O Tríplice Aspecto da Doutrina Espírita
Filosofia, Ciência e Religião
O Espiritismo difere de toda e qualquer ramificação espiritualista religiosa, uma vez que não possui “dogmas” propriamente ditos, mas fundamenta-se na razão e nos fatos. Sob esse aspecto o Espiritismo é considerado uma Doutrina Tríplice, pois sua estrutura consiste em Ciência, Filosofia e Religião.
Ciência, pois possui como fundamento a parte experimental ou seja, ideias organizadas sistematicamente a partir dos fatos, dos fenômenos mediúnicos, das manifestações em geral. Para tanto, emprega, efetivamente, o método experimental.
Filosofia, pois sua temática abrange essencialmente objetos de conhecimento que estão além da experiência sensível, qual: a existência de Deus, os Princípios constitutivos do Universo ( Causas Primárias ), as leis morais e outros. Para tanto, possui como instrumento seguro o método racional.
Religião na medida em que seu fim último consiste na restauração do Evangelho e na pratica dos princípios Cristãos. Importa porém considerar que, embora de essência religiosa, o Espiritismo não se vale de formalismos exteriores, de práticas sagradas, rituais ou técnicas coletivas, mas a busca da religiosidade dá-se na intimidade afetiva de cada um, a partir de uma atitude interior consciente.
Esses três aspectos encontram-se bem definidos na Codificação de Allan Kardec, respectivamente: O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns e o Evangelho Segundo o Espiritismo.
Em seus aspectos científicos e filosóficos, a Doutrina será sempre um campo de investigações humanas. No aspecto religioso, todavia, repousa a sua grandeza divina, por constituir a restauração do Evangelho de Jesus Cristo, estabelecendo a renovação definitiva do homem para a grandeza de seu imenso futuro espiritual.
Allan Kardec – O LIVRO DOS ESPÍRITOS.
O tríplice aspecto da
Doutrina Espírita
Apresentamos nesta edição o 6º tema do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita, que está sendo aqui apresentado semanalmente, de acordo com programa elaborado pela Federação Espírita Brasileira, estruturado em seis módulos e 147 temas.
Se o leitor utilizar este programa para estudo em grupo, sugerimos que as questões propostas sejam debatidas livremente antes da leitura do texto que a elas se segue. Se destinado somente a uso por parte do leitor, pedimos que o interessado tente inicialmente responder às questões e só depois leia o texto referido. As respostas correspondentes às questões apresentadas encontram-se no final da lição.
Questões para debate
1. Como Kardec define o Espiritismo?
2. Quantos e quais são os aspectos sob os quais o Espiritismo se apresenta?
3. Em seu aspecto filosófico, quais as características apresentadas pelo Espiritismo?
4. É correto dizer que o Espiritismo é uma religião? Como Kardec se posicionou ante essa pergunta?
5. Os fatos ou fenômenos espíritas têm alguma importância no estudo do aspecto científico do Espiritismo?
Texto para leitura
1. Kardec assim se expressa: “O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que dimanam dessas mesmas relações. Podemos defini-lo assim: O Espiritismo é a ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal”. (“O que é o Espiritismo”, Preâmbulo.)
2. Em vista disso, constituindo a Doutrina Espírita um corpo de princípios filosóficos e éticos, apoiados na experimentação científica, apresenta ela três notórios aspectos: o científico, o filosófico e o religioso.
3. Sabe-se que a filosofia nasce quando o homem pergunta, interroga, cogita, deseja saber o “como” e o “porquê” das coisas, dos fatos, dos acontecimentos. O caráter filosófico do Espiritismo está, portanto, no estudo que ele faz do homem, de seus problemas, de sua origem e de sua destinação. Que somos? Donde viemos? Para onde vamos? – eis as clássicas perguntas que a filosofia espírita responde com notável clareza.
4. Esse estudo leva ao conhecimento do mecanismo da vida e das relações dos homens com aqueles que já se despediram deste mundo, estabelecendo as bases desse relacionamento permanente e demonstrando a existência inquestionável de Deus, a Inteligência Suprema e a Causa Primária de todas as coisas, que a tudo comanda inteligentemente.
5. Definindo as responsabilidades dos Espíritos, quando encarnados ou na vida espiritual, o Espiritismo é filosofia, uma regra moral de vida e de comportamento para os seres inteligentes da Criação.
6. O Espiritismo é, no sentido filosófico, uma religião. Assim o disse Kardec em memorável discurso publicado na “Revista Espírita” de dezembro de 1868; mas não se constitui, no sentido comum, em mais uma religião, visto que não possui cultos instituídos, igrejas, rituais, dogmas, mitos ou crendices, nem tampouco hierarquia sacerdotal. Consideramo-lo religião, quando estabelece um laço moral entre os homens, conduzindo-os em direção ao Criador, mediante a vivência dos ensinamentos morais do Cristo.
7. É, porém, no seu aspecto religioso – assevera Emmanuel – que repousa a sua grandeza divina, por constituir a restauração do Evangelho de Jesus, estabelecendo a necessidade da renovação definitiva do homem, para a grandeza do seu imenso futuro espiritual.
8. O Espiritismo passa da filosofia à ciência quando confirma, pela experimentação, os conhecimentos filosóficos que prega e dissemina. Se, como filosofia, trata do conhecimento ante a razão, indaga dos princípios e perscruta o Espírito, como Ciência ele os prova.
9. Os fatos ou fenômenos espíritas são a substância mesma da ciência espírita, e seu objeto é o estudo e o conhecimento desses fenômenos, para fixação das leis que os regem. Em seu aspecto científico, ele demonstra experimentalmente a existência da alma e sua imortalidade, principalmente por meio do intercâmbio mediúnico entre os encarnados e os desencarnados.
10. No seu aspecto científico e filosófico – lembra Emmanuel -, a Doutrina Espírita será sempre um campo nobre de investigações humanas, como outros movimentos coletivos de natureza intelectual, que visam ao progresso da Humanidade.
Respostas às questões propostas
1. Como Kardec define o Espiritismo? R.: O Espiritismo é a ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.
2. Quantos e quais são os aspectos sob os quais o Espiritismo se apresenta? R.: Três são os aspectos: científico, filosófico e religioso.
3. Em seu aspecto filosófico, quais as características apresentadas pelo Espiritismo?
R.: O caráter filosófico do Espiritismo deriva do estudo que ele faz do homem, de seus problemas, de sua origem e de sua destinação. Que somos? Donde viemos? Para onde vamos? – eis as clássicas perguntas que a filosofia tradicional sempre formulou e a filosofia espírita responde com notável clareza.
4. É correto dizer que o Espiritismo é uma religião? Como Kardec se posicionou ante essa pergunta?
R.: Sim. O Espiritismo é, no sentido filosófico, uma religião. Assim o disse Kardec em memorável discurso publicado na “Revista Espírita” de dezembro de 1868; mas não se constitui, no sentido comum, em mais uma religião, visto que não possui cultos instituídos, igrejas, rituais, dogmas, mitos ou crendices, nem tampouco hierarquia sacerdotal. Consideramo-lo religião, quando estabelece um laço moral entre os homens, conduzindo-os em direção ao Criador, mediante a vivência dos ensinamentos morais do Cristo.
5. Os fatos ou fenômenos espíritas têm alguma importância no estudo do aspecto científico do Espiritismo?
R.: Evidentemente. Os fatos ou fenômenos espíritas são a substância mesma da ciência espírita, e seu objeto é o estudo e o conhecimento desses fenômenos, para fixação das leis que os regem. Em seu aspecto científico, ele demonstra experimentalmente a existência da alma e sua imortalidade, principalmente por meio do intercâmbio mediúnico entre os encarnados e os desencarnados.
Bibliografia:
“O que é o Espiritismo”, de Allan Kardec, Preâmbulo.
“O Evangelho segundo o Espiritismo”, de Allan Kardec, cap. 1.
“Espiritismo Básico”, de Pedro Franco Barbosa.
“O Consolador”, de Emmanuel.
“Revista Espírita” de dezembro de 1868.
Tríplice Aspecto da Doutrina Espírita
DEFINIÇÕES (Segundo o “Aurélio”)
Ciência:
“conjunto organizado de conhecimentos relativos a um determinado objeto, especialmente os obtidos mediante a observação, a experiência dos fatos e um método próprio. Soma de conhecimentos práticos que servem a um determinado fim”.
Filosofia:
“(do grego philosophía, “amor à sabedoria”). Estudo que se caracteriza pela intenção de ampliar incessantemente a compreensão da realidade, no sentido de apreendê-la na sua totalidade, quer pela busca da realidade capaz de abranger todas as outras, (…), quer pela definição do instrumento capaz de apreender a realidade, o pensamento, tornando-se o homem tema inevitável de consideração.”
Religião: “Crença na existência de uma força ou forças sobrenaturais, considerada(s) como criadora(s) do universo, e que, como tal, deve(m) ser adorada(s) e obedecida(s). Qualquer filiação a um sistema específico de pensamento ou crença que envolve uma posição filosófica, ética, metafísica, etc. Modo de pensar ou agir, princípios.”
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