UMBRAL EXISTE ? – SOB A VISÃO ESPÍRITA

nosso-lar

O QUE É O UMBRAL

O Umbral funciona como região destinada a esgotamento de resíduos mentais; uma espécie de zona purgatorial, onde se queima a prestações o material deteriorado das ilusões que a criatura adquiriu por atacado, menosprezando o sublime ensejo de uma existência terrena”.
Concentra-se, aí, tudo o que não tem finalidade para a vida superior. Exemplo: Vingança, Ódio, Inveja, Rancor, Raiva, Orgulho, Soberba, Vaidade, Ciume, etc. O espírito impregnado com esses sentimentos se encontra intoxicado.
Todas as pessoas se atraem por afinidades e semelhanças. Isto acontece na Terra e no mundo espiritual.
Desta forma todas as pessoas com sede de vingança e ódio acabam se atraindo para localizações comuns do outro lado da vida. E juntas as forças mentais dessas pessoas acabam construindo todo o ambiente. Fica fácil perceber que um local repleto de pessoas emocionalmente desequilibradas que estão unidas pelo pensamento não é um local bonito e agradável.
Desta forma o Umbral nada mais é do que o reflexo dos pensamentos, desejos e vontades de inúmeras pessoas semelhantes naqueles sentimentos negativos que acabo de listar acima. Estes sentimentos intoxicam a alma e dificultam ou impedem que estas pessoas recebam ajuda de parentes, amigos e espíritos superiores.
Na Terra só é possível ajudar as pessoas que querem receber ajuda, que aceitam a ajuda, e para ser ajudado você precisa primeiro reconhecer o erro. Lá do outro lado é a mesma coisa. Se você sofre por ter dentro de si o sentimento de vingança, só pode ser curado deste sofrimento se conseguir perceber que precisa de ajuda. Somente nesta situação é que você consegue ser ajudado a sair do Umbral.
Segundo o Novo Aurélio – O Dicionário da Língua Portuguesa(1), a palavra umbral foi tomada do espanhol e significa soleira, limiar, entrada, ou seja, a faixa mínima de piso que se acha entre as laterais de uma porta, portão ou passagem, e serve de limite entre um cômodo e outro numa construção.
Em 1943, André Luiz, o médico que se tornou conhecido psicografando livros pela mediunidade de Francisco Cândido Xavier, trouxe a público o significado dado à palavra na colônia espiritual “Nosso Lar”, onde passou a viver alguns anos depois de seu desencarne.
Em seu livro também chamado Nosso Lar(2), ele conta como ouviu falar do Umbral pela primeira vez, quando o enfermeiro Lísias lhe dava as primeiras informações sobre a colônia e descreveu-o como região onde existe grande perturbação e sofrimento e para a qual a colônia dedicava atenção especial.

Vejamos o que diz o enfermeiro:

“Quando os recém-chegados das zonas inferiores do Umbral se revelam aptos a receber cooperação fraterna, demoram no Ministério do Auxílio; …”

E mais adiante, acrescenta:

“… A não ser em obediência a esse imperativo, o Governador vai semanalmente ao Ministério da Regeneração, que representa a zona de “Nosso Lar” onde há maior número de perturbações, dada a sintonia de muitos dos seus abrigados com os irmãos do Umbral. …”
Não foi sem razão que André Luiz teve seu interesse despertado para essa região chamada Umbral. Sem entender bem do que se tratava, voltou a insistir com Lísias para saber mais detalhes e, no capítulo seguinte, narra novo diálogo com o enfermeiro, em que este lhe deu maiores detalhes desta região do astral, não sem antes perguntar como ele poderia não conhecer o Umbral se havia ficado lá por tantos anos.

Vejamos o que diz Lísias:

“O Umbral – continuou ele, solícito – começa na crosta terrestre. É a zona obscura de quantos no mundo não se resolveram a atravessar as portas dos deveres sagrados, a fim de cumpri-los, demorando-se no vale da indecisão ou no pântano dos erros numerosos.”
Mais adiante, diz também:
“… O Umbral funciona, portanto, como região destinada a esgotamento de resíduos mentais; uma espécie de zona purgatorial, onde se queima, a prestações, o material deteriorado das ilusões que a criatura adquiriu por atacado, menosprezando o sublime ensejo de uma existência terrena.”

E em outro parágrafo, Lísias complementa:

“O Umbral é região de profundo interesse para quem esteja na Terra. Concentra-se aí tudo o que não tem finalidade para a vida superior. … Representam fileiras de habitantes do Umbral, companheiros imediatos dos homens encarnados, separados deles apenas por leis vibratórias. (grifo nosso)… Lá vivem, agrupam-se, os revoltados de toda espécie. … Pois o Umbral está repleto de desesperados. Por não encontrarem o Senhor à disposição dos seus caprichos,…, essas criaturas se revelam e demoram em mesquinhas edificações. “
Enfim, desde então, a palavra Umbral, escrita com letra maiúscula, como o fez André Luiz no livro Nosso Lar, tomou significado especial, principalmente entre os espíritas, designando a região espiritual imediata ao plano dos encarnados, para onde iriam e onde estariam todos os espíritos endividados, perturbados e desequilibrados depois da vida.

umbral-existe-2

Com esta conotação, a palavra difundiu-se muito e transformou-se num quase sinônimo do Inferno e do Purgatório dos católicos, com localização geográfica, tamanho, etc., conceito este que o próprio Allan Kardec, codificador do Espiritismo, já havia desmitificado em suas obras, mais de 80 anos antes, especialmente em O Livro dos Espíritos(3), nas seguintes perguntas:

“1011. Um lugar circunscrito no Universo está destinado às penas e aos gozos do Espíritos, segundo o seus méritos?

“- Já respondemos a essa pergunta. As penas e os gozos são inerentes ao grau de perfeição do Espírito. Cada um traz em si mesmo o princípio de sua própria felicidade ou infelicidade. (grifo nosso). E como eles estão por toda a parte, nenhum lugar circunscrito ou fechado se destina a uns ou a outros. Quanto aos Espíritos encarnados, são mais ou menos felizes ou infelizes segundo o grau de evolução do mundo que habitam.

“1012. De acordo com isso, o Inferno e o Paraíso não existiriam como os homens representam?

“- Não são mais do que figuras: os Espíritos felizes e infelizes estão por toda a parte. Entretanto, como já o dissemos também, os Espíritos da mesma ordem se reúnem por simpatia. (grifo nosso). Mas podem reunir-se onde quiserem, quando perfeitos.”
Como vemos pelas respostas dos espíritos a Kardec, o Inferno e o Paraíso não passam de estados de espírito, condição moral de sofrimento ou felicidade a que estão sujeitos os espíritos por suas próprias atitudes, pensamentos e sentimentos durante a vida encarnada e depois dela. E é bom lembrar que espíritos somos todos, encarnados e desencarnados, vivendo cada um o seu inferno e o seu paraíso particulares. O que nos diferencia dos espíritos desencarnados é apenas o fato de estarmos temporariamente presos a um corpo denso de carne. De resto, somos absolutamente iguais a eles, com desejos, opiniões, frustrações, alegrias, defeitos e qualidades.
Na verdade, a figura geográfica e espacial do Inferno dos católicos serviu de molde aos espíritas para que melhor visualizassem o que seria o Umbral. Assim como o Inferno da Igreja foi tomado emprestado e adaptado do Inferno dos povos não cristãos (chamados pagãos), para compor os mitos de Inferno e Paraíso.
Pelo que dizem os espíritos a Kardec, podemos concluir que cada um de nós traz, em si mesmo, o inferno e o paraíso que merece, de acordo com o que pensa, sente e faz durante sua vida espiritual, incluídos aí também os períodos em que nos encontramos encarnados.

Se não existe Inferno ou Purgatório, por que haveria de existir o Umbral com localização, medidas, coordenadas, etc.?

Tudo o que existe no plano espiritual é criado pela mente dos espíritos encarnados e desencarnados. Sempre que pensamos, nossa mente dispara um processo pelo qual somos capazes de moldar as energias mais sutis do universo, criando formas que correspondem exatamente àquilo que somos intimamente.
Extremamente apegados ao mundo material, nada mais natural que, mesmo estando fora dele, queiramos tê-lo novamente quando desencarnados. É aí que nossa mente entra em ação, criando tudo o que desejamos ardentemente. E várias mentes, desejando a mesma coisa juntas, têm muito mais força para criar.
A grande diferença é que, no mundo físico, podemos embelezar artificialmente o nosso ambiente e a nossa aparência, enquanto que no plano astral isso não é possível, pois lá todos os nossos defeitos, mazelas, falhas, paixões, manias e vícios ficam expostos em nossa aura, exibindo claramente quem somos como consciências e, não, como personalidades encarnadas.

orai e vigiai

Parte 2

No Umbral, tudo o que está fora de nós é consequência do que está dentro. Tudo o que existe em nosso mundo pessoal e nos acontece é reflexo do que trazemos na consciência. Assim, o Umbral nada mais é que uma faixa de frequência vibratória a que se ligam os espíritos desequilibrados, cujos interesses, desejos, pensamentos e sentimentos se afinizam. É uma “região” energética onde os afins se encontram e vivem, onde podem dar vazão aos seus instintos, onde convivem com o que lhes é característico, para que um dia, cansados de tanto insistirem contra o fluxo de amor e luz do universo, entreguem-se aos espíritos em missão de resgate, que estão sempre por lá em trabalhos de assistência.
Alguns autores descrevem o Umbral como uma sequência de anéis que envolvem e interpenetram o planeta Terra, indo desde o seu núcleo de magma até várias camadas para fora de seus limites físicos.
O que acontece é que os espíritos se reúnem obedecendo, apenas e unicamente, à sintonia entre si e acabam formando anéis energéticos em torno do planeta, ou melhor, em torno da humanidade terrena, pois ela é parte da humanidade espiritual que o habita e é também o foco de atenção de todos os desencarnados ligados a ele.
As camadas descritas em alguns livros são mais um recurso didático para facilitar o entendimento e o estudo do mundo espiritual, pois não há limites precisos entre elas, assim como não há divisas exatas entre um bairro e outro de uma mesma cidade, ainda que eles sejam de classes sociais bem diferentes.
É exatamente o que nos diz Lancellin, em seu livro Iniciação – Viagem Astral(4), pela psicografia de João Nunes Maia:
“As pessoas, como os espíritos desencarnados, se reúnem por simpatia, por atração daquilo que pensam e sentem, pois se sentem felizes por estarem com os seus iguais, tanto na Terra como no mundo espiritual.”
Esse mesmo mecanismo de sintonia é o que cria regiões “especializadas” no Umbral, como o Vale dos Suicidas, descrito por Camilo Castelo Branco, pela psicografia de Yvonne A. Pereira, em seu livro Memórias de um Suicida(5). Espíritos com experiências de suicídio, vivendo os mesmos dramas, sofrimentos, dificuldades, agrupam-se por pura afinidade e formam regiões vibratórias específicas.
Assim também acontece com faixas energéticas ligadas às drogas, ao aborto, aos distúrbios psíquicos, às guerras, aos desequilíbrios sexuais, etc.
Em seu livro Driblando a Dor(6), pela psicografia de Irene Pacheco Machado, o espírito Luiz Sérgio, jovem desencarnado em acidente de automóvel na década de 70, conta o trabalho de sua equipe junto a grupos de drogados e traficantes.
Em outro de seus livros, Deixe-me Viver(7), pela psicografia da mesma médium, ele fala mais especificamente da situação dos espíritos abortados e aborteiros, vivendo lado a lado na faixa vibratória de seus atos.
No livro O Abismo(8), de R. A. Ranieri, orientado por André Luiz, vamos encontrar uma descrição dramática dos espíritos que vivem ligados ao subsolo do planeta, em condições terríveis de degradação moral e perispiritual.
O Prof. Wagner Borges, pesquisador de projeção astral e fundador do IPPB – Instituto de Pesquisas Projeciológicas e Bioenergéticas, também nos traz diversos relatos e psicografias importantes sobre o assunto. Em seu livro Viagem Espiritual(9), em duas mensagens orientadas pelo espírito Rama, ele descreve imagens do Umbral, vistas pelos olhos de um padre desencarnado dedicado a ajudar e resgatar espíritos que vivem ali.
No livro O Céu e o Inferno(10), de Allan Kardec, encontramos também diversos relatos de espíritos desencarnados que se apresentam pela psicofonia e descrevem as condições em que se encontram no mundo espiritual. Ali, além do relato de vários espíritos perturbados, vamos também encontrar relatos de espíritos relativamente felizes, alguns apenas algumas horas após o seu desencarne, demonstrando que céu e inferno são condições espirituais íntimas, alcançadas por merecimento, que acompanham o espírito onde quer que ele esteja e se mantêm e intensificam pela sintonia com outros espíritos nas mesmas condições.
Apesar de toda perturbação e desequilíbrio dos espíritos que vivem no Umbral, não devemos nos iludir. Existe muita disciplina, organização e hierarquia nos ambientes umbralinos. É o que nos mostra, por exemplo, o espírito Ângelo Inácio, pela psicografia de Robson Pinheiro, em seu livro Tambores de Angola(11), e o espírito Nora, pela psicografia de Emanuel Cristiano, em seu livro Aconteceu na Casa Espírita(12).
Vemos ali o quanto esses espíritos podem ser inteligentes, organizados, determinados e disciplinados em suas práticas negativas, criando instituições, métodos, exércitos e até cidades inteiras para servir aos seus propósitos.
É preciso que compreendamos que todos nós já estamos vivemos numa dessas “camadas” de Umbral que envolvem a Terra e que todos nós criamos o nosso próprio Umbral particular sempre que contrariamos as leis divinas universais, as quais podem ser resumidas numa única expressão: amor incondicional.
Em seu segundo livro, Os Mensageiros(13), André Luiz conta a história de vários moradores de “Nosso Lar” que passaram pelas “zonas inferiores”. Todos eles saíram da colônia cheios de esperanças, de amigos, de auxílio e orientação. Eram, portanto, espíritos relativamente esclarecidos, amparados, iluminados. Muitos deles passaram anos na colônia estudando antes de reencarnar com missões definidas na mediunidade. No entanto, mesmo assim, vários eles se deixaram levar por seu lado ainda imperfeito e falharam novamente. Todos voltaram para “Nosso Lar” depois de desencarnados, mas não sem antes passar pelo Umbral, para drenar energias negativas acumuladas numa encarnação de descaso e irresponsabilidade com a própria consciência e a de outros.
Isso é necessário para o bem do próprio espírito, a fim de que ele possa se livrar de energias espirituais altamente tóxicas que desequilibram e bloqueiam sua mente para energias mais sutis e saudáveis, e também perturbariam os ambientes mais equilibrados, como o de colônias como “Nosso Lar”, caso fossem levados para lá nesse estado.
É importante notar que não se trata de punição ou banimento, mas de tratamento justo, necessário e amoroso. Sim, o Umbral é criação de amor e justiça divinos, onde espíritos desviados e profundamente desequilibrados encontram um meio onde conseguem viver e, ao mesmo tempo, aprender, enquanto se recuperam.
Muitos perguntam se não é pior o espírito ficar tanto tempo convivendo com tantas energias negativas semelhantes às suas próprias, agravando e intensificando seu próprio desequilíbrio. No entanto, não podemos nos esquecer que, muitas vezes, os espíritos desencarnam em tal estado de alheamento e perturbação, que não resta outro recurso a não ser deixar que a natureza siga seu curso e faça o trabalho necessário de depuração, colocando-os com seus semelhantes para que, juntos, filtrem, uns dos outros, as energias que os envenenam, e para que, observando as atitudes uns dos outros, possam compreender onde erraram e queiram reiniciar o processo de melhoria interior.

603916

Parte 3

Mas o Umbral não é um mundo só de desencarnados. Muitos projetores conscientes (pessoas encarnadas que fazem projeções astrais conscientes), narram passagens por regiões escuras e densas, semelhantes às descrições de André Luiz em Nosso Lar.
Todos os encarnados desprendem-se do corpo físico durante o sono e circulam pelo mundo espiritual. Esse é um fenômeno absolutamente natural e inerente a todo espírito encarnado. Uma grande parte continua a dormir em espírito, logo acima de onde está descansando o corpo físico. Outros limitam-se a passear inconscientes pelo próprio quarto ou casa, repetindo, mecanicamente, o que fazem todos os dias durante a vigília. E há os que saem de casa e vão além.
Dentre estes, uma pequena parte procura manter uma conduta ética elevada, 24 h por dia, tentando sempre melhorar-se como pessoa, buscando sempre ajudar e crescer, e, muitas vezes, é levada ao Umbral em missão de resgate ou assistência, trabalhando com espíritos mais preparados, doando suas energias pelo bem de outros espíritos, como também informa Wagner Borges, em seu livro Viagem Espiritual II(14), dizendo:
“O sono dá ao espírito encarnado a oportunidade do desprendimento temporário do seu envoltório carnal. E nisto reside a sua grande chance de se sentir útil perante a vida, pois, fora do corpo, ele é levado por seus amigos espirituais às pessoas necessitadas, físicas e extrafísicas, onde a sua energia consciencial é de grande ajuda.
“Mediante processos específicos de transmissão de energia, os amparadores extrafísicos usam o projetor como doador de energia para a pessoa enferma (na maioria das vezes já desencarnada e sem se aperceber disso).”
Mas há um grande número dos que conseguem sair de seu próprio lar durante o sono e vão para o Umbral por afinidade, em busca daquilo que tinham em mente no momento em que adormeceram, ou obedecendo a instintos e desejos inferiores que, embora muitas vezes não estejam explícitos na vigília, estão bem vivos em sua mente e surgem com toda força quando projetados. Essas pessoas, muitas vezes, acabam sendo vítimas de espíritos profundamente perturbados ligados ao Umbral, que as vampirizam e manipulam, em alguns casos chegando até a interferir em sua vida física, criando problemas familiares, doenças, perturbações psicológicas, dificuldades profissionais e financeiras, etc.
Esse é o caso da jovem viciada Joana, narrado no livro O Transe(15), também da dupla Ângelo Inácio e Robson Pinheiro. É também o que acontece com Erasmino, no livro Tambores de Angola.
Vemos, assim, que o Umbral, de que falam André Luiz e tantos outros autores encarnados e desencarnados, está mais próximo de nós, encarnados, do que muitos de nós imaginam. E, o que é mais importante, somos nós mesmos que ajudamos a manter esse mundo denso com nossos pensamentos e sentimentos menos elevados. Somos nós que damos aos espíritos perturbados, que se encontram ligados a essa faixa vibratória, grande parte da matéria-prima de que se valem para sustentar seu mundo de trevas e sofrimento.

O Umbral está em todo lugar e em lugar nenhum, pois está dentro de quem o cria para si mesmo e acompanha o seu criador para onde quer que ele vá.

Toda vez que nos deixamos levar por impulsos de raiva, agressividade, ganância, inveja, ciúmes, egoísmo, orgulho, arrogância, preguiça, estamos acessando uma faixa mais densa desse Umbral. Toda vez que julgamos, criticamos ou condenamos os outros, estamos nos revestindo energeticamente de emanações típicas do Umbral. Toda vez que desejamos o mal de alguém, que nos deprimimos, que nos revoltamos ou entristecemos, criamos um portal automático de comunicação com o Umbral. Toda vez que nos entregamos aos vícios, à exploração dos outros, aos desejos de vingança, aos preconceitos, criamos ligações com mentes que vibram na mesma faixa doentia e estão sintonizadas com o Umbral.

O Umbral só existe, porque nós mesmos o criamos, e só continuará existindo enquanto nós mesmos insistirmos em mantê-lo com nossos desequilíbrios.

É por essa razão que Jesus nos aconselha a vigiar e orar, indicando que, para termos paz de espírito e equilíbrio, é necessário estarmos sempre atentos aos próprios impulsos e ligados a mentes iluminadas que possam nos inspirar sentimentos e pensamentos elevados.
O Umbral é nosso também, faz parte do nosso mundo, e não podemos renegá-lo ou simplesmente ignorá-lo. Assim como não podemos também fingir que não temos nada a ver com ele. Lá estão também algumas de nossas próprias criações mentais, de nossos sentimentos inferiores, de nossos pensamentos mais densos. E lá vivem espíritos divinos como nós, temporariamente desviados do caminho de luz em que foram colocados por Deus.
Por isso é importante que não vejamos o Umbral como um lugar a ser evitado ou uma ideia a não ser comentada, mas como desequilíbrio espiritual temporário de espíritos como nós, que, muitas vezes, só precisam de um pouco de atenção e orientação para se recuperarem e voltarem ao curso sadio de suas vidas.
É comum encontrarmos médiuns e doutrinadores que têm medo ou aversão ao trabalho com espíritos do Umbral, evitando atendê-los, ignorando-os friamente, ou tratando-os como criminosos sem salvação, que não merecem qualquer compaixão ou respeito. Estas pessoas esquecem-se de um dos preceitos básicos da espiritualidade: a caridade.
É preciso estender a mão espiritual a estas entidades para que possam sair dessa sintonia e possam também colaborar com o trabalho gigantesco de resgate há ser feito nas regiões umbralinas. Além de retirar espíritos dessa sintonia, os trabalhos de desobsessão e orientação a desencarnados de grupos mediúnicos bem orientados, equilibrados, livres de preconceitos, prestam um grande serviço à própria humanidade terrena, na medida em que recuperam muitos obsessores e assediadores que lá vivem e se ocupam de perseguir espíritos encarnados.
Independentemente disso, todos nós podemos contribuir individualmente para a melhoria de toda a humanidade, encarnada e desencarnada, inclusive do Umbral, emitindo pensamentos de luz, amor, paz e harmonia por todo o planeta e tudo o que nele existe. Da mesma forma que contribuímos para a existência do Umbral, podemos contribuir para reduzir o sofrimento que existe nele, bem como a influência negativa que o mesmo exerce sobre os encarnados.
Os habitantes do Umbral não são nossos inimigos, mas espíritos que precisam de compreensão e ajuda. Não são irrecuperáveis, mas perderam o rumo do crescimento espiritual. Não estão abandonados por Deus, mas não sabem disso e desistem de procurar orientação. Não são diferentes de nós, mas tão semelhantes, que vivem lado a lado conosco, todos os dias, observando nossos atos, analisando nossos pensamentos, vigiando nossos sentimentos, prestando atenção às nossas atitudes.
E, se não queremos ir ao Umbral por afinidade, que nos ocupemos de nos tornarmos seres humanos melhores, mais dignos, mais éticos, 24h por dia. Desse modo, nossa passagem pelo Umbral será sempre na condição de quem leva ajuda sem medo, sem preconceito e sem sofrimento, e não de quem precisa de ajuda para superar seus próprios medos, preconceitos e dores.
(Autora – Maísa Intelisano em artigo para a edição no. 16, ano 2, da revista Espiritismo e Ciência, da Editora Mythos)

mãos e coração

Bibliografia citada:
1. Novo Aurélio – O Dicionário Eletrônico da Língua Portuguesa – Lexikon Informática e Editora Nova Fronteira
2. Nosso Lar – Francisco Cândido Xavier (médium) e André Luiz (espírito) – FEB
3. O Livro dos Espíritos – Allan Kardec – LAKE
4. Viagem Astral – Iniciação ¬– João Nunes Maia (médium) e Lancellin (espírito) – Fonte Viva
5. Memórias de um Suicida – Yvonne A. Pereira (médium) e Camilo Castelo Branco (espírito) – FEB
6. Driblando a Dor – Irene Pacheco Machado (médium) e Luiz Sérgio (espírito) – Recanto
7. Deixe-me Viver – Irene Pacheco Machado (médium) e Luiz Sérgio (espírito) – Recanto
8. O Abismo – R. A. Ranieri (médium) – orientação de André Luiz (espírito) – Fraternidade
9. Viagem Espiritual – Wagner Borges (médium e projetor) – Yogananda, Rama, Ramatis e Aïvanhov (espíritos) – Universalista
10. O Céu e o Inferno – Allan Kardec – LAKE
11. Tambores de Angola – Robson Pinheiro (médium) e Ângelo Inácio (espírito) – Casa dos Espíritos
12. Aconteceu na Casa Espírita – Emanuel Cristiano (médium) e Nora (espírito) – CEAK
13. Os Mensageiros – Francisco Cândido Xavier (médium) e André Luiz (espírito) – FEB
14. Viagem Espiritual II – Wagner Borges (médium e projetor) e autores diversos (espíritos) – Universalista
15. O Transe – Robson Pinheiro (médium) e Ângelo Inácio (espírito) – Casa dos Espíritos
Bibliografia complementar sugerida:
1. Pérolas do Além – Francisco Cândido Xavier (médium) e Emmanuel (espírito) – FEB
2. Obreiros da Vida Eterna – Francisco Cândido Xavier (médium) e Emmanuel (espírito) – FEB
3. Mãos Estendidas – Irene Pachedo Machado (médium) e Luiz Sérgio (espírito) – Recanto
4. Além da Matéria – Robson Pinheiro (médium) e Joseph Gleber (espírito) – Casa dos Espíritos
5. O que Encontrei do Outro Lado da Vida – Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho (médium) – espíritos diversos – Petit
6. Diálogo com as Sombras – Hermínio C. Miranda – FEB
7. Histórias que os Espíritos Contaram – Hermínio C. Miranda – LEAL
8. O Guardião da Meia-Noite – Rubens Sarraceni (médium) e Pai Benedito de Aruanda (espírito) Madras

jesusforça

A VIDA NO UMBRAL

O umbral localiza-se em um universo paralelo que ocupa um espaço invisível aos nossos sentidos, que vai do solo terrestre até a algumas dezenas de metros de altura na nossa atmosfera.
O tempo, e as condições climáticas do Umbral seguem um ritmo equivalente ao local terrestre onde se encontra. Quando é noite sobre uma cidade, é noite em sua equivalência no Umbral. A névoa densa que cobre toda atmosfera dificulta a penetração da luz solar e da lua. A impressão que se tem é que o dia é formado por um longo e sombrio fim de tarde. À noite não é possível ver as estrelas e a lua aparece com a cor avermelhada entre grossas nuvens. Sua maior concentração populacional está junto as regiões mais populosas do globo. Encontramos cidades de todos os portes, grupos de nômades e espíritos solitários que habitam pântanos, florestas e abismos.
É descrito por quem já esteve lá como sendo um ambiente depressivo, angustiante, de vegetação feia, ambientes sujos, fedorentos, de clima e ar pesado e sufocante. Para alguns espíritos é uma região terrível e horripilante. Para outros é o local onde optaram viver. A vegetação varia de acordo com a região do Umbral. Muitas vezes constituída por pouca variedade de plantas. As árvores são normalmente de baixa estatura, com troncos grossos e retorcidos, de pouca folhagem.

Existem também áreas desertas, locais rochosos, e lugares de vegetação rasteira composta de ervas e capim.

É possível encontrar alguns tipos de animais e aves desprovidos de beleza. No Umbral se encontram montanhas, vales, rios, grutas, cavernas, penhascos, planícies, regiões de pântano e todas as formas que podem ser encontradas na Terra. Como os espíritos sempre se agrupam por afinidade (igual a todos nós aqui na Terra), ou seja, se unem de acordo com seu nível vibracional, existem inúmeras cidades habitadas por espíritos semelhantes. Algumas cidades se apresentam mais organizadas e limpas do que outras.

Todas possuem espíritos lideres que são chamados de diversos nomes:

– Chefes, governadores, mestres, presidentes, imperadores, reis etc. São espíritos inteligentes mas que usam sua inteligência para a prática consciente do mal. São estudiosos de magia, conhecem muito bem a natureza e adoram o poder, quase sempre odeiam o bem e os bons que podem por em risco sua posição de liderança.

Há grupos de pessoas nas cidades que trabalham para os chefes.

Acreditam ter liberdade e muitas vezes gostam de servirem seu chefe na ansiedade pelo poder e status. Consideram-se livres, mas na verdade não o são, ao menor erro ou na tentativa de fugir são duramente punidos. Existem os espíritos escravos que vivem nas cidades realizando trabalho e mantendo sua estrutura sem receberem nada em troca além da possibilidade de lá morarem. São duramente castigados quando desobedecem e vivem cercados pelo medo imposto pelo chefe da cidade.

As cidades possuem construções semelhantes às que encontramos nas cidades da Terra:

As maiores construções são de propriedade do chefe e de seus protegidos. Sempre existem locais grandiosos para festas, e local para realização de julgamentos dos que lá habitam. Em cada cidade existem leis diferentes especificadas pelos seus lideres. Lá também encontramos bibliotecas recheadas de livros dedicados a tudo que de mal e negativo possa existir. Muitos livros e revistas publicados na Terra são encontrado lá, principalmente os de conteúdo pornográfico.

umbral-existe-3

Pode-se se perguntar:

— Porque é permitido que existam estes chefes e esta estrutura negativa de tanto sofrimento?

Deus nos permite tudo, ele nos deu o livre arbítrio. O homem tem total liberdade para fazer tudo de ruim ou tudo de bom. Quando faz ou constrói algo de ruim acaba se prejudicando com isso e aos poucos, com o passar de anos ou de séculos vai aprendendo que o único caminho para a libertação do sofrimento e da felicidade plena é a prática do bem. A vida na Terra e no Umbral funcionam como grandes escolas onde aprendemos no amor ou na dor.

Ninguém vai para o Umbral por castigo.

A pessoa vai para o lugar que melhor se adapta à sua vibração espiritual. Quando deseja melhorar existe quem ajude. Quando não deseja melhorar fica no lugar em que escolheu. Todos que sofrem no Umbral um dia são resgatados por espíritos do bem e levados para tratamento para que melhorem e possam viver em planos de vibrações superiores. Existem muitos que ficam no Umbral por livre e espontânea vontade se aproveitando do poder e dos benefícios que acreditam ter em seus mundos.

Além das cidades encontramos o que é chamado de Núcleos:

Não constitui uma cidade organizada como conhecemos, mas se trata de um agrupamento de espíritos semelhantes. Os grupamentos maiores e mais conhecidos são os dos suicidas. Estes núcleos são encontrados nas regiões montanhosas, nos abismos e vales. Por serem espíritos perturbados são considerados inúteis pelos habitantes do Umbral e por isto não são aceitos e nem levados para as cidades em volta.

Os vales dos suicidas são muito visitados por espíritos bons e ruins:

Os bons tentam resgatar aqueles que desejam sair dali por terem se arrependido com sinceridade do que fizeram. Os espíritos ruins fazem suas visitas para se divertirem, para zombarem ou para maltratarem inimigos que lá se encontram em desespero. Não é difícil imaginar um local com centenas de milhares de pessoas que cometeram suicídio, todas ali unidas, sem entender o que está acontecendo, já que não estão mortas como desejariam estar.

Existem os núcleos de drogados onde também existem pequenas cidades:

Existem algumas poucas cidades de drogados de porte grande no Umbral. Realizam-se grandes festas e são cidades movimentadas. Existem relatos psicografados sobre uma região de drogados chamada de Vale das Bonecas e cidades como a de Tongo que é liderada por um Rei. Para todo tipo de vício da carne existem cidades e núcleos de viciados. Por exemplo, existem cidades de alcoólatras ou de compulsivos sexuais. Todos os viciados costumam visitar o planeta Terra em bandos para sugarem as energias prazerosas dos vivos que possuem os mesmos vícios.

É comum a existência de núcleos de marginais.

Locais onde estão reunidos assaltantes, assassinos, ladrões, traficantes e outros tipos de criminosos em sintonia mútua. Nas regiões fora das cidades e longe dos núcleos encontramos andarilhos solitários, espíritos considerados inúteis até pelos povos de cidades e núcleos do Umbral. Grandes tempestades de chuva e raios ocorrem em todo Umbral. Tem importante função de limpar os excessos de energias negativas acumuladas no solo e no ar, tornando o ambiente menos insuportável aos seus habitantes.

As cidades, tribos e vilarejos do Umbral normalmente possuem chefes ou lideres:

São pessoas inteligentes com capacidade de liderança que costumam controlar, dominar e explorar as almas que nestas cidades residem. Como se pode ver não é muito diferente da vida aqui na Terra, onde temos exploradores e explorados. Exercem seu controle a partir do medo, das mentiras, da escravidão, de regras rígidas e violência. Algumas sabem que estão no Umbral e sabem que trabalham pelo mal das pessoas. Seu reinado não dura muito tempo já que espíritos superiores trabalham para convencer sobre o mal que faz a si mesmo fazendo o mal aos outros. É comum que estes “chefes” desapareçam inesperadamente destas cidades por terem sido resgatados por bons Samaritanos em suas missões. Em pouco tempo uma nova liderança acaba assumindo o posto de chefe nestas cidades.

As regiões umbralinas são as que mais se parecem com a Terra:

Os espíritos, por estarem ainda muito atrelados à vida material, por lhe faltarem informação e conhecimento, acabam vivendo suas vidas como se realmente estivessem vivos. As necessidades básicas do corpo acabam se manifestando nestes espíritos. Sofrem por sentirem dores, sono, fome, sede, desejos diversos.
No Umbral encontramos grupos de pessoas que se consideram justiceiras. Coletam espíritos desorientados em hospitais, cemitérios, e no próprio umbral. Pessoas que fizeram muito mal a outras durante a vida ou em outras vidas, e pessoas que fizeram poucos amigos e por isto não tem quem as possa ajudar. Estes espíritos sedentos de vingança e de justiça feita pelas próprias mãos conseguem aprisionar e escravizar as pessoas que capturam.

Acreditam que as pessoas que estão no Umbral só estão lá por merecimento:

E isto não deixa de ser verdade. Mas no lugar de ajudar estas pessoas, eles a maltratam por vingança e ódio pelo mal que cometeram enquanto estavam vivas. Somente quando estas pessoas se arrependem dos erros que cometem na Terra e esquecem os sentimentos negativos que ainda nutrem é que os espíritos mais elevados conseguem se aproximar para seu resgate.

 Postos de Socorro:

Os postos de socorro se encontram espalhados pelas regiões sombrias do Umbral. Este local de ajuda, semelhante a um complexo hospitalar, normalmente é vinculado a uma colônia de nível superior. Nele encontramos espíritos missionários vindos de regiões mais elevadas que trabalham na ajuda aos espíritos que vivem nas cidades e regiões do Umbral e que estão à procura de tratamento ou orientação.
Quando o espírito ajudado desperta para a necessidade de melhorar, crescer e evoluir é levado para uma colônia onde será tratado e passará seu tempo estudando e realizando tarefas úteis para seu próximo. Quando se sentem incomodados e mergulhados em sentimentos como o ódio, vingança, revolta acabam retornando espontaneamente para os lugares de onde saíram. Continuamos sempre com nosso livre arbítrio.
Os postos de socorro não são cidades, mas alguns deles possuem grande dimensão, se assemelhando a uma pequena cidade no meio do Umbral. Muitos ficam nas regiões periféricas do Umbral. Alguns se encontram dentro das cidades do Umbral. Vistos à distância são pontos de luz e de beleza no meio da paisagem triste, escura, fria, nebulosa que compõe as paisagens naturais do Umbral. Os postos de socorro são locais bonitos, iluminados, com grandes jardins, em meio a um cenário desolador e triste. Os postos de socorro são constantemente procurados por pessoas desesperadas e perdidas no Umbral querendo abrigo e ajuda.
Também é um local alvo de espíritos maldosos que desejam continuar mantendo o controle e o poder sobre as pessoas que moram nas regiões do Umbral. Com isto realizam constantes ataques às instalações dos postos. Todos os postos possuem sofisticados sistemas de segurança que monitoram as regiões ao redor do posto. Sensores detectam a presença de vibrações a um raio de 3 km do posto. Sistemas de defesa que emitem descargas elétricas são utilizados para afastar os atacantes. Os choques gerados pela força os fazem recuar, já que lhe fazem sentir dores insuportáveis.

Os espíritos que vivem no Umbral ainda estão ligados ao mundo material.

Muitos sequer compreendem que estão mortos e isto lhes gera grande agonia e sofrimento. Por acreditarem estar vivos continuam sentindo seus corpos e suas necessidades físicas. Sentem dor, sentem fome, sentem sede, sono etc. Muitos sofrem de doenças, ferimentos, mutilações ocorridas na morte ou em situações sinistras vividas no Umbral. A visão interna de um posto de socorro lembra um grande hospital. Os espíritos atendidos lembram monstros de um filme de terror. Se parecem realmente com mortos-vivos.

Sofrem movidos pelos sentimentos humanos que ainda cultivam:

O ódio, a vingança, egoísmo e outros sentimentos negativos. Vinculados à matéria, ainda sofrem como se possuíssem um corpo. E isto acaba se refletindo em sua aparência monstruosa, que só pode ser modificada a partir da sua conscientização sobre sua realidade. As enfermarias dos postos estão sempre repletos de espíritos necessitados de orientação, alimento, limpeza e cuidados. É como ver mortos-vivos agonizando por ajuda em seus leitos.
Equipes chamadas de Samaritanos realizam incursões no Umbral em busca de espíritos que procuram ajuda. Ao retornarem com dezenas de espíritos que mais parecem farrapos humanos são recebidos pelas equipes de socorro que iniciam o trabalho de acolhimento, alimentação, limpeza e orientação destes espíritos. Ao serem internados podem se recuperar para serem enviados para colônias no plano mais elevado, fora do Umbral. Também é comum que espíritos cheguem às muralhas dos postos à procura de ajuda e ali são socorridos.

Também existem postos de socorro na Terra:

São destinados a socorrer e orientar espíritos recém-desencarnados. Pessoas que acabam de morrer costumam ficar totalmente desorientadas. Muitas não sabem que estão mortas. É fácil imaginar o sentimento horrível e a loucura que uma pessoa nesta situação pode passar. Estes postos estão localizados no mundo invisível exatamente no mesmo local onde estão hospitais, cemitérios, sanatórios, presídios, igrejas, centros espíritas etc. São nestes locais onde se pode encontrar o espírito de pessoas que acabam de desencarnar ou que estão procurando algum tipo de ajuda.

 Os Samaritanos

Os samaritanos, que também são chamados de missionários, socorristas e emissários, são trabalhadores dos postos de socorro que saem em caravanas pelo Umbral e pela crosta do Planeta Terra à procura de pessoas e socorrem os que pedem auxílio. Se vestem com capas e gorros de cor bege ou marrom-claro e botas altas. Desta forma peregrinam pelo Umbral sem serem percebidos. Muitas vezes são invisíveis aos sentidos de espíritos de baixa vibração. Existem relatos onde os samaritanos contam com a ajuda de cavalos para percorrer distâncias maiores e cães que são utilizados como proteção.

Outros relatos falam sobre a existência de veículos especiais chamados de Aeróbus*.

Raras são as excursões em que não ocorrem ataques aos samaritanos. São atacados por espíritos maldosos que podem se transfigurar em criaturas horrendas com o intuito de intimidar e amedrontar as caravanas. Os que atacam jogam pedras, paus, lama, matéria podre e alguns chegam a construir armas que não fazem qualquer efeito aos samaritanos. Para defesa utiliza-se ainda redes de proteção e armas que emitem eletricidade. Ao serem atingidos por este tipo de raio o espírito entra em um processo semelhante ao da morte, pois lhe faz relembrar todo sofrimento que passou em sua mais recente desencarnação. Com medo, muitos espíritos só tentam intimidar, e muitas vezes se afastam em desespero.

Existem situações em que os Samaritanos precisam resgatar pessoas dentro das populosas cidades do Umbral.

A forma como fazem isto depende do tipo de cidade. Existem casos em que pedem autorização aos lideres da região. Em outros a pessoa a ser resgatada não é de interesse dos moradores da cidade e neste caso não existe problema algum em entrar e levar estas pessoas. Existem ainda situações em que precisam utilizar disfarces ou entrarem sem serem vistos pelos habitantes do local. Em situações de perigo podem mudar de vibração, se tornando invisíveis. Desta forma não podem ser capturados pelos espíritos trevosos do Umbral. Muitos habitantes do Umbral sabem quem são e o que podem fazer e mantêm um ar de respeito quando estão presentes.

Ao resgatarem algumas dezenas de espíritos, os samaritanos retornam ao seu posto de socorro.

São verdadeiros farrapos humanos, alguns seminus, outros com suas roupas em trapos e o corpo imundo e ferido. No posto os espíritos são tratados e orientados. O tratamento pode levar alguns dias ou alguns meses. Continuam livres e podem optar por retornar ao Umbral ou seguir para uma Colônia, onde terminarão seu tratamento e passarão a frequentar aulas e cursos para que se informem sobre sua atual situação após a morte. Um espírito só pode ser ajudado pelos samaritanos quando deseja com sinceridade ser ajudado. Não se pode ajudar ninguém à força. Não se perde tempo resgatando espíritos revoltados, pois se não querem mudar, não poderão mudar à força. Sua revolta ainda poderá atrapalhar os trabalhos e a recuperação de outros espíritos dentro dos postos e hospitais.

Existem casos em que os espíritos se encontram em níveis tão baixos de vibração que não conseguem ver e se comunicar com os samaritanos.

Desta forma não podem ser ajudados. Relatos mostram que em determinados casos os samaritanos podem convencer o espírito a ter vontade de melhorar, de ser socorrido e ajudado. É possível mostrar a estes espíritos imagens das colônias e da felicidade e paz que poderá ter. Este trabalho de convencimento pode passar pelo uso da força. É o caso de fazer o espírito se recordar do sofrimento, dor e angústia que passou no passado, fazendo o mesmo desejar sair daquela situação.

São muitos os espíritos que, mesmo em estado deplorável no Umbral, preferem continuar na vida em que estão.

Isto não é muito diferente do que existem aqui na Terra. Uma parcela dos moradores de rua, mendigos, idosos e crianças continuam nas ruas por opção. Não suportam os abrigos, a limpeza, a organização, a necessidade de obedecer a alguém. Preferem viver livres de qualquer lei, norma, organização, junto da miséria. Infelizmente só se pode ajudar alguém quando este alguém quer realmente ser ajudado.

Amparadores Espirituais:

Primeira parte da matéria, publicada na Revista Sexto Sentido N. 21 – Maio de 2001
Em entrevista especial à Revista Sexto Sentido, o professor Wagner Borges, especialista em projeção astral, fala de modo claro e objetivo sobre os Amparadores Espirituais – seres que auxiliam as pessoas na hora da morte – fornecendo detalhes impressionantes sobre a transição a que chamamos morte e as dimensões do outro lado da vida. Nós sabemos que você faz parte de um grupo de Amparadores Espirituais no plano astral, que ajudam as pessoas na hora da morte.

— Quem são esses Amparadores e exatamente de que maneira eles, ou vocês agem?

– Os amparadores são um grupo de espíritos formado principalmente por orientais. São egípcios, chineses, tibetanos, pessoas que já lidaram com algo parecido aqui na Terra, em outras épocas, que desencarnaram e estão em um nível excelente. Quando o corpo espiritual se desprende do físico durante o sono ou na morte, ambos estão conectados por um campo energético, que é a aura. Nessa aura estão os chacras e os filamentos energéticos que saem desses chacras se juntam para formar uma ligação – a ligação do espírito com o corpo através do conhecido cordão de prata.
Na hora do desprendimento definitivo ou morte, seres espirituais bondosos e evoluídos aparecem e desconectam esses filamentos para desprender o espírito, da mesma forma que um parteiro ajuda no nascimento de um bebê e no desligamento da ligação que é o cordão umbilical. Os seres desligam o cordão de prata e sobra um coto de cordão, só que não é no umbigo, mas na cabeça do corpo espiritual. Nesse momento, normalmente a pessoa apaga, como um mecanismo da consciência. Então ela é puxada para um vórtice, como se fosse uma passagem entre dimensões – por isso as pessoas que têm experiências de quase-morte falam sobre passar por um túnel de luz, que é uma abertura entre dimensões.
Então, os Amparadores puxam a pessoa para fora do corpo e a ajudam a atravessar o buraco energético, fazendo com que ela saia na dimensão seguinte, que as pessoas chamam de plano espiritual ou plano astral. Normalmente, ela desperta algumas horas ou dias depois num hospital espiritual. Esses hospitais foram construídos por seres avançados, que elaboram formas mentais e as plasmam com o pensamento.
São construções energéticas que, para os espíritos naquela freqüência, são tão sólidos quanto os objetos desta nossa dimensão terrestre. Os espíritos mais sutis atravessam esses ambientes porque são mais rarefeitos, mas naquela dimensão, para quem está lá, os objetos são tão densos quanto os daqui são para nós. A pessoa se vê num ambiente propício para a recepção de recém-desencarnados, onde o que sobrou do cordão de prata é então rompido. A pessoa acorda num hospital extrafísico após a morte, não porque esteja doente, mas para romper essa conexão. Esses hospitais são locais de transição. Dali ela passa para a dimensão correspondente ao seu nível.
Nossos pensamentos e emoções se plasmam energeticamente em nossa aura, em nosso corpo espiritual. Assim, nós somos a somatória do que pensamos, sentimos e fazemos durante a vida. A cada noite, quando nos desprendemos para fora do corpo físico, o corpo espiritual carrega a vibração de tudo que ocorreu naquele dia. Na hora da morte, a vibração do corpo espiritual é a soma de tudo que você pensou, sentiu e fez durante uma vida inteira. Pode-se dizer que cada pessoa que desencarna carrega um campo vital contendo tudo o que ela é como resultado de tudo o que desenvolveu e fez em vida. Quem tem uma vibração ‘x’ no corpo espiritual, após a morte é atraída para o plano extrafísico de uma dimensão ‘x’, compatível com a vibração que ela porta.

O plano espiritual se divide em subdimensões:

Muitos as dividem em sete níveis, outros em três. Os que dividem em três fazem da seguinte maneira: plano astral denso, plano astral médio e plano astral superior. No denso estariam as pessoas complicadas, seria o chamado umbral, o Inferno. O plano astral superior seria o Paraíso do Espiritismo. E o plano astral médio seria onde se encontram as pessoas mais ou menos, ou seja, iguais a nós, mais ou menos boas, mais ou menos complicadas. Em outras palavras, a maioria.

— E o lugar que os espíritas chamam de Umbral?

– A palavra umbral significa muro, e é a divisória entre o plano terrestre e o plano astral mais avançado.
Uma divisória vibracional, onde quem tem o corpo espiritual denso não atravessa, como uma peneira vibracional. Eu costumo dizer que Inferno e Paraíso são portáteis: você carrega dentro. Se está bem, o Paraíso está dentro de você. Se sai do corpo nessa condição, você é atraído por uma vibração semelhante a que existe em seu interior.

– A passagem para o Paraíso está dentro de nós.
– E o Inferno é a mesma coisa, é um estado íntimo.

Veja uma pessoa cheia de auto-culpa e compare com aquela imagem clássica do diabo colocando alguém dentro da caldeira e espetando. A auto-culpa espeta mais do que qualquer diabo, porque nem é preciso o Inferno vir de fora: ele já está dentro e o diabo é você mesmo.
O Umbral é uma região muito pesada porque reflete o estado íntimo de quem lá está. Você encontra lugares que lembram abismos, cavernas escuras, tudo exteriorizado do subconsciente dos espíritos, como formas mentais. Quando você olha no fundo desses abismos vê que está cheio de espíritos, mas eles não voam, são densos. Você encontra favelas no plano espiritual, cidades medievais. Os espíritos vivem presos a formas mentais das quais, muitas vezes, é difícil escapar. São esses que os seres evoluídos buscam ajudar nessas dimensões.

— E como eles fazem isso?

– Normalmente, resgatam os sofredores usando médiuns ou projetores astrais fora do corpo, utilizando a energia do cordão de prata para se tornarem mais densos e puxar as pessoas. É por isso que, desde os 15 anos, fui levado muitas vezes a esses ambientes para dar passes nos espíritos, fora do corpo. Você dá um passe e isso muda o padrão vibracional do corpo espiritual da pessoa.
Tão logo isso acontece, os espíritos mais avançados, que não tinham acesso, conseguem pegar a pessoa e levar para um hospital extrafísico. Aí começa um tratamento energético, puramente de luz, para desintoxicar os chacras extrafísicos do corpo energético, e tratamento psicológico para fazer a pessoa encarar sua situação, conseguir se entender e sair daquele problema. E também é trabalho, terapia para que a pessoa saia daquilo sem ter auto-culpa, porque a auto-culpa segura a pessoa no passado. Ela precisa entender que Deus não condena ninguém.
Eu já passei por lugares desse Umbral em que era tudo escuro, e eu sentia que passava por cima de pessoas que se arrastavam. A única luz que tinha ali era a minha, um ser humano. E algumas pessoas se seguravam em mim e falavam, “Anjo, me tira daqui!”. Eles achavam que eu era anjo porque tinha alguma luz.

— E você não tinha como tirar essas pessoas de lá?

– Não, porque tinha ido tirar uma pessoa determinada. Eu estava direcionado para pegar uma e puxar. E também, vários daqueles que estão ali sofrendo e pedindo ajuda, se forem tirados daquele ambiente e levados para um lugar melhor, basta que se recuperem um pouquinho e já começam a aprontar. Esse pessoal precisa ralar um pouco para perceber que não se pode fazer ao outro aquilo que você não quer que façam com você. Não é uma punição divina, é causa e efeito. O que você fez para o outro fica marcado em você.
Eu cresci no Rio, na Baixada Fluminense. Vários amigos meus morreram por causa de droga, outros porque se tornaram policiais e morreram em tiroteio com bandidos, cumprindo o dever, e outros se tornaram marginais. Um desses rapazes virou policial e fez parte de um grupo de extermínio de bandidos. Eu já tinha me mudado para São Paulo, e ele inclusive já não mora mais no Rio – deixou a polícia, nem sei onde está. Eu despertei fora do corpo no Rio de Janeiro, na rua do bairro onde cresci, e comecei a ouvir uma gritaria.
Lá na ponta da rua começou a aparecer uma energia alaranjada, pesada, e de repente chega o rapaz correndo. Ele estava fora do corpo perseguido por um grupo de doze espíritos, com pedaços de pau nas mãos – tudo plasmado: facões, etc. Gritavam. “Pega, pega esse miserável!”. E o sujeito estava projetado fora do corpo, ou seja, fora do corpo ele é perseguido pelos sujeitos que ele matou.
Eles passaram correndo perto de mim e, quando ele passou, eu vi que estava cheio de buracos de bala, plasmado no corpo espiritual. Aí eu entendi uma coisa que o espírito André Luiz sempre falou nos seus livros: cada coisa que você faz para o outro fica marcada em você espiritualmente. Cada bala que ele tinha enfiado em alguém, a marca estava nele, porque a forma mental do ato ficou grudada nele. Se durante o sono ele já está assim, imagine na hora em que desencarnar.

Ele vai ficar nesse plano astral denso por um bom tempo.

 Lembra um pouco o filme Ghost.

– Muitas coisas ali são reais, e também o Sexto Sentido. Ou aquele filme Amor Além da Vida, com Robin Williams – aquela parte de formas mentais plasmadas. É a riqueza do filme. Aquela parte do Umbral, em que ele vai buscar a mulher suicida, é baseada na Divina Comédia do Dante Alighieri. Dante foi um grande projetor. Como vivia no século XIV, em Florença, Itália, ele não podia falar abertamente porque iria para a fogueira.
Aí ele camuflou os relatos. Todas as pessoas que se projetam e já foram nesses planos pesados sabem que o Dante era um viajante astral, porque já viram coisas parecidas. É uma outra realidade, que a humanidade não conhece. Mas uma coisa é certa: não vale a pena fazer o mal. Não é que Deus vai punir ou o Diabo vai pegar, mas você carrega de dentro de si tudo aquilo para fora e forma o ambiente. Todo algoz se transforma em vítima. O que Jesus ensinou sobre tentar fazer o bem, tentar ajudar os outros na medida do possível não foi à toa. Aquilo não tem nada de religioso – é código de vida.

— Você já presenciou alguns desencarnes?

– Sim. Eu já vi pessoas morrerem e servi como elemento de ajuda no desprendimento. Outro dia tive uma experiência. Vi um barco bem primitivo, cheio de africanos, que estava fugindo de alguma coisa. O barco virou e todos morreram afogados. Eu vi os espíritos saírem do corpo e, na hora, apareceu uma mulher hindu, desencarnada, que estendia as mãos e projetava luz, puxando os espíritos e enfiando-os dentro de um vórtice de energia. Eu já sabia que eles seriam recebidos do lado de lá. Mentalmente ela me disse que os seres humanos são cegos e não estão vendo esse amor, que os leva para o outro lado na hora certa. Que todo mundo recebe assistência.

— Quem define a vinda desse ser, que chega para ajudar? Ele sabe o que vai acontecer com antecedência?

– Ela já sabe que vai acontecer. O processo de reencarnação não é aleatório. Existe uma organização extrafísica, com seres mais avançados que coordenam os processos daqueles que estão submetidos à roda reencarnatória. Vou dar um exemplo: quando você era pequeno, você não escolheu o colégio em que estudou – seu pai e sua mãe o levaram para lá. Depois, você cresceu e pôde escolher seu caminho.
Quando uma consciência ainda não sabe o que é melhor para ela, seres mais avançados coordenam o processo até ela alcançar a maturidade para decidir o caminho. Então, esses seres fazem com que ela reencarne em países e situações adequados para aquela determinada alma aprender o que precisa. Às vezes, você vem para uma vida para aprender uma única característica que está faltando.
Nós temos livre-arbítrio e podemos, por exemplo, encurtar o tempo. O suicida é um exemplo disso. Ele vem com uma carga vital e acaba se suicidando. Vamos chamar a vida na Terra de ano letivo: o corpo é o uniforme, o planeta é a escola. Você é enviado para uma série, cada vida é uma série. Ao longo da vida certas coisas vão acontecer e não são livre-arbítrio, mas experiências que esses professores preparam para que a pessoa aprenda algo.
Mas existe o livre-arbítrio. Dentro da sala de aula, o aluno não escolhe o currículo que vai estudar, mas, por exemplo, pode escolher fazer amizade com o colega ao lado ou não. Ele pode estudar mais ou menos. Pode quebrar a carteira ou não. A postura do aluno dentro da sala de aula é livre arbítrio – o currículo que o aluno vai estudar é programado. Como o aluno reage a esse currículo é livre arbítrio.
— E os ciclos familiares? Dizem que ficamos reencarnando junto com as mesmas pessoas de um determinado ciclo até as pendências entre todas serem resolvidas.
– Depende – isso também é relativo. Existem milhares que reencarnam ao longo dos séculos e acabam se encontrando ao longo das vidas, mas têm muitas pessoas que ainda estamos conhecendo, que não vêm de uma vida passada. Alguns se perguntam: se há reencarnação, por que a população da Terra continua aumentando? Porque vêm pessoas de outros planetas para cá. Existem milhares de humanidades semelhantes à nossa, espalhadas pela galáxia, na mesma evolução que nós. Existem milhares de outras bem superiores, e milhares bem inferiores.

— O que ocorre quando existe uma grande catástrofe, como terremotos?

– É uma espécie de carma coletivo. As pessoas são atraídas para o lugar. Por exemplo, se precisa passar pela experiência de morrer em um terremoto, você não vai nascer no Brasil, mas na Califórnia, nas Filipinas, no Japão, em países sujeitos aos terremotos. O pessoal que programa isso do lado de lá vai encaixar a pessoa num lugar em que ela passe por aquela experiência. Isso já é direcionado.
Quando ocorre a tragédia coletiva, o pessoal do lado de lá já sabe com antecedência e todos se preparam bem antes. Do mesmo jeito que existem bancos de sangue nos hospitais, existem bancos de energia do lado de lá. Como esses espíritos são sutis e as pessoas que estão desencarnando, muitas delas, estão em condições bastante densas, vários meses antes eles começam a extrair energia de médiuns, de pessoas bondosas, de grupos ocultistas, espíritas, iogues.
Eles captam essas energias sem ninguém saber e vão guardando dentro de aparelhos extrafísicos. Quando ocorre a tragédia, eles usam essa energia para romper os cordões de prata, porque são energias de seres humanos para seres humanos, mais compatíveis. Eu já vi isso do lado de lá. Esses seres espirituais que ajudam – os chamados amparadores, guias espirituais ou benfeitores – são pessoas, seres humanos desencarnados. Entre eles você vai encontrar desde gente quase igual a nós, do mesmo nível, pessoas bacanas, até aquele ser super-avançado que nem mais parece gente como nós, mas uma criatura totalmente de luz.

— E como alguém é recrutado para essa função?

– Na verdade, nós somos agentes interdimensionais e já fazíamos parte dessa equipe do lado de lá. Apenas reencarnamos para servir de suporte aos outros. A maioria dos sensitivos que conheço é dessa turma, e é por isso que a comunicação que tenho com eles é natural. Eu não acho que eles são superiores a mim, eles são meus colegas. Agora, é claro que vai ter um colega mais ou menos igual, um mais complicado e um mais avançado, como qualquer grupo de amigos. Você vai ter um amigo que é gênio, um amigo que é chato e um que é igual a você. Espíritos são apenas seres humanos extrafísicos, eles não são divindades. Por exemplo, eu não faço preces para espíritos. Quando ergo a mente em agradecimento, penso num Todo, numa Consciência Cósmica, e se eu tiver de pensar em alguém, penso em alguém como Buda ou Jesus, não como foco religioso, mas como foco de inspiração, de exemplo.

— Você tem um mentor?

– Tenho vários mentores. Existem sempre dois ou três que me acompanham há mais tempo. Um deles se chama Vyasa, um hindu, e é quem eu chamo de mentor de muitas coisas que escrevo. Esse é muito presente. Tem outro que aparece como um chinês. E, dependendo da atividade do momento, um ou outro é mais presente.
Tecnicamente falando, guia espiritual é qualquer um que ajude você em algum caminho. Até o ser humano ao seu lado pode ser seu guia, se ele abre caminho para você. Mas, por melhores que sejam os guias, nenhum deles pode caminhar por nós. O que eles podem fazer é apontar caminhos, sugerir ideias. E os guias também não tiram obstáculos do caminho, porque esses obstáculos nos fazem crescer. Isso equivale a uma prova na qual o professor não pode dar as respostas ao aluno.
O guia, que é um professor, um mestre extrafísico, não pode dar resposta de alguns dramas, porque você aprende mais na crise. Se o guia eliminasse a prova, a pessoa não desenvolveria aquela qualidade. A função do guia, então, é tentar inspirar, para que você agüente o tranco da prova, para que sua paciência seja grande, para que seu amor não decaia, para que sua luz continue acesa, mesmo que tudo esteja em trevas à sua volta.

— E quando o guia vê, por exemplo, que uma pessoa vai cometer suicídio?

– Ele tenta o máximo possível jogar ondas mentais para ajudá-la. Só que a pessoa costuma estar tão fechada em suas próprias formas mentais, que fica impermeável. É a mesma coisa que tentar conversar com um bêbado. Ele não escuta. Eu costumo dizer que muitas pessoas estão embriagadas emocionalmente: elas não bebem álcool, mas bebem emoções pesadas, tão pesadas que a capacidade de discernimento desaparece.
A pessoa é impermeável a tudo de bom que alguém tenta dizer para ela aqui mesmo, na Terra; imagine do lado de lá. Aí entram as leis de causa e efeito: a cada um segundo os seus pensamentos, os seus sentimentos e os seus atos. É a lei mais justa que conheço, na qual cada um recebe, lá na frente, aquilo que fez.
Nós vamos semeando a pista em que iremos andar; alguns jogam pregos, e daqui a pouco começam a furar o pé nos pregos que jogaram. Mas existem pessoas que jogam flores. Isso é causa e efeito, é carma, não tem nada a ver com punição. O umbral não é criação divina, é criação humana, porque esse plano é plasmado a partir das coisas trevosas que estão dentro de nós. Foi o ser humano trevoso que criou o plano astral pesado, da mesma forma que o ser humano avançado criou o plano astral avançado.
— Existem idosos que desencarnam e seu espírito se manifesta para pessoas 20, 30 anos depois com a mesma aparência envelhecida. Outros parecem mais jovens. Por que?
– O corpo físico não reflete nosso estado íntimo. Por exemplo, eu posso estar mal, mas disfarçar e ficar rindo, e você não vai saber que estou mal. O corpo físico, o rosto, é uma máscara que não reflete o que pensamos, por isso, podemos enganar uns aos outros.
Quando você sai do corpo, o corpo espiritual reflete o que você pensa, de modo que não dá para enganar o seu estado íntimo. Até aqui, no plano físico, às vezes você vê um ancião e ele tem viço na expressão; outras vezes você vê um jovem e ele está apagado. Quando a pessoa deixa o corpo, o espírito que estava dentro dele, independente da idade, pode remoçar, porque seu estado íntimo é jovem e o corpo espiritual plasma uma imagem remoçada. Aquele que estava mal pode aparecer envelhecido, carregado.

— Se a pessoa deixa o corpo com uma doença, ela pode continuar com a doença no astral?

— Pode continuar até se desprender do condicionamento da doença. Por exemplo, muitos cegos passaram tantos anos sem enxergar que acham que não conseguem ver. Então, às vezes é feito um trabalho psicológico para a pessoa perceber que não está cega e que aquilo é um condicionamento.
Uma vez eu vi um desencarnado que voava numa cadeira de rodas. Ele não saía da cadeira porque passou 50 anos sentado em uma. Essa cadeira não era mais física, virou psíquica, era o apoio dele. O homem desencarnou e carregou a forma mental da cadeira de rodas. Depois de um tempo ele vai se descondicionar e passar a voar normalmente, mas às vezes a morte não quebra um condicionamento.
— Mesmo depois do espírito ter passado por um hospital extrafísico, onde seu cordão astral é rompido, ele passa por um tratamento para se adaptar à nova realidade de sua existência sem corpo?
– Muitas vezes. O tratamento nos hospitais é energético, mas quem pode mudar sua consciência? Pode-se tentar mudar a energia, deixar a pessoa mais leve, mas ela mesma pode fazer esse processo ficar arrastado, lento. Sem falar daqueles que não aceitam ter morrido, devido a vários fatores.
A pessoa se vê num corpo espiritual que reflete a aparência do físico; ela olha para si mesma e pensa que não morreu, porque está com o mesmo corpo, ou porque Jesus não apareceu como tinha sido prometido, ou porque achava que depois da morte ia ficar dormindo até o dia do Juízo Final. E, se perguntam a ela por que ninguém a vê, ela diz que estão todos cegos.
A pessoa arranja mil e um motivos para não admitir o que aconteceu. Imagine as pessoas que negam a morte a vida inteira, quando morrem elas não vão querer discutir isso e arranjam uma camuflagem psicológica, distorcendo a realidade. Uns falam que é um pesadelo, que vão acordar e descobrir que tudo aquilo não é verdade. Ou que os espíritos à sua volta são demônios, que estão torturando. A pessoa fica num estado de confusão e, às vezes, demora para melhorar.

Mas uma coisa eu garanto:

Toda pessoa que está bem por dentro tem um processo muito mais rápido do lado de lá. E uma coisa com a qual as pessoas não podem se enganar: uma excelente pessoa pode morrer violentamente, atropelada, ou assassinada. O fato do corpo dela ter ficado em picadinhos embaixo de um carro não significa que ela esteja mal.

Um segundo depois ela pode estar bem do lado de lá.

E o fato de alguém morrer na cama, dormindo, não garante que ela vá estar bem do outro lado. Tem muito pilantra que morre dormindo. As pessoas se iludem com a aparência do cadáver. O gênero de morte não determina a qualidade da consciência, porque o que determina essa qualidade não é a morte e sim o que se fez em vida.
— Existem pessoas que, antes de deixar o corpo, começam a ver parentes já falecidos?
– Isso porque eles geralmente vêm ajudar, vêm puxar a pessoa para fora. Ainda mais alguém de idade, que já está adoentado, com os sentidos físicos amortecidos. Essa pessoa está tendo um adiantamento e, dias antes, já começa a ver o pessoal. Eu acho legal a pessoa se desprender consciente do processo, porque ela carrega essa certeza dentro dela e, nas próximas vidas, nasce encarando a questão da morte como algo natural.

Uma dica que eu dou para o leitor:

– Se a pessoa porventura estiver saindo do corpo na hora da morte, e estiver consciente, ele vai ver seres a sua volta. Se vir algum vórtice energético, ela deve entrar, porque irá fazer uma passagem de dimensões tranquila.
– Se ela não vir ninguém, porque, às vezes, devido à diferença vibracional nessa hora, o cordão de prata ainda não se rompeu; os seres estão ali, mas a pessoa não está vendo.
Um conselho que eu dou é estender as mãos para a frente e projetar luz no centro da testa. O que acontece? O padrão dimensional do corpo espiritual dela muda e ela vê todo mundo ao redor.

— E o que acontece depois que alguém desencarna, passa por um hospital e já se encontra adaptada a sua dimensão?

Nessas dimensões existem cidades extrafísicas plasmadas por seres avançados, nas quais vivem comunidades de espíritos. Quando a pessoa sai do corpo, vê o ambiente imediato, o quarto, a cama. A próxima dimensão é o umbral, o plano astral mais pesado. Passando por ele, estão os hospitais extrafísicos e, a seguir, as cidades astrais. A pessoa não precisa passar por uma dimensão inferior para chegar à outra, porque é uma questão de sintonia. Não é um deslocamento espacial, mas um deslocamento de consciência.
Essas cidades, que existem sobre os lugares físicos, lembram os ambientes imediatos de onde a pessoa saiu. Por exemplo, uma cidade extrafísica por cima de São Paulo reflete uma realidade igual à de São Paulo. Os espíritos mantêm uma realidade igual paralela para que a pessoa se sinta ambientada logo que desencarna.
Nessas cidades espirituais não existem problemas de dinheiro ou violência – é como se fosse a humanidade legal, projetada do lado de lá. É um ambiente humano, com nível igual ao nosso aqui, só que projetado do lado de lá. Então, as pessoas têm atividades de trabalho, lazer, como aqui, mas tudo simplificado e aprofundado. Ou seja, é o plano físico perfeito.
Depois dessas cidades extrafísicas, em que a pessoa recupera a lembrança de vidas passadas, reaprende a voar, retoma ao seu nível, ela passa para outra freqüência, mais compatível com seu estado interno. São os chamados lugares de estudo e aprendizado. Todo mundo que está ali sabe que teve outras vidas, lembra de tudo, sabe mexer com energia e já ajuda os outros.
Nesses ambientes você ainda vê a divisão homem e mulher. Espírito não tem sexo, mas eles mantêm a identidade.

Fonte:

– Semeando e Colhendo” – Hercílio Maes (Ed. Freitas Bastos)
– Nosso Lar” – André Luiz (Espírito) / Psicografado por Francisco Cândido Xavier (Ed. FEB);
– Três Arco-Íris / Uma Colônia de Luz” – Josué (Espírito) / Psicografado por Eurípedes Kühl (Ed. Petit);
– Violetas na Janela” – Patrícia (Espírito) / Psicografado por Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho (Ed. Petit);
– Obreiros da Vida Eterna” – André Luiz (Espírito) / Psicografado por Francisco Cândido Xavier (Ed. FEB)
– Vivendo no Mundo dos Espíritos” – Patrícia (Espírito) / Psicografado por Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho (Ed. Petit);
– Após a morte do corpo físico, a alma se encontra tal qual vive intrinsecamente.” (Do livro “Nosso Lar” / Cap. 16 – André Luiz / Chico Xavier;
– Os sofrimentos que torturam mais dolorosamente os Espíritos, do que todos os outros sofrimentos físicos, são os das angústias morais.” (O livro dos Espíritos – Questão 255;
– Umbral, situado entre a Terra e o Céu, dolorosa região de sombras, erguida e cultivada pela mente humana, em geral rebelde e ociosa, desvairada e enfermiça.” (Do livro “Ação e Reação” – André Luiz / Chico Xavier;
– O estado de tribulação é pertinente ao espírito e não ao lugar. Esses lugares não são infelizes, de vez que infortunados são os irmãos que os povoam…” (Do livro “E a Vida Continua” – André Luiz / Chico Xavier;

– Se milhões de raios luminosos formam um astro brilhante, é natural que milhões de pequeninos desesperos integrem um inferno perfeito. Herdeiros do Poder Criador, geraremos forças afins conosco, onde estivermos.”

(Do livro “Libertação” – André Luiz / Chico Xavier)

Comentários