volta de jesus

A VOLTA DE JESUS NA VISÃO ESPÍRITA

A VOLTA DE JESUS NA VISÃO ESPÍRITA

Muitas pessoas querem a volta de Jesus. Mas, para que? Para que ele venha e resolva todos os problemas do mundo? Isto não vai acontecer. Jesus veio e não resolveu.
Por que? Porque Ele apenas deixou a fórmula que deveríamos seguir para que alcançássemos a paz, a harmonia, o respeito mútuo. Mas, nós queremos tudo pronto.
Não queremos ter trabalho de lapidar nossos sentimentos como: perdoar, relevar uma agressão, não revidar uma ofensa, não nos vingarmos, ter honestidade, respeito, enfim, de fazermos aos outros o que queremos que eles nos façam.
Mas, na verdade Ele nunca foi embora. Ele continua conosco, nós é que nos distanciamos dele quando não fazemos o que ele pede. A volta dele, para nós espírita, se dará quando nossas atitudes lembrarem Ele. A sua nova manjedoura será nosso coração.
PENSEMOS JUNTOS: Se Jesus voltasse e arrumasse toda esta bagunça do mundo, o que aconteceria? Nós bagunçaríamos tudo de novo. Por que? Porque enquanto não arrumarmos o mundo que existe dentro de nós, o mundo em torno de nós não mudará.
Quando uma mãe arruma a bagunça do quarto de seu filho e não o ensina a preservar, o filho irá bagunçar novamente, não é? Assim acontece com o mundo em que vivemos.
Se não seguirmos os ensinamentos do Cristo, o mundo será um retrato dos sentimentos que levamos dentro de nós.

Assim seja!

ORAÇÃO DA PAZ

Senhor,

Fazei de mim um instrumento de vossa Paz.
Onde houver Ódio, que eu leve o Amor,
Onde houver Ofensa, que eu leve o Perdão.
Onde houver Discórdia, que eu leve a União.
Onde houver Dúvida, que eu leve a Fé.
Onde houver Erro, que eu leve a Verdade.
Onde houver Desespero, que eu leve a Esperança.
Onde houver Tristeza, que eu leve a Alegria.
Onde houver Trevas, que eu leve a Luz!
Ó Mestre,
fazei que eu procure mais:
consolar, que ser consolado;
compreender, que ser compreendido;
amar, que ser amado.
Pois é dando, que se recebe.
Perdoando, que se é perdoado e
é morrendo, que se vive para a vida eterna!

Que Assim Seja.

Abre a Porta

“E havendo dito isto, assoprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o Espírito Santo.” – (JOÃO, 20:22.)
Profundamente expressivas as palavras de Jesus aos discípulos, nas primeiras manifestações depois do Calvário.
Comparecendo à reunião dos companheiros, espalha sobre eles o seu espírito de amor e vida, exclamando: “Recebei o Espírito Santo.”
Por que não se ligaram as bênçãos do Senhor, automaticamente, aos aprendizes? por que não transmitiu Jesus, pura e simplesmente, o seu poder divino aos sucessores? Ele, que distribuíra dádivas de saúde, bênçãos de paz, recomendava aos discípulos recebessem os divinos dons espirituais. Por que não impor semelhante obrigação?
É que o Mestre não violentaria o santuário de cada filho de Deus, nem mesmo por amor.
Cada espírito guarda seu próprio tesouro e abrirá suas portas sagradas à comunhão com o Eterno Pai.
O Criador oferece à semente o sol e a chuva, o clima e o campo, a defesa e o adubo, o cuidado dos lavradores e a bênção das estações, mas a semente terá que germinar por si mesma, elevando-se para a luz solar.
O homem recebe, igualmente, o Sol da Providência e a chuva de dádivas, as facilidades da cooperação e o campo da oportunidade, a defesa do amor e o adubo do sofrimento, o carinho dos mensageiros de Jesus e a bênção das experiências diversas; todavia, somos constrangidos a romper por nós mesmos os envoltórios inferiores, elevando-nos para a Luz Divina.
As inspirações e os desígnios do Mestre permanecem a volta de nossa alma, sugerindo modificações úteis, induzindo-nos à legítima compreensão da vida, iluminando- nos através da consciência superior, entretanto, está em nós abrir-lhes ou não a porta interna.
Cessemos, pois, a guerra de nossas criações inferiores do passado e entreguemo-nos, cada dia, às realizações novas de Deus, instituídas a nosso favor, perseverando em receber, no caminho, os dons da renovação constante, em Cristo, para a vida eterna.
XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 11.

Jesus vai voltar? – uma visão espírita

– Jesus vai voltar?
Grande parte dos cristãos acredita na segunda vinda de Jesus. Até alguns espíritas, ainda sob a influência da sua religião de origem, acham que Jesus vai voltar de alguma forma.
Os primeiros cristãos, contemporâneos de Jesus, acreditavam que Jesus iria voltar em breve. Paulo acreditava que Jesus voltaria ainda durante a sua existência – isso fica claro na sua carta aos tessalonicenses. Os cristãos de Tessalônica temiam por aqueles que já tinham morrido. Será que aqueles que estavam mortos veriam Jesus? Será que seriam salvos por Jesus?
Paulo responde a eles na sua carta:
“Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes com respeito aos que dormem, para não vos entristecerdes como os demais, que não têm esperança.
Pois, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também Deus, mediante Jesus, trará, em sua companhia, os que dormem.
Ora, ainda vos declaramos, por palavra do Senhor, isto: nós, os vivos, os que ficarmos até à vinda do Senhor, de modo algum precederemos os que dormem.
Porquanto o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo, e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro; depois, nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares, e, assim, estaremos para sempre com o Senhor.” 1 Tessalonicenses 4:13-17
É possível que Paulo tivesse um entendimento espiritual mais profundo. Se nós refletirmos acerca de 1 Coríntios 15, poderemos notar um entendimento mais elevado. Mas esse não é o foco deste trabalho. O fato é que a ideia que Paulo passa aos tessalonicenses é uma ideia primária, de que Jesus voltaria ainda no seu tempo.
Há várias passagens que demonstram que os primeiros cristãos acreditavam que já estavam vivendo o fim dos tempos (ou pelo menos o fim de uma era).
Em Hebreus 9:26, o autor de Hebreus, referindo-se a Jesus, diz:
“(…) agora, porém, ao se cumprirem os tempos (…)”
Ainda em Hebreus, 10:24-25:
“Consideremo-nos também uns aos outros, para nos estimularmos ao amor e às boas obras. Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns; antes, façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o Dia se aproxima.”
Atos 2 menciona os fenômenos mediúnicos que aconteceram no dia de Pentecostes. Algumas pessoas, vendo aquelas manifestações mediúnicas, achavam que eles estavam bêbados. Pedro esclarece:
“Estes homens não estão embriagados, como vindes pensando, sendo esta a terceira hora do dia.
Mas o que ocorre é o que foi dito por intermédio do profeta Joel:
E acontecerá nos últimos dias, diz o Senhor, que derramarei do meu Espírito sobre toda a carne; vossos filhos e vossas filhas profetizarão, vossos jovens terão visões, e sonharão vossos velhos; até sobre os meus servos e sobre as minhas servas derramarei do meu Espírito naqueles dias, e profetizarão.” Atos 2:15-18
Essas coisas deveriam acontecer nos últimos dias, e estavam acontecendo naqueles dias. Pedro acreditava, então, que eles já estavam vivendo os últimos dias.
Isso certamente gerou muita expectativa entre os primeiros cristãos. Se os apóstolos de Jesus diziam que era chegado o fim dos tempos e que Jesus iria voltar em breve, eles acreditavam. A crença de muitos deles se baseava apenas nisso: o mundo estava acabando e era preciso aderir a Jesus para ser salvo.
Mas… o tempo foi passando, o mundo não acabava, e nada de Jesus voltar. Os líderes cristãos da época tentaram contornar -exatamente como fazem ainda hoje.
Há uma carta atribuída ao apóstolo Pedro, 2 Pedro. Os especialistas são unânimes em afirmar que essa carta não foi escrita por Pedro. Foi produzida por alguém que tinha interesse em se passar pelo apóstolo Pedro em meados do século II. Nessa carta nós vemos que muitas pessoas já não acreditavam na segunda vinda de Jesus e escarneciam (debochavam) daqueles que ainda esperavam por Jesus, mesmo tendo passado já tantas décadas, talvez mais de um século:
“(…) nos últimos dias, virão escarnecedores com os seus escárnios, andando segundo as próprias paixões e dizendo: Onde está a promessa da sua vinda? Porque, desde que os pais dormiram, todas as coisas permanecem como desde o princípio da criação.” 2 Pedro 3:3-4
– Onde está a promessa da sua vinda?
Tudo continuava igual, nada tinha mudado no mundo, e nada de Jesus aparecer.
– Como é que Pedro tenta resolver a questão?
“(…) para o Senhor, um dia é como mil anos, e mil anos, como um dia.” 2 Pedro 3
No Evangelho de João nós também encontramos uma explicação (forjada) para a demora na volta de Jesus. O capítulo 21 do Evangelho de João foi escrito mais tarde, não foi escrito junto com o restante do Evangelho, e o seu autor não é o mesmo autor do restante do Evangelho. Podemos notar que o Evangelho de João de dois finais. Você pode ver isso com detalhes no meu estudo sobre o Evangelho de João.
Ali conta que Jesus apareceu aos seus discípulos e Pedro aproveita para perguntar a Jesus a respeito de João (ou do autor do Evangelho de João, que na verdade não sabemos quem é):
“E quanto a este?
Respondeu-lhe Jesus: Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa? Quanto a ti, segue-me.
Então, se tornou corrente entre os irmãos o dito de que aquele discípulo não morreria. Ora, Jesus não dissera que tal discípulo não morreria, mas: Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa?” João 21:21-23
Havia a crença de que João não morreria. Como João morreu e Jesus não tinha voltado ainda, alguém fez esse remendo no Evangelho para tentar contornar a situação.
– Será que o próprio Jesus disse que voltaria?
Em Mateus 24:3 os discípulos perguntam diretamente a Jesus sobre a sua vinda. Jesus faz uma série de previsões apocalípticas – que, se nós analisarmos friamente, são coisas que aconteceram em todos os tempos, são eventos naturais do mundo em que vivemos e fatos inerentes ao nosso estágio evolutivo – e Jesus fala então da vinda do filho do homem.
Aí, evidentemente, entra uma questão de interpretação. Aqueles que se acostumaram a acreditar cegamente no que a teologia diz, aqueles que acreditam que Jesus é Deus, o próprio Deus criador do Universo, eles não conseguem perceber o sentido simbólico do ensino de Jesus.
Eu chamo a atenção várias vezes, principalmente no meu estudo sobre o Evangelho de Lucas, a respeito da expressão “filho do homem”. “Filho de” é uma expressão semítica, uma expressão muito utilizada pelo povo israelita que designa a qualidade da palavra que lhe segue. Por exemplo: filho do orgulho quer dizer orgulhoso; filho do mundo é o mundano; filho da luz é o iluminado; filho da câmara nupcial é o amigo do noivo – uma espécie de padrinho de casamento. Se eu dissesse, naquele tempo e naquele lugar, que eu sou natural de Porto Alegre, eu diria que sou filho de Porto Alegre.
O filho do homem, então, é o fruto do homem, o resultado do homem, o homem que há de vir, ou seja, o homem em seu próximo estágio evolutivo. É a isso que Jesus está se referindo. Isso que é interpretado até hoje como a segunda vinda de Jesus, na verdade é a nossa ascensão a um estágio evolutivo mais elevado.
O que nós podemos concluir com o que nós vimos até aqui?
Os primeiros cristãos acreditavam que Jesus ia voltar. Como Jesus não voltava, começaram as interpretações das escrituras a esse respeito. Ninguém, naquele tempo, seria capaz de imaginar que até hoje, passados quase dois mil anos, milhões de pessoas continuam acreditando que Jesus vai voltar.
No último versículo do Evangelho de Mateus Jesus diz assim:
“E eis que estou convosco todos os dias até à consumação do século.” Mateus 28:20
Jesus não vai voltar. Jesus não precisa voltar. Jesus está conosco quando nós seguimos os seus ensinamentos. Esse é o sentido profundo e a verdadeira razão de ser do Evangelho de Jesus. Jesus vive em nós.
***
Todos nós somos parte de Deus. Deus está em tudo e em todos. Você é uma das percepções possíveis de Deus. A fagulha divina em nós é o que o evangelista João chama de logos, mas que também podemos chamar de Deus imanente ou Cristo interno. Jesus é o espírito que desenvolveu plenamente o seu Cristo, a fagulha de Deus em nós.
– Os apóstolos de Jesus entendiam isso?
Provavelmente não. No Evangelho de Marcos, principalmente, fica claro que eles não entendiam quase nada do que Jesus dizia.
Muito provavelmente os primeiros cristãos só adotaram o Cristianismo como religião porque acreditaram que Jesus tinha ressuscitado dos mortos e que ele iria voltar em breve. Achavam que o mundo ia acabar e que precisavam aderir a Jesus para serem salvos.
É evidente que algumas pessoas praticavam os seus ensinamentos. Desde o século I havia discussões sobre a maneira mais correta de seguir o ensino de Jesus. Mas essas questões, como ocorre até hoje, ficavam restritas a uma elite intelectual. A grande massa se converteu porque encontrou no Cristianismo popular um meio de salvação deste mundo de dificuldades.
Eu selecionei mais algumas passagens que atestam que eles achavam que Jesus voltaria em breve. Comecemos por João:
“Filhinhos, já é a última hora; e, como ouvistes que vem o anticristo, também, agora, muitos anticristos têm surgido; pelo que conhecemos que é a última hora.” 1 João 2:18
Paulo chega a sugerir aos cristãos que não se ocupem de suas vidas cotidianas:
“Isto, porém, vos digo, irmãos: o tempo se abrevia; o que resta é que não só os casados sejam como se o não fossem; mas também os que choram, como se não chorassem; e os que se alegram, como se não se alegrassem; e os que compram, como se nada possuíssem; e os que se utilizam do mundo, como se dele não usassem; porque a aparência deste mundo passa.” 1 Coríntios 7:29-31
Pedro, como já vimos nos Atos dos Apóstolos, também achava que o fim estava chegando:
“Ora, o fim de todas as coisas está próximo; sede, portanto, criteriosos e sóbrios a bem das vossas orações.” 1 Pedro 4:7
Tiago, chamado irmão de Jesus, pensava do mesmo modo:
“Sede, pois, irmãos, pacientes, até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas. Sede vós também pacientes e fortalecei o vosso coração, pois a vinda do Senhor está próxima.” Tiago 5:7-8
Nenhum livro que compõe o Novo Testamento fala tanto na volta de Jesus quanto o Apocalipse. O Apocalipse prega que o fim está próximo e que Jesus breve irá voltar. A referência, sem dúvida alguma, era para aquele tempo:
“Revelação de Jesus Cristo, que Deus lhe deu para mostrar aos seus servos as coisas que em breve devem acontecer e que ele, enviando por intermédio do seu anjo, notificou ao seu servo João.” Apocalipse 1:1
“Bem-aventurados aqueles que lêem e aqueles que ouvem as palavras da profecia e guardam as coisas nela escritas, pois o tempo está próximo.” Apocalipse 1:3
“Eis que vem com as nuvens, e todo olho o verá, até quantos o traspassaram. E todas as tribos da terra se lamentarão sobre ele. Certamente. Amém!” Apocalipse 1:7
“Venho sem demora (…)” Apocalipse 3:11
“E eis que venho sem demora (…)” Apocalipse 22:12
“(…) Certamente, venho sem demora (…)” Apocalipse 22:20
Tudo isso, na verdade, é má interpretação do ensino de Jesus. Sob o ponto de vista estritamente material, todas as previsões falharam. Só conseguimos compreender plenamente o ensino de Jesus se considerarmos que somos seres multimilenares, que experimentamos inúmeras existências materiais, desenvolvendo nossas potencialidades pouco a pouco.
O Evangelho oferece o seu verdadeiro valor no seu sentido simbólico. A passagem a seguir poderia dar a impressão de que Jesus também se enganou – e, mais do que isso, que tenha sido ele mesmo a levar seus seguidores ao engano de esperá-lo inutilmente:
“Porque o Filho do Homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e, então, retribuirá a cada um conforme as suas obras. Em verdade vos digo que alguns há, dos que aqui se encontram, que de maneira nenhuma passarão pela morte até que vejam vir o Filho do Homem no seu reino.” Mateus 16:27-28
O filho do homem, como já vimos, é o nosso próximo estágio evolutivo. Quando alcançarmos esse estágio, estaremos colhendo (como colhemos sempre) o fruto da nossa própria semeadura. Todo o nosso esforço evolutivo irá se manifestar numa vida mais espiritual e menos material.
Jesus chama a atenção para o fato de que alguns espíritos que estavam encarnados próximo a ele, “não passariam pela morte”. Sabemos que somos seres imortais. Mas a maior parte dos espíritos da Terra perde-se em seus próprios erros quando desencarna – experimentando aquilo que chamamos de umbral ou, pior ainda, trevas. Espíritos mais adiantados, quando desencarnam, libertando-se do peso da matéria, conseguem perceber vislumbres da sua verdadeira natureza, compreendendo perfeitamente o que vem a ser o estágio evolutivo que nos aguarda a todos.
Jesus disse, no Evangelho de Lucas, que o reino de Deus está dentro de nós. Está tudo em nós. Todas as informações possíveis e necessárias para a nossa experiência terrena estão dentro de nós.
Outra passagem poderia dar a impressão de engano por parte de Jesus:
“Em verdade vos digo que não passará esta geração sem que tudo isto aconteça.” Mateus 24:34
Jesus, aqui, está se referindo àquela geração de espíritos, ou seja, dos espíritos vinculados à Terra. Nós inclusive.
– Por que as pessoas entenderam e ainda entendem que Jesus deve voltar?
Por que essas pessoas não acreditam que nós possamos nos salvar por nós mesmos. Acham que nós somos pecadores e que não há o que nós possamos fazer que nos livre da condição de pecadores.
Se nós não considerarmos a reencarnação, esse ponto de vista poderia estar certo. Uma existência de algumas décadas não é suficiente para que nós desenvolvamos todas as nossas potencialidades e nos tornemos seres efetivamente melhores do que nós somos.
Mas a vida é eterna, e nós reencarnamos muitas vezes na Terra. A cada existência nós aprendemos um pouco, e esse aprendizado vai se somando, vai se agregando ao nosso ser.
Jesus, mais do que um homem, ou um espírito iluminado, é uma ideia. Jesus representa uma ideia. Jesus é a síntese das melhores possibilidades humanas. Essa ideia está bem viva dentro de nós. Temos que acessá-la constantemente, e procurar desenvolvê-la.
Morel Felipe Wilkon
• Deus, por favor, dê forças àqueles que mais precisam.

Assim seja!

Cristo já voltou

Depois de Chico Xavier, o senhor é considerado o grande expoente do Espiritismo no Brasil e do mundo. Como o senhor vê essa referência?
Divaldo Franco: Em realidade todos somos apenas trabalhadores da última hora. Chico Xavier exerceu um ministério muito grande e eu costumo dizer que ele é hors-concours. Os outros são trabalhadores normais, cuja dedicação e oportunidade de serviço com Jesus podem nos oferecer maiores ou menores possibilidades de realização edificante. Como eu já sou uma pessoa idosa, tenho 81 anos, com 62 anos de vida pública, é claro que tenho mais experiência. Talvez seja um pouco mais conhecido, mas há um número muito grande de expoentes de grande quilate trabalhando pela causa em todo o mundo. Assim, não me considero líder do Movimento Espírita, nem no Brasil, ou mesmo no mundo…
O senhor pode citar alguns nomes?
Divaldo Franco: José Raul Teixeira, dr. Alberto Almeida, Suely Schubert, somente para citar alguns numa lista imensa. Eu normalmente evito citar nomes para não cometer injustiça de esquecer-me de alguns.
O que as pessoas buscam no Espiritismo?
Divaldo Franco: O Espiritismo, através das suas lições profundas e consoladoras, consegue diminuir o sofrimento no ser humano. Dá diretrizes de harmonia e de segurança, mesmo na grande problemática que é a dor. Não é uma doutrina masoquista, que nos faz transferir responsabilidade. Uma vez alguém me disse que, com a tese da reencarnação nós deixávamos os deveres para serem cumpridos depois. Não é verdade. Porque acreditamos na reencarnação é que vivemos ativamente e procuramos fazer o máximo agora. A reencarnação funciona como uma metodologia evolutiva. Então, o Espiritismo é psicoterapêutico porque mostra a chaga do sofrimento, sua causa e a terapia libertadora. Todas as pessoas têm perguntas e o Espiritismo possui as respostas iluminativas.
O Espiritismo diz que o Brasil seria um dos principais países dos novos tempos com grandes responsabilidades espirituais. Como seria isso?
Divaldo Franco: A tese é de Humberto de Campos, post-mortem, através do médium Francisco Cândido Xavier, no livro Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho. Trata-se de uma destinação histórica para o povo brasileiro. Não se assemelha a uma nova Israel, ou a um novo povo escolhido, mas a uma civilização futura, rica de esperanças e de paz. Isto, porque o Brasil é um país que não tem karmas coletivos. Nossos dois grandes karmas são a escravidão negra e a Guerra do Paraguai. A escravidão negra foi condenada pela Princesa Isabel e era uma herança portuguesa. A Guerra do Paraguai foi uma reação à intolerância do governante paraguaio quando mandou aprisionar um navio brasileiro. Mas o nosso país resgatou essa dívida moral com o Paraguai através da Usina de Itaipu, que abriu grandes possibilidades para a pátria irmã. Então, o Brasil é um país que se destina, pelo fato de não ter grandes karmas, a ser doador de diretrizes e exemplos de dignificação humana. A nossa miscigenação produziu um povo afável, generoso, que não guarda ressentimentos, e como não temos guerras históricas, não temos ódios históricos.
Como começou sua descoberta no Espiritismo?
Divaldo Franco: Eu comecei a sentir os primeiros fenômenos mediúnicos quando estava com quatro anos e meio de idade. A partir daí os fenômenos se tornaram muito mais objetivos e mais tarde, quando completei dezessete anos, desencarnou um irmão meu e eu fui vítima de uma paralisia bem demorada, com características obsessivas. Graças a essa paralisia uma senhora espírita foi à minha casa e aplicou-me passe. Ao fazê-lo, explicou-me que eu era médium e que necessitava participar de experiências espíritas. Levantei-me na mesma hora, recuperado… Na noite imediata fui levado do Centro Espírita pela primeira vez no ano de 1944. A partir daí, comecei a estudar o Espiritismo, havendo pronunciado a minha primeira palestra em 27 de março de 1947, enquanto os fenômenos se apresentavam naturalmente, e começando a psicografar em fevereiro de 1949.
Desde o início do Espiritismo houve uma mudança na doutrina? Antes se dava mais ênfase ao karma e hoje esse ponto já não é mais tão central?
Divaldo Franco: Não houve qualquer mudança nos conteúdos da doutrina espírita, mas uma melhor interpretação dos seus fundamentos. Somos herdeiros religiosos do temor a Deus e toda essa cultura é baseada no faça ao bem que Deus o recompensará, pois que, se fizer o mal Deus o castigará. Herdamos, ao mesmo tempo, da cultura indiana a palavra karma, que não existe no Espiritismo. Usamos a palavra indevidamente, porque o karma impõe a necessidade do indivíduo reabilitar-se, sofrendo o que fez sofrer, portanto, pagando o mal que haja feito, e isso seria uma forma de vingança divina. Para nós, os espíritas, o correto é a lei de causa e efeito. Todo efeito provém de uma causa, todo efeito inteligente provém de uma causa inteligente. Quando praticamos o mal, que o indiano diria haver gerado um karma que precisa ser resgatado, o Espiritismo elucida que podemos eliminar esse mal praticado através do bem que possamos fazer, assim como através do exercício do amor, da solidariedade, do reto cumprimento dos nossos deveres. Não se trata de um karma, porém dos efeitos de uma lei que lhe preserva a causa do delito.
Como está o Espiritismo no Brasil? Durante muito tempo houve resistência. Isso mudou?
Divaldo Franco: Toda ideia nova, seja ela de que natureza for, sofre lutas e revezes. Quando a vacina, por exemplo, veio para o Brasil, no Rio de Janeiro houve quase uma revolução. Por causa da ignorância, ninguém queria deixar-se vacinar. Achava-se que se ia contaminar com a doença. Toda ideia nova, desse modo, produz um impacto muito grande, e é natural que uma filosofia como o Espiritismo encontrasse resistências científicas, religiosas e comportamentais. Dizia-se que o Espiritismo levava à loucura. É uma calúnia estúpida, porque a loucura é de todas as épocas, e o Espiritismo apareceu somente em abril de 1857. No entanto, a loucura é milenarmente ancestral. Os fatos espíritas provaram exatamente o contrário, por ser o Espiritismo uma doutrina científica, filosófica e ético-moral profundamente psicoterapêutica. Depois informaram que o Espiritismo levava as almas ao Inferno. Ora, a base moral do Espiritismo é a lei de amor ensinada e vivida por Jesus, ratificada na ação da caridade, que é a nossa bandeira. Então é ilógico porque o bem não pode fazer mal. Mas o Espiritismo firmou-se, especialmente no Brasil, e hoje são mais de doze milhões de adeptos e quarenta milhões de simpatizantes somente em nosso país, segundo estatísticas. Equivale agora considerar se existem outras reações. Os evangélicos, que estão criando doutrinas muito especiais, e colocam-se como nossos adversários doutrinários. É compreensível sua conduta de oposição, porque os espíritas não vivem da exploração das massas e aqueles que vivem assim nos consideram inimigos. Vivemos totalmente para a prática da caridade. Então, é natural que haja reações, mas do ponto de vista técnico não existe nenhuma objeção formal, como anteriormente. Primeiro, porque a mídia desmistificou, através de novelas, rádio, televisão, Internet, cinema, tudo aquilo que era tido como sobrenatural, fantasioso. O fenômeno mediúnico tornou-se natural, embora sendo paranormal. Então, não existem mais aqueles combates desnecessários de brigas fomentadas pelos religiosos. Lamentavelmente, o maior número de guerras no mundo teve causa nas religiões. É o que estamos vendo no Oriente Médio, que, no fundo, é uma guerra de etnias com caráter religioso.
Um dos argumentos dos evangélicos é que na Bíblia estaria escrito que não se deve conversar com os mortos. Como o senhor refuta esse argumento?
Divaldo Franco: O argumento é falso. Na Bíblia diz o seguinte: não se deve evocar os mortos. Moisés, diante do abuso que o povo hebreu praticava no deserto, sugeriu que não se evocassem os mortos, proibindo essa prática nefasta. Isso porque os chamados mortos nem sempre podem atender aos caprichos das criaturas humanas. No entanto, o Evangelho narra que, na transfiguração de Jesus, Moisés, que já era morto há mais de mil anos e Elias, que era morto há seiscentos anos, mais ou menos, apareceram materializados e conversaram com o Mestre. Nesse fato, constatamos que Moisés, ele próprio, veio revogar a proibição porque voltou morto que se encontrava para o memorável diálogo com o Mestre. E nós, os espíritas, não evocamos os Espíritos, eles vêm espontaneamente.

O Espiritismo seria a parte mística da religião Cristã, no caso do Catolicismo?
Divaldo Franco: Isso não tem absolutamente fundamento. Em uma análise superficial, constatamos que os paradigmas doutrinários do Espiritismo divergem frontalmente dos dogmas católicos. O Espiritismo é uma revivescência do Cristianismo, da doutrina que Jesus pregou, conforme ele mesmo a viveu. A Igreja Católica possui uma doutrina que foi elaborada por teólogos, sendo, no entanto, cristã, porque se apoia no Cristo. Assim como o Protestantismo se deriva de Lutero e hoje existem mais de duas mil denominações evangélicas só nos EUA. O Espiritismo é uma doutrina que não tem nenhuma mística nem superstição, que não adora santos, não realiza cultos, não usa incenso ou outro qualquer ingrediente, não necessita de uniforme, é destituído de hierarquia, sendo a doutrina da consciência do indivíduo mantendo contato com a Divindade sem intermediários.
Para o Espiritismo, quem foi Cristo?
Divaldo Franco: Jesus Cristo é o ser mais sublime que Deus ofereceu à criatura humana para lhe servir de modelo e guia. Jesus é o ser humano, enquanto que o Cristo é o pensamento cósmico. Jesus é o ser incomparável que todos nós amamos, mas que não é Deus. Para nós, é filho de Deus, como todos o somos.
É verdade também que o Espiritismo entende que Jesus é o médium e Cristo seria o seu guia?
Divaldo Franco: Não. Jesus é o médium de Deus. O Cristo não é um ser, é um arquétipo transcendental, não é um indivíduo personificado. Quando o apóstolo Paulo diz: é Cristo que vive em mim, ele fala do psiquismo divino que nele se encontrava.
A Nova Era diz que Cristo já voltou. O Espiritismo entende desta forma?
Divaldo Franco: Nós acreditamos que a promessa do Consolador, que está em João 14:16 foi personificada pela volta dos Espíritos a partir dessa avalanche de mensagens que constituem hoje o Espiritismo. A volta do Cristo não é o retorno de Jesus corporificado. Trata-se do seu pensamento que volta mediante as lições do bem, da solidariedade, construindo um mundo melhor. Desse modo, acredito sim, que o Cristo já voltou.

Os espíritas afirmam que a Terra está deixando de ser um planeta de provas e expiações para tornar-se um planeta de regeneração. Já existem sinais que comprovam essa transição? Quais seriam?
Divaldo Franco: Os sinais básicos são de natureza geológica e sempre existiram: tsunamis, erupções vulcânicas, terremotos, maremotos…Também sociológicos, como as guerras, o terrorismo, a violência urbana, o despautério e o desrespeito de todo porte. Os éticos e morais são a desagregação do núcleo familiar, as drogas, o alcoolismo, o sexo desarvorado, como síndromes de uma era que termina, dando lugar a uma outra que se inicia. O indivíduo enfrentará a dor de tal maneira que ficará saturado de tanta aberração e voltará a ter saudade do que era uma vida perfeitamente moldada dentro dos princípios recomendados pelo Evangelho. Buscará, então, sem fechar-se num puritanismo exacerbado, construir uma nova sociedade na base do bem e a esperança tomar conta do mundo…
Como seria essa regeneração?
Divaldo Franco: Trata-se de um processo lento. Essa regeneração se cumprirá quando os rebeldes forem exilados para planetas inferiores, como é natural. Está na Bíblia, de uma forma mitológica, figurativa, esse evento. Recordamo-nos de Lúcifer que, ao rebelar-se contra Deus foi expulso para o Hades, para fora da dimensão em que estava. Nós consideramos Lúcifer, não como uma individualidade, mas como a personificação do mal. Tudo aquilo que seja perturbador e desgastante é o mal, é lucífero. Isso ocorrerá, a fim de que os bons não fiquem sempre sob a injunção dos maus. Acreditamos que eles irão exilados para um planeta inferior, onde realizarão seu progresso e voltarão mais tarde ao mundo que era o seu berço natal.
Chico Xavier teria falado que surgiria um planeta/cometa que levaria as almas despreparadas para a evolução. Como vai se dar isso?
Divaldo Franco: De verdade a tese não é do Chico. No ano de 1956 foi publicado um livro chamado A vida no planeta Marte, ditado pelo Espírito Ramatis através do médium Hercílio Maes. O médium, graças ao seu mentor, disse que um planeta inferior passaria próximo da Terra e arrastaria essas almas infelizes. Essa proposta ainda não pôde ser confirmada. Primeiro, porque isso seria totalmente inviável, senão impossível. E depois, porque é a opinião de um Espírito apenas. Para nós, os espíritas, somente tem valor uma informação doutrinária quando ela tem caráter universal. Quando vários médiuns que não se conhecem, que se encontram em lugares diferentes registram a mesma informação. Então, Chico Xavier, que é o continuador perfeito da obra de Allan Kardec, assevera, como todos nós, que seremos transferidos, isso sim, para um planeta inferior. Não será o planeta que virá até nós. Nós é que iremos a ele.
O senhor falou que existem sinais da degradação. Existem os outros sinais também?
Divaldo Franco: Sem dúvida. Os sinais da moralização também estão evidentes. Nunca houve tanto amor na Terra como hoje. Nunca tantas vidas foram dedicadas à prática do bem como na atualidade. O avanço da ciência, da tecnologia, as conquistas morais, a abnegação… Observamos a presença das enfermidades dilaceradoras e o esforço hercúleo dos notáveis pesquisadores. Quando analisamos a AIDS, que é uma pandemia que ameaça a população terrestre, porque existem quarenta e dois milhões de infectados, portanto, soropositivos pelo vírus do HIV, encontramos também milhares de infectologistas e outros cientistas que estão correndo risco de contaminação, trabalhando para produzir uma vacina e a terapêutica mais eficiente para salvar as vidas, com mais eficiência do que hoje ocorre com o coquetel.
Como será essa nova Terra?
Divaldo Franco: Será como hoje é a Terra, porém melhorada, apresentando condições sociais melhores onde a justiça será uma realidade; sem a miséria socioeconômica, sem a devastação produzida pelas enfermidades degenerativas, sem os ódios, terrorismos e guerras. Será um mundo de paz. Não é um mundo utópico de ociosidade, mas onde os sentimentos negativos não prevalecerão.
Como está o Espiritismo no mundo neste momento?
Divaldo Franco: Muito bem, principalmente nos países da Europa o Espiritismo vem encontrando uma ressonância muito grande, desde que foi fundado o CEI (Conselho Espírita Internacional) com adesão de mais de trinta países, tanto americanos, asiáticos, como da Oceania e principalmente da Europa. O movimento espírita na América do Sul vai muito bem. Na América do Norte deslanchando, mas na Europa o salto é expressivo.
Bezerra de Menezes está sendo o novo coordenador do Espiritismo no Brasil?
Divaldo Franco: Bezerra de Menezes é uma entidade veneranda, como outras milhares existentes. O que os católicos chamam de santos, denominamos como guias espirituais. O Dr. Bezerra, pela vida que teve de alta moralidade, tornou-se um Espírito venerando e respeitado, por quem temos um apreço e carinho elevados, mas que não é o guia do movimento espírita. O movimento é coordenador por Jesus.
Chico Xavier disse que voltaria a se comunicar e daria sinais desse retorno. Isso já aconteceu?
Divaldo Franco: Surgiu a notícia de que ele teria deixado um código para poder fazer-se constatação quando viesse dar alguma comunicação, mas a informação é falsa, porque ele nunca recebeu código de ninguém para poder provar que era médium. Quanto a ele ter dado comunicações, sim, acredito que algumas que chegaram ao meu conhecimento são autênticas, através de médiuns respeitáveis.
Ele tem deixado alguma mensagem?
Divaldo Franco: Muitas mensagens. Todas elas de caráter consolador dentro da pauta da doutrina espírita.

Paulo Dantas.

Fonte: Tribuna Espírita, maio/junho 2009.

Em 9.1.2012.

Em seu benefício

Não se agaste com o ignorante; certamente, não dispõe ele das oportunidades que iluminaram seu caminho.
Evite aborrecimentos com as pessoas
fanatizadas; permanecem no cárcere do
exclusivismo e merecem compaixão como qualquer prisioneiro.
Não se perturbe com o malcriado; O irmão intratável tem, na maioria das vezes, o fígado estragado e os nervos doentes.
Ampare o companheiro inseguro; talvez não possua o necessário, quando você detém excessos.
Não se zangue com o ingrato;
provavelmente, é desorientado ou inexperiente.
Ajude ao que erra; seus pés pisam o mesmo chão, e, se você tem possibilidades de corrigir, não tem o direito de censurar.
Desculpe o desertor; ele é fraco e mais tarde voltará à lição.
Auxilie o doente; agradeça ao Divino Poder o equilíbrio que você está conservando.
Esqueça o acusador; ele não conhece o seu caso desde o princípio.
Perdoe ao mau; a vida se encarregará dele.
Autor: André Luiz
Psicografia de Chico Xavier. Livro: Agenda Cristã

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