olhai os lírios

Olhai os Lírios dos Campos

olhai os lírios
CULTIVAR A SERENIDADE CHICO XAVIER

Olhai as Aves do Céu

6– Não queirais entesourar para vós tesouros na Terra, onde a ferrugem e a traça os consomem, e onde os ladrões os desenterram e roubam. Mas entesourai para vós tesouros no céu, onde não os consomem a ferrugem nem a traça, e onde os ladrões não o desenterram nem roubam. Porque onde está o tesouro, aí está também o teu coração.
            Portanto vos digo: Não andeis cuidadosos da vossa vida, que comereis, nem para o vosso corpo, que vestireis. Não é mais a alma do que a comida, e o corpo mais do que o vestido? Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem fazem provimentos nos celeiros; e, contudo, vosso Pai celestial as sustenta. Porventura não sois muito mais do que elas? E qual de vós, discorrendo, pode acrescentar um côvado à sua estatura? E por que andais vós solícitos pelo vestido? Considerai como crescem os lírios do campo; eles não trabalham nem fiam; digo-vos mais, que nem Salomão, em toda a sua glória, se cobriu jamais como um destes. Pois se ao feno do campo, que hoje é e amanhã é lançado no forno. Deus veste assim, quanto mais a vós, homens de pouca fé? Não vos aflijais, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos cobriremos? Porque os gentios é que se cansam por estas coisas. Porquanto vosso Pai sabe que tendes necessidade de todas elas. Buscai primeiramente o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas se vos acrescentarão. E assim não andeis inquietos pelo dia de amanhã. Porque o dia de amanhã a si mesmo trará seu cuidado; ao dia basta a sua própria aflição. (Mateus,  19-21, 25-34).
7 – Se tomássemos estas palavras ao pé da letra, elas seriam a negação de toda a previdência e de todo o trabalho, e conseqüentemente, de todo o progresso. Segundo esse princípio, o homem se reduziria a um expectador passivo. Suas forças físicas e intelectuais não seriam postas em atividade. Se essa tivesse sido a sua condição normal na Terra, ele jamais sairia do estado primitivo, e se adotasse agora esse princípio, não teria mais nada a fazer. É evidente que não poderia ter sido esse o pensamento de Jesus, porque estaria em contradição com o que ele já dissera em outras ocasiões, como no tocante às leis da natureza. Deus criou o homem sem roupas e sem casa, mas deu-lhe a inteligência para produzi-las.(Ver cap. XIV, nº 6 e cap. XXV, nº 2).
            Não se pode ver nestas palavras, portanto, mais do que uma alegoria poética da Providência, que jamais abandona os que nela confiam, mas com a condição de que também se esforcem. É assim que, se nem sempre os socorre com ajuda material, inspira-lhes os meios de saírem por si mesmos de suas dificuldades. (Ver cap. XXVII, nº 8)
            Deus conhece as nossas necessidades, e a elas provê, conforme for necessário. Mas o homem, insaciável nos seus desejos, nem sempre contenta-se com o que tem. O necessário não lhe basta, ele quer também o supérfluo. É então que a Providência o entrega a si mesmo. Freqüentemente ele se torna infeliz por sua própria culpa, e por não haver atendido as advertências da voz da consciência, e Deus o deixa sofrer as conseqüências, para que isso lhe sirva de lição no futuro. (Ver cap. V, nº 4).
8 – A Terra produz o suficiente para alimentar a todos os seus habitantes, quando os homens souberem administrar a sua produção, segundo as leis de justiça, caridade e amor ao próximo. Quando a fraternidade reinar entre os povos, como entre as províncias de um mesmo império, o que sobrar para um determinado momento, suprirá a insuficiência momentânea de outro, e todos terão o necessário. O rico, então, considerará a si mesmo como um homem que possui grandes depósitos de sementes: se as distribuir, elas produzirão ao cêntuplo, para ele e para os outros; mas, se as comer sozinho, se as desperdiçar e deixar que se perca o excedente do que comeu, elas nada produzirão, e todos ficarão em necessidade. Se as fechar no seu celeiro, os insetos as devorarão. Eis por que Jesus ensinou: Não amontoeis tesouros na Terra, pois são perecíveis, mas amontoai-os no céu, onde são eternos. Em outras palavras: não deis mais importância aos bens materiais do que aos espirituais, e aprendei a sacrificar os primeiros em favor dos segundos. (Ver cap. XVI, nº 7 e segs.).
            Não é através de leis que se decretam a caridade e a fraternidade. Se elas não estiverem no coração, o egoísmo as asfixiará sempre. Fazê-las ali penetrar, é a tarefa do Espiritismo.
O Evangelho Segundo o Espiritismo
por ALLAN KARDEC – tradução de José Herculano Pires

VOCÊ É AQUILO

Olhai os lírios do campo…

Jesus, nosso excelso Mestre, além de todas as virtudes, mostrou ser, também, um excelente poeta. Sendo Espírito da mais alta hierarquia (“EU SOU”) – na Escala Espírita está situado na Primeira Ordem, Classe Única, Espíritos Puros –, o Cristo já tem a vivência, em grande expressão, do sentimento do belo.
Hodiernamente, tanto se fala em ecologia, no respeito à natureza, no carinho às árvores e aos animais. Jesus exemplificou, em seu nascimento, cercado de seres infra-hominais, no estábulo, o seu amor aos seres vivos. O Mestre reencarna, em uma humilde estrebaria, sendo seu berço um tabuleiro onde se serve a comida aos animais.
Os primeiros visitantes do menino foram simples pastores que guardavam suas ovelhas, naquela noite sublime e majestosa. Encontro memorável do Cristo com os primeiros “lírios do campo” que, de vigília, pastoreavam seu rebanho.
Na casa de Simão, o fariseu, Jesus viu uma exuberante “flor do campo”, ungindo os seus pés. Aproveitou o ensejo para exortá-la a uma nova vida. O anfitrião, israelita, embora religioso, não podendo ver os lírios que crescem, recriminava o Mestre, dizendo ser a mulher uma pecadora (Lucas 7:39).
Nas cercanias de Tiro e Sidon, uma mãe aflita, cananeia, foi testada em sua fé pelo Cristo. Ele sabia que estava diante de uma fina “flor do campo”, e disse-lhe: “Ó mulher, grande é a tua fé!…” (Mateus 15:28).
Uma adúltera foi levada ao Mestre. A lei mosaica determinava a pena de morte, através do apedrejamento. Jesus olhou os “lírios do campo” que desabrochavam naquela irmã, e respondeu aos que ainda não sabem observar as incipientes “flores do campo”: “Aquele que estiver sem erro, atire a primeira pedra”. E todos se retiraram, a começar pelos mais velhos (João 8:7-9).
O Evangelho de Lucas relata a entrada magnânima do Mestre, na cidade de Naim, onde se depara com um cortejo fúnebre. Imediatamente, o Cristo dirige-se à mulher que, juntamente com grande número de pessoas, ia enterrar seu único filho, dizendo-lhe: – Não chore!
Uma grande e sublime ilação nos vem à tona: O Mestre foi ao encontro daquela “flor do campo”, confortando-a. Certamente, Jesus encorajou-a, falando-lhe da dimensão espiritual, onde se encontram todos aqueles que mataram a morte, vivenciando dentro de si mesmo a imortalidade. Ao mesmo tempo, o amado Cristo relata-lhe que seu filho não tinha morrido e ordena ao portador da morte aparente: “Mancebo a ti te digo: levanta-te…” (Lucas 7:13).
Você, prezado leitor, ligado a essas letras, saiba que, igualmente, é um abençoado “lírio”, muito bem cuidado pelo Senhor da Vida. Se, porventura, está derramando lágrimas de sofrimento ou amargura, talvez vivendo momentos de grande aflição e ansiedade, não esmoreça, porquanto, o Cristo está ao seu lado, conhecendo o seu drama e participando da sua dor.
Não chore! O Mestre lhe fala: “No mundo terá atribulações, mas tenha bom ânimo, eu venci o mundo” (João 16:33). Como também: “Bem-aventurados os que choram, pois que serão consolados” (Mateus 5:4). “Vinde a mim, todos vós que estais aflitos e sobrecarregados, que eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei comigo que sou brando e humilde de coração e achareis repouso para vossas almas, pois é suave o meu jugo e leve o meu fardo”. (Mateus 11:28-30.)
“Olhai para os lírios do campo, como eles crescem: não trabalham, nem fiam. Eu vos digo que nem mesmo Salomão, em toda a sua glória, se vestiu como um deles” (Mateus 6:28-29).
Você, querido leitor, não vê os lírios que crescem dentro de si? Enquanto, neste momento, está preocupado com o dia-a-dia, porventura desesperado com o amanhã, todo o seu arcabouço físico está funcionando automaticamente. Trilhões de células de seu corpo somático vivem sem a intervenção da sua vontade. Uma potente máquina, em seu peito, bombeia o sangue, fazendo toda a operação por si mesma, sem a sua interferência.
Passe a olhar os lírios do campo! Tenha a certeza de que ninguém é desgraçado, infortunado: O Mestre disse: “Aquele que não toma a sua cruz, e não me segue, não é digno de mim”. (Mateus 10:38.)
Tenha fé, tudo é passageiro. O Cristo, também, afirmou que na casa do Pai há muitas moradas. O Universo espelha a eternidade e haverá, sempre, uma mão amiga para acolhê-lo. Nenhum ser é ou será deserdado. O apóstolo Pedro, em sua Primeira Epístola, o conforta, dizendo que Jesus pregou aos Espíritos em prisão (1 Pedro 3: 19). A pena existe em nós, à medida que nosso pensamento está canalizado para o mal que causamos a outrem. Deus, que é definido como Amor, concede a todos os seus filhos imortais, atormentados pelo “inferno do remorso”, a “eternidade de Sua Clemência”, possibilitando o resgate dos erros, por meio de existências sucessivas no domínio físico (reencarnação).
No momento em que resolver tocar no Mestre, como fez a mulher que, havia doze anos, tinha um fluxo de sangue (Marcos 5:25), evocando-o, pedindo-lhe misericórdia por suas faltas e disposta a repará-las, o “inferno”, em que se encontra a sua consciência, transformar-se-á em morada de alento e de esperança. O Cristo ensinou que nenhuma ovelha se perderá.
Abra seu coração a Jesus. Procure agir como o samaritano que ajudou o homem caído na estrada. Vá de encontro aos sofredores. Procure praticar a fraternidade. Faça com que o amor seja, cada vez mais, espargido sobre todos os aflitos e desesperados. Olhe os lírios do campo! Observe aqueles que são menosprezados e vilipendiados pelos homens. Valorize sempre o ser humano, qualquer que seja sua conduta atual. Ontem, também, você semeara o mal e as mesmas mãos, que o socorriam então, serão substituídas, agora, pelas suas.
Não tenha preconceito. Olhe as flores do campo nos chamados “pecadores”. Todos nós somos frutos e criação do Grande Geômetra do Universo, definido como Amor, no Novo Testamento. Segundo o Mestre Jesus, o Reino de Deus está dentro de nós e somos realmente deuses. Fomos criados para a felicidade, que já existe em potencial dentro de nós, desde o momento de nossa fecundação cósmica.
Meu querido leitor, olhe, agora, olhe, sempre, os lírios do campo…
AMÉRICO DOMINGOS NUNES FILHO

PAZ DE DEUS

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