mundo regenerado

SOMOS FILHOS DA PÁTRIA DO EVANGELHO CHICO XAVIER

Chico Xavier: “Somos filhos da Pátria do Evangelho chamados para a Grande Renovação!”

Chico Xavier Responde – Brasil, Coração do Mundo e Pátria do Evangelho

Durante visita ao Centro Espírita Perseverança, em São Paulo, em dezembro de 1992, Chico Xavier declarou em entrevista, entre outras:
“Somos de verdade, geograficamente falando, o coração do mundo. Como filhos da pátria do Evangelho, somos chamados a exemplificar o que aprendemos, o que ensinamos, o que constitui a razão de nossas vidas. (…) A violência que existe no Brasil é a violência que existe no mundo, mas como povo temos sabido honrar a destinação a que fomos chamados. (…) Quanto à conceituação de pátria do Evangelho, somos compelidos a pensar no futuro. Nós teremos talvez necessidade de exemplificarmos até com sacrifício do evangelho ensinado por Jesus Cristo, sem nos esquecermos que do ponto de vista evangélico, até ele foi atingido pelo sacrifício extremo, para dar-nos essa alvorada maravilhosa que é a doutrina de luz…”
(Extraído de: Carvalho, Antonio Cesar Perri. Espiritismo e modernidade. Visão de sociedade, família, centro e movimento espírita. Cap. 2.2. São Paulo:USE, 1996).

Para Jornal de Minas Gerais:

Pergunta – Chico, com tanta violência e corrupção em nosso país, os Benfeitores acreditam que o Brasil seja o “Coração do Mundo e Pátria do Evangelho?”

Resposta – “Essa pergunta tem sido assunto em muitos diálogos com os companheiros de nossa casa.
O nosso Emmanuel é de opinião que dentro do mundo turbulento, com a incompreensão comandando tantos corações, tantos milhões de pessoas, não pode ser motivo de dúvida para nós que o Brasil é o coração do mundo.
A violência que existe no Brasil é a que existe no mundo, mas como povo nós temos sabido honrar a destinação a que fomos chamados.
Como povo temos sofrido a reviravoltas enormes, inconformações, dilapidações, faltas graves daqueles que foram chamados a dirigir nossos destinos.
Mas as nossas mãos não se sujaram com sangue fraterno.
Quantos povos, por muito menos, acharam na rebelião e na indisciplina a porta falsa a que eles se atiraram para encontrarem dificuldades muito maiores.
Somos, sim, uma grandeza da Terra em que nós renascemos.
Somos filhos do coração do mundo.
E o Senhor nos fortalecerá para sermos filhos também da Pátria do Evangelho, quando soar a hora em que formos chamados para a grande renovação.”
(Extraído de “O Triângulo Espírita” – Abril/Maio de 1993).

Chico Xavier e a construção simbólica do “Brasil”
enquanto “coração do Mundo” e “Pátria do Evangelho”

A obra Brasil – Coração do mundo, pátria do evangelho, pela crença espírita, é de
autoria do espírito Humberto de Campos, sendo esta psicografada pelo médium Francisco
Cândido Xavier
. Para o espiritismo o médium é apenas o intermediário, entre o mundo material e o mundo dos espíritos.
De fato, o mineiro Chico Xavier, que em 2006 chegou a ser eleito por leitores de uma revista semanal como “o maior brasileiro de todos os tempos”, começa a se tornar conhecido nos anos 30, quando, mesmo com pouca escolaridade, publica seus primeiros livros psicografados, entre eles Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho. À essa altura, o espiritismo de inspiração kardecista, importado da França desde o século XIX, já fincara firmes raízes em solo brasileiro. (GIUMBELLI, 2012, p. 88).
Entre os espíritas kardecistas, Chico Xavier é possuidor de uma mediunidade inquestionável, as obras psicografadas por ele, conquistaram um poder simbólico de verdade.
Sem o objetivo, de julgar a veracidade do exercício mediúnico, lançamos o olhar sobre a obra Brasil – coração do mundo, pátria do evangelho, procurando compreender, como se dá a construção de uma região simbólica, o coração do Mundo, assim como, do nascimento da Pátria do Evangelho, de quais elementos Chico Xavier se utiliza para demarcar tais fronteiras e legitimá-la enquanto tal.
Para compreendermos os aspectos que envolvem essa obra, é necessário antes, refletimos sobre seus objetivos. No capítulo intitulado O Espiritismo no Brasil, é nos apresentado:
Nosso objetivo, trazendo alguns apontamentos à história espiritual do Brasil, foi tão somente encarecer a excelência da sua missão no planeta, demonstrando, simultaneamente, que cada nação, como cada indivíduo, tem sua tarefa a desempenhar no concerto dos povos.
Todas elas têm seus ascendentes no mundo invisível, de onde recebem a seiva espiritual necessária à sua formação e conservação. E um dos fins principais do nosso esforço foi examinar, aos olhos de todos, a necessidade da educação pessoal e coletiva, no desdobramento de todos os trabalhos do país.
Porque, a realidade é que o Brasil, na sua situação especialíssima e com o seu patrimônio imenso de riquezas, não poderá insular-se do resto do mundo ou acastelar-se na sua posição de Pátria do Evangelho, embora a época seja de autarquias detestáveis, neste período de decadência e transição de todos os sistemas sociais. (XAVIER, 1938, p. 113).

Chico Xavier ressignifica, então, a história do Brasil, exaltando a história de uma missão espiritual brasileira, a partir de diversos elementos (naturais/espaciais e étnicos), que se fundem, apresentando um horizonte de expectativa, uma missão, reservada a essa região, Coração do Mundo, e nação, a Pátria do Evangelho.
É possível a partir de uma obra psicografada, buscarmos compreender a superfície social brasileira nos anos 1930? A devida atenção e visibilidade acadêmica ao espiritismo kardecista demonstra nosso propósito de refletirmos e compreendermos um pouco mais sobre a construção da tessitura sociocultural brasileira.
Região Simbólica – Uma Missão Espiritual Inicialmente para podermos delimitar nossa região e nação, utilizaremos das discussões teórico-metodológicas acerca da História Regional. Ângelo Priori afirma: “[…]
enquanto espaço territorial, a região é uma construção de geógrafos. Mas, enquanto espaço social, torna-se uma construção de historiadores.” (PRIORI, apud VISCARDI, 1997, p. 88), para a historiografia, a região rompe as barreiras geopolíticas fixas, as fronteiras se
estabelecem e são estabelecidas, na própria reflexão da dinâmica social de uso desses espaços.
Utilizaremos a definição de Bourdieu (1998) por entender que este amplia a compreensão sobre a região e suas fronteiras, uma vez que estas irão surgir pela própria interpretação do sujeito do conhecimento, a seu objeto de pesquisa. “a região é uma construção do sujeito, que igualmente a delimita, a partir de padrões próprios, porém fundamentados na realidade existente.” (BOURDIEU, apud VISCARDI, 1997, p. 89) 
Nessa dinâmica social de uso dos espaços, de novas significações, podemos concluir que essa delimitação regional é uma construção simbólica, como nos afirma Bourdieu, “
[…] a divisão regional não existe na realidade, pois essa mesma realidade é a representação que dela fazemos.” (BOURDIEU, 1998, p. 87). A região simbólica, é “uma “realidade” que, sendo em primeiro lugar, representação, depende tão profundamente do conhecimento e do reconhecimento.” (BOURDIEU, 1998, p. 108)
Analisar o Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho (1938), é antes de tudo pensar sobre o processo de construção simbólica do regional/nacional, que não obstante passa por um reconhecimento dos espíritas kardecistas, que de acordo com o censo do IBGE (2010),
possui 3,8 milhões de seguidores, sendo a terceira religião10 mais professada no Brasil e, proporcionalmente, é a religião que mais cresce no país.
Para delimitar as fronteiras da região/nação, identificamos na obra analisada, os elementos fundamentais na criação da região simbólica, que não obstante será reconhecida primeiramente neste artigo como região, uma vez que o livro apresenta elementos ligados ao território “brasileiro”, anteriores a formação do Brasil enquanto estado-nação, e depois refletiremos sobre os elementos relacionados ao Brasil já estado-nação.
O elemento natural/espacial, referente à natureza espaço-territorial da região simbólica, é percebida em toda a obra, a região, coração do mundo é criada por Xavier, quando da referência à “sua situação especialíssima e com o seu patrimônio imenso de riquezas” (XAVIER, 1938, p. 113), “praias extensas e claras e as florestas cerradas e bravias.”,
“As águas do Paraíba do Sul e as de todo o percurso do São Francisco ainda constituem roteiro singular, onde se descobrem os característicos mais fortes do povo fraternal da terra do Cruzeiro.” (XAVIER, 1938, p. 30), “o vale extenso do Amazonas, […] se encontrava o celeiro do mundo” (XAVIER, 1938, p. 5). Esse recanto planetário, foi reservado para a construção de uma promessa a terra brasilis a todos os recantos do mundo.
O elemento natural/espacial é apresentado por Xavier para legitimar essa região como terra abençoada, dotada de uma missão espiritual, “a mão do Senhor se alça sobre sua longa extensão e sobre as suas prodigiosas riquezas” (XAVIER, 1938, p. 17), as fronteiras, a unidade
preservada, dentro de um recorte regional em seu espaço territorial, nos apresenta um coração geográfico, “Só o Brasil conseguiu manter-se uno e indivisível na América, entre os embates políticos de todos os tempos. […] O coração geográfico do orbe não se podia fracionar.” (XAVIER, 1938, p. 17). 
Dante Gallian (2007), no artigo intitulado A História do Coração Humano: Uma proposta, revela que o coração foi identificado por diversas culturas desde a antiguidade, como órgão central, porém, que este não se relaciona apenas com a vida física, mas, psicológica e espiritual do homem. Como afirma Gallian “no sentido místico e religioso é, pois, pelo coração que Deus forma, instrui e fala com cada homem. É no centro dos corações humanos que Deus quer fazer sua morada; mensagem messiânica que se realiza no Pentecostes do Novo Testamento (cf. At 2, 1-21).” (GALLIAN, 2007, p. 2).

Destaca Xavier:

[…] entre as nações do orbe terrestre, organizei (Jesus) o Brasil como o coração do mundo. Minha assistência misericordiosa tem velado
constantemente pelos seus destinos e, inspirando a Ismael e seus companheiros do Infinito, consegui evitar que a pilhagem das nações ricas e poderosas fragmentasse o seu vasto território, cuja configuração geográfica representa o órgão do sentimento no planeta, como um coração que deverá pulsar pela paz indestrutível e pela solidariedade coletiva e cuja evolução terá de dispensar, logicamente, a presença contínua dos meus emissários para a solução dos seus problemas de ordem geral. Bem sabes que os povos têm a sua maioridade, como os indivíduos, e se bem não os percam de vista os gênios tutelares do mundo espiritual, faz-se mister se lhes outorgue toda a liberdade de ação, a fim de aferirmos o aproveitamento das lições que lhes foram prodigalizadas. Sente-se o teu coração com a necessária fortaleza para cumprir uma grande missão na Pátria do Evangelho? (XAVIER, 1938, p. 78-79).
A ideia de Brasil, coração do mundo, além de se referir ao elemento natural/espacial, está intimamente ligada à sua missão espiritual, com o papel de impulsionar nas lides terrestres os ensinamentos morais do cristo conforme a citação anterior: “deverá pulsar pela paz indestrutível e pela solidariedade coletiva”. Mais adiante o autor afirma que, mesmo sendo essa a pátria escolhida, a responsabilidade é de cada brasileiro. Assim não interfere nos valores de liberdade e autonomia individual “que lhes outorgue toda a liberdade de ação”, com o
objetivo de perceber se as lições cristãs foram, de fato, apreendidas.
Conforme Xavier, […] Procuremos inspirar a quantos se conservam à frente dos interesses do povo, iluminando-lhes o caminho com as ideias generosas e fraternas da liberdade. Sobre os nossos esforços há de pairar a direção do Senhor, que se desvela amorosamente pelo cultivo da árvore sagrada dos ensinamentos, transplantada da Palestina para o coração do Brasil. Aquela caravana de abnegados espalha-se então, por todos os recantos da pátria, distribuindo com os seus esforços fraternais as sementes de uma vida nova. (XAVIER, 1938, p. 64).
Mas, adiante, no livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, Xavier, reconhece a missão espiritual da Palestina, mas também que esta missão foi transplantada para o Brasil, pelo cultivo da “árvore sagrada dos ensinamentos”, “não constitui objeto do nosso trabalho o exame dos erros profundos da condenável instituição, que fez da Igreja, por muitos séculos, um centro de perversidade e de sombras compactas, em todas as nações europeias, que a abrigaram à sombra da máquina do Estado.” (XAVIER, 1938, p. 24). Apesar da identificação dos erros e o comprometimento, a pátria do evangelho, será, inicialmente, preparada exatamente por católicos, missionários que, como afirma Chico Xavier (1938, p. 24), abandonaram todos os bens para seguir os rastros luminosos d’Aquele que foi e será sempre a luz do mundo.
Chico Xavier faz uma aproximação importante com a religiosidade católica brasileira, para ele não interessando os desregramentos do passado. O autor procura exaltar membros da elite portuguesa e da própria Igreja Católica, “missionários do Pai Celestial […] José de
Anchieta e Bartolomeu dos Mártires, Manuel da Nóbrega11, Diogo Jácome, Leonardo Nunes” (XAVIER, 1938, p. 23) que contribuíram com a construção da sociedade brasileira direcionada a uma coesão social com valores cristãos.

É visível como o espiritismo, se apoia em valores iluministas. O iluminismo teve grandes pensadores, como: John Locke (1632-1704), François Marie Arouet “Voltaire” (1694-1778), Charles-Louis de Secondat “Montesquieu” (1689-1755), Jean-Jacques Rousseau (1712-
1778), Denis Diderot (1713-1784), Jean Le Rond d’Alembert (1717-1783) entre outros, que modificaram a forma de pensar de uma época, influenciando mudanças importantes no horizonte sociocultural europeu, com as mais significativas críticas, uma verdadeira ode à liberdade religiosa, política e econômica, a crença no progresso, era fundamentada na busca pelo conhecimento, que o próprio desenvolvimento científico iria resultar em uma sociedade mais justa e pacífica.
As ideias presentes na doutrina espírita, de liberdade, igualdade, fraternidade, justiça e progresso, são reflexos de uma tradição de mentalidade, que teve seu auge, na revolução francesa, em 1789, os ideários de Liberté, Egalité, Fraternité, ganharam o mundo e tiveram
uma grande influência no pensamento ocidental.
Na introdução do Evangelho Segundo o Espiritismo, Allan Kardec (2013, p. 17), nos chama atenção, para “as matérias contidas nos Evangelhos: os atos comuns da vida do Cristo; os milagres; as predições; as palavras que foram tomadas pela Igreja para fundamento de seus dogmas; e o ensino moral.”, dessas apenas o ensino moral se conservou intacta, as outras “quatro primeiras têm sido objeto de controvérsias;”, nas diversas pesquisas teológicas, visões religiosas e nas pesquisas científicas. Só o ensino moral, “[…] terreno onde todos os cultos podem reunir-se, estandarte sob o qual podem todos colocar-se, quaisquer que sejam suas crenças, porquanto jamais ele constituiu matéria das disputas religiosas”. O espiritismo forma sua base religiosa nos ensinos morais do cristo, as bem-aventuranças, o exercício do amor, único sentimento capaz de gerar unidade nas diversas crenças religiosas.
O discurso progressista do espiritismo fica bastante nítido quando falamos da caridade12, a construção moral da Pátria do Evangelho é fundamentada na caridade. O slogan espiritista “Fora da caridade não há salvação” (KARDEC, 2011), encerra a caridade como único meio de se alcançar o progresso moral, a elevação dos espíritos, em suas classes e mundos, a sua salvação.
A região/nação Brasil, dotado de uma missão espiritual, aponta “[…] o espiritismo [como] Cristianismo redivivo na sua primazia pureza, e faz-se mister coordenar todos os elementos da causa generosa da Verdade e da Luz, para os triunfos do Evangelho. […]” mas, “[…] a caridade pura deverá ser a âncora da tua obra, ligada para sempre ao fundo dos corações, no mar imenso das instabilidades humanas.” (XAVIER, 1938, p. 107) pois “ela que conseguirás consolidar a tua Casa e a tua obra.” (XAVIER, 1938, p. 107).
Os aspectos teleológicos da concepção histórica do espiritismo assumiam o progresso linear, no qual havia uma identidade entre o percurso individual e social. […] em ambas as situações, nos percursos individual e social haviam a promessa de um futuro radioso rumo a uma utopia consoladora.” (ISAIA, 2012, p. 104).
[…] E um dos fins principais do nosso escorço foi examinar, aos olhos de todos, a necessidade da educação pessoal e coletiva, no desdobramento de todos os trabalhos do país. Porque, a realidade é que o Brasil, na sua situação especialíssima e com o seu patrimônio imenso de riquezas, não poderá insular-se do resto do mundo ou acastelar-se na sua posição de Pátria do Evangelho […]. (XAVIER, 1938, p. 113).
Apesar, da promessa de missão espiritual, a liberdade individual e coletiva dos brasileiros é respeitada, uma vez que essa promessa pode não vir a ser concretizada, para isto, dependerá da transformação moral de seus inquilinos.
O projeto de missão espiritual para o Brasil é tanto regional, coração do mundo, como, nacional, Pátria do Evangelho. De forma didática, isolamos a construção dessa região coração do mundo, no início desse artigo, mas, não irá existir um coração do mundo, uma região simbólica dotada de uma missão espiritual, se não houver a Pátria do Evangelho. Desta forma não há como conceber a região desprendida da nação.
A promessa do futuro radioso, ou seja, da constituição da Pátria do Evangelho é fundamentada na obra a partir da construção de uma fraternidade étnica. Quais etnias fariam parte dessa fraternidade étnica? Como estas são representadas na obra? Que relação teriam com as discussões socioculturais dos anos 1930?
Nem tão distante de 1938, no século XIX, a reflexão sobre as etnias era debatidas no campo científico através do conceito “racial”, essa ligeira transposição teórica naturalista para explicar os horizontes socioculturais, fizeram com que vários frenologistas, eugenistas, antropólogos e etnólogos, a exemplo de Müller, Tylor e James Frazer, utilizassem terminologias como “raças humanas”. Era necessário através dos fundamentos evolucionistas, compará-las, apresentar diferenças, hierarquizar.

Como nos afirma Bellotti (2011 p. 18), dessa forma o preconceito, as diversas etnias nos fins do século XIX e início do XX, era legitimado pela própria ciência. Os povos primitivos não teriam cultura, por não desenvolverem instrumentos de dominação da natureza.
A etnia branca tida como hierarquicamente superior às demais, era a única capaz de guiar a civilização e formar uma nação superior.
Como forma de reatualizar o Brasil na cultura, nas artes, e mostrar a população brasileira o que deveria ser considerado como os verdadeiros valores da nação, George Oliven aponta as pretensões da semana de arte moderna de 1922.
O movimento modernista de 1922, com toda a sua complexidade e diferenciação ideológica, representa um divisor de águas nesse processo. Por um lado, significa a reatualização do Brasil em relação aos movimentos culturais e artísticos que ocorrem no exterior; por outro lado implica também buscar nossas raízes nacionais valorizando o que haveria de mais autêntico no Brasil. (OLIVEN, 2000, p. 67).
Mesmo politicamente incluindo os negros e indígenas nas produções socioculturais brasileiras, vamos perceber que a supremacia branco-europeia prevalecia13. As etnias negras e indígenas, apesar de estarem presentes nas produções culturais modernistas, ficam marcadas
pela própria negação dessas etnias. O recado que a nação dá é mais forte que os valores regionais.
Em movimento contrário, Gilberto Freyre lança o Manifesto Regionalista (1926), em Recife, a capital mais desenvolvida do Nordeste, defende primeiramente o regional, em detrimento do nacional. Na sua visão era um movimento “regionalista, tradicionalista e a seu
modo, modernista”. George Oliven aponta que este movimento: […] tem um sentido, de certa maneira, inverso de 1922. Trata-se de um
movimento que não exalta a inovação que atualizaria a cultura brasileira em relação ao exterior, mas que deseja ao contrário, preservar não só a tradição em geral, mas, especificamente a de uma região economicamente atrasada. (OLIVEN, 2000, p. 68-69).
Gilberto Freyre (1947, p. 140-141) afirma que, uma região pode ser politicamente menos importante do que uma nação. Mas culturalmente e vitalmente é mais importante do que uma nação. Uma nação só pode ser forte culturalmente se primeiramente suas regiões forem culturalmente valorizadas e reconhecidas. Para Oliven, Se a República Velha se caracterizou pela descentralização política e administrativa, a República Nova reverte essa tendência e acentua uma crescente centralização nos mais variados níveis. Esse processo precisa ser entendido como decorrência de importantes transformações que vinham sendo gestadas nas primeiras décadas deste século e que assumiram uma dimensão mais ampla a partir da década de 1930. (OLIVEN, 2000, p. 75-76).
O início do século XX é marcado por um período de uma grande crise econômica internacional, a de 1929. Fazendo com que nos anos 1930, o Brasil volte a olhar para si. Segundo Avelino Filho,
Nos anos 1930, a realidade brasileira nua e crua tornou-se a questão-chave de um pensamento brasileiro que se quer puro e duro. Todos os intelectuais querem decifrar o enigma do Brasil e interferir na produção do seu futuro.
Discute-se, então, a identidade nacional brasileira, os obstáculos ao seu desenvolvimento e progresso, as formas de vencer o atraso horroroso. (A. FILHO apud REIS, 2012, p. 117).

Momento de repensar a nação que experimentava um processo de consolidação política e econômica frente à crise internacional, o nacionalismo ganha ímpeto e o Estado, firma-se. De fato, é Getúlio Vargas que toma a si a tarefa de constituir a nação, como salienta
Oliven, “Essa tendência acentua-se muito com a implantação do Estado Novo, ocasião em que os governadores eleitos são substituídos por interventores e as milícias estaduais perdem força, medidas que aumentam a centralização política e administrativa.” (OLIVEN, 2000, p. 77).
Paralelamente a essa busca de constituição de uma nação forte: política e economicamente, no meio religioso espírita kardecista, o Brasil é apresentado, no ano de 1938, como dotado de uma missão espiritual, uma promessa de nação pátria do evangelho, que através de sua natureza e seu povo representaria o coração do mundo. 
A obra Brasil, coração do mundo, Pátria do evangelho, deste modo dá sequência à discussão de nação a qual a fraternidade étnica é conceito fundamental que legitimaria a pátria do evangelho.
A ideia de fraternidade étnica nacional A Nação, Pátria do Evangelho, é constituída em sua base, na interação dos elementos étnicos. As etnias brancas, indígenas e negras são percebidas na obra como uma integração necessária para a constituição de um povo virtuoso, diferente da visão do início do século XX, compactuada pela elite paulista que torcia pelo sucesso do projeto político de “branqueamento” da sociedade brasileira, de características visivelmente racistas, como nos afirma, Alexandre Bueno (2013, p. 35).
Essa interação vai ser descrita desde os primeiros contatos entre portugueses e indígenas e depois os negros, dos fins do século XV até o século XX.
O homem branco, distante de uma idealização, segundo Xavier (1938, p. 26) prejudicado por “uma educação espiritual condenável e deficiente. […] Desejando entregar-se ao prazer fictício dos sentidos, procura eximir-se aos trabalhos pesados da agricultura, alegando o pretexto dos climas considerados impiedosos.”. Terão eles o livre arbítrio de humilhar ou não seus irmãos, e aqueles, que praticarem atos nefastos poderão sofrer “o mesmo martírio, […] quando forem também vendidos e flagelados em identidade de circunstância.”.
Apesar de deixar subentendido que os homens brancos possuíam uma racionalidade de dominação, Xavier, apresenta na obra as etnias como irmãs, ou seja, sem diferenças hierárquicas.
Porém, há na obra uma grande diferença do evolucionismo naturalista para o conceito de evolução espírita kardecista. No evolucionismo naturalista as características físicas definiriam hierarquicamente as raças superiores, já na obra Brasil – Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, Chico Xavier deixa claro que o conceito de evolução espírita se aplica na prática do bem: “os homens brancos ainda não perceberam que a evolução se processa pela prática do bem.” (XAVIER, 1938, p. 26), estavam desnorteados, “os tesouros das índias levaram o povo português à decadência e à miséria, pela disseminação dos artifícios do luxo e pelas campanhas abomináveis da conquista, cheias de crueldade e de sangue.” (XAVIER, 1938, p.
27). Segue o autor Os donatários dos imensos latifúndios de Santa Cruz fizeram-se à vela, escravizando os negros indefesos da Luanda, da Guiné e de Angola.
Infelizmente, os pobres cativos, miseráveis e desditosos, chegam à pátria do vosso Evangelho como se fossem animais bravios e selvagens, sem coração e sem consciência. (XAVIER, 1938, p. 25).
De tal modo “a raça aborígine e a raça negra sofriam toda sorte de humilhações e vexames.” (XAVIER, 1938, p. 32),
O indígena foi chamado a colaborar na edificação da pátria nova, almas bem-aventuradas pelas suas renúncias se corporificaram nas costas da África flagelada e oprimida e, juntas a outros Espíritos em prova, formaram a falange abnegada que veio escrever na Terra de Santa Cruz, com os seus sacrifícios e com os seus sofrimentos, um dos mais belos poemas da raça negra em favor da humanidade. (XAVIER, 1938, p. 13).
Se aos negros “eram impostas as mais dolorosas torturas, nos primórdios da organização do Brasil, não menores sacrifícios se exigiam dos indígenas, acostumados à amplitude da terra, propriedade deles.” (XAVIER, 1938, p. 36).
Adiante percebemos várias citações, apontando características importantes da etnia negra, que viria a contribuir na construção de uma fraternidade étnica: “Foram elas que abriram os caminhos da terra virgem, sustentando nos ombros feridos o peso de todos os trabalhos.” (XAVIER, 1938, p. 34). “Foi por isso que os negros do Brasil se incorporaram à raça nova, constituindo um dos baluartes da nacionalidade, em todos os tempos.” (XAVIER, 1938, p. 34).
Na Pátria do Evangelho têm eles sido estadistas, médicos, artistas, poetas e escritores, representando as personalidades mais eminentes.
Em nenhuma outra parte do planeta alcançaram, ainda, a elevada e justa posição que lhes compete junto das outras raças do orbe, como acontece no Brasil, onde vivem nos ambientes da mais pura fraternidade. (XAVIER, 1938, p. 34).
Fins do século XX, “As falanges de Ismael contavam colaboradores decididos no movimento libertador (da abolição), quais Castro Alves, Luiz Gama, Rio Branco […] Patrocínio […] Princesa Isabel.” (XAVIER, 1938, p. 98), durante a obra, Xavier, cita, várias outras personalidades das diversas etnias (brancas, indígenas e negras) que vão resignificando a história do Brasil, em luta pela unidade na fraternidade.
Interessante constatar que Sérgio Buarque de Holanda, em Raízes do Brasil (1936), anterior ao próprio Xavier, tinha uma preocupação que se assemelha na reconstrução do Brasil plural:
O Brasil não teria futuro excluindo a sua própria população do gozo dos direitos da cidadania. […] O Brasil precisava mudar e não poderia continuar mais na mão dos seus conquistadores. Se os conquistadores do Brasil e seus descendentes dominaram sem contestação no passado, nos anos 1930 a contestação se radicaliza – o Brasil precisa ser “redescoberto” e reconstruído pela sua própria população. (HOLANDA, apud REIS, 2012, p. 118).
Essa reconstrução pela sua população, envolve também a grande referência ao papel dos negros na sociedade brasileira, no horizonte econômico, social, cultural.
Todos os grandes sentimentos que nobilitam as almas humanas eles os demonstraram e foi ainda o coração deles, dedicado ao ideal da solidariedade humana, que ensinou aos europeus a lição do trabalho e da obediência, na comuna fraterna dos Palmares, onde não havia nem ricos nem pobres e onde resistiram com o seu esforço e a sua perseverança, por mais de setenta anos, escrevendo, com a morte pela liberdade, o mais belo poema dos seus martírios nas terras americanas. (XAVIER, 1938, p. 34-35).

É essa plasticidade que irá propiciar a extraordinária influência da cultura negra nos costumes, língua, religião e, especialmente, numa forma de sociabilidade entre desiguais que mistura cordialidade, sedução, afeto, inveja, ódio reprimido e praticamente
todas as nuances da emoção humana. (SOUZA, 2000).
Os negros e indígenas tiveram/têm uma participação efetiva na tessitura sócio cultural brasileira.
Por toda parte, no país, há um ensinamento caricioso do seu resignado heroísmo, e foi por essa razão que a terra brasileira soube reconhecer-lhes as abnegações santificadas, incorporando-os definitivamente à grande família, de cuja direção muitas vezes participam, sem jamais se esquecer o Brasil de que os seus maiores filhos se criaram para a grandeza da pátria, no generoso seio africano. (XAVIER, 1938, p. 35).

Brasil – Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, acredita no país moderno moralmente, que através do seu conceito de fraternidade étnica, deseja e percebe mudanças de mentalidade, novas regras morais, transformando-se no celeiro de alimentos materiais ou espirituais para o mundo.
Xavier, assim como Sérgio Buarque de Holanda (2012, p. 121) evitava determinismos cientificistas, materialistas, climáticos ou biológicos. Para Xavier os homens e mulheres com suas diferenças estão construindo este país através da fraternidade étnica, e a promessa de missão espiritual só se concretizará totalmente se os brasileiros agirem no bem, na solidariedade, para a construção efetiva da Pátria do evangelho. 
O Brasil varguista está aquém do reconhecimento a essas etnias [negras e indígenas] pelo suor empregado a esta pátria, ações políticas durante o Estado Novo, deixam claro, que ainda não vivemos o horizonte de expectativa de fraternidade étnica nacional, mas, como acredita a obra Brasil – Coração do mundo, Pátria do evangelho, é uma promessa. Para Seyferth, Entre 1937 e 1945 uma parcela significativa da população brasileira sofreu interferências na vida cotidiana produzidas por uma ‘campanha de nacionalização’ que visava ao caldeamento de todos os alienígenas em nome da unidade nacional. A categoria ‘alienígena’ — preponderante no jargão oficial — englobava imigrantes e descendentes de imigrantes classificados como ‘não-assimilados’, portadores de culturas incompatíveis com os
princípios da brasilidade. (SEYFERTH, 1997, p. 95).
Não precisa dizer que os portadores de culturas incompatíveis, possuíam raças mestiças, sejam elas, do leste europeu, asiáticas e africanas, “Frequentemente, eram utilizadas palavras como “nacionalização” ou “abrasileiramento” para se referir a esse aspecto da política imigratória.” (BUENO, 2013), a identidade nacional estava voltada para uma cultura europeia, que não obstante tinha apoio da elite paulista, de pensadores e cientistas ligado às tradições da filosofia naturalista e da antropogeografia.
O Brasil do Estado-Novo é marcado “pela implantação de uma cultura europeia nos trópicos, em um ambiente estranho a sua tradição” (REIS, 2012, p. 123), apesar de algumas discussões mais pluralistas, éticas e agregadoras aqui apresentadas, que buscavam o reconhecimento de seu próprio povo com a sua própria história. O governo varguista preferiu silenciar culturalmente as etnias, negras e indígenas, do que incluí-los no seu projeto de nação.
Considerações O retrato desse contexto de reafirmação da política nacional nos anos de 1930, é o período, em que, nasce a obra Brasil, coração do Mundo, Pátria do Evangelho (1938).
Momento em que o Brasil era chamado a olhar pra si, não só na política Varguista, como também no campo sociocultural religioso.
A região simbólica coração do mundo, é construída atrelada, a nação, Pátria do Evangelho, é desse modo uma construção possível, nas novas perspectivas teóricas e metodológicas do campo da História regional.
Xavier, em Brasil – Coração do Mundo, Pátria do Evangelho, acredita num país moderno moralmente, que representa no seu conceito de fraternidade étnica, mudanças de mentalidade, novas regras morais que independem da origem étnica, mas que nasceriam exatamente da integração dessas etnias, e a partir delas poderão transformar este na pátria do evangelho, da solidariedade, tornando-se além de exemplo, o lugar que alimentaria a paz no mundo. Esta obra funda o Brasil numa tradição espírita no século XX, através do reconhecimento do médium Chico Xavier na sociedade brasileira.

Retorno

Retornarás!

Por mais longos sejam os teus dias na Terra, durante a abençoada jornada corpórea, dia luze em que retornarás à Pátria espiritual que é o teu berço de origem e a sagrada morada onde permanecerás nas empresas do porvir.

Medita!

Absorvida pela atmosfera, a linfa cantante flutua na nuvem ligeira para retornar ao seio gentil da terra que a conduzirá logo mais aos imensos lençóis d’água do subsolo, que afloram em correnteza cantante, mais além.
A semente exuberante enclausurada no fruto que balouça nos dedos da árvore retorna ao âmago do solo generoso donde prevejo.

Também o homem.

Afastado do círculo donde procede em excursão de lazer ou refazimento, de trabalho ou produtividade, de estudo ou repouso sente o chamado longínquo dos amores da retaguarda, retornando logo para o labor em que as emoções se renovam e as esperanças se realizam.
Muitos cantam a Pátria com o seu magnetismo e as suas tradições, explicando as evocações e os impulsos heroicos dos homens, seus sonhos de glória e suas lutas de sacrifício. Assim, também, a Pátria do Espírito sempre presente nos painéis mentais como paisagens etéreas, porém vivas, longínquas, no entanto latejantes, murmurejando salmodias, que se transmudam, às vezes, em melancolias longas e tormentosas ou excitantes expectativas que exaltam o ser a providências sublimantes.

Considera a lição necessária do retorno.

Como organizas equipagem, mimos e lembranças, arquivas roteiros e assinalas fatos para futuras narrações e imediatos aprestos, prepara a bagagem com apuro e justeza, demorando-te em vigília para quando chegue o esperado momento da volta.
Retornarás, sim! Vive, pois, de tal modo, na laboriosa escola do corpo disciplinado e em equilíbrio, que facultem uma valiosa colheita de bênçãos a se transformarem em luzeiro clarificante para o caminho espiritual por onde retornarás.
*
“Nós sabemos que já passamos da morte para a vida”. 1ª Epístola de João: capítulo 3º, versículo 14.
*
“Ao entrar no mundo dos Espíritos, o homem ainda está como o operário que comparece no dia do pagamento. A uns dirá o Senhor: “Aqui tens a paga dos teus dias de trabalho”; a outros, aos venturosos da Terra, aos que hajam vivido na ociosidade, que tiverem feito consistir a sua felicidade nas satisfações do amor próprio e nos gozos mundanos: “Nada vos toca, pois que recebestes na Terra o vosso salário. Ide e recomeçai a tarefa”. Evangelho Segundo Espiritismo. Capítulo 5º – Item 12, parágrafo 5.
FRANCO, Divaldo Pereira. Florações Evangélicas. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 20.

Referências

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representações sociais. 2013. Tese (doutorado) – Instituto de Psicologia. Universidade
Estadual do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
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reflexão crítica sobre a ideia de região. In: O Poder Simbólico. 2. ed. Rio de Janeiro: Bertrand
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BUENO, Alexandre Marcelo. Língua, imigração e identidade nacional: análise de um discurso
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GIUMBELLI, Emerson. O cuidado dos Mortos: uma história de condenação e legitimação do
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Cesar. MANOEL, Ivan Aparecido. (Orgs) Espiritismo & religiões afro-brasileiras: história e
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2001, vol.44, n.1, pp. 53-116. ISSN 0034-7701.
KARDEC, Allan. Livro dos Espíritos. Rio de Janeiro: Editora FEB, 2004.
_____. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Rio de Janeiro: Editora FEB, 2011. 
_____. Allan. O que é o Espiritismo? Rio de Janeiro: Editora FEB, 2006.
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XAVIER. Francisco Cândido. Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho. Brasília:
Editora Federação Espírita Brasileira, 1938. (Ditado pelo espírito Humberto de Campos)
WANTUIL, Z. e THIESEN, F. Allan Kardec: o educador e o codificador, vol. I. Rio de
Janeiro: FEB, 2004.
Artigo recebido em 21 de setembro de 2015. Aprovado em 18 de outubro de 2015.

“A luta prossegue, entretanto, a Misericórdia Divina é sempre maior.”

Emmanuel

Notas

1 Pedagogo, A. Kardec teve sua formação educacional realizada no Instituto Pestallozzi, em Yverdun, Suíça, e
havia publicado inúmeros livros voltados para o ensino em geral. Ao logo de sua vida, manteve interesse também
pelo chamado “magnetismo”, fato esse que teria lhe conduzido a observar o “fenômeno das mesas girantes” e,
posteriormente, se dedicado ao estudo dos fenômenos espirituais (WANTUIL; THIESEN, 2004).
2 A saber: palestras públicas, estudo sistematizado da Doutrina Espírita, atendimento espiritual, estudo e
educação da mediunidade, reunião mediúnica, divulgação da doutrina espírita e serviços de assistência e
promoção social espírita e, posteriormente, a evangelização espírita da infância e da juventude – cf. FEB, 2007;
3 Chico Xavier nasceu na cidade de Pedro Leopoldo, em Minas Gerais, no dia 2 de abril de 1910 e faleceu em 30
de junho de 2002 na cidade de Uberaba, em Minas Gerais. Na história do espiritismo no Brasil ele se tornou a
principal referência, seu reconhecimento foi legitimado pelo seu trabalho mediúnico e de filantropia;
4 Sobre Parnaso de Além-túmulo ler: ROCHA, Alexandre Caroli. A poesia transcendente de Parnaso de Alémtúmulo. Pós-graduação em Teoria e História Literária – UNICAMP: Campinas, SP : [s.n.], 2001. [Dissertação].
5 Sobre Humberto de Campos ler: ROCHA, Alexandre Caroli. O Caso Humberto de Campos: Autoria literária e
mediunidade. Pós-graduação em Teoria e História Literária – UNICAMP: Campinas, SP : [s.n.], 2008. [Tese].
6 Psicografia Direta: “O Espírito comunicante age sobre o médium; este, assim influenciado, move
maquinalmente o braço e a mão para escrever, não tendo (pelo menos no comum dos casos) a menor
consciência do que escreve;” KARDEC, Allan. Livro dos Médiuns. Cap. 13 – Psicografia, 2007.
7 Apesar de não ser objeto deste artigo investigar sobre a vida de Chico Xavier, há na obra de Lewgoy (2001),
Albuquerque (2013), na biografia jornalística de Marcel Souto Maior (2010), mais informações que possam
interessar ao leitor.
8 Irei apresentar as citações como XAVIER, mas, para os espíritas a obra foi escrita por Humberto de Campos,
apenas psicografada por Chico Xavier;
9 Na pesquisa do IBGE (2000), os espíritas eram 2,3 milhões de adeptos, ou seja, um crescimento em dez anos de
65%, enquanto que, os católicos no IBGE (2000), eram 124,9 milhões de adeptos e no IBGE (2010) houve um
registro de 123,3 milhões de adeptos, uma queda de 1,3%. Já os evangélicos, no IBGE (2000) eram 26,2 milhões;
no IBGE (2010) registrou-se 42,3 milhões de adeptos, um crescimento, nesses dez anos, de 61,4%;
10 O conceito religião utilizado neste trabalho deverá ser compreendido como: “um sistema comum de crenças e
práticas relativas a seres sobre-humanos dentro de universos históricos e culturais específico.” (SILVA, 2004, p.
1-14);
11 Segundo Chico Xavier, o Padre Manuel da Nóbrega foi uma reencarnação do Espírito Emmanuel;
12 “Questão – 886. Qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como a entendia Jesus? “Benevolência para com
todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.” (KARDEC, 2004. p. 497);

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