Alguém te haverá ofendido, entretanto, se não perdoas a esse alguém, criarás em ti mesmo as desvantagens do ressentimento, que se te condensarão na própria alma, por determinado ponto enfermiço. * Antes de qualquer atitude contra o suposto ofensor, considera que, provavelmente, não terá ele tido qualquer intenção de ferir-te e talvez até mesmo ignore qualquer tópico alusivo ao assunto que te aborrece. * Concentrando a mágoa contigo, predisporás alma e corpo à doença e ao desequilíbrio. * Ainda que não queiras, o ressentimento por ti acalentado estenderá sombra e pesar, no ambiente em que vives, atingindo aqueles que mais amas. * Pessoa alguma consegue prever os males que surgirão nos entes queridos quando se deixam possuir pelo azedume. * Recorda que amanhã, é possível que estejas necessitando do perdão de teu imaginário ofensor, por faltas mais graves que hajas cometido em momentos de exagerada impulsividade. * Quando não seja em teu próprio favor, talvez chegue o dia, no qual as circunstâncias te aproximarão desse ou daquele desafeto, a fim de rogar apoio, a benefício de criaturas do teu próprio círculo familiar. * Lembra-te, nas crises da vida, de que o ressentimento nunca rendeu paz ou felicidade para ninguém. * O perdão liberta sempre e restaura, em qualquer tempo, as oportunidades favoráveis à nossa marcha nas trilhas da experiência, para que venhamos a descobrir o Reino de Deus que existe e palpita em nos mesmos. * Eis por que Jesus recomendou-nos a todos, através do Apóstolo: “Perdoa não sete vezes, mas setenta vezes sete”, o que equivale a dizer: “Perdoa e realmente viveras”.
Do Livro Trevo de Ideias Chico Xavier/Emmanuel
PRECE DE CÁRITAS
Deus, nosso Pai, que sois todo Poder e Bondade, dai a força àquele que passa pela provação, dai a luz àquele que procura a verdade; ponde no coração do homem a compaixão e a caridade! Deus, Dai ao viajor a estrela guia, ao aflito a consolação, ao doente o repouso. Pai, Dai ao culpado o arrependimento, ao espírito a verdade, à criança o guia, e ao órfão o pai!
Senhor, que a Vossa Bondade se estenda sobre tudo o que criastes. Piedade, Senhor, para aquele que vos não conhece, esperança para aquele que sofre. Que a Vossa Bondade permita aos espíritos consoladores derramarem por toda a parte, a paz, a esperança, a fé. Deus! Um raio, uma faísca do Vosso Amor pode abrasar a Terra; deixai-nos beber nas fontes dessa bondade fecunda e infinita, e todas as lágrimas secarão, todas as dores se acalmarão. E um só coração, um só pensamento subirá até Vós, como um grito de reconhecimento e de amor.
Como Moisés sobre a montanha, nós Vos esperamos com os braços abertos, oh Poder!, oh Bondade!, oh Beleza!, oh Perfeição!, e queremos de alguma sorte merecer a Vossa Divina Misericórdia. Deus, dai-nos a força para ajudar o progresso, afim de subirmos até Vós; dai-nos a caridade pura, dai-nos a fé e a razão; dai-nos a simplicidade que fará de nossas almas o espelho onde se refletirá a Vossa Divina e Santa Imagem.
Que Assim Seja!
A Virtude
A virtude, no mais alto grau, é o conjunto de todas as qualidades essenciais que constituem o homem de bem. Ser bom, caritativo, laborioso, sóbrio, modesto, são qualidades do homem virtuoso. Infelizmente, quase sempre as acompanham pequenas enfermidades morais que as desornam e atenuam. Não é virtuoso aquele que faz ostentação da sua virtude, pois que lhe falta a qualidade principal: a modéstia, e tem o vício que mais se lhe opõe: o orgulho. A virtude, verdadeiramente digna desse nome, não gosta de estadear-se. Adivinham -na; ela, porém, se oculta na obscuridade e foge à admiração das massas. S. Vicente de Paulo era virtuoso; eram virtuosos o digno cura d’Ars e muitos outros quase desconhecidos do mundo, mas conhecidos de Deus. Todos esses homens de bem ignoravam que fossem virtuosos; deixavam-se ir ao sabor de suas santas inspirações e praticavam o bem com desinteresse completo e inteiro esquecimento de si mesmos.
À virtude assim compreendida e praticada é que vos convido, meus filhos; a essa virtude verdadeiramente cristã e verdadeiramente espírita é que vos concito a consagrar-vos. Afastai, porém, de vossos corações tudo o que seja orgulho, vaidade, amor-próprio, que sempre desadornam as mais belas qualidades. Não imiteis o homem que se apresenta como modelo e trombeteia, ele próprio, suas qualidades a todos os ouvidos complacentes. A virtude que assim se ostenta esconde muitas vezes uma imensidade de pequenas torpezas e de odiosas covardias.
Em princípio, o homem que se exalça, que ergue uma estátua à sua própria virtude, anula, por esse simples fato, todo mérito real que possa ter. Entretanto, que direi daquele cujo único valor consiste em parecer o que não é? Admito de boamente que o homem que pratica o bem experimenta uma satisfação íntima em seu coração; mas, desde que tal satisfação se exteriorize, para colher elogios, degenera em amor-próprio.
O vós todos a quem a fé espírita aqueceu com seus raios, e que sabeis quão longe da perfeição está o homem, jamais esbarreis em semelhante escolho. A virtude é uma graça que desejo a todos os espíritas sinceros. Contudo, dir-lhes-ei: Mais vale pouca virtude com modéstia, do que muita com orgulho. Pelo orgulho é que as humanidades sucessivamente se hão perdido; pela humildade é que um dia elas se hão de redimir. François-Nicolas- Madeleine. (Paris, 1863.)
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. Capítulo 17. item 8.
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