencarnação, despertando lembranças que jazem adormecidas. Nessas ocasiões, os Trabalhadores da Espiritualidade agem, seja acordando as reminiscências nos painéis da mente, seja formando quadros fluídicos com as cenas que evidenciem a sua própria responsabilidade perante os fatos em que se proclamava inocente e vítima.
De outras vezes, a lógica e clareza dos argumentos, aliadas à compreensão e ao amor, são o suficiente para convencer as entidades.
Para sentir aquilo que diz, é essencial ao doutrinador uma vivência que se enquadre nos princípios que procura transmitir. Assim, a sua vida diária deve ser pautada, o mais possível, dentro dos ensinamentos evangélicos e doutrinários. Inclusive, porque, os desencarnados que estão sendo atendidos, não raro, acompanham-lhe os passos para verificar o seu comportamento e se há veracidade em tudo o que fala e aconselha. Eis o motivo pelo qual Joanna de Ângelis recomenda: ‘(…) quem se faz instrutor deve valorizar o ensino, aplicando-o em si próprio’.
Outro cuidado que o doutrinador deve ter durante o diálogo é o de dosar a verdade, para não prejudicar o Espírito que veio em busca de socorro e lenitivo, esclarecimentos, enfim, que lhe deem paz. A franqueza, em certos casos, pode ser destrutiva.
A verdade pode ferir àquele que não está em condições de recebê-la. É o caso, por exemplo, de uma entidade que desconhece que deixou a Terra e apresenta total despreparo para a morte. Este esclarecimento só deve ser transmitido depois de uma conversação que a prepare psicologicamente para a realidade. A medida justa para isto é colocar-se o doutrinador na posição do comunicante, vivendo o seu drama e imaginando o que seria o seu sofrimento.
Os doutrinadores devem ser no mínimo dois e se revezarão no atendimento aos desencarnados.
Há um outro ponto a se considerar a respeito dos que estão na tarefa de esclarecimento, nas sessões de desobsessão: é que estes não devem ser médiuns de incorporação, pois não teriam condições de acumular as duas funções, além de sofrerem de modo direto as influências dos obsessores, o que obviamente prejudicaria a tarefa de esclarecimento.”
No livro “Mediunidade: estudo e prática”, Programa II, da FEB Editora, Módulo III, Tema 2, em “O diálogo com os Espíritos”, destacamos:
“O esclarecimento dos desencarnados sofredores, perseguidores, renitentes ou não de viciações, ódios, desvios emocionais, entre outros, por meio das manifestações mediúnicas ostensivas, constitui atividade de elevada importância no âmbito da caridade fraternal desenvolvida na Casa Espírita. Indica, igualmente, o ponto máximo da reunião mediúnica.

A propósito, afirma André Luiz:

[…] a alienação mental dos Espíritos desencarnados exige o concurso fraterno de corações amigos, com bastante entendimento e bastante amor para auxiliar nos templos espíritas, atualmente dedicados à recuperação do Cristianismo, em sua feição clara e simples.
Nesse contexto, surge a figura do doutrinador ou dialogador como sendo o médium capaz de acolher e esclarecer o desencarnado que sofre, à luz do entendimento espírita e do Evangelho de Jesus, aliando à sua experiência doutrinária estudos e práticas de vida capazes de ensejar eficácia ao contato com os enfermos espirituais.

1. DOUTRINADOR, DIALOGADOR OU MÉDIUM ESCLARECEDOR

A palavra doutrinação, ainda muito utilizada no meio espírita, sofreu certo desgaste ao longo do tempo em razão de ser utilizada na forma de catequese ou de sermão. Neste curso, ela é empregada como sinônimo de diálogo fraterno ou de esclarecimento evangélico-doutrinário aos comunicantes que necessitam de apoio espiritual, todavia encontramos na obra de André Luiz, Emmanuel e outros orientadores o uso indistinto das designações: doutrinador, dialogador ou médium esclarecedor, palavras utilizadas nesse sentido específico.
Na equipe em serviço, os médiuns esclarecedores, mantidos sob a condução e inspiração dos benfeitores espirituais, são os orientadores da enfermagem ou da assistência aos sofredores desencarnados. Constituídos pelo dirigente do grupo e seus assessores, são eles que os instrutores da Vida maior utilizam em sentido direto para o ensinamento ou o socorro necessários. Naturalmente que a esses companheiros compete um dos setores mais importantes da reunião.
O bom doutrinador tem desenvolvida a mediunidade de intuição que, como qualquer faculdade mediúnica, aperfeiçoa-se com a prática. Daí ser importante manter-se vigilante e atento às intuições que lhe surgem no foro íntimo durante o diálogo mantido com comunicantes desencarnados.
O médium esclarecedor deve esforçar-se para desenvolver outros recursos, úteis à boa execução da tarefa: paciência e tolerância, que acalmam e acolhem irmãos sofredores; estudo espírita, sedimentando sólida base doutrinária necessária para neutralizar quaisquer tentativas de introdução de modismos e equívocos à prática espírita; benevolência, afabilidade e simplicidade durante o trato com os Espíritos comunicantes; manutenção de clima de simplicidade, otimismo e fraternidade ao conversar com Espíritos mais rebeldes, revoltados ou que buscam vingança, aparando-se na certeza do auxílio prestado pelos orientadores espirituais; atenção à problemática apresentada pelo Espírito e, ao mesmo tempo, envolvimento em vibrações harmônicas, a fim de que o médium exercite também a sua capacidade de auxiliar com proveito.
O encarnado encarregado do diálogo deve conscientizar-se do esforço de combate às próprias imperfeições morais, trabalhando na aquisição e no desenvolvimento de virtudes, pois o seu comportamento no bem e as suas atitudes equilibradas apresentam significativo efeito moral sobre os Espíritos com quem dialoga.

2. CONDIÇÕES FAVORÁVEIS DE UM BOM DIÁLOGO COM OS ESPÍRITOS

Allan Kardec assinala no livro O que é o espiritismo, que há três condições essenciais para que um Espírito se comunique:
• que lhe convenha fazê-lo
• que sua posição ou suas ocupações lho permitam;
• que encontre no médium um instrumento apropriado à sua natureza. Tendo como base esses fatores, apontamos, em seguida, as principais condições que favorecem um bom diálogo com os desencarnados.

• O amor

A arte da doutrinação se aperfeiçoa com a prática, como acontece a qualquer outra mediunidade, sobretudo se há empenho do doutrinador na aquisição de valores intelectuais e morais. Francisco Thiesen nos lembra, no prefácio do livro Diálogo com as sombras, as palavras do autor da referida obra: “[…] o segredo da doutrinação é o amor.” E André Luiz, no livro No mundo maior, comenta: “[…] conhecimento auxilia por fora, só o amor socorre por dentro […]. Com a nossa cultura retificamos os efeitos, quanto possível, e só os que amam conseguem atingir as causas profundas.”
O conhecimento intelectual, por si só, não é garantia de êxito na tarefa desobsessiva. O esclarecedor deve aliar à sua argumentação o mais elevado sentimento de solidariedade, fraternidade e compreensão, buscando auscultar os sentimentos do sofredor, colocando-se na posição do assistido, para melhor compreendê-lo e auxiliá-lo, como alerta André Luiz: “Para esse fim, para decifrar os complicados labirintos do sofrimento moral, é imprescindível haver atingido mais elevados degraus da humana compreensão.”

• A palavra

No atendimento mediúnico a Espíritos necessitados, a palavra expressa tanto ‘o que dizer’ quanto ‘o como dizer’. Deve ser pronunciada num tom de voz harmônico, tranquilo, destituído de afetação, nem imposição, na forma fraterna como a de quem conversa com um amigo ou familiar, momentaneamente, distante do equilíbrio. André Luiz recorda que, ao nos comunicarmos com alguém, emitimos energias que poderão conduzir o ouvinte à harmonia ou ao desajuste, pois a palavra sempre carrega o magnetismo de quem fala:
[A] […] palavra, qualquer que ela seja, surge invariavelmente dotada de energias elétricas específicas, libertando raios de natureza dinâmica. A mente, como não ignoramos, é o incessante gerador de força, por intermédio dos fios positivos e negativos do sentimento e do pensamento, produzindo o verbo que é sempre uma descarga eletromagnética, regulada pela voz.
Em outra obra de sua autoria, André Luiz descreve um atendimento que modificou radicalmente a conduta adotada pelo obsessor, simplesmente porque o dialogador soube aliar simplicidade, tato, gentileza e entonação adequados à palavra:
A paciência do doutrinador sensibilizava-nos. Não recebia Libório, qual se fora defrontado por um habitante das sombras, suscetível de acordar-lhe qualquer impulso de curiosidade menos digna. Ainda mesmo descontando o valioso concurso do mentor que o acompanhava, Raul emitia de si mesmo sincera compaixão de mistura com inequívoco interesse paternal.
Acolhia o hóspede sem estranheza ou irritação, como se o fizesse a um familiar que regressasse demente ao santuário doméstico. Talvez por essa razão o obsessor a seu turno se revelava menos agastadiço. […] Ante o argumento enunciado com sinceridade e simpleza, o renitente sofredor pareceu apaziguar-se ainda mais. Jatos de energia mental, partidos de Silva, alcançavam-no agora em cheio, no tórax, como a lhe buscarem o coração. […] Sob o sábio comando de Clementino, falou o doutrinador com afetividade ardente:
– Libório, meu irmão!
Essas três palavras foram pronunciadas com tamanha inflexão de generosidade fraternal que o hóspede não pôde sopitar o pranto que lhe subia do âmago.
Emmanuel, no livro O consolador, abordando os elevados sentimentos que precisam ser desenvolvidos pelo médium esclarecedor, estabelece uma valiosa diferenciação entre doutrinar e evangelizar:
Assim, não basta doutrinar o Espírito, no sentido de transmitir-lhes informações ou ensinar-lhe algo, é importante evangelizar. […] Para doutrinar, basta o conhecimento intelectual dos postulados do Espiritismo; para evangelizar é necessária a luz do amor no íntimo. Na primeira, bastarão a leitura e o conhecimento; na segunda, é preciso vibrar e sentir com o Cristo.

• A prece, o passe e as irradiações mentais

A prece e o passe são recursos valiosos de apoio ao diálogo com os Espíritos, sobretudo quando se esgota qualquer tentativa de entendimento. Fornecem a necessária harmonia tanto ao manifestante portador de desequilíbrio quanto ao próprio médium, considerando que os trabalhadores da equipe espiritual recolhem também as forças mentais emitidas pelos participantes do grupo, inclusive as que fluem abundantes do médium.
Em algumas situações específicas, quando a conversa fraterna não se revela produtiva, pode-se induzir o Espírito ao sono ou à regressão da memória, favorecidos pela atuação dos benfeitores espirituais que, intuitivamente, sugerirão tais medidas.
Se o comunicante perturbado procura fixar-se no braseiro da revolta ou na sombra da queixa, indiferente ou recalcitrante, o diretor ou o auxiliar em serviço solicitará a cooperação dos benfeitores espirituais presentes para que o necessitado rebelde seja confiado à assistência de organizações espirituais adequadas a isso.
Nesse caso, a hipnose benéfica será utilizada a fim de que o magnetismo balsamizante asserene o companheiro perturbado, amparando-se-lhe o afastamento da cela mediúnica, à maneira do enfermo desesperado da Terra a quem se administra a dose calmante para que se ponha mais facilmente sob o tratamento preciso.”
Assim, o dialogador, doutrinador ou médium esclarecedor exerce uma tarefa muito importante na reunião mediúnica espírita, trazendo em sua bagagem a base doutrinária edificante e a vivência evangélica adquirida em processo constante de autoaprimoramento, para esclarecer os Espíritos sofredores em socorro espiritual realizados pelas Casas Espíritas.

Bibliografia:

MOURA, Marta Antunes de Oliveira de (Organizadora). Organização e funcionamento da reunião mediúnica espírita. 1ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2008.
MOURA, Marta Antunes de Oliveira de (Organizadora). Mediunidade: estudo e prática. Programa II. 2ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.
SCHUBERT, Suely Caldas. Obsessão/Desobsessão: profilaxia e terapêutica espíritas. 3ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2018.

Dialogando com Espíritos: etapas do esclarecimento

Continuando a reflexão sobre dialogando com Espíritos, seguem algumas etapas didáticas nas comunicações com Espíritos que comparecem às reuniões mediúnicas espíritas.
No livro “Mediunidade: estudo e prática”, Programa II, da FEB Editora, Módulo III, Tema 3, em “Etapas do esclarecimento dos Espíritos pelo diálogo”, destacamos:
“O esclarecimento doutrinário ocorre durante o principal momento da reunião mediúnica, considerado o ápice da realização dos trabalhos organizados entre os dois planos de vida. Essa fase não deve ultrapassar o tempo de 60 minutos, segundo o opúsculo Orientação ao centro espírita, da FEB/ CFN, referenciado em orientações de esclarecidos benfeitores espirituais.

ETAPA INICIAL: OUVIR O ESPÍRITO E IDENTIFICAR AS SUAS PRINCIPAIS DIFICULDADES

É de fundamental importância que o dialogador, em especial, e o grupo, em geral, escutem o que o Espírito tem a dizer. Se este revela dificuldades para se expressar, é preciso saber auxiliá-lo porque somente lhe concedendo a chance de expor suas amarguras será possível prestar-lhe efetiva assistência. Contudo, usualmente, o diálogo é iniciado pelo próprio Espírito que, naturalmente, toma a palavra e apresenta as suas necessidades.
Qualquer que seja a abertura da comunicação, o doutrinador deve esperar, com paciência, depois de receber o companheiro com uma saudação sinceramente cortês e respeitosa. Seja quem for que compareça diante de nós, é um Espírito desajustado, que precisa de socorro.
Alguns bem mais desarmonizados do que outros, mas todos necessitados – e desejosos – de uma palavra de compreensão e carinho, por mais que reajam à nossa aproximação.
Os primeiros momentos de um contato mediúnico são muito críticos. Ainda não sabemos a que vem o Espírito, que angústias traz no coração, que intenções, que esperanças e recursos, que possibilidades e conhecimentos. Estará ligado a alguém que estamos tentando ajudar? Tem problemas pessoais com algum membro do grupo? Luta por uma causa?
Ignora seu estado, ou tem consciência do que se passa com ele? É culto, inteligente, ou se apresenta ainda inexperiente e incapaz de um diálogo mais sofisticado? Uma coisa é certa: não devemos subestimá-lo. Pode, de início, revelar clamorosa ignorância, e entrar, depois, na posse de todo o acervo cultural de que dispõe. Dificilmente o Espírito é bastante primário para ser classificado, sumariamente, como ignorante.
Se o Espírito demorar a dar início à fala, o esclarecedor poderá fazer algumas perguntas provocativas, tais como: Em que podemos servi-lo? Como se sente? Deseja algo de nós?
Não é produtivo forçar a entidade a se identificar, pois talvez não possa fazê-lo em função de seu comprometimento psíquico, de ser desconhecida do grupo ou mesmo pelos inconvenientes que tal revelação possa causar. A identificação ocorre naturalmente, caso não haja impedimentos.
O comunicante espiritual poderá exibir uma ideia fixa, repetir um mesmo assunto, como se andasse em círculos. Nesse caso, o doutrinador poderá ir fazendo apartes até que o assunto passe a ser conduzido de forma proveitosa e um entendimento se estabeleça.
Em qualquer situação, deve-se evitar o monólogo ou diálogos muito longos. As monopolizações, por parte do comunicante espiritual ou do doutrinador, são sempre indesejáveis. A reunião torna-se extremamente cansativa, porque ocorre dispersão mental e de fluidos. Há participantes que podem até ser dominados pelo sono, outros permanecem distraídos, alheios às lições transmitidas. Tudo isso compromete o êxito e a produtividade da reunião.
A conversação será vazada em termos claros e lógicos, mas na base da edificação, sem qualquer toque de impaciência ou desapreço ao comunicante, mesmo que haja motivos de indução ao azedume ou à hilaridade. O esclarecimento não será, todavia, longo em demasia, compreendendo-se que há determinações de horário e que outros casos requisitam atendimento.

Em síntese:

• Deixar o Espírito falar, colhendo informações, identificando problemas e características individuais;
• Fazer perguntas esclarecedoras, se necessário, caso não consiga reconhecer o seu principal problema;
• Manter-se no foco do problema apresentado é a melhor forma de auxiliar;
• Ficar atento às ideias fixas que podem dificultar ou impedir o diálogo.

ETAPA INTERMEDIÁRIA: ESCLARECER E APOIAR FRATERNALMENTE O ESPÍRITO

Assim que o doutrinador perceber a problemática do Espírito, começa o esclarecimento doutrinário propriamente dito. Destacamos alguns pontos que devem ser observados nessa fase:
• Identificar a condição masculina ou feminina da entidade para que se possa conduzir a conversação na linha psicológica apropriada;
• O dialogador deve acalmar ou tranquilizar o Espírito com palavras gentis, fraternas e solidárias, envolvendo-o em fluidos reparadores, calmantes, tendo como base as orientações espíritas e evangélicas;
• O médium psicofônico deve ter cuidado para controlar o Espírito a fim de que este não monopolize a conversa nem dê chance ao dialogador de auxiliá-lo. Há entidades que dominam a arte da manipulação. O médium, o dialogador e o próprio grupo devem envidar esforços para controlar a situação;
• Se o Espírito se revela muito perturbado, envolvê-lo nas energias positivas do passe, da prece ou de ambos. Importa reconhecer que nem sempre o Espírito apresenta condições para estabelecer uma conversa fraterna. Às vezes, necessita apenas das energias ou das vibrações do médium e dos demais participantes do grupo;
• Dialogar com bom senso, bondade, clareza, tato e firmeza, usando linguagem simples, descontraída e objetiva. Evitar o uso de frases feitas ou de chavões; não é aconselhável ter uma fala padrão para suicidas, homicidas, obsessores, etc. O diálogo não deve ter também a feição de preleção ou de catequese;
• O dialogador jamais deve discutir ou polemizar com o Espírito. Não deve censurá-lo, condená-lo ou ironizá-lo;
• Fugir de disputas com entidades desencarnadas que ameacem ou que se recusem a se afastarem do encarnado, recordando que desobsessão é processo lento, que implica reforma moral dos envolvidos;
• É importante considerar que a conversa fraterna não beneficia apenas o Espírito comunicante. Este representa na reunião um grupo de Espíritos que se encontra em situação semelhante. Os demais, Espíritos em situação similar, podem se encontrar no mesmo local da reunião ou em outras localidades no plano espiritual, acompanhando o atendimento. Os sofredores que não se encontram na reunião são atendidos a distância, por meio de equipamentos instalados pelos trabalhadores da equipe espiritual;
• O médium psicofônico e demais participantes devem apoiar mental e fluidicamente o doutrinador, acompanhando o diálogo, sem fazer interferências de qualquer natureza;
• Nas comunicações complexas, sobretudo nas manifestações de comunicantes mais endurecidos, o dialogador e o médium psicofônico devem impedir a desestruturação da reunião, usando a energia, mas sem perda do espírito de fraternidade;
• O diálogo não deve ser longo, não deve ser também excessivamente curto, mesmo em se tratando de Espíritos que revelem grandes desarmonias. André Luiz, no livro Desobsessão, recomenda até dez minutos, uma vez que o horário de início e término da reunião deve ser respeitado;
• Evitar múltiplas manifestações psicofônicas ao mesmo tempo, pois além de ser necessário preservar a harmonia da sessão, atendendo a cada caso por sua vez, em ambiente de concórdia e serenidade, qualquer comunicação é do interesse de todos os participantes encarnados, que, em conjunto, devem auxiliar o Espírito necessitado de auxílio;
• Não induzir, direta ou indiretamente, os médiuns a receber essa ou aquela entidade, pois a espontaneidade é essencial ao êxito da tarefa;
• Utilizar a indução hipnótica ao desencarnado comunicante, quando necessário, conduzindo-o ao sono (sonoterapia) ou à hipnose construtiva.

ETAPA FINAL: CONCLUSÃO DO ATENDIMENTO

Passado o momento da argumentação doutrinária e o atendimento propriamente dito, encaminha-se para o encerramento do diálogo, propiciando o afastamento do Espírito manifestante.
O doutrinador e o médium promovem, então, o desligamento psíquico do Espírito segundo a intuição captada: frases indicativas de despedida; indução ao sono; encaminhamento pelos benfeitores espirituais presentes; emissão de uma prece etc. É importante que o Espírito tenha ciência de que ele será sempre bem-vindo às reuniões do grupo mediúnico.
A entidade que foi adequadamente esclarecida afasta-se naturalmente do médium, apoiando-se nos cuidados amigos dos trabalhadores da equipe espiritual.
Nos casos dos Espíritos que não conseguem ou não querem se desligar do médium, o dialogador deve solicitar-lhe o afastamento, considerando a responsabilidade do trabalho e a finalização do atendimento. Se necessário, pedir a cooperação do médium psicofônico, orientando-o a se desligar mentalmente do comunicante.
Quanto ao Espírito, deve-se prestar-lhe esclarecimento respeitoso, alegando os motivos que obrigam o seu afastamento, tais como:
• o desgaste energético do médium e a consequente sobrecarga mental;
• a necessidade de outros Espíritos se comunicarem;
• o tempo que se esgotou, mas outras oportunidades surgirão;
• o atendimento está a cargo dos benfeitores espirituais, os quais prestarão assistência mais completa.”
Bibliografia:
MOURA, Marta Antunes de Oliveira de (Organizadora). Mediunidade: estudo e prática. Programa II. 2ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

Dialogando com Espíritos: enfermagem espiritual libertadora

Continuando a reflexão sobre dialogando com Espíritos, veremos estudos sobre algumas ações de socorro na reunião mediúnica espírita, apoiando-se no livro “Dimensões espirituais do Centro Espírita”, Capítulo 10 – “Enfermagem espiritual libertadora”, de Suely Caldas Schubert, da FEB Editora:
“Dentre as atividades que os benfeitores espirituais realizam durante as sessões mediúnicas, devemos ressaltar aquela que o Espírito Manoel Philomeno de Miranda denomina de ‘enfermagem espiritual libertadora’, pelo seu alcance e importância.

Ensina esse Benfeitor:

‘Ressalvadas outras finalidades expressivas, as sessões práticas ou mediúnicas do Espiritismo assumem, igualmente, a função consoladora, pelo lenir de saudades e diminuir de dores que propiciam, através do abençoado intercâmbio espiritual, não somente das entidades Veneráveis, como daquelas que sofrem, ensinando pela dor a correta vivência do amor…
Mas, também, pelo facultar o retorno dos seres amados ao convívio afetuoso, pela palavra oral ou escrita, nas materializações ou nas fortes induções mentais de caráter intuitivo. Escola de bênçãos superiores, a sessão de intercâmbio, é medicação para os Espíritos de ambos os lados da vida, estímulo e prova da sobrevivência, por cujo valioso concurso assumem-se responsabilidades morais e coragem para vencer as vicissitudes do caminho de ascensão…’
Em meu livro, Obsessão/Desobsessão, enfocando o recinto onde são realizadas as sessões mediúnicas de desobsessão, mencionamos ser este o local onde são medicadas mais diretamente as almas e que,
‘é a este ambiente apropriado, revestido de vibrações adequadas e que requer cuidados especiais da Espiritualidade maior, que são trazidos os enfermos do espaço, para receberem o tratamento do amor. Nenhuma outra medicação existe, mais adequada e nem mais bem indicada.
As chagas morais; as dores que estão insculpidas no âmago do ser; a tortura do ódio que abrasa aquele que o alimenta; o coração que renegou a Deus e que se apresenta enjaulado dentro de si mesmo; o suicida que se sente morrendo e vivendo em dores superlativas; o infeliz acorrentado às grilhetas do vício; todos, enfim, que representam o cortejo das agonias humanas, só alcançarão alívio e tratamento, resposta e orientação na medicação universal do Amor! (…)’
Para os encarnados tais reuniões são de extrema utilidade, pois ali não somente e colhem ensinamentos, mas, sobretudo, exemplificações, lições vivas que nos marcam profundamente e nos acordam para nossas crescentes responsabilidades, ao mesmo tempo em que nos identificamos com os dramas descritos pelos comunicantes, sentindo que eles são nossos irmãos em Humanidade e que suas dores são também nossas.(…)
Reuniões mediúnicas
‘Os trabalhos desobsessivos são visivelmente úteis aos participantes do plano físico e são também muito valiosos para os desencarnados. André Luiz relata que um número de criaturas, ao abandona r a veste carnal, mostram-se inconformadas com a nova situação que enfrentam e são tomadas de mórbida saudade do ambiente terrestre, ansiando a todo custo pelo contato com as pessoas encarnadas, de cujo calor humano sentem falta.
A sala onde se realizam os trabalhos mediúnicos representa para tais seres a possibilidade de entrarem em contato com os que ainda estão na Terra e de receber destes as vibrações magnéticas de que carecem.’
Em Temas da vida e da morte, Miranda legou-nos esclarecedores ensinamentos ao expor os procedimentos da Espiritualidade, que comumente acontecem quando das sessões mediúnicas.
Após tecer preciosas considerações a respeito de processos de libertação psíquica de espíritos desencarnados que, por falta de entendimento em relação aos valores superiores da vida, permanecem presos por largo tempo, até séculos, a fixações mentais perturbadoras, relaciona os benefícios do intercâmbio mediúnico, no consolo e auxílio mais direto a esses nossos irmãos. Certamente que a maior parte dos atendimentos ocorrem nas áreas de socorro da própria Espiritualidade, que utiliza variadas terapêuticas, nem sempre do nosso conhecimento.
Tudo isto evidencia para nós a solicitude do Criador em favor de todos os filhos, que são amparados e socorridos nas diversas dimensões em que a vida se manifesta. Sob a égide do Pai do Céu, legiões de Espíritos Superiores se movimentam por todo o Universo atendendo a todas as criaturas, em especial as que estão em patamares inferiores, como a nossa Humanidade do planeta Terra, para que o ser humano consiga alcançar estágios mais felizes.

Atentemos para os benefícios do intercâmbio mediúnico:

a) proporcionam aos membros do grupo socorrista lições proveitosas;
b) melhor compreensão da lei de causa e efeito;
c) exercício da fraternidade, possibilitando aos encarnados, ao se sensibilizarem com as dores dos que se comunicam, melhor atenderem os que os cercam, no plano físico, minorando-lhes os sofrimentos;
d) ‘porque o perispírito possui os mesmos órgãos que o corpo físico, quando ocorre o fenômeno da psicofonia, duas ocorrências se dão: 1) durante o acoplamento perispiritual os desencarnados ajustam a sua organização à do médium e volvem ao contato com aqueles que lhes não registravam a presença, não os ouviam, não os viam. Nessa fase podem dar expansão aos sentimentos que os atormentavam, aliviando-se, e, com o atendimento esclarecedor que recebem, modifica-se-lhes o estado íntimo.
2) no intercâmbio natural, ocorre um choque fluídico, pelo qual as forças anímicas do percipiente rompem-lhes a crosta ideoplastica que os envolve e lhes absorvem os vibriões mentais, qual esponja que se encharca, diminuindo-lhes, expressivamente, a psicosfera negativa que respiram, permitindo-lhes o diálogo no qual se dão conta da morte, remorrendo, para despertamento posterior em condições lúcidas que propiciam aos mentores conduzi-los a postos, hospitais de socorro ou escolas de aprendizagem, nos quais se capacitam para futuros cometimentos’;
e) tornam-se possíveis cirurgias perispirituais enquanto ocorre a comunicação bem como outros processos socorristas mais específicos, que visam a beneficiar os que estão presos às reminiscências carnais, por eles vitalizadas com a mente viciada, construindo por si mesmos os próprios sofrimentos;
f) as equipes de encarnados e desencarnados se exercitam na caridade anônima;
g) a possibilidade que têm os espíritos que ainda permanecem em faixas muito baixas do psiquismo, impregnadas de teor venenoso, e que não conseguem sintonizar com os benfeitores da Espiritualidade, conseguirem, através do diálogo com os encarnados, o despertar para uma visão diferente de vida.
Em muitas situações ocorridas nas sessões mediúnicas, temos tido o ensejo de verificar a atuação dos espíritos médicos e enfermeiros, atendendo e medicando os comunicantes e, especialmente quando se apresentam mutilados, desfigurados, os casos de zoantropia, de monoideísmo, como também os que se sentem presos aos sofrimentos dos últimos instantes da vida física.
Convém lembrar que esses nossos irmãos comunicantes, mesmo com todas essas características perispiríticas, recebem, antecipadamente, uma preparação adequada por parte dos Espíritos especializados, a fim de atenuar as suas vibrações maléficas, desarmônicas, que prejudicariam os médiuns que os sintonizassem.
Mencionaremos a seguir algumas manifestações que aconteceram por nosso intermédio, cujos Espíritos comunicantes se apresentavam em grande sofrimento e desfigurados.
Comunicou-se uma entidade que apresentava fisionomia bastante modificada, simiesca, queixo projetado, com pêlos no rosto, nos braços, que se sentia como um animal. Embora com dificuldade para falar, dizia que era um bicho e que não queria sair deste estado, queria permanecer na furna onde estava.
O esclarecedor, com muito carinho, procurou trazê-lo de volta à realidade, afirmando ser ele um filho de Deus, um irmão nosso, que merecia ser feliz, ser amado, etc. Depois de certo tempo, diante das argumentações do doutrinador, ele se emocionou e percebeu que desejava ser amado, que desejava uma vida melhor; nesse momento, sentiu que toda a sua aparência se modificava. Observamos a ação espiritual, magnetizando-o, a fim de auxiliar a sua libertação.
Outro comunicante trazia as pernas muito grossas, disformes, cobertas de crostas e feridas, pés enormes e inchados, não conseguia mover-se; a certa altura, sob o amparo espiritual, sentiu que toda a crosta se desprendia, à semelhança da casca de uma árvore, e suas pernas e pés voltaram à normalidade.
Um dos Espíritos mais necessitados se apresentou disforme, de tal maneira que é difícil explicar, como se fosse, por comparação, a parte do corpo de um polvo, sem os tentáculos.
Passava-me a sensação de estar como que debruçado às minhas costas. Permaneceu poucos minutos, o suficiente para ouvir ou sentir uma prece feita pelo doutrinador. Antes de estabelecer a ligação conosco, o mentor pediu-nos que informasse ao doutrinador qual a situação do Espírito e, que neste caso, só algumas palavras e uma prece.
Também recebeu passes durante os breves momentos em que esteve em nosso ambiente. Observamos que ali mesmo foi realizado um processo de tratamento que escapa à nossa compreensão. Um caso como este só aconteceu uma vez em nossa prática mediúnica. Por certo, naquela reunião, todo o grupo esteve em condições de cooperar com a Espiritualidade nesse tipo de socorro.
Tivemos também o ensejo de perceber e dar passividade a Espíritos com forma ovoide, que de certa maneira se assemelham um pouco com este acima citado. A aproximação destes ovoides é desgastante para o médium, havendo necessidade de passes durante o processo de ligação mental; o doutrinador deve proferir algumas palavras de reconforto e uma prece para beneficiá-lo, quando então é encaminhado pelos enfermeiros espirituais. Como é óbvio, tais entidades não têm condições de falar.
A questão da aparência dos Espíritos é abordada pelo Codificador em O Livro dos Médiuns, Segunda parte, cap. VI ‘Das manifestações visuais’, sendo que no item 100, pergunta 30ª, se lê:

Poderiam os Espíritos apresentar-se sob a forma de animais?

Isso pode dar-se; mas somente Espíritos muito inferiores tomam essas aparências. Em caso algum, porém, será mais do que uma aparência momentânea.”
Bibliografia:
SCHUBERT, Suely Caldas. Dimensões espirituais do Centro Espírita. 2ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2019.

Dialogando com Espíritos: dois tipos de esclarecimento

Suely Caldas Schubert, no livro “Obsessão / Desobsessão”, na “Terceira Parte: Reunião de desobsessão”, Capítulo 6: O doutrinador, em “Dois tipos de esclarecimento”, ensina:
“Certa noite, em nossa reunião, comunicou-se uma entidade que se apresentou chorando e muito desesperada. Havia desencarnado há algum tempo e estava ciente desse fato. Encontrava-se, porém, terrivelmente revoltada, pois tinha deixado quatro filhos bem pequenos, necessitando ainda de seus cuidados maternos.
Revelou que não se conformava com o acontecido, principalmente porque, indo ao lar, encontrara outra mulher no lugar que lhe pertencia. E dizia que isto ela não perdoava ao marido. Julgava-se traída, por crer-se a única que poderia ocupar o coração de seu esposo e o afeto de seus filhos queridos.
O doutrinador, bastante identificado com o problema, a ponto de sentir-se comovido, tal era a angústia daquela mãe desencarnada, manteve, em síntese, o seguinte diálogo:
– Minha irmã, nós compreendemos o seu drama e sabemos o que representa para uma mãe a separação dos filhos. Mas, minha amiga, neste momento, que representa oportunidade bendita, concedida por Deus, nosso Pai, que é todo Bondade e Misericórdia, queremos meditar com você sobre sua situação.
‘Recorda-se, quando na Terra, nas tarefas de mãe e esposa dedicada, como seus encargos eram múltiplos e exaustivos, a ponto de muitas vezes não dar contas deles? Lembra, minha irmã, que era necessário procurar o auxílio de algum parente mais prestimoso ou de alguma amiga para dividir um pouco os seus labores?’
Nessa altura, a comunicante se calara e não mais chorava, acompanhando atentamente as palavras e já começando a concordar com essa colocação do problema. Continuando, o doutrinador disse:
– Pois é, minha irmã, quem de nós poderá dizer que não necessita de alguém que o ajude, principalmente nos momentos difíceis? Vamos agora procurar compreender a atitude tomada por seu marido, que, junto com a dor de perdê-la, se viu, de súbito, colocado no duplo papel de pai e mãe das crianças, que se encontram ainda em fase de assistência permanente, como você mesma disse, e tendo além disso de continuar com o seu trabalho profissional, que é a fonte de renda necessária ao sustento do lar. Imaginemos a sua situação aflitiva.
A melhor solução foi a presença dessa criatura que quis ajudá-lo por amor (e você mais tarde vai compreender que não foi por acaso que tal aconteceu), e assim está ajudando a conservar seus filhos juntos e ao lado do pai, que de outra maneira se veria, talvez, forçado a entregá-los a estranhos e separá-los, para serem criados.
‘Quanto à preocupação de ser esquecida pelos seus, não há motivo para tal, pois a mãe que honrou e dignificou o lar, as suas funções e deveres maternais, nunca será olvidada. Quem sabe se você não terá ensejos de encontrar-se com eles durante as horas de sono? Mas, para isto, deve equilibrar-se e começar uma nova vida.
A seu lado estão pessoas amigas que a trouxeram aqui e que desejam ajudá-la. Elas a encaminharão também ao encontro de familiares que a estimam e que estão desejosos de vê-la equilibrada e disposta a uma vida nova.’
A conversa se prolongou por mais alguns minutos, findos os quais o doutrinador informou à entidade que aquele grupo ali reunido orava em seu benefício e que ela também procurasse orar, lembrando-se principalmente de Maria, a Mãe das mães, que, perdendo o Filho Amado, o Excelso Filho de Deus, mesmo assim consolava e atendia aos sofredores que a cercavam em sua passagem pela Terra, e que depois, na glória espiritual, prosseguia amparando a todos.
Após a prece proferida pelo doutrinador, a irmã desencarnada, recebendo as vibrações superiores e o carinho de todo o grupo, reconfortou-se bastante, retirando-se muito mais calma e disposta a encetar uma nova vida.
*
Manifestou-se um Espírito, certa feita, na reunião de desobsessão, que se dizia muito enraivecido com o grupo, alegando que este lhe havia prejudicado os planos, e por este motivo queria vingar-se de todos. Dizia claramente que estava no final de sua vingança, quase conseguindo os intentos que visavam a arrasar com certa pessoa. Gabou-se de que já derrotada, exaurida, até mesmo acamada, a vítima fora até abandonada pelos familiares. E que não iria admitir intromissão de ninguém em seus propósitos.
O doutrinador, conhecendo o caso a que ele se referia, após ouvi-lo atentamente, tomou a palavra e, em síntese, disse o seguinte:
– Meu irmão, você está enganado quando julga que o nosso irmão a que se refere está derrotado. Realmente, está abatido fisicamente, pois as lutas têm sido enormes, mas você não ignora que espiritualmente ele está de pé. Espiritualmente está vencendo, e se conserva cheio de esperança e confiante em Deus. Sobretudo, meu irmão, ele está perdoando a todos os que o estão fazendo sofrer, já que é espírita e vive a fé que esposa.
– Entretanto, se observar melhor, meu irmão, verá que no fundo quem se está consumindo é você, que está cego pelo ódio, pelo desejo de vingança e que, assim, não pode perceber a sua real situação. Você, meu irmão, está nesta luta há tanto tempo e por isto não percebeu ainda a solidão em que se encontra, distanciado de todos os seus afetos mais caros, e jaz agora, cansado e enfermo, completamente só.
As palavras do doutrinador foram interrompidas várias vezes pelos protestos do comunicante, mas ele retomava a conversação e, com entonação de voz muito carinhosa e firme, completou:
– Por isto, meu irmão, nós o estamos convidando agora, em nome de Jesus, a mudar de vida. Não pelo bem dele ou nosso, mas pelo seu próprio bem. Você está tão cheio de ódio que se esqueceu de amar a si próprio, de trabalhar pela sua própria felicidade.
– Veja bem a sua situação! Olhe para você agora! Onde a sua força? Onde os seus companheiros?
Neste ponto, o Espírito, que já se calara há alguns instantes, deu mostras de sofrimento, gemendo baixinho. Começou a dizer que não estava acabado. Que o grupo o estava enfeitiçando e que não era possível que estivesse tão andrajoso e feridento.
O doutrinador, retomando a palavra, prosseguiu:
– Meu irmão, aproveite o ensejo que Jesus lhe concede de reencontrar-se. De começar a viver. Pense em você, reflita sobre a sua solidão e a sua constante inquietude e verá que o melhor é começar vida nova. Jesus nos espera a todos. Se lhe falamos assim é porque conhecemos os seus problemas, que são também os nossos.
Sabemos, por experiência própria, que nesta nova vida que Jesus propicia àqueles que se arrependem é que está o caminho para a felicidade. Ninguém é feliz sobre as desgraças alheias. Se você não é capaz de perdoá-lo, seja capaz, pelo menos, de amar a si mesmo, de desejar o seu próprio bem.
Havia tanta sinceridade nestas palavras, que o comunicante declarou-se confuso. Afirmou, então, estar realmente cansado, desejando uma vida nova onde pudesse ser feliz.
Depois de mais alguns esclarecimentos, a entidade retirou-se.”
Bibliografia:
SCHUBERT, Suely Caldas. Obsessão/Desobsessão: profilaxia e terapêutica espíritas. 3ª Edição. Brasília/DF: Federação Espírita Brasileira, 2018.

Mediunidade e Jesus

Quem hoje ironiza a mediunidade, em nome do Cristo, esquece-se, naturalmente, de que Jesus foi quem mais a honrou neste mundo, erguendo-a ao mais alto nível de aprimoramento e revelação, para alicerçar a sua eterna doutrina entre os homens.
É assim que começa o apostolado divino, santificando-lhe os valores na clariaudiência e na clarividência entre Maria e Isabel, José e Zacarias, Ana e Simeão, no estabelecimento da Boa Nova.
E segue adiante, enaltecendo-a na inspiração junto aos doutores do Templo; exaltando-a nos fenômenos de efeitos físicos, ao transformar a água em vinho, nas bodas de Caná; honorificando-a, nas atividades da cura, em transmitindo passes de socorro aos cegos e paralíticos, desalentados e aflitos, reconstituindo-lhes a saúde; ilustrando-a na levitação, quando caminha sobre as águas; dignificando-a nas tarefas de desobsessão, ao instruir e consolar os desencarnados sofredores por intermédio dos alienados mentais que lhe surgem à frente;
glorificando-a na materialização, em se transfigurando ao lado de Espíritos radiantes, no cimo do Tabor, e elevando-a sempre, no magnetismo sublimado, seja aliviando os enfermos com a simples presença, revitalizando corpos cadaverizados, multiplicando pães e peixes para a turba faminta ou apaziguando as forças da natureza.
E, confirmando o intercâmbio entre os vivos da Terra e os vivos da Eternidade, reaparece, Ele mesmo, ante os discípulos espantados, traçando planos de redenção que culminam no dia de Pentecostes – o momento inesquecível do Evangelho -, quando os seus mensageiros convertem os Apóstolos em médiuns falantes, na praça pública, para esclarecimento do povo necessitado de luz.
Como é fácil de observar, a mediunidade, como recurso espiritual de sintonia, não se confunde com a Doutrina Espírita que expressa atualmente o Cristianismo Redivivo, mas, sempre que enobrecia pela honestidade e pela fé, pela educação e pela virtude, é o veículo respeitável da convicção na sobrevivência.
Assim, pois, não nos agastemos contra aqueles que a perseguem, através do achincalhe – tristes negadores da realidade cristã, ainda mesmo quando se escondam sob os veneráveis distintivos da autoridade humana -, porquanto os talentos medianímicos estiveram, incessantemente, nas mãos de Jesus, o nosso Divino Mestre, que deve ser considerado, por todos nós, como sendo o Excelso Médium de Deus.
Pelo Espírito Eurípedes Barsanulfo
XAVIER, Francisco Cândido. O Espírito da Verdade. Espíritos Diversos. FEB.

Diálogos E Dialogadores Da Reunião Mediúnica

A faculdade mediúnica se radica no organismo”. LM-it 226
Esta afirmativa encontrada no livro dos médiuns deixa claro que a mediunidade é uma disposição natural do organismo, portanto, biológica e que todos a temos em graus diferentes de manifestação. A mediunidade independe das condições morais do indivíduo e embora não seja moral, é a moral do médium que responde pelo seu uso.
É preciso estar ciente, principalmente, de que a (…) mediunidade é coisa santa, que deve ser praticada santamente, religiosamente. KARDEC. O Evangelho Segundo o Espiritismo, cap. XXVI, Item 8 e 10.
A maioria das pessoas tem inspirações e intuições e outros podem ter uma sintonia tão profunda com outras mentes desencarnadas, que suas palavras e ações se modificam. Não é raro termos em nossas famílias ou algum conhecido que de vez em quando, apresente um estado alterado de consciência, a ponto de falar e fazer coisas que normalmente não diria ou faria e, a família ficar sem ação. Este estudo poderá colocar alguma luz nesta situação, mas, seu proposito primeiro, é a orientação dos médiuns e dialogadores da reunião mediúnica.
O trabalho de dialogar com os Espíritos pode ser comparado ao atendimento feito em um hospital, no qual o dialogador tem papel de enfermeiro ou médico dedicado, que trata com amor e respeito os enfermos que aí comparecem, procurando exercer com zelo seu papel e assim, como num hospital existem remédios, aparelhagem adequada, silêncio e outros instrumentos indispensáveis ao socorro daqueles que sofrem, também no grupo mediúnico serão preparados os recursos de assistência aos enfermos da alma.

O DIALOGO NA REUNIÃO MEDIÚNICA (RM)

É a técnica espírita de ajudar espíritos através do esclarecimento, do passe e das energias de amorosidade que deve fazer parte do ambiente da reunião. Quando dizemos “espíritos”, nos referimos ao conjunto espirito e seu envoltório (o perispírito). Se nos referirmos a um encarnado, Kardec orienta chamamos o espirito de “alma”, apenas para distinguir uma situação e outra. Agora, atente para esta questão:
Doutrinar é diferente de dialogar. Doutrinar é catequese, pregação.
Dialogar é conversar, falar alternadamente. Manter entendimento visando solução de problemas.
“Há grande diversidade entre doutrinar e evangelizar. Para doutrinar, basta o conhecimento intelectual do espiritismo; para evangelizar é necessário a luz do amor no íntimo. Na primeira, bastarão a leitura e o conhecimento; na segunda é preciso vibrar e sentir com o Cristo “ Emmanuel
Estar um espirito comunicante, numa reunião mediúnica para falar sobre seus dramas, é o resultado de um longo trabalho empreendido pela espiritualidade. Se o dialogador negligenciar essa tarefa, não mantendo o habito do estudo de si mesmo e do evangelho, este, estabelecerá um diálogo sofrível, meia sola, mais ou menos… É uma grande irresponsabilidade que será contabilizada na sua consciência.

POR QUE DIALOGAR?

Confundido pelas lições recebidas das religiões tradicionais, o Espírito não encontra no Além, aquilo que esperava: nem céu, nem inferno, muito menos o repouso até o juízo final, ele encontra a dura realidade espiritual fundamentada na existência da lei de causa e efeito, onde cada qual se mostra como é, sem disfarces, falsas aparências ou o verniz social e, muitas vezes ainda, cheios de condicionamentos materiais por que a morte não tem o poder de transformar ninguém.
Em desalinho mental, tais Espíritos repelem ou, sequer percebem a ação mais direta dos orientadores desencarnados, razão pela qual, requerem um contato com os encarnados.
Por ainda se encontram ligados aos fluidos densos da matéria, as emanações ectoplásmicas próprias da sessão mediúnica lhes permite o diálogo, então, o diálogo com os desencarnados torna-se uma necessidade por ensinar-lhes o caminho do bem e do perdão, despertando-os para a necessidade de renovação espiritual, ajudando-os a descobrirem o caminho para a sua libertação, dando uma apressadinha no seu progresso espiritual.

DIALOGAR COM OS ESPÍRITOS NÃO É TAREFA FÁCIL

Além dos conhecimentos doutrinários desenvolvidos, o indispensável no momento do diálogo, são a empatia e o amor que acompanham as virtudes da paciência, bondade, humildade e tolerância. Com esses valores, poderá o dialogador, enfrentar os casos mais difíceis.
Segundo observa André Luiz, a pessoa envolvida nessa tarefa não pode esquecer que a Espiritualidade Superior confia nela e dela aguarda o cultivo dos atributos mencionados. Seja qual for o rumo da conversação mantida com o Espírito comunicante, não podemos esquecer que não falamos com os mortos, mas com individualidades vivas, cuja alma traz as marcas de uma vida desregrada, de uma enfermidade difícil, de relacionamentos de ódio e perseguição ou, às vezes, expulsas do corpo pelas portas do suicídio, da loucura, do aborto e do homicídio.
De outras vezes, comparecem desesperadas, sem saber para onde ir, descrentes, céticas, revoltadas e inconformadas com a própria situação.

A EFICIÊNCIA DO DIALOGADOR DEPENDE DE AMOR E HUMILDADE

O dialogador que se julgar capaz de esclarecer por si só comete um grande equivoco, pois, sua eficiência depende sempre da humildade em reconhecer a necessidade de ser auxiliado pelos bons Espíritos, sem atitudes piegas (apelo excessivo à comoção) e melosas. Muitas vezes o diálogo exige atitudes enérgicas. Não ofensivas nem agressivas, mas firmes e imperiosas.

AUTORIDADE MORAL.

Diz-nos Kardec e os espíritos de luz, que a verdadeira superioridade é a moral, a única autoridade que pode barrar os Espíritos inferiores que, ao sentirem-na, se submetem a ela em virtude do magnetismo de quem a possui. Como adquiri-la? Sendo sempre corretos em nossas intenções e em nossos atos, em todos os sentidos.

O BOM DESEMPENHO DO DIALOGADOR COMPREENDE:

ACOLHER sem preconceito ou julgamento. Ouvir com a ALMA, sem ansiedade ou tentativa de convencimento. Imagine que o Espírito é seu filho ou alguém que você ama. Ele esta sofrendo e você vai dar seu colo.

DURAÇÃO:

Não há regra fixa. Menos de dez minutos para não cansar o médium e não tomar o lugar de outro dialogo. Mediúnicas de desobsessão utilizam critérios próprios devido a um maior numero de atendidos. O dialogador só deve atender um espírito de cada vez, para que possa usar sua intuição.

CONTROLE DA CURIOSIDADE:

Apenas pergunte o que o ajudará a ajudá-lo. Não parta para conselhos ou lição de moral e mostre que você o entende e quer ouvi-lo. Conscientize-se de que cada Espírito é uma história, então não há diálogo padrão.

PROCEDIMENTO:

Lembre-se que nem todo espírito é espírita, ou acredita em Deus. Converse sempre de olhos abertos, atento ao médium. No caso de gestual mais agressivo, chame pelo médium e solicite cooperação do dirigente. Seja sempre sincero. Mesmo que decore frases ou textos, a palavra deve sair do coração, como uma prece e certifique-se do estado do médium após o término do diálogo.

INTUIÇÃO: UMA DIREÇÃO

A intuição vai orienta-lo sobre como conduzir um diálogo proveitoso para ambos. Mas, como identificar a Intuição? Experiência!
Com o tempo irá percebendo através de imagens mentais ou ideias, os quadros mentais da situação que desvendam o que o espírito passou, ao qual ainda se encontra hipnotizado pelo passado. A intuição o ajudará a direcionar as perguntas e ou, as sugestões a fazer ao desencarnado.
Sua eficiência como dialogador da RM depende de humildade e de entender que as ideias que surgem durante o diálogo, não são suas e sim um auxilio dos bons espíritos. O dialogador que não compreende esse princípio precisa de esclarecimento, para lidar com sua vaidade e pretensão. Vaidade e presunção, prejudicam nossa autoridade moral.

ATENÇÃO:

Na avaliação final cheque com o coordenador e o psicofônico, o que acharam da sua atuação, se em algum momento sua abordagem poderia ter sido mais eficiente e peça sugestões sem se preocupar com a critica, que deverá ser construtiva. Acolha a orientação com humildade, pois são para o seu bem e o da tarefa desempenhada pelo grupo.

RESULTADOS DO DIÁLOGO PARA OS ENCARNADOS

“O Diálogo equilibrado e amoroso, modifica a nós mesmos e aos outros; abre as mentes para a percepção da realidade que nos escapa devido ao apego à ilusão das nossas pretensões individuais, geralmente mesquinhas”.
“… desaparecem doenças-fantasmas, empeços obscuros, insucessos, além de obtermos, com o seu apoio espiritual, mais amplos horizontes ao entendimento da vida e recursos morais inapreciáveis para agir, diante do próximo, com desapego e compreensão”. .André Luiz

RESULTADOS DO DIÁLOGO PARA OS DESENCARNADOS

Abre para os desencarnados um novo panorama de vida, onde novas atividades se descortinam, com possibilidades de trabalho, felicidade e progresso.
– Se empedernido, mostrar-se-á tocado e sensível aos ensinamentos cristãos, buscando nova forma de encarar a vida;
– Se revoltado mostrar-se-á submisso à Lei suprema, que não é injusta com ninguém;
-Se odioso observará em si mesmo as consequências de sua semeadura infeliz e procurará dominar seus maus sentimentos;
– Se desesperado notará novas possibilidades de alcançar a paz através do trabalho e da fé ativa.

RELACIONAMENTO MEDIUM DIALOGADOR

Esse relacionamento precisa ser impecável, honesto, correto, sem mácula e isso significa que médium e dialogador devem estimar-se e respeitar-se. Uma estima sem servilismo e sem fanatismo, e respeito sem temores e sem reservas íntimas.
Quando o relacionamento médium-dialogador é imperfeito ou sofre abalos mais sérios, põe-se em risco a qualidade do trabalho mediúnico. A razão é simples e óbvia: o espírito manifestante trabalha com os elementos morais, intelectuais, espirituais e psíquicos que encontra no médium.
Se existe ali, alguma reserva com relação ao dialogador, ou pior ainda, alguma hostilidade mais declarada, é claro que a sua energia negativa estará presente e contaminando a mente do comunicante.

QUESTÃO RELEVANTE:

é a dos danos físicos, emocionais e espirituais, que pode causar ao médium, um atendimento feito de forma incorreta. Tocar no médium no transcorrer da comunicação, é um hábito inconveniente não somente no sentido ético, promove no sensitivo uma irritação desagradável, podendo em alguns casos, danificar a sua aparelhagem mediúnica e nervosa. [1]
Sob nenhum pretexto o médium deve ser contido fisicamente pelo dialogador. No caso de agitação excessiva do médium, não é a força física, e sim a psíquica que atua efetivamente para controlar os impulsos descontrolados da entidade comunicante, refletidos no comportamento do medianeiro.[2]
Depois do atendimento ao sofredor o dialogador deve transferir, de imediato, a sua atenção para o médium. Não raro o médium, para se reajustar depois do estado de transe, necessita de uma transfusão de energias que deve ser feita através dos passes magnéticos para evitar por exemplo, uma dor de cabeça insuportável que também pode ocorrer se o médium em transe for tocado.[3]
Por esse e outros, o dialogador deverá, para sua própria paz de consciência no cumprimento do seu planejamento reencarnatório, se esforçar para melhorar cada vez mais seu desempenho no atendimento fraterno ao enfermo espiritual.

FASES DO DIALOGO

1- A RECEPÇÃO DO COMUNICANTE.

É na recepção que as coisas podem se complicar, de vez!
Por exemplo: normalmente se diz:
Boa noite meu irmão, seja bem vindo a essa casa de oração.
Podemos dizer isso? Pode ser que o espirito não esteja no mesmo tempo nosso.
Se ele desencarna num processo traumático, num sol a pino, ele guarda essa imagem, ainda que não se lembre do desenrolar do fenômeno biológico conhecido como morte, ele lembra que era dia e não, noite.
Porque nós não fomos e geralmente não somos preparados para enfrentar a morte, esse acontecimento vai para o arquivo do inconsciente do desencarnado.
Ele esconde isso de si mesmo e então, só se lembra do que ocorreu um pouquinho antes do desencarne, porque ele quer ser salvo da morte, então, rejeita a realidade na esperança de que aquela situação ainda possa ser mudada.
Ai o dialogador vem e diz boa noite? Pode ser que o espirito esteja tão perturbado que nem perceba que o dialogador fez alguma referencia a tempo.
Meu irmão.
Já que o espirito não falou nada, como eu sei que ele é irmão ou irmã?
Se ele se identifica com o sexo masculino, violento e for chamado de irmã, poderá reagir negativamente a essa referencia. Geralmente os espíritos que aparecem agressivos são masculinos, mas, nem sempre. Também poderá responder que não é seu irmão, nem seu amigo e poderá dizer:
– Você nem me conhece!
Nessa casa de oração.
E se ele for ateu? E se seu profeta não for Jesus?
Se referimos à “casa espirita” e ele tiver preconceito. Isso tudo pode causar transtornos. Então, como nos dirigirmos a um espirito comunicante em desequilíbrio?
No livro “Desobsessão” de André Luiz, ele diz que o atendimento aos espíritos deve ser feito como se estivéssemos num hospital. Quando o paciente chega em estado grave num hospital, os médicos partem logo para o atendimento e no nosso caso, o mais adequado seria Ir direto ao assunto, dizendo: olá, em que posso te ajudar? Qual é o seu problema?
Este é um bom começo e tudo vai depender da peculiaridade de cada atendimento e da percepção de cada dialogador, que deve adquirir o hábito de primeiro ouvir o que diz o comunicante para iniciar o diálogo, num tom de voz natural, de forma coloquial, não tendo a preocupação de se fazer ouvir por todos os componentes do grupo.
Não esquecer que se está conversando com um indivíduo sem um corpo físico mas, com reações psicológicas semelhantes às daqueles que ainda estão encarnados, precisando, naquele instante, de atenção especial. Momento em que não se deve prescindir de transmitir tolerância, compreensão e otimismo, para a superação das suas dificuldades na transição para além da sepultura.

2: OUVIR A HISTÓRIA.

Se ele não quiser falar, é a hora de fazermos perguntas para descobrir a causa do seu problema. Se o foco do problema não estiver claro, o dialogador deve usar a ferramenta, “perguntas”.
Pode começar perguntando se ele se lembra de quando tudo começou. Se ele pode dizer o que o está incomodando. Se ele está sofrendo. Que ninguém merece sofrer tanto. Que as coisas que a gente faz trazem consequências, mas que todos fomos criados da mesma fonte de amor, que é chamada de Deus, e que neste momento esse criador, Pai, está olhando para ele e quer aliviar sua dor.
Que é justamente o afastamento dessa fonte de amor, que causou toda a sua dor. Que essa é uma verdade universal e que ele poderá sentir agora um pouco desse amor. É hora da equipe de sustentação agir com mais eficácia, e através do passe acalmar o comunicante.
Nunca dizer que ele está errado, tipo: tem que mudar, tem que aceitar Jesus e Deus; tudo isso é muito abstrato para quem está em situação de descontrole emocional, justamente por ter vivido de forma contraria ao que Jesus ensinou.
Desnecessário explicar a razão do sofrimento atual trazendo à baila o comportamento incorreto durante a existência carnal, porque isto tem o efeito de um ácido a queimar as fibras íntimas da criatura sofredora.
Jesus não se impõe. Ele surge de mansinho, junto com o amor e vai crescendo lentamente, conforme crescermos espiritualmente. Assim, neste caminho amoroso e compreensivo vamos descobrindo a causa de sua dor e então, podemos passar para a próxima etapa.

3: PROPOSTA DE TRATAMENTO E ALIVIO DAS DORES

Sugerir que seja acompanhado até uma de nossas escolas de aprendizagem, ou hospital, ou de encontrar amigos ou pessoas em quem possa confiar…
Se as coisas não estão bem do jeito que anda vivendo, quem sabe, uma mudança possa melhorar sua vida? Se ele não gostar de lá, das escolas de reabilitação esprritual, poderá voltar para onde se sinta melhor, mas que aproveite a oportunidade. Se ele confiar em você e sentir que é uma boa escolha, passaremos para a ultima etapa.

4: ENCAMINHAMENTO PARA OS LOCAIS DE TRATAMENTO

Poderemos dizer que estão ao seu lado, se ele ainda estiver lucido, (pois as energias de amor costumam causar sonolência, torpor, e até anestesiamento de tão bom que é), que estão ao seu lado amigos do bem que vão auxilia-lo, ou enfermeiros, ou professores, ou até mesmo anjos, conforme o contexto do diálogo.
Que ele vá em paz e confiante, e que tenha a certeza de que fez a melhor escolha.

DURANTE O DIÁLOGO:

Vamos nos deparar com algumas dificuldades, a saber: Tentativa do espirito em desviar a atenção usando Ironia;
Fuga às perguntas;
Resposta com outras perguntas;
Envolver todo o grupo na conversa;
Fazer gracejos para provocar risos;
Estabelecer diálogo com outro dialogador;
Captar os pensamentos dos demais trabalhadores; que pensam em intervir; Tentativa de penetrar o psiquismo alheio.

AMEAÇAS:

“Vamos botar fogo nesta casa”
“Como você quer morrer?”
“Tenho ordens do chefe para acabar com você”
Das ameaças, destacaremos duas:
“Eu lhe conheço não é de agora”! “Você não é este santo que diz ser”!
O que fazer? Neste caso, devemos ter em mente, que somos falíveis sim, que estamos numa jornada evolutiva, dando o nosso melhor ali naquele momento. Por isso, por ainda sermos portadores de uma “sombra” vultosa, devemos agir com amor e não com superioridade, como se fosse um santo, tendo em mente, que: ” O amor cobre a multidão dos pecados.
“Este é o momento da mão amiga e não do juiz condenador. Também por isso, a importância de zelar pela nossa conduta e manter nossa mente em contato, e confiante nos amigos espirituais que coordenam o trabalho e “cuidam” de nós.

TIPOS DE PSICOFÔNICOS E SUA CONTRIBUIÇÃO:

Um médium mais ilustrado mentalmente, com maiores conhecimentos intelectuais fornece melhores recursos para uma manifestação de teor mais erudito;
Um médium de temperamento mais violento oferece condições mais propícias a manifestações violentas e pela mesma razão, se existe entre médium e dialogador um vínculo mais forte de afeição, o espírito agressivo fica algo contido, e ainda que agrida o dialogador com palavras, não consegue fazer tudo quanto desejava.
Muitos são os espíritos que se queixam de se sentirem “presos”, como que amarrados durante suas manifestações, exatamente porque não logram dar vazão aos seus impulsos e intenções, porque as vibrações afetivas entre médium e dialogador arrefecem inevitavelmente tais impulsos.
É preciso ainda considerar, que se o médium realiza esse trabalho de impregnação fluídica no perispírito do manifestante, e este também traz uma carga, não raro, pesada e agressiva que atua energicamente sobre o perispírito do médium, haverá, portanto, certa “contaminação” mútua, para a qual o médium deve atentar com toda a sua vigilância, pois, do contrário, o espírito o dominaria e faria com ele, o que bem desejasse.
Essa contaminação, embora transitória, é demonstrada, sem sombra alguma de dúvida, nas reações preliminares e posteriores do médium, ou seja, quando ainda se acha consciente no corpo e depois que reassume sua consciência.
Com frequência, nossos médiuns declaram que, ao sentirem a aproximação do espírito manifestante, experimentam tal ou qual sensação: força, ódio, tristeza, angústia, ou amor, paz, serenidade.
Da mesma forma, os resíduos vibratórios que permanecem na intimidade do perispírito do médium, após a desincorporação, são bastante conhecidos, sendo necessário, quase sempre, quando são desagradáveis e agressivos, dispersá-los por meio de passes, a fim de que o médium se recomponha.
Quando, ao contrário, se trata de um espírito pacificado e bondoso, o médium desperta, como costumo dizer, “em estado de graça”, feliz, harmonizado, comovido, às vezes, até às lágrimas. Diálogo com as Sombras – H. Correa de Miranda – FEB – Extrato.

CONSIDERE ESTAS ORIENTAÇÕES:

Não acolha provocações e nem se deixe levar por elogios ou ameaças.
Não deixar o comunicante falando sozinho, nem esperando.
• Não altere a voz, não se irrite, nem responda a altura.
• Não se submeta, nem aceite sem examinar o que diz o comunicante.
• Evitar acusações e desafios desnecessários;
• Não discutir com exaltação tentando impor seu ponto de vista;
• Não receber a todos como se fossem embusteiros e agentes do mal;
• Ser preciso e enérgico na hora necessária, sem ser cruel e agressivo;
• Evitar o tom de discurso e também as longas preleções;
• Ser claro, objetivo, honesto, amigo, fraterno, procurando dar ao comunicante aquilo que gostaria de receber se no lugar dele estivesse.

TIPOS DE DIÁLOGOS

Vamos estudar aqui apenas os casos mais recorrentes.

FIXAÇÃO MENTAL

É o estado em que o comunicante, encarnado ou desencarnado, cristaliza seu psiquismo em torno de determinados fatos, acontecimentos ou sentimentos do passado, isolando-se do mundo externo e passando a viver unicamente em função daquelas ideias.
Ao se afastar do corpo físico pela imposição da morte, o espirito continuará cativo dos processos da vida inferior, com a densidade característica da fixação mental a que se afeiçoa, em circuito fechado sobre si mesmo, onde as vozes e os quadros dos próprios pensamentos lhe impõem reiteradas alucinações.
O espirito perde, então, a noção de tempo e sua mente apenas enxerga esses fatos, os acontecimentos ou sentimentos que lhe causaram profundo desequilíbrio e desarmonia interior ou seja, para ele, é como se o tempo não tivesse passado, ficando estacionado nesta situação anos seguidos gravitando em torno da própria perturbação, que pode perdurar durante séculos. Nada mais ouve, nada mais vê e nada mais sente, além da esfera desvairada de si mesmo.
O que gera o estado de fixação mental é a perturbação causada pela ocorrência de um acontecimento traumatizante, vivenciado em experiência reencarnatória anterior, que lhe trouxe dor e sofrimento e que desencadeou sentimentos de ódio, paixão, ciúme ou desejo de vingança. Devido ao seu atrasado nível evolutivo, o comunicante não consegue vencer a luta contra a dor e o sofrimento, entregando-se à imobilização por tempo indeterminado e vibrando unicamente em torno desses pensamentos.
Essa situação pode ser perfeitamente revertida pela reencarnação ou por um convencimento efetivo, na reunião de desobsessão. Quando um espirito chega a uma reunião de desobsessão, já houve, em torno dele, um grande trabalho da espiritualidade envolvendo muitos outros espíritos e situações de convencimento, e no momento do diálogo, é fundamental que seja esclarecido. Em muitos casos esse momento chega a ser a culminância de longos períodos de trabalho da espiritualidade e uma chance inestimável para o comunicante.
Mesmo que desdenhem do acolhimento, a maior parte deles quer ser convencida de que existe algo melhor para viver. Todos querem uma vida de paz e felicidade. É o anseio de toda alma, e naquele momento podemos contribuir para isso. Eis ai o grande dever do esclarecedor de estudar e se aprimorar moral e espiritualmente.
Outros, porém, mantêm-se aferrados em suas ideias, permanecendo recalcitrantes e inconformados. Para estes, o recurso é a reencarnação num corpo débil, em que o choque provocado pelo ingresso compulsório na carne poderá levá-los ao restabelecimento.
Como agir? É preciso quebrar o circulo mental e para isso devemos procurar identificar a causa da fixação mental. Substituir as imagens mentais deprimentes por imagens novas e positivas. Em caso de raiva, revolta, vingança, busque acalma-lo e reviver uma lembrança boa. Tente conectá-lo com energias de amor, como por exemplo, a lembrança da família, ou de um momento feliz vivido em alguma época de sua existência.
Normalmente o dialogador é intuído, pelo mentor da reunião, sobre como e quando buscar um memoria perdida.

MUTILAÇÕES OU DEFORMAÇÕES:

Via de regra o desencarnado se apresenta fixado na forma como desencarnou. O dialogador deve buscar liberta-los do sofrimento. Em caso de mutilação podemos ajuda-los a recompor seu órgão plasmando uma cirurgia, medicações ou o que intuir ser necessário. Também é uma forma mais branda de fixação mental.
O dialogador deve buscar liberta-lo do sofrimento e em caso de mutilação, podemos ajudar a recompor órgão ou parte do corpo mutilada, plasmando uma cirurgia, medicações, ou fazer o que lhe for intuído. Trabalhar com sugestões e mentalizações funciona muito bem nestas circunstancias, devido à facilidade que o perispírito tem de se modificar conforme o pensamento e a vontade.
Alguns dialogadores, que desconhecem os problemas relacionados com a fixação mental e sabem pouco sobre o perispírito, e não sabem inclusive que ele é um agente plasmável conforme nossa ideação, chegam a dizer ao comunicante que ele não pode estar sentindo nada, porque o espirito não sente dor. O que doe é o corpo físico e ele já morreu. Com essa “informação”, ele pode destruir o trabalho da espiritualidade e a chance de ajudar este comunicante.
Há quem convide o comunicante irônico, que chega rindo sarcasticamente, a contar o motivo da graça para poder rir junto. Sabemos que é uma tentativa de ser amistoso e de arrancar alguma coisa do comunicante, mas corre o risco de cair no ridículo, não conseguir se recuperar e não haver o diálogo.
Muito cuidado! Se você quer desempenhar essa tarefa de tanta responsabilidade, então estude. E se você está nesta função por que não há outra pessoa que possa desempenha-la, saiba que você não está ai por acaso. Aproveite a oportunidade para se aprimorar, ao invés de dizer que não está ali porque quer. Você quis sim, e se esqueceu disso.
Não é tarefa fácil, mas lembre-se: o que é fácil hoje, já foi difícil um dia.

DORES:

Em caso de dor, antes de qualquer diálogo deve-se socorre-lo. Como? Siga sua intuição e o que ele vai falando ou demonstrando fisicamente:
Estou com frio: Diga, estou colocando um cobertor em seu corpo e já esta esquentando.
Estou com dor na cabeça, barriga… : aqui é um pronto socorro e o médico ao seu lado esta aplicando um analgésico que vai parar a dor ….
Estou enterrado em um buraco, esta escuro: pegue na minha mão. Já estamos tirando você dai agora.
Estou acorrentado: Ai devemos ter cuidado, pois pode estar amarrado pelo médium, para evitar desordens, ou pode mesmo, serem correntes. Vamos te desacorrentar agora e você estará livre….

PERDIDOS OU CONFUSOS:

Espíritos que desconhecem a própria situação. Certos Espíritos não têm condições de serem informados sobre a própria morte. Não têm consciência de que estão no plano espiritual. Não sabem que morreram e sentem-se imantados aos locais onde viveram ou onde está o centro de seus interesses.
Deve-se procurar infundir-lhes a confiança na vida e que ela se processa em vários estágios; que ninguém morre (a prova disso é ele estar ali falando) e que a vida verdadeira é espiritual. Conforme a situação, podemos sintoniza-lo com entes queridos para conforta-lo. Caso não aconteça, convide-o a conectar-se com a casa que o está oferecendo acolhimento.

ESPÍRITOS QUE NÃO QUEREM FALAR:

Pode ser resultante de problemas mentais que interferem no centro da fala, como também em virtude do ódio em que se consomem que de certa maneira, oblitera a capacidade de transmitir o que pensam e sentem, ou pode ser o reflexo de doenças de que eram portadores antes da desencarnação e que persistem no além-túmulo, por algum tempo, de acordo com o estado de cada uma.
Existem aqueles que não querem falar para não deixar transparecer o que pensam, representando essa atitude, uma defesa contra o trabalho que pressentem (ou sabem) estar sendo feito junto deles. Entidades com muito ódio parecem sufocadas, tendo por isto dificuldade de falar.
Neste último caso, o médium pode conseguir traduzir as suas intenções, paulatinamente. Não há necessidade de tentar insistentemente que falem. Ciente disso, o dialogador pode ir aos poucos conscientizando-o de que esse problema pode ser resolvido, que era uma consequência de deficiência do corpo físico, mas que no estado atual ele poderá superar, se quiser com bastante fé, etc.
Nesse momento, o passe e a prece ajudam muito. Em qualquer circunstância deve-se deixar que tudo ocorra com naturalidade, sem querer forçar a reação por parte dos que se comunicam.

ESPÍRITOS SUICIDAS:

São seres que sofrem intensamente. Quando se comunicam apresentam um sofrimento tão atroz, que comove a todos. Às vezes, estão enlouquecidos pelas alucinações que padecem, em virtude da repetição da cena em que destruíram o próprio corpo, pelas dores superlativas daí advindas e ao chegarem à reunião estão no ponto máximo da agonia e do cansaço. Aliviar-lhes os sofrimentos através do passe.
Não necessitam tanto de doutrinação, quanto de consolo. Estão buscando uma pausa para os seus aflitivos padecimentos. A vibração amorosa dos presentes, os eflúvios balsamizantes do Alto atuarão como brando anestésico, aliviando-os, e muitos adormecem, para serem levados em seguida pelos trabalhadores espirituais.
Dizer que sempre temos novas oportunidades e que chegou sua vez de recomeçar uma vida nova e mais feliz. Que ninguém sofre eternamente e o que passou deve servir de aprendizado. Não cultive o remorso, mas, sim, a vontade firme de fazer o melhor e aproveitar a oportunidade.

ESPÍRITOS ALCOÓLATRAS E TOXICÔMANOS:

Quase sempre se apresentam pedindo, suplicando ou exigindo que lhes deem aquilo de que tanto sentem falta. Sofrem muito e das súplicas podem chegar a crises terríveis, delírios em que se debatem e que os desequilibram totalmente. Sentem-se cercados por sombras, perseguidos por bichos, monstros que lhes infundem pavor, enquanto sofrem as agonias da falta do álcool ou do tóxico.
De nada adiantará ao dialogador tentar convencê-los das inconveniências dos vícios e da importância da temperança, do equilíbrio. Não estão em condições de entender e aceitar tais tipos de conselhos. Se estiver em delírio, o passe é o meio de aliviá-lo.
Deve-se tentar falar-lhes a respeito de auto amor, que fomos criados para sermos felizes; Que podemos lhe oferecer tratamento se ele quiser e que temos hospitais para esse tipo de problema.
E… que acima de tudo, tem o criador de todas as coisas, o Pai de todos os seres, lhe oportunizando uma nova chance…

ESPÍRITOS QUE DESEJAM TOMAR O TEMPO DA REUNIÃO:

São espertos e podem nos enganar por algum tempo. Tentam alongar a conversa, têm resposta para tudo. Usam muito a técnica de acusar os participantes, os espíritas em geral, ou comentam sobre as comunicações anteriores, zombando dos problemas apresentados.
Observando o seu intento, o dialogador não deve debater com eles, tentando provar a excelência do Espiritismo, dos propósitos da reunião e dos espíritas, mas sim levá-los a pensar em si mesmos.
Procurar convencê-los de que enquanto analisam, criticam ou perseguem outras pessoas, esquecem-se de si mesmo, de buscar a sua felicidade e paz interior. Dirão que estão bem, que não precisam de nada, que são felizes, mas na verdade querem ser convencidos do contrário. Precisam confiar em alguém forte e que sabe o que está dizendo e oferecendo e quase nunca são esclarecidos de uma só vez. Voltam mais vezes.

ESPÍRITOS IRÔNICOS:

São difíceis para o diálogo. E, geralmente, sendo muito inteligentes, usam a ironia como agressão. Ferem o dialogador e os participantes com os comentários mais irônicos e contundentes. Ironizam os espíritas, acusando-os de usarem máscara; de se fingirem santos; de artifícios dos quais, dizem, utilizam para catequizar os incautos; de usar magia, hipnotismo, etc.
Alguns revelam que seguem os participantes da reunião para vigiar-lhes os passos e que ninguém faz nada do que prega. Em hipótese alguma se deve ficar agastado ou melindrado com isso. É, aliás, o que almejam. Pelo contrário, devemos aceitar as críticas ferinas, inclusive porque apresentam grande fundo de verdade.
Essa aceitação é a melhor resposta.
A humildade sincera, verdadeira, nascida da compreensão de que em realidade somos ainda muito imperfeitos. Tentar defender-se, mostrar que os espíritas trabalham muito, que naquele Centro se produz muito, é absolutamente ineficaz. Será até demonstração de vaidade de nossa parte, visto que temos ciência de nossa indigência espiritual e do pouco que produzimos e progredimos. E eles sabem disto.
Aceitando as acusações e sentindo, acima de tudo, o quanto existe de razão no que falam, eles aos poucos se desarmarão. Simultaneamente ir conscientizando-os do verdadeiro estado em que se encontram; da profunda solidão em que vivem, afastados dos seus afetos mais caros; que, em realidade, são profundamente infelizes eis alguns dos pontos que podem ser abordados. Tais entidades voltam mais vezes, pois esse esclarecimento demanda tempo.

ESPÍRITOS DESAFIANTES:

Julgam-se fortes, invulneráveis e utilizam-se desse recurso para amedrontar. Ameaçam os presentes com as mais variadas perseguições e desafiam-nos a que prossigamos interferindo em seus planos. Cabe ao dialogador ir encaminhando o diálogo, atento a alguma observação que o comunicante fizer e que sirva como base para atingir-lhe o ponto sensível.
Todos nós temos os nossos pontos vulneráveis – aquelas feridas que ocultamos cuidadosamente, envolvendo-as na couraça do orgulho, da vaidade, do egoísmo, da indiferença, podem ser desvendados por eles, e também, podem ser inventadas com o objetivo de desestabilizar o grupo.
Em geral, os obsessores, no decorrer da comunicação, acabam resvalando e deixando entrever os pontos suscetíveis que tanto escondem. Aparentam fortaleza, mas, como todos, são indigentes de amor e de paz. Quase sempre estão separados de seus afetos mais caros, seja por nível evolutivo, seja por terem sido feridos por eles.
Espíritos desse padrão vibratório, quase sempre têm que se comunicar mais vezes. O que se observa é que a cada semana eles se apresentam menos seguros, menos firmes e fortes que na anterior. Até que se atinge o momento do despertar da consciência.

ESPÍRITOS DESCRENTES:

Apresentam-se insensíveis a qualquer sentimento. Descreem de tudo e de todos. Dizem-se frios, céticos, ateus. No entanto, o dialogador terá um argumento favorável, fazendo-os sentir que apesar de tudo continuam vivos e que se comunicam através da mediunidade. Também poderá abordar outro aspecto, que é o de dizer que entende essa indiferença, pois que ela é resultante dos sofrimentos e desilusões que o atormentam. Que, em realidade, essa descrença não o conduzirá a nada de bom, e sim a maiores dissabores e a uma solidão insuportável.
O dialogador deve deixar de lado toda argumentação que vise a provar a existência de Deus, pois qualquer tentativa nesse sentido não atingirá o objetivo. Eles estão armados contra essa doutrinação e é esta justamente a que esperam encontrar.
Primeiro, deve-se tentar despertá-los para a realidade da vida, que palpita dentro deles, e da sofrida posição em que se colocam, por vontade própria. Ao se conscientizarem do sofrimento em que jazem, da angústia que continuadamente tentam disfarçar, da distância que os separa dos seres amados, por si mesmos recorrerão a Deus. Inclusive, o dialogador deve falar-lhes que somente o Pai pode oferecer-lhes o remédio e a cura para seus males.

PRECE DO DIALOGADOR

“Senhor! Para a tarefa de atendimento aos espíritos
necessitados, me apresento.
Sei que não trago no coração a perfeição dos sentimentos humanos, mas trabalho por conquistá-la, esforçando-me na reforma intima…
Nesse valoroso momento, intermediarei os teus ensinos…
A compaixão e a bondade serão sempre metas de trabalho.
Ouve, Senhor, a minha prece e ampara-me no atendimento aos necessitados, para que o dialogo se transforme em ferramenta de libertação e redenção espiritual”
Praticar o Espiritismo experimental sem estudo, é o mesmo que querer efetuar manipulações químicas sem saber química. Allan Kardec: O Livro dos Médiuns.

Advertência aos Médiuns

Allan Kardec afirmou com sabedoria que a mediunidade é “apenas uma aptidão para servir de instrumento mais ou menos dúctil aos Espíritos em geral.”(1)
Por essa e outras razões, os médiuns não se podem vangloriar de haverem sido eleitos como missionários da Nova Era, deixando-se sucumbir aos tormentos da fascinação sutil ou extravagante.
A atividade mediúnica, por isso mesmo, constitui oportunidade abençoada para o aperfeiçoamento intelecto-moral do indivíduo, que se permitiu dislates em reencarnações anteriores, comprometendo-se em lamentáveis situações espirituais.
A mediunidade é, portanto, um ensejo especial para a autor recuperação, devendo ser utilizada de maneira dignificante, em cujo ministério de amor e de caridade será encontrada a diretriz de segurança para o reequilíbrio.
Quando se trata de mediunidade ostensiva, com mais gravidade devem ser assumidos os deveres que lhe dizem respeito, porquanto maior se apresenta a área de serviço a ser desenvolvido.
Em qualquer tipo de realização nobilitante sempre se enfrentam desafios e lutas, em face do estágio evolutivo em que se encontram os seres humanos e o planeta terrestre. É natural que haja alguma indiferença pelo que é bom e elevado, quando não se apresentam hostilidades em trabalho impeditivo da sua divulgação.
Sendo a mediunidade um recurso que possibilita o intercâmbio entre o mundo físico e o espiritual, as mentes desprevenidas ou ainda arraigadas na perversidade tudo investem para impedir que o fenômeno ocorra de maneira saudável, proporcionando, assim, os meios para restabelecer-se a ordem moral e confirmar-se a imortalidade do ser, propondo-lhe equilíbrio e venturas no porvir.
Não são poucos os obstáculos a serem transpostos por todo aquele que se candidata ao relevante labor mediúnico. Os primeiros encontram-se no seu mundo íntimo, nos hábitos doentios a que se acostumou no pretérito, quando permaneceu distanciado dos deveres morais, criando problemas para o próximo, que resultaram em inquietações para si mesmo.
A luta a ser travada, para a superação do desafio, ninguém vê, exceto aquele que está empenhado no combate em favor da autolibertação, impondo-se a necessidade de rigorosas disciplinas que possam proporcionar-lhe novas condutas saudáveis, capazes de facilitar-lhe a execução das tarefas espirituais sob a responsabilidade e comando dos Mensageiros do Senhor.
O estudo consciente da faculdade mediúnica e a vivência dos requisitos morais são, a seguir, outro grande desafio, por imporem condições de humildade no desempenho das tarefas, tomando sempre para si as informações e advertências que lhe chegam do Mais Além, ao invés de transferi-las para os outros.
O médium sincero, mais do que outro lidador laborioso em qualquer área de ação, encontra-se em constante perigo, necessitando aplicar a vigilância e a oração com frequência, de modo a manter-se em paz ante o cerco das Entidades ociosas e vingadoras da erraticidade inferior. Isto porque, comprazendo-se na prática do mal, a que se dedicam, as mesmas transformam-se em inimigos gratuitos de todos aqueles que lhes parecem ameaçar a situação em que se encontram.
Por isso mesmo, a prática mediúnica reveste-se de seriedade e de entrega pessoal, não dando espaço para o estrelismo, as competições doentias e as tirânicas atitudes de agressão a quem quer que seja…
Devendo ser passivo o médium, a fim de bem captar o pensamento que verte das Esferas superiores, o seu comportamento há de caracterizar-se pela jovialidade, pela compreensão das dificuldades alheias, pela compaixão em favor de tudo e de todos que encontre pelo caminho.
As rivalidades entre médiuns, que sempre existiram e continuam, defluem da inferioridade moral dos mesmos, porque a condição mais relevante a ser adquirida é a de servidor incansável, convidado ao trabalho na Seara por Aquele que é o Senhor .
Examinar com cuidado as comunicações de que se faz portador, evitando a divulgação insensata, de temas geradores de polêmica, a pretexto de revelações retumbantes, e defendê-los, constitui inadvertência e presunção, por considerar-se como o vaso escolhido para as informações de alto coturno, que o mundo espiritual libera somente quando isso se faz necessário.
Jamais esquecer, quando incluído nessa categoria, que o caráter da universalidade do ensino, conforme estabelecer o mestre de Lyon, é fundamental para demonstrar a qualidade e a origem do ensinamento, se pertencente a um Espírito ou se, em chegando o momento da sua divulgação entre as criaturas humanas, procede da Espiritualidade superior.
Quando se sente inspirado a adotar comportamentos esdrúxulos, informações fantasiosas e de difícil confirmação, materializando o mundo espiritual como se fosse uma cópia do terrestre e não ao contrário, certamente está a desserviço do Bem e da divulgação do Espiritismo.
O verdadeiro médium espírita é discreto, como corresponde em relação a todo cidadão digno, evitando, quanto possível, o empenho em impor as revelações de que se diz instrumento.
De igual maneira, quando o médium passa a defender-se, a criticar os outros, a autopromover-se demais, encontra-se enfermo espiritualmente, a caminho de lamentável transtorno obsessivo ou emocional.
A sua sensibilidade é considerada não apenas pelo fato de receber os Espíritos superiores, mas pela facilidade de comunicar-se com todos os Espíritos, conforme acentua o insigne Codificador.
Assim deve considerar, porque a mediunidade é, em si mesma, neutra, podendo ser encontrada em todos os tipos humanos, razão pela qual não se trata de uma faculdade espírita, porém, humana, que sempre existiu em todas as épocas da sociedade, desde os tempos mais remotos até os atuais.
No trabalho silencioso e discreto do atendimento aos sofredores, seja no seu cotidiano em relação aos companheiros da romagem carnal, seja nas abençoadas reuniões de atendimento aos desencarnados em agonia, assim como àqueles que se rebelaram contra as Leis da Vida, encontrará o medianeiro sincero inspiração e apoio para a desincumbência da tarefa que abraça.
Dedicando-se ao labor da caridade sem jaça, granjeia o afeto dos Espíritos elevados, que passam a protegê-lo sem alarde e a inspirá-lo nos momentos de dificuldades e de sofrimentos, consolando-o nos testemunhos e na solidão que, não raro, dominam-lhe as paisagens íntimas.
Consciente da responsabilidade que lhe diz respeito, não se preocupa com as louvaminhas e os aplausos da leviandade, em agradar os poderosos e os insensatos que o buscam, por compreender que está a serviço da Verdade, que, infelizmente, ainda, como no passado, não existe lugar para a sua instalação.
Dessa forma, mantém-se fiel à sua implantação interna, vivendo-a de maneira jovial e enriquecedora, dando mostras de que o Reino de Deus instala-se a princípio no coração, de onde se expande para o mundo transcendente.
Tem cuidado na maneira pela qual exterioriza as informações recebidas, dando-lhes sempre o tom de naturalidade e de equilíbrio, evitando o deslumbramento que a ignorância em torno da sua faculdade sempre reveste com brilho falso os seus portadores.
Jamais se deve permitir a presunção, acreditando-se irretocável, herdeiro da memória e dos valores dos missionários do passado próximo ou remoto, tendo em Jesus Cristo, e não em pessoa alguma, o seu guia e modelo.
Despersonalizar-se para que nele se reflita a figura incomparável do Mestre de Nazaré, eis uma das metas a conquistar, recordando-se de João Batista, que informou sobre a necessidade de diminuir-se para que Ele crescesse, considerando-se indigno de atar as amarras das Suas sandálias…
A mediunidade é instrumento que se pode transformar em vínculo de luz entre a Terra e o Céu, ou furna de perturbação e sofrimento onde se homiziam os invigilantes e desalmados, em conflitos e pugnas contínuas.
A faculdade, em si mesma, é portadora de grande potencialidade para proporcionar a felicidade, quando o indivíduo que a aplica no Bem procura servir com bondade e alegria, evitando a disputa das glórias mentirosas do mundo físico, assim como os desvios de conduta responsáveis pelas quedas morais da sua aplicação indevida.
As trombetas do mundo espiritual ressoam hoje, como em todos os tempos, nas consciências alertas, convocando os corações afetuosos para o grande empreendimento de iluminação de vidas e de sublimação de sentimentos, atenuando as dores expressivas deste momento de transição de mundo de provas e expiações para mundo de regeneração.
Aos médiuns dignos e sinceros cabe a grande tarefa de preparar o advento da Era Nova, conforme o fizeram aqueles que se tornaram instrumento das mensagens libertadoras que foram catalogadas por Allan Kardec, nos seus dias, elaborando a Codificação Espírita, e que se mantêm atuais ainda hoje, prosseguindo certamente pelos dias do futuro.
Que os médiuns, pois, se desincumbam do compromisso e não da missão, como alguns levianamente a interpretam, gerando simpatia e solidariedade, unindo as pessoas numa grande família, que a constituem, e sustentando-lhes a sede e a fome de luz e de paz, de esperança e de amor, como somente sabem fazer os Guias da Humanidade a serviço de Jesus.
(1) O Evangelho Segundo o Espiritismo. Capítulo XXIV. Item 12.
Franco, Divaldo Pereira. Pelo Espírito Manoel Philomeno de Miranda. Página psicografada por Divaldo Pereira Franco, na tarde de 16 de abril de 2009, na Mansão do Caminho, em Salvador, Bahia.

O LIVRO DOS ESPÍRITOS

“Os Espíritos anunciam que chegaram os tempos marcados pela Providência para uma manifestação universal e que, sendo eles os ministros de Deus e os agentes de sua vontade, têm por missão instruir e esclarecer os homens, abrindo uma nova era para a regeneração da Humanidade”.

Allan Kardec.
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