Nossos Pensamentos
Tudo na vida gira em torno dos pensamentos que emitimos.
Se temos bons pensamentos a nossa vida será boa,
caso contrário, ela não será…
Então, nossa saúde física, espiritual e emocional
depende das energias que direcionamos.
Assim como: O bom humor
ou o mau humor é contagiante.
Vera Jacubowski
O PENSAMENTO
“Espíritas, amai-vos! Este o primeiro ensino!
Instruí-vos, este o segundo!”
(O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO, Allan Kardec – cap. VI item 5)
4 – Rodrigo Félix da Cruz
Agradecimentos:
A Deus, a Espiritualidade e ao meu Mentor espiritual.
1. INTRODUÇÃO
Emmanuel, no prefácio do livro SINAL VERDE de André Luiz, pela psicografia de Francisco Cândido Xavier, nós dá uma brilhante explicação sobre o pensamento e suas relações: “Não desconhecemos que todos respiramos num oceano de ondas mentais, com o impositivo de ajustá-las em benefício próprio. Vasto mar de vibrações permutadas. Emitimos forças e recebe molas, o pensamento vige na base desse inevitável sistema de trocas” Mercado é definido como sistema de circulação de bens e capital dentro de uma sociedade, ou seja, trata‐se de um sistema de trocas. Emmanuel explica que nós vivemos num intercâmbio de pensamentos entre todos os seres humanos encarnados e desencarnados, cujo funcionamento é semelhante ao Mercado, no sentido de também ser um sistema de trocas. O objetivo deste estudo é compreender, sob a ótica espírita, o pensamento e suas consequências e como funciona seu intercâmbio entre as pessoas.
2. CONCEITO
Etimologicamente falando, a palavra Pensamento vem do latim pensare e significa pesar, isto é, medir, avaliar e comparar. No sentido mais lato, pensamento é toda atividade psíquica.
Numa acepção mais estreita, é só o conjunto de todos os fenômenos cognitivos, e excluindo, portanto, os sentimentos e as volições. Em estrito senso, pensamento é sinônimo de intelecto, enquanto permite compreender — ou inteligir — a matéria do conhecimento e, na medida em que realiza um grau de síntese mais elevado que a percepção, a memória e a imaginação.
O pensamento, neste sentido mais estrito, toma três formas: concepção, juízo e raciocínio, os quais são objeto de estudo, já da Lógica, que considera a sua validez em relação ao objeto pensado, já da Psicologia, que, rescindindo do valor crítico, investiga a sua natureza e leis de aparecimento (Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira). Podemos dizer, também, que o pensamento é a sequência de representações e conceitos. Não pertence ao tempo nem ao espaço. São generalizações que permanecem virtualizadas em nossa mente. O ato de pensar, como ato, é sempre novo, ou seja, é a atualização temporal e espacial do conceito. Exemplo: o círculo, como conceito, é sempre o mesmo. Ao pensarmos uma, duas, três, ene vezes sobre essa figura, cada uma delas será, para nós, sempre nova. Este é o sentido da evolução criadora de Bergson.
Para ele, todo o momento é criativo, porque nunca o vivenciamos anteriormente. Para o Espiritismo, é o elemento nobre, modelador das ações dos Espíritos, através de fluídos etéreos. Allan Kardec, em A GÊNESE, diz que o pensamento “é a grande oficina ou o laboratório da vida espiritual. O pensamento e a vontade são para os Espíritos aquilo que a mão é para o homem”. (1977, cap. 14, it.14, p.282)
Para expandir o entendimento de forma dialética apresento três questões básicas para o entendimento do tema:
a) Pensamento – O que é?
– Tem ele força? – Qual?
O pensamento é uma manifestação do espírito, que, para tanto, utiliza‐se de seu livre‐arbítrio. Quando o emitimos, ele se materializa e ganha o espaço, por intermédio do fluido cósmico em que estamos mergulhados. Uma vez exteriorizado por esse fluido, pode ser recepcionado por outro Espírito, encarnado ou desencarnado. Porém, os desencarnados têm maior facilidade de captá‐lo, devido ao fato de sua capacidade perceptiva não se encontrar embaraçada pela matéria densa. Alguns, contudo, têm essa faculdade desenvolvida o bastante para lhes permitir que, embora encarnados, tenham a percepção do pensamento de outrem.
b) Campo mental é o mesmo que pensamento?
O campo mental ou corpo mental, como preferem alguns autores, tem a sua sede no espírito. Segundo André Luiz, em outra de suas obras, o livro EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS, é “o envoltório sutil da mente”, ainda não suscetível de ser definido. Por ora, limitando‐nos ao quanto nosso estágio evolutivo permite depreender, podemos dizer que é a parte do espírito que envolve a mente, mais sutil ainda do que o perispírito. Segundo alguns autores, seria um quarto elemento de que se compõe o homem, ao lado dos três outros que os espíritos informaram a Allan Kardec (espírito, perispírito e corpo físico).
3.‐ Mente – O que é? –
Qual sua importância? – Por quê?
Em poucas palavras, podemos definir a mente como sendo a parte do Espírito que o dirige. É o elemento de maior importância para ele, chegando, mesmo, alguns, a confundi‐la com o próprio Espírito. É a responsável pela produção do pensamento e pela formação do corpo espiritual (perispírito), que a espelha e que, por sua vez, vai servir de molde à formação do corpo físico. Por tudo isso, podemos dizer que somos o resultado da nossa mente ou, até, que somos a mente. A resposta dessas questões foi fruto da leitura dos ensinamentos de André Luiz nos livros ENTRE O CÉU E A TERRA e EVOLUÇÃO EM DOIS MUNDOS.
O próximo passo é entender passo a passo o teor do que até aqui foi
exposto.
3 GÊNESE DO PENSAMENTO
Quanto às etapas na gênese do pensamento, há quem distinga cinco, a saber:
1ª) Estímulo — um problema que o desperta, podendo ser uma dúvida, incerteza, inquietação ou qualquer outra coisa;
2ª) Pesquisa — procura de documentação capaz de esclarecer o problema, através de uma atividade nervosa e psíquica que se desencadeia;
3ª) Hipótese — fase crucial e a mais importante do processo do pensamento, em que os dados obtidos são elaborados;
4ª) Solução — abandono da dúvida em vista da força dos elementos colhidos;
5ª) Crítica — fase final de análise do caminho seguido.
Outros autores contentam‐se em mencionar três momentos no processo do pensamento: este começa por uma intuição empírica, sensorial e psicológica (introspecção), que faz conhecer imediatamente um fato não compreendido e levanta problemas. Depois seguem‐se as operações pelas quais se procura resolver esses problemas, e que constituem o pensamento discursivo. Por fim aparece a intuição racional, onde desemboca o trabalho do pensamento. (Enciclopédia Luso‐Brasileira de Cultura).
4. PENSAMENTO E MATÉRIA MENTAL
Os Espíritos da equipe codificadora afirmam que uma das modificações mais importantes do fluido universal é o fluido vital. Ele é o responsável pela força motriz que movimenta os corpos vivos. Sem ele, a matéria é inerte. Cada ser tem uma quantidade de fluido vital, de acordo com suas necessidades. As variações dependem de uma série de fatores. Allan Kardec nos instrui sobre o assunto em O LIVRO DOS ESPÍRITOS:
“A quantidade de fluido vital não é a mesma em todos os seres orgânicos: varia segundo as espécies e não é constante no mesmo indivíduo, nem nos vários indivíduos de uma mesma espécie. Há os que estão, por assim dizer, saturados de fluido vital, enquanto outros o possuem apenas em quantidade suficiente. É por isso que uns são mais ativos, mais enérgicos, e de certa maneira, de vida superabundante”.
“A quantidade de fluido vital se esgota. Pode tornar-se incapaz de entreter a vida, se não for renovada pela absorção e assimilação de substâncias que o contêm”.
“O fluido vital se transmite de um indivíduo a outro. Aquele que o tem em maior quantidade pode dá-lo ao que tem menos, e em certos casos fazer voltar uma vida prestes a extinguir-se”.
Pela mente os Espíritos absorvem o fluido cósmico, transmudando‐o em um sub‐produto, a matéria mental vibrátil, um fluido vivo e multiforme, estuante e inestancável, em processo vitalista semelhante à respiração, cujas vibrações são as impressas pela mente que a emitiu, cuja ação influencia, a partir de si mesma e sob a própria responsabilidade, a Criação. Esse subproduto é o fluído vital. A matéria mental tem natureza corpuscular, tômica e também resulta da associação de formas positivas e negativas. Utiliza‐se denominar tais princípios de “núcleos, prótons, nêutrons, posítrons, elétrons ou fótons mentais”, em vista da ausência de terminologia analógica para estruturação mais segura de nossos apontamentos. (Xavier, 1977, cap. 4).
5. ASSOCIAÇÃO DE IDEIAS
O Espírito André Luiz diz:
“Emitindo uma ideia, passamos a refletir as que se lhe assemelham, ideia essa que para logo se corporifica, com intensidade correspondente à nossa insistência em sustenta-la, mantendo-nos, assim, espontaneamente em comunicação com todos os que nos esposem o modo de sentir” (Xavier, 1977, p. 48).
Significa dizer: dado um estímulo, imediatamente colocamos o nosso pensamento em sintonia com o clima das respostas que o referido estímulo sugere.
Observe a leitura de um jornal: cada um de nós vai direto àquilo que mais lhe interessa. Se gostamos de futebol, abrimos as páginas esportivas; se nossa preferência é a saber sobre a vida pública de um país, consultamos as páginas de economia e política; se preferimos a arte, vasculhamos o caderno ilustrado. Desse modo, as “nossas companhias”, quer boas ou ruins, dependem essencialmente de nossa escolha. Diante disso o ditado popular “diga‐me com quem andas que eu te direi que és” pode ser adaptado para “diga‐me quem és que eu te direi com quem
andas” ou ainda “Diga‐me como pensas que eu te direi com quem andas”.
6. PENSAMENTO FORMA E FORMA PENSAMENTO
Com frequência, as transformações são o produto de um pensamento. diz Kardec:
“Basta ao Espírito pensar numa coisa para que tal coisa se produza”.
Desta forma, tomando conhecimento de tal verdade, devemos fazer bom uso dos nossos pensamentos, pois eles são movimentados por energias cósmicas, fluidos etéreos, que, embora invisíveis aos nossos olhos, estão presentes onde as nossas forças físicas jamais chegariam. Nosso pensamento é um raio que tanto pode conduzir luz edificante como energias deletérias ou destruidoras.
7. FOTOGRAFIA DO PENSAMENTO
Sendo o Pensamento o criador de imagens fluídicas, reflete‐se no Perispírito como num espelho, tomando corpo e, aí, fotografando‐se. Se um homem, por exemplo, tiver a ideia de matar alguém, embora seu corpo material se conserve impassível, seu corpo fluídico é acionado por essa ideia e a reproduz com todos os matizes. Ele executa fluidicamente o gesto, o ato que o indivíduo premeditou. Seu pensamento cria a imagem da vítima e a cena inteira se desenha, como num quadro, tal qual lhe está na mente. É assim que os mais secretos
movimentos da alma repercutem no invólucro fluídico. É assim que uma alma pode ler na outra alma como num livro e ver o que não é perceptível aos olhos corporais (Kardec, 1975, p. 115). No livro LIBERTAÇÃO, André Luiz narra que, em determinada região umbralina, as pessoas eram selecionadas e julgadas por trabalhadores que
utilizavam uma espécie de aparelho que captava as imagens fluídicas das pessoas de acordo com os delitos cometidos. No plano espiritual não há como criar máscaras ou esquivar‐se, somos reconhecidos pela nossa imagem fluídica irradiada pelo nosso perispírito. Tal imagem é decorrente de nossos atos e pensamentos durante a experiência corpórea.
8. PERTURBAÇÕES DO PENSAMENTO
Segundo a Psicologia, entende‐se como o conjunto de alterações mais ou menos profundas da estrutura diferenciada e intencional do ato psíquico. É assim possível descrever as anomalias da ideação (encadeamento das ideias), da atenção espontânea e voluntária, da eficiência intelectual etc. Numa outra perspectiva, descreve‐se, através das modalidades expressivas do discurso, uma aceleração aparente (fuga das ideias) ou um abrandamento (bradipsiquia) do pensamento, na mania e na melancolia. Na esquizofrenia, o pensamento perturbado no seu funcionamento, exprime‐se por meio de uma linguagem estranha, caótica, dissociada, por vezes interrompida (Thines, 1984).
No próximo tópico veremos as perturbações do pensamento segundo o
Espiritismo.
9. FIXAÇÃO MENTAL (MONOIDEÍSMO)
Monoideísmo é estado patológico caracterizado pela tendência de uma pessoa retornar sempre em seu pensamento em sua palavra a um só tema. É a ideia fixa, ou o estado de consciência mórbida, que se caracteriza pela persistência de uma ideia, que nem o curso normal das ideias, nem a vontade conseguem
dissipar. Vingança, desespero, paixões e desânimo são algumas das causas da fixação mental. Nosso cérebro funciona à semelhança de um dínamo. Dado o primeiro estímulo, interno ou externo, o que passa a contar é a manutenção de nosso pensamento num mesmo teor de ideia.
Quanto mais tempo permanecermos num assunto, mais as imagens do tema se cristalizarão em nosso halo mental. A fixação mental é uma questão de atitude assumida: melhorando o teor energético de nosso pensamento, ampliaremos o nosso campo mental para o bem e estaremos nos libertando dos pensamentos mal sãos.
Segue uma questão trazida ao lume por André Luiz:
O que é e qual a consequência da fixação mental?
Podemos entender como fixação mental o pensamento permanente do espírito em determinado sentido, no caso, um ato do passado. Em geral, ocorre quando o espírito se fixa num ato que praticou contrário às leis naturais e em detrimento de outrem. Quando o espírito se deixa levar por esse estado, abstrai‐se de tudo o mais que acontece em sua existência, mantendo seu psiquismo fixado unicamente em torno desse fato. É o resultado do julgamento realizado pelo verdadeiro e único juiz das nossas ações: a nossa consciência.
Quando se encontra nessa situação, a presença da vítima é constante no pensamento do Espírito, com o ato recriminado aparecendo com frequência em sua tela mental. É inevitável a visita da dor reparadora.
10. PENSAMENTO E VONTADE
O fenômeno da sugestão mental é oportuno. Emitindo uma ideia, passamos a refletir as que se lhe assemelham. Nesse sentido, somos herdeiros dos reflexos de nossas experiências anteriores, porém, com a capacidade de alterar‐lhe a direção. Acionando a alavanca da vontade, poderemos traçar novos rumos para a libertação de nosso espírito. A vontade é o elemento do livre‐arbítrio. Devemos ter comando sobre o pensamento, pois não falhamos só com palavras e atos. Pelo pensamento (sem barreira ou distância), o Espírito encarnado age sobre o semelhante, e o desencarnado, também, atua sobre nós, encarnados. Melhorando o pensamento, melhoramos a vida nos dois planos — físico e espiritual.

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