EPILEPSIA DISTÚRBIO NEUROLÓGICO OU ESPIRITUAL ?

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EPILEPSIA MEDICINA E ESPIRITUALIDADE

Epilepsia – Dr. Ricardo Di Bernardi

Perguntas feitas por pacientes :
1 ) Tenho 29 anos sempre levei uma vida normal, porem, hà 4 anos tenho tido crises convulsivas e a epilepsia não foi constatada em nenhum exame (eletroencefalogramas repetidos, mapeamentos cerebrais, tomografias, ressonâncias magnéticas, etc) Já tomei gardenal, trileptal, depakote e agora estou com topiramato 150 mg, as crises continuam acontecendo, não sei mais o que fazer. Pode-me ajudar ? O que fazer ?
2) Dr. Ricardo, quais as causas da epilepsia? Está a epilepsia intimamente ligada com a mediunidade? Diz-se popularmente que um epiléptico é um “grande médium” quase sempre psicofonico (dito popularmente de incorporação) e que necessita desenvolver a mediunidade para ficar melhor? Isto é verdade?
Resposta do Dr. Ricardo Di Bernardi
Em primeiro lugar, deve continuar tentando, com um bom neurologista, outras alternativas medicamentosas. Há, também, casos de convulsões epileptiformes que não são de origem exclusivamete neurológicas, isto é, são provocadas por outras disfunções orgânicas como metabólicas, hormonais, neoplásicas e outras, que podem ser a causa de convulsão do tipo epiléptico, mas sem ser a disritmia cerebral a causa primária. Um excelente clínico , especialista em Medicina Interna, ( não é o mesmo que Clínico Geral ), pode proceder esta investigação. A Epilepsia existe em diversos graus e diversos tipos. Há epilepsias bastante leves como lapsos de consciência denominados crises de “ausência” até as de convulsões violentas. A mais frequentemente comentada é a que se caracteriza por crises ou ataques nos quais há espasmos musculares de contração e de movimentos incontroláveis, com concomitante perda da consciência. Devido sua manifestação espetacular, externa, desde épocas remotas impressionava a todos, sendo atribuída a agentes demoníacos, misteriosos ou a influência lunar, daí a expressão lunáticos.
Um dos pais da medicina, Hipócrates lutou para desvincular a relação desta enfermidade com o “sagrado”. Até hoje ainda existe, em alguns locais esta tendência. Frequentemente a pessoa que está prestes a ter uma crise convulsiva epiléptica percebe a chegada da crise com os sintomas. Alguns sentem um calor leve e envolvente, ou uma sensação típica visual, olfativa, auditiva, gustativa, tátil ou dolorosa, comumente no abdome. Pode-se detectar no EEG – eletroencefalograma – uma disfunção ou disritmia cerebral ou seja, uma alteração do ritmo das ondas emitidas pelo cérebro. No entanto, em alguns casos não se detectam estas alterações disrítmicas.
Em todas as nossas patologias ou problemas humanos há uma participação espiritual, em graus variados. Na epilepsia ou nos chamados “ataques” pode ocorrer uma ligação do enfermo com o espírito obsessor, ocorrendo uma verdadeira “incorporação” ou transe mediúnico. Existe sempre uma fragilidade orgânica cerebral, motivada pela alteração do modelo organizador biológico (perispírito) que traz lesões adquiridas em vidas pretéritas. Lesões que tem origens diversas. Nos casos ditos de “pequeno mal” ou crises de ausência não é comum a presença de espíritos obsessores. Nos casos de crises convulsivas graves, há também lesões perispirituais decorrentes do histórico progresso do paciente mas a frequente (nem sempre) associação do obsessor desencarnado. A ação do obsessor dá-se no denominado “locus minoris resistentiae” isto é, no local de menor resistência do obsediado, no caso desta pessoa, o cérebro… Muitas vezes, a ligação do obsessor com a “vítima ” efetua-se pelo chakra gástrico, esplênico ou genésico mas a repercussão atinge intensamente o ponto fraco do obsediado que é a região cerebral fragilizada. Em certos casos, O choque do contato com as energias do espírito desencarnado com o obsediado (médium?) pode ser um fator determinante para o processo convulsivo. A própria convulsão ocasiona uma repercussão forte no espírito fazendo-o muitas vezes se afastar.
Há casos em que o indivíduo dito epilético nada apresenta nos exames de EEG mas tem todos estes sintomas. A contínua interferência do obsessor sobre a pessoa sensível nesta área poderá ocasionar lesões como passar dos anos. O que ocorre é que o perispírito ou corpo astral tem seu para cérebro lesionado mas, ainda, não transferiu para o corpo biológico esta lesão. O tratamento médico e espiritual concomitante poderá fazer com que a lesão não se instale no corpo biológico. Em termos técnicos, médicos, chama-se “aura epilética” (há outras denominações) ao conjunto de fenômenos ou sensações que precedem a crise convulsiva. Estas sensações são: a percepção ou alucinação de cores, visões, sombras, sons, ruídos, vozes, odores, sensação de calor na face, gosto ácido na boca e outras.
Curiosamente sensações semelhantes que os médiuns tem antes da ligação deles o espírito comunicante na sessão de desobsessão. Até a “dor na boca do estômago” que alguns médiuns sentem pela ligação com o chakra gástrico. Estas sensações da “AURA EPILÉTICA” no caso da crise convulsiva pode decorrer da impregnação das energias (fluidos) do obsessor sobre o doente.
Uma recomendação importante: além do tratamento neurológico a higiene mental ou a manutenção de pensamentos otimistas, fraternos e similares são auxiliares no tratamento. Pensamentos de raiva, ódio, inveja, ressentimentos e outros de baixa frequência, favorecem as crises pela sintonia com o obsessor. Antes de desenvolver a mediunidade o paciente deve espiritualizar-se, depois estudar a doutrina espírita e por último pensar em atuar como médium. O tratamento ( médico + espiritual ) controla as crises e impede a fixação da entidade enferma sobre o cérebro do paciente.
Dr Ricardo – INSTITUTO DE CULTURA ESPÍRITA DE FLORIANÓPOLIS

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Epilepsia e Espiritismo,
breves comentários

A epilepsia é tão antiga como o homem. Sabe-se de legislações a respeito de pacientes epilépticos no código de Hammurabi e, na antiga Grécia, se lhe chamava “a doença sagrada”, pois devido à característica súbita e inesperada do fenômeno se acreditava que os deuses ou demônios possuíam o corpo do enfermo.
“Do grego deriva o termo epilepsia que significa ‘ser tomado desde acima’. Hipócrates, pai da Medicina escreveu ‘A respeito da doença sagrada’, e quatro séculos antes de nossa era disse que não era mais sagrada do que qualquer outra e que tinha seu assento no cérebro. Em Roma se lhe chamou a ‘doença comicial’, pois o fato de que algum dos assistentes apresentasse uma convulsão era um sinal de suspender as eleições.”
Portadores de epilepsia sofrem com o estigma, o preconceito, a vergonha e o medo do desconhecido. A epilepsia é uma doença cerebral caracterizada por convulsões, que vão desde as quase imperceptíveis até aquelas graves e freqüentes. A Organização Mundial da Saúde estima que cerca de 50 milhões de pessoas no mundo são portadoras de epilepsia, sendo que, destas, 40 milhões estão em países subdesenvolvidos. Apesar desse cenário alarmante, a organização afirma que 70% dos novos casos diagnosticados podem ser tratados com sucesso, desde que a medicação seja usada de forma correta. (1)
O tratamento preferencial para a epilepsia é o medicamentoso. O uso das drogas anticonvulsivas é eficaz em 70% a 80% dos casos. Para os pacientes com epilepsia refratária às drogas anticonvulsivas (20% a 30% dos casos), o tratamento indicado é o cirúrgico. Dependendo do tipo de epilepsia, a cirurgia pode ser bem sucedida em até 80% desses pacientes. A cirurgia se desenvolveu, principalmente, a partir dos anos 80 com o avanço da tecnologia nos exames de imagens. A ressonância magnética estrutural e a funcional (SPECT), além do monitoramento em vídeo, permitem fazer um diagnóstico exato do foco epiléptico. Porém, apesar da tecnologia médica atual, “É como atirar no escuro e esperar que o alvo seja acertado”. É assim que o neurologista Ley Sander, professor do Departamento de Epilepsia Clínica e Experimental do University College London, define o tratamento da epilepsia.
“Em todos os países, a epilepsia representa um problema importante de saúde pública, não somente por sua elevada incidência, mas também pela repercussão da enfermidade, a recorrência de suas crises, além do sofrimento dos próprios pacientes devido às restrições sociais que, na grande maioria das vezes, são injustificadas”, afirma o neurologista Jesus Gomez-Placencia, MD, PhD, Professor titular, Dep. de Neurosciências da Universidade de Guadalajara, no México. (2)
Foi Hipócrates (em torno de 460-375 aC) – talvez influenciado por Atreya, pai da medicina hindu (e que viveu 500 anos antes) – quem passou a afirmar que a epilepsia não tinha uma origem divina, sagrada ou demoníaca, mas que o cérebro era responsável por essa doença. E, apenas muitos anos depois, Galeno (129 – em torno de 200 dC) fez a primeira classificação de diferentes formas da doença. (3) Apesar das afirmações de Hipócrates e Galeno, as crenças em torno da epilepsia como possessão, maldição ou castigo, perpetuaram por muito tempo.
A epilepsia, sob a ótica do Espiritismo, é uma doença neurológica, como qualquer outra doença que pode alterar o organismo humano, por isso mesmo deve ser tratada com os especialistas da medicina terrena. A propósito, alguns estudantes do Instituto Politécnico do México (IPN) criaram um dispositivo que diminui os ataques de epilepsia, consoante informa o instituto da Cidade do México. “Com o objetivo de contribuir para melhorar a qualidade de vida das pessoas que sofrem de epilepsia, estudantes criaram o Saceryd, que reduz a freqüência e a intensidade das crises por meio de estímulos elétricos”(4). Nos Estados Unidos, já existe aparelho semelhante.
Não há dúvida que a terapêutica espírita poderá ajudar na recuperação do equilíbrio físico do enfermo, se for ministrada adequadamente, sem nunca dispensar a assistência médica. Porém, muitas pessoas confundem as crises epilépticas com sintomas obsessivos ou mediunidade a ser desenvolvida, o que é um grave erro. Ainda hoje, em pleno Século XXI – a despeito de todas as proezas da medicina –, muitos centros espíritas e igrejas de outros vários credos, sobretudo no Brasil, lidam com a epilepsia – como se esta fosse originada de “incorporações de Espíritos de mortos”, de “possessões pelo demônio” etc. Até bem pouco tempo atrás, em todo o mundo, os ataques epilépticos, as convulsões cerebrais, o histerismo, as doenças em geral eram tratados quase que exclusivamente com “passes magnéticos” ou “exorcismos”, muitas vezes violentíssimos e desumanos.
A epilepsia não é obsessão, muito embora esta possa, às vezes, se apresentar com os sintomas da epilepsia, e o epiléptico pode ser portador de um processo obsessivo. Daí a confusão que muitas vezes é feita entre uma coisa e outra. O conceito que existe no meio espírita de que os epilépticos são médiuns que deveriam desenvolver suas mediunidades é completamente equivocada.
Essa patologia mui raramente ocorre por meras alterações no encéfalo (5), como sejam as que procedem de pancadas na cabeça, geralmente, é enfermidade da alma, independente do corpo físico, que apenas registra, nesse caso, as ações reflexas. Pois a epilepsia tem ligação com problemas espirituais. A recordação dessa ou daquela falta grave, que ficam enraizadas no Espírito sem que tenha tido oportunidade de desabafo ou corrigenda, cria na mente um estado patológico que se classifica de zona de remorso, provocando distonias diversas de uma encarnação para outra.
O corpo procede do corpo, porém há influência enorme da consciência do reencarnante, modelando seu próprio corpo, influenciando os genes da hereditariedade com o distúrbio ligado à causa pregressa no aproveitamento da Lei de Deus, para que o Espírito não escape ao seu destino doloroso, mas intransferível e necessário. No livro Missionários da Luz, cap. 12, André Luiz narra-nos inúmeras experiências em que o Espírito reencarnante pede que sejam alteradas certas condições físicas para que possa vencer as suas provas redentoras.
A epilepsia é uma doença neurológica e possui matrizes cerebrais para que ela ocorra. No entanto, muitos fatores podem provocar essas alterações cerebrais e, dentre eles, há a causa espiritual. A grande contribuição do Espiritismo nessa área é apontar causas espirituais diretas e indiretas. No livro A Gênese, no capítulo XIV, Allan Kardec ensina que uma obsessão intensa (forte interdependência entre o obsessor e o obsidiado) e prolongada pode gerar lesões orgânicas através dos fluidos espirituais “viciados”: “Tais fluidos agem sobre o perispírito, e este, por sua vez, reage sobre o organismo material com o qual está em contato molecular. (…) Se os fluidos maus forem permanentes e enérgicos, poderão determinar desordens físicas: certas moléstias não têm outra causa senão esta (6). O Mestre de Lyon reconhece em O Livro dos Espíritos, questões 481-483, que uma influência espiritual obsessiva pode causar uma neurolesão epiléptica e propõe que o método desobsessivo pode levar à cura do paciente”. (7)
A epilepsia possui muitas relações com mecanismos naturais das provas e expiações, no contexto das causas atuais e anteriores das nossas aflições. Assim, apesar da epilepsia ter uma causa orgânica, a influência espiritual para que ela aconteça não pode ser ignorada. Narra André Luiz um caso no qual, durante uma convulsão epiléptica, o obsessor, ligando-se a Pedro, produziu uma convulsão generalizada tônico-clônica. O mentor Áulus afirmou que ali se verificou um caso de possessão completa ou epilepsia essencial e analisa que, no setor físico, Pedro estava inconsciente e não teria lembrança do ocorrido, mas estaria atento como Espírito e, nessa condição, arquivaria a ocorrência, enriquecendo-se. (8)
Na sequência do fato, após a prece e o passe, ocorre o desligamento do desencarnado, termina a convulsão e Pedro entra em sono profundo. “Com a terapia desobsessiva exitosa, será possível terminar com os ataques de “possessão”, mas Pedro sofrerá os reflexos do desequilíbrio em que se envolveu, a se expressarem nos fenômenos mais leves da epilepsia secundária que emergirão por algum tempo, ante recordações mais fortes da luta atual até o reajuste integral do perispírito (reflexo condicionado)”(9). Esse caso demonstra que, apesar de tratar-se de obsessão, não ocorreu a manifestação do obsessor após a convulsão, certamente devido ao passe aplicado durante a convulsão, que produziu o desligamento do Espírito desencarnado. Infere-se pois, ante a presente exposição, que os quadros de epilepsia podem ser provocados por obsessão também, tanto quanto existem casos sem ação de desencarnados e casos mistos. Independentemente do caso, com ou sem envolvimento obsessivo, há necessidade de uso de medicação da medicina acadêmica, considerando-se óbvio que a terapia desobsessiva é altamente eficaz, devendo ser usada como preconiza a obra kardequiana.

Fontes:

(4) Publicado no Jornal O ESTADO DE S. PAULO, VIDA &, segunda-feira, 17/10/2005, A13;
(5) O encéfalo ou cérebro, terminação principal aumentada do sistema nervoso central, ocupa o crânio ou caixa encefálica. O termo latino cerebrum tem sido usado de várias formas. De um modo geral significa encéfalo; também tem sido utilizado para indicar, especificamente, o prosencéfalo e o mesencéfalo. O adjetivo cerebral é dele derivado. Encéfalo, por sua vez, é de origem grega (enkép- halos). Termos como encefalite – que significa inflamação do encéfalo – são dele provenientes.
(6) Kardec, Allan. A Gênese, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2004, Cap.XIV.
(7) Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2000, Questões 481-483.
(8) Xavier, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 1997, Cap. 9.

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Aspectos psiquiátricos das Epilepsias

A maioria dos portadores de epilepsia tem pouco ou nenhum transtorno mental, mas os eventuais casos costumam complicados.
| Neurociência | Violência e Agressão |
Os aspectos psiquiátricos das epilepsias sempre foram enfatizados com vigor pela psiquiatria, mais acostumada que a neurologia a lidar com os problemas emocionais dos epilépticos. Alguns autores afirmam que a epilepsia, por si, não predisporia a nenhuma alteração psiquiátrica e que estes, se existissem, seriam decorrentes das circunstâncias psicodinâmicas e existenciais impostas pela doença. Outros autores, entretanto, reconhecem que as alterações elétricas encontradas nos epilépticos justificariam alterações comportamentais e de personalidade. Existiria uma predisposição do epiléptico a apresentar alguns traços de personalidade. A discussão é infindável.
De qualquer forma, parece ser consensual a ideia de que, pelo menos algumas alterações emocionais – neuropsiquiátricas – são comuns em alguns tipos de epilepsia, sejam essas alterações decorrentes das crises epiléticas propriamente ditas, sejam elas conseqüências das auras da epilepsia, sejam elas resultados da deterioração mental de certos tipos mais graves de epilepsia.
Vamos primeiro falar sobre o que se conhece por Ataque Epiléptico. Esse tal Ataque Epiléptico, entretanto, é objeto de estudo mais da neurologia que da psiquiatria e tem inúmeras definições. De fato, a neurologia se ocupa magistralmente da epilepsia e a psiquiatria, por sua vez, dosa epilépticos.
Vallejo-Nágera considera que o Ataque Epiléptico seja um fenômeno em forma de acesso, com sintomas variados e início brusco, decorrente de uma descarga de atividade elétrica proveniente de uma certa quantidade de neurônios em qualquer território cerebral. Por epilepsia entendia uma doença caracterizada pela presença de crises epilépticas repetidas com maior ou menor freqüência.
De acordo com o território de onde parte a primeira descarga elétrica e que iniciava a crise epiléptica, estariam presentes traços clínicos e elétricos específicos para cada caso. Vemos aí, então, uma conceituação eminentemente neurológica, sem menção de alterações psico-emocionais.
Walz e colaboradores, para quem Epilepsia também é uma condição neurológica crônica “caracterizada por ataques epilépticos recorrentes”, usam o termo no plural, ou seja, epilepsias. Isso porque existem diferentes tipos de distúrbios epilépticos e definem ataque epiléptico ou crise epiléptica como sendo “a manifestação clínica (sinais e sintomas) resultante da atividade neuronal excessiva, hiper-sincrônica e anormal dos neurônios localizados predominantemente no córtex cerebral”. Por esse conceito a pessoa pode sofrer um ataque epiléptico isolado ou circunstancial, sem ser considerado, necessariamente, portador de epilepsia (falta a questão dos ataques recorrentes).
No Tratado de Neurologia de Merritt, a crise epiléptica é definida como a conseqüência de uma disfunção fisiológica temporária do cérebro, causada por uma descarga elétrica hiper-sincrônica, anormal e autolimitada, de neurônios corticais. Dessa forma, Epilepsia seria um grupo de distúrbios crônicos, em que a característica indispensável é a recorrência de convulsões.
Felizmente a maioria dos pacientes portadores de epilepsia apresenta pouco ou nenhum transtorno mental, entretanto, aqueles que apresentam alterações psíquicas costumam ser casos difíceis e complicados.

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1 – CRISES DE AUSÊNCIA ou PEQUENO MAL

Essa classificação, apesar de antiga, é a que melhor define um dos tipos de Epilepsia. Para muitos especialistas, o Pequeno Mal é constituído apenas pelo fenômeno que conhece por “ausência”. Outros autores (Lennox e Gastaut) mantêm sob esta designação a crise composta por 3 elementos: ausências, abalos musculares (mioclônicos) e ataques de imobilidade (acinéticos),
O termo ausência se refere às crises que se iniciam e terminam subitamente, tendo como principal sintoma um estado geralmente breve de alteração da consciência. Na crise de ausência não existe nunca uma aura ou um sinal premonitório, como em outros tipos de epilepsia convulsiva e o período de alteração da consciência é rápido, durando 5 a 30 segundos. As crises de ausência ocorrem quase que exclusivamente em crianças e em adolescentes, entre os 4 e os 12 anos de idade (Pedley, 2002).
Em alguns pacientes ocorre uma perda completa da consciência, em outros, apenas uma obnubilação ou confusão mental (veja Alterações da Consciência). Durante a crise, na maioria das vezes, o paciente olha fixamente para o vazio, podendo ter a pupila dilatada (midríase) e palidez cutânea. Normalmente a atividade do paciente é abruptamente interrompida, objetos segurados por ele são deixados cair.
Além dessa adinamia (falta de movimentos), podem ocorrer automatismos musculares repetitivos, como por exemplo, piscar de olhos, estalar os lábios, deglutição ou mastigação, contrações musculares em volta dos olhos, espasmos nos braços ou pernas bilateralmente simétricos. Esses automatismos são chamados de automatismos simples. Algumas outras vezes, felizmente raras, pode surgir um comportamento automático mais complexo, como tirar ou colocar a roupa, caminhar sem destino definido…
Quando a crise epiléptica de ausência é mais intensa, com perda do tônus muscular, levando o paciente a cair, dá-se o nome de Ataques Acinéticos ou Pequeno Mal Amiotônico, os quais envolvem mecanismos que controlam a postura (Lishman, 1998).
Um outro tipo de ataque que se manifesta no Pequeno Mal é o Ataque Mioclônico ou Pequeno Mal Mioclônico, que são movimentos de contração musculares súbitos, com duração de somente uma fração de segundo e que acometem principalmente os músculos do pescoço, braços e ombros.
A consciência é recobrada tão abruptamente quanto sumiu e não é raro que os pacientes continuem aquilo que faziam antes da crise, como se nada tivesse acontecido. Neste tipo de Epilepsia não existe a fase de confusão mental depois da crise (confusão pós-ictal), diferentemente do que acontece nas epilepsias convulsivas (Grande Mal).
Há alterações da atividade do eletroencefalograma durante um ataque de ausência e se caracteriza por descargas estereotipadas, ponta-onda de 3 Hz, bilaterais. Em aproximadamente 30% a 50% dos casos clínicos de Ausência pode haver, concomitantemente, Epilepsia Tônico-Clônica Generalizada.

2 – CRISES TÔNICO-CLÔNICAS GENERALIZADAS (GRANDE MAL)

Essa é a epilepsia que legalmente se conhece, ou seja, aquela dos ataques epilépticos. São crises esporádicas e generalizadas, com predomínio das manifestações motoras (convulsões) e somáticas. Essas crises (convulsivas) aparecem bruscamente, precedidas ou não por sintomas premonitórios ou auras, mais comuns na epilepsia do lobo temporal.
Se as crises epilépticas são abruptas, os sinais premonitórios não são. Eles se manifestam gradualmente, por horas ou mesmo dias antes que ocorra a crise convulsiva e, caracteristicamente, consistem de manifestações emocionais, tais como irritabilidade crescente, apreensão, teimosia, apatia ou períodos de lerdeza mental.
Além dos sintomas psíquicos, outros sintomas somáticos podem aparecer entre os sinais premonitórios, tais como as cefaléias, inquietude motora, insônia, tonteiras, náuseas, gases (eructações, flatulência), crises de sudorese. Esses sinais funcionam como um aviso de que as crises convulsivas estão para ocorrer.
Quando os sintomas premonitórios precedem imediatamente as crises são chamados de auras, consideradas já como o início do ataque convulsivo. A aura é a denominação genérica dada a diferentes fenômenos reunidos por suas características bruscas e breves (alguns segundos), variando na sintomatologia de paciente para paciente.
A descrição da aura é importante porque suas características costumam indicar a localização cerebral da origem do distúrbio epiléptico. Normalmente o paciente epiléptico conhece claramente o significado da aura, mas mesmo assim não consegue controlar a crise. A aura é a parte da convulsão que ocorre antes de perder-se a consciência.
Existem vários tipos de auras, como por exemplo, as auras sensitivas, com alterações da sensibilidade geral, vertigens, sensação de compressão, formigamento, de corrente de ar, de sopro frio ou quente, dores e outras sensações cutâneas. Outras auras são chamadas de sensoriais, onde aparecem alucinações, sensações ópticas como círculos ou bolas coloridas em frente aos olhos, cegueira transitória, os objetos vistos por vezes se tingem de vermelho, etc.
Curiosas são as chamadas auras viscerais, encontradas com freqüência, e localizadas em diversos órgãos internos, como palpitações, dificuldades respiratórias, sensações desagradáveis na boca do estômago, acompanhadas por náuseas e vômitos, fome insaciável, sede e urgência em satisfazer necessidades fisiológicas.
Enfim existem vários tipos de aura, dependendo, como dissemos, da localização cerebral do foco epiléptico e estes aspectos variados das auras podem ocorrer em toda e qualquer combinação. Algumas podem ser extremamente bizarras, especialmente quando envolvem distúrbios do juízo de realidade e do self.

asas da liberdade

Fases da Epilepsia Motora Generalizada

I. Fase inicial:

Irrompe-se brusca e violentamente. O doente empalidece, perde a consciência subitamente e, se estiver em pé ou sentado, cai ao solo, muitas vezes sofrendo ferimentos. É comum o epiléptico portar cicatrizes na cabeça, face e diversas partes do corpo, como conseqüências de ferimentos provocados por estas quedas. Por vezes ocorre um grito ou gemido abafado característico, ao ser o ar expelido vigorosamente por espasmo da musculatura respiratória, diafragma e glote.

II. Fase de convulsões tônicas:

Logo depois perder a consciência e cair, todo o corpo do paciente se enrijece. A musculatura se contrai energicamente, com predominância extensora, fazendo com que os membros (superiores e inferiores) estejam rígidos em extensão, com torção dos braços e, normalmente, com o dedo polegar aberto (aduzido).
A musculatura da face se contorce e os globos oculares giram por baixo das pálpebras semicerradas para cima ou para o lado. Habitualmente a cabeça fica estendida para trás ou rodada para um lado, decorrente da contração dos músculos do pescoço, a mandíbula se mantém cerrada, os dentes mordendo a língua, lábios ou a superfície interna das bochechas.
A face do paciente é inicialmente pálida, em seguida fica azulada (cianótica), pois o paciente permanece sem respirar (em apnéia) durante essa fase, durante um tempo que varia de segundos a um minuto no máximo. As pupilas se dilatam (midríase) e há aumento da secreção glandular, principalmente salivar e traqueobrônquica.A freqüência cardíaca e a pressão arterial, aumentam.

III. Fase de convulsões clônicas:

Começa logo depois da tônica com a volta dos movimentos respiratórios, geralmente por uma inspiração profundíssima, e em seguida surgem às contrações musculares ritmadas (clônicas). A face do paciente que estava azulada (cianótica) torna-se corada (hiperemia). Nesta fase há risco de asfixia, se o paciente estiver com a face comprimida contra alguma superfície como, por exemplo, um travesseiro.
Há um aumento gradual das contrações convulsivas rítmicas nos músculos da cabeça, globos oculares, língua e extremidades. As arcadas dentárias se chocam uma contra a outra e, pelas comissuras labiais, aflora saliva espumosa, por vezes sanguinolenta, se houve mordedura da língua, fato que ocorre em 50% dos casos. Quando nem o paciente se lembra ou tem consciência de ter tido convulsão, são esses ferimentos na língua, lábios ou bochechas as pistas que sugerem a existência da crise.
A urina e, mais raramente, as fezes podem ser eliminadas involuntariamente durante uma convulsão. Esta fase tem meio a dois minutos de duração, terminando com um relaxamento muscular e respiração ruidosa.

IV. Fase terminal:

Raramente a crise convulsiva tem uma duração maior que 3 minutos. São freqüentes as hemorragias capilares da conjuntiva (olhos) e equimoses pelo corpo. O estado anterior, das convulsões e da ausência da consciência (comatoso) dá lugar à um outro estado alterado da consciência; a obnubilação. Pelo fato de acontecer depois da convulsão chama-se Obnubilação Pós-Comicial (comicial é igual a convulsivo).

Alterações Psiquiátricas na fase terminal

Nessa fase é comum que os pacientes fiquem entorpecidos, falando com lentidão e dificuldade, desorientados no tempo e no espaço, desconhecendo as pessoas que os rodeiam. Podem ter uma expressão perplexa, tensa e assustada. A fase terminal, torporosa, tem uma duração média de 30 minutos e esse estado confusional pode passar, imediatamente, para um estado de sono profundo, com duração de algumas horas.
Ao despertar desse sono profundo é comum o paciente apresentar amnésia total e completa do ocorrido. Quase todos têm um período de atividade mental perturbada depois dos episódios convulsivos, e na sua ausência podemos suspeitar da possibilidade de uma pseudo-convulsão histérica (veja mais em Espectro Histérico). Esses estados confusionais pós-ictais podem, por vezes, durar horas ou dias e, em algumas raras vezes, de 1 a 2 semanas. Algumas vezes, manifestações psiquiátricas ou de comportamento alterado podem aparecer depois da crise.
A recuperação plena da consciência pode demorar e, durante esse tempo pode haver automatismos pós-ictais. A maioria destes episódios de automatismos é breve, durando não mais que um ou dois minutos, quando então os movimentos são grosseiros e descoordenados. Pode acontecer ainda nessa fase, agitação e irritabilidade proeminentes, pensamento de conteúdo paranóide.
Em, infelizmente, uma pequena minoria de pacientes pode ocorrer um comportamento agressivo perigoso nessa fase. É o Furor Epiléptico, onde o paciente se torna hiper agressivo por alguns minutos depois da crise convulsiva e pode manifestar um comportamento seriamente destrutivo, inclusive com ataques físicos às pessoas. Ocorre amnésia para todos automatismos pós-ictais.
O Furor Epiléptico constitui uma das formas mais assustadoras de alienação mental e, infelizmente, pode não ocorrer apenas nos momentos pós-ictais, depois de convulsões. Ele pode acontecer durante um episódio de embriaguez (veja Embriaguez Patológica na coluna da direita). Os golpes agressivos costumam ser precisos e especificamente dirigidos e, geralmente, esses pacientes são fortes.
Quando o Furor Epiléptico ocorre depois de convulsões, são súbitos como, por exemplo, enquanto o paciente estava falando ao médico ou enfermeiro. Por exemplo; ele pula da cama e desfere murros, existindo razões para se presumir esteja havendo alterações da sensopercepção (alucinações).
O eletroencefalograma, quando realizado neste estado, apresenta um traçado alterado de baixa voltagem, sem anormalidades significativas e com uma ausência notável de spikes. As drogas anticonvulsivantes, sedativas ou antipsicóticas não costumam ajudar muito e podem até mesmo tornar as coisas piores, principalmente os benzodiazepínicos (diazepam) e fenotiazínicos (amplictilâ, fenergamâ…). Em muitos casos, a conduta é a contenção do paciente no leito até a crise ceder, sem utilização de grandes quantidades de psicofármacos.
Os Estados Crepusculares pós-ictais, que são os períodos amnésicos ou com turvação da consciência, geralmente são consideravelmente mais prolongados, por vezes durante muitas horas ou mesmo dias (veja Alterações da Consciência). Muitas vezes são acompanhados por conduta negativista e inquietude. Reações violentas podem, por vezes, serem desencadeadas até por estímulos tácteis leves (ao tocar no paciente).

3 – CRISES PARCIAIS OU FOCAIS

A epilepsia resultante da alteração de uma região delimitada do cérebro, mais precisamente, de uma região delimitada de um hemisfério cerebral, origina manifestações e sintomas compatíveis com a região acometida, relacionados à fisiologia da região. A expressiva maioria desse tipo de epilepsia não tem convulsões, mas estas podem existir, principalmente quando a crise focal envolve estruturas dos lobos temporal ou frontal. As Epilepsias Parciais correspondem a mais de 50% das epilepsias em geral, sendo aquelas de lobo temporal as mais freqüentes, seguidas pelas do lobo frontal.
Quando ocorre a alteração da consciência (convulsão) as crises parciais são chamadas de crises parciais complexas, quando não são chamadas de crises parciais simples, quando uma crise de início focal se propaga para ambos os hemisférios, tornando-se generalizada, é denominada crise parcial ou focal secundariamente generalizada (Walz, 2004).
As Epilepsias Parciais ou focais complexas que apresentam distúrbio da consciência, são doenças razoavelmente comuns na vida adulta, e podem revelar uma vasta variedade de sintomas decorrentes das diversas funções do lobo temporal e sistema límbico. Essa atividade focal é paroxística, podendo se apresentar como distorções bizarras ou caricaturas da realidade.
Normalmente essas crises são precedidas por auras. Na literatura médica elas têm diversas denominações, como por exemplo, crises psicomotoras, equivalentes epilépticos, estados crepusculares, variantes psíquicas e automatismos (Lishman, 1998). Os quadros clínicos dessas epilepsias parciais são originados no lobo temporal (70% a 80% dos casos), frontal e occipital, e consistem principalmente em fenômenos físicos e motores. Esses sintomas podem ser divididos em:

A) Sintomas Psíquicos:

As sensações são claras para o paciente, mas este tem dificuldades em descrevê-las para os demais, usando termos “como se tudo parasse”, “como se tudo acontecesse no ritmo” e sensações de extrema solidão ou felicidade, chegando ao êxtase. Algumas vezes, preponderam o medo e a ansiedade.
As crises podem ser acompanhadas por sentimentos de desrealização e despersonalização, associadas a uma profunda alteração intrapsíquica. Podem ocorrer fenômenos de tipo déjà vu com freqüência. Os distúrbios da sensopercepção compreendem pseudoalucinações com transtornos abruptos no tamanho dos objetos percebidos, com macro e micropsias.
Podem ocorrer ou não amnésias para esses episódios sendo os sintomas, geralmente, de curta duração (menos de um minuto). Na infância, os ataques psicomotores podem se caracterizar por experiências de pavor e medo, normalmente fazendo a criança correr para sua mãe em busca de proteção. O pavor noturno (despertar abrupto com grande sentimento de medo) pode se enquadrar aqui.
Por vezes, o Estado Crepuscular pode prolongar-se por alguns dias, caracterizando-se por uma lentidão psicomotora, desorientação têmporo-espacial e amnésia subseqüente. O indivíduo, neste estado, pode caminhar automaticamente sem rumo ou objetivo conhecido, com tendência a agressão, exibicionismo, masturbação, entre outras. (França, 2004).
Delitos podem ser cometidos durante um episódio de automatismo psicomotor da epilepsia parcial, embora a execução dos atos possa ser lenta e desajeitada. Foram relatados episódios de fúria (Furor Epiléptico) nessa patologia, embora os peritos forenses acreditem que dificilmente um ataque de fúria com agressão criminosa possa ocorrer durante uma crise psicomotora. A maior probabilidade de agressão física e furor, entretanto, está associada com estados confusionais pós-ictais prolongados, após uma crise do tipo grande mal, em pacientes epilépticos crônicos e geralmente institucionalizados.

B) Distúrbios Motores:

Os distúrbios motores consistem, principalmente, em automatismos psicomotores, definidos como sendo um estado de turvação da consciência que surge durante ou imediatamente após a convulsão e durante o qual o paciente mantém o controle da postura e do tônus muscular, executando movimentos simples ou complexos e ações sem se dar conta do que está ocorrendo (Automatismo e Estado Crepuscular).
Se esses episódios forem de origem epiléptica existirão distúrbios elétricos registrados no eletroencefalograma nessa fase. Os automatismos psicomotores são estados ictais caracterizados por atividades motoras complexas isoladas do controle da vontade devido a descargas elétricas cerebrais paroxísticas. Uma quantidade significativa dos automatismos ictais está limitada à esfera oral. Estes automatismos orais incluem deglutição, movimentos labiais, grunhidos, hipersalivação, mastigação com movimentos nas bochechas e língua. Podem fazer parte do automatismo inspirações ou fungações, sendo comum o olhar penetrante, injetado e desvairado para o nada.
Outra grande parte dos automatismos psicomotores, além dos movimentos bucais, é caracterizada por movimentos nas mãos, tais como, apanhar ou procurar, apalpações na roupa, abotoar e desabotoar peças do vestuário, etc. Os automatismos psicomotores também duram brevemente (de 30 segundos a 5 minutos). Condutas automáticas com duração maior, como horas ou dias, é sempre sugestiva de um quadro histérico dissociativo ou conversivo.

E) Fugas e Poriomania:

As fugas epilépticas são muito parecidas com os automatismos, sendo as fugas muito mais complexas e duradouras que os automatismos. Consistem de distúrbios de comportamento com longa duração associados com uma tendência de vagar a esmo. Episódios de peregrinação sem destino ou viagens, aparentemente bem organizadas, por carro ou utilizando meios de transporte público podem ser realizadas em um estado de amnésia lacunar (Estado Crepuscular), sendo atribuídas geralmente à epilepsia. Distinguir uma fuga epiléptica das fugas histéricas ou depressivas é por vezes muito difícil.
As fugas epilépticas podem durar muitas horas ou mesmo dias. O paciente pode vagar para longe de casa e depois se recobrar espontaneamente em um local estranho, não sabendo como teria conseguido chegar até ali. Ou pode ser encontrado quando ainda se encontra no estado anormal de consciência, parecendo vago, perplexo e incoerente. Alguns desses pacientes acabam detidos pela polícia sem saber referir sua própria identidade.
Durante as fugas epilépticas o paciente pode andar grandes distâncias, fazer compras ou viajar em transportes públicos, suas atitudes podem aparentar normalidade ou, mais comum, ele pode se mostrar errático, sonolento ou drogado. O dinheiro geralmente é gasto sem cuidado e o paciente vaga a esmo, sem objetivo ou propósito. Depois da recuperação, a amnésia caracteristicamente é completa para todos os eventos ocorridos desde que a fuga foi iniciada (Lishman, 1998).

F) Distúrbios Sexuais:

A hipossexualidade global é um achado comum na epilepsia do lobo temporal, com diminuição da libido e da potência em homens e frigidez nas mulheres, que pode chegar ao grau máximo de anestesia sexual total (Idem). Estes sintomas podem melhorar com o uso da medicação antiepiléptica. Um pequeno número de pacientes apresenta parafilias, como sadomasoquismo, exibicionismo e fetichismo (veja Delitos Sexuais e Parafilias).

tempo e melhorias

LOCALIZAÇÃO DAS EPILEPSIAS E SINTOMAS

1. – Epilepsia do Lobo Frontal

A Epilepsia do Lobo Frontal se caracteriza pela variedade de quadros clínicos produzidos e por suas manifestações por vezes bizarras, dependendo do local específico em que a descarga epiléptica se originou.
Os sintomas sensoriais da Epilepsia do Lobo Frontal incluem tontura, sensação de cabeça vazia, opressão ou aperto na cabeça, bem como sensações vagas de calor ou arrepios no tronco e membros. Os sintomas autonômicos consistem em arrepio dos pelos (piloereção) e rubor, por vezes acompanhados de uma fácies de medo, palpitações e vontade súbita de urinar (urgência miccional). Também foram descritos pensamentos obsessivos intrusivos e o olhar fixo atraído por algum objeto do ambiente.
As manifestações mais dramáticas e bizarras não podem levar a um diagnóstico errôneo de pseudo-convulsões e se caracterizam por fenômenos motores de movimentos involuntários e descontrolados de membros superiores movimentos de chute ou de andar de bicicleta com os membros inferiores. Se o paciente está em pé pode pular, saltar ou correr em círculo.
Automatismos sexuais consistem em movimentos coma pelve e manipulação genital. Posturas tônicas podem acompanhar a atividade motora, bem como vocalizações sob a forma de gritos, berros, gemidos ou uivos. Os exames em muitos desses pacientes mostram que as descargas elétricas convulsivas permanecem confinadas ao lobo temporal.

2. – Epilepsia do Lobo Parietal

A Epilepsia do Lobo Parietal pode se iniciar com uma alteração da marcha, insensibilidade, formigamento ou sensação de frio e calor em algumas áreas do corpo, sensações estas que vão se espalhando para outras áreas vizinhas a medida em que o córtex cerebral vai se envolvendo na alteração elétrica. As partes mais freqüentemente envolvidas são aquelas que têm uma maior representação cortical, como por exemplo mãos, braços e face.
Os fenômenos visuais que costumam acompanhar essas crises incluem alucinações complexas ou metamorfopsias (alterações bizarras na forma dos objetos) ou mesmo transtornos significativos da própria imagem corporal. Um membro corporal pode parecer estar pesado, maior, menor, ausente ou separado do resto do corpo. O membro pode ser sentido como deslocado, estendido ou retraído para dentro do corpo, mesmo quando o paciente pode se ver que está normal. Como podemos deduzir, muitas dessas alterações de natureza epiléptica podem ser tomadas como tendo origem sobrenatural, espiritual ou religiosa.

3. – Epilepsia do Lobo Occipital

A epilepsia do lobo occipital se inicia com distúrbios visuais bem localizados na metade do campo visual. Uma mancha, ou borrão (escotoma visual) ou a visão pela metade (hemianopsia) pode ocorrer, mais comumente ocorrem alucinações visuais de flashes luminosos, cores, ziguezagues ou espectros de luzes. Alucinações complexas com conteúdo significativo podem ocorrer quando as descargas se espalham pela junção têmporo-parieto-occipital.

4. Epilepsia do Lobo Temporal

A epilepsia do lobo temporal produz as auras mais variadas e complexas de todas as epilepsias. São de grande importância para os psiquiatras pois podem conter elementos que fazem pensar em transtornos neuróticos e psicóticos, principalmente quando as auras surgem repetidamente, sem evoluir para convulsões motoras. Seus conteúdos psíquico proeminentes são sob a forma de alucinações, despersonalização ou outras experiências subjetivas.
Figuram ainda nas auras do lobo temporal uma variedade de sensações viscerais e de sinais autonômicos. Há quem chame algumas delas como aura epigástrica, por exemplo, consistindo de sensações de mal estar subindo da “boca do estômago” para cima, em direção da garganta, tipicamente descrita como um mal estar no estômago, medo ou vazio no estômago ou mesmo dor. Também são freqüentes sensações estranhas inexplicáveis na cabeça e outros sinais autonômicos, como a salivação excessiva, rubor, palidez, taquicardia, dor precordial, tosse e apnéia. São comuns as tonturas e vertigens.
As percepções da realidade alteradas incluem tanto distorções das percepções reais (metamorfopsias) como alucinações. Os sons podem parecer subitamente distantes ou intensamente altos, objetos podem parecer maiores ou menores, mais próximos ou mais distantes. A representação da realidade também pode estar alterada, de modo que os objetos, sons adquirem um significado diferente do original.
O paciente pode ainda se sentir afastado do ambiente à sua volta e apresentar sensações de desrealização e de despersonalização. A qualidade essencial do reconhecimento pode mudar, com fortes sentimentos de familiaridade ou estranheza que podem levar ao déjà vu e ao jamais vu. Estas alterações são mais freqüentes quando o lobo esquerdo está comprometido.
Alucinações visuais podem ser elementares como as descritas na epilepsia do lobo occipital, ou complexas de faces ou visões de experiências passadas. As alucinações lilliputianas, nas quais o material visual aparece muito pequeno, deve ser diferenciada da micropsia, onde os objetos parecem menores que o normal. Alucinações auditivas também podem ser simples ou complexas, variando de sons elementares a música ou vozes (veja Alucinações).
As alucinações olfativas e gustativas, que derivam das estruturas do lobo temporal medial, podem ser acompanhadas por movimentos labiais, mastigatórios ou de deglutição característicos. Sensações olfativas e gustativas podem ocorrer separadas ou juntas com uma alteração peculiar da consciência composta por despersonalização, déjà vu e alucinações oniróides.
Alterações cognitivas incluem alterações da fala, pensamento e memória. Pode ocorrer uma disfasia transitória, discurso compulsivo incorreto ou inadequado ou exclamações súbitas. A disfasia como parte da aura indica foco no lobo temporal esquerdo, enquanto automatismos na fala (expressões recorrentes, irrelevantes ou com tônus emocional) são fortemente indicativos de foco no lobo temporal direito.
Transtornos subjetivos do pensamento e da memória constituem uma das manifestações mais fortes das auras do lobo temporal. O paciente se torna abruptamente cônscio de ter dificuldade de pensar de forma coerente, de misturar as coisas ou de grande confusão e turbilhão em sua mente. Pode haver uma compulsão em pensar sobre determinados tópicos restritos como a eternidade, suicídio ou morte (compulsão a pensar ou pensamento forçado). Nas alterações do pensamento da aura da Epilepsia Temporal pode haver ainda o fenômeno chamado de intrusão de pensamentos, com produção involuntária de palavras ou frases.
Nas auras da Epilepsia do Lobo Temporal também podem ocorrer fortes vivências afetivas. As mais comuns são o medo e a ansiedade intensos, sem controle e sem fatores desencadeantes. Outros sentimentos desagradáveis incluem depressão, culpa e raiva, em graus variados. Há também, mais raramente, sentimentos agradáveis de prazer, bem-aventurança e êxtase (a chamada epilepsia de Dostoievski). O medo corre quando a descarga epiléptica envolve a metade anterior ou ambos ou lobos temporais (70% dos pacientes que apresentam focos nesta região).

4 – TRANSTORNOS PSIQUIÁTRICOS FORA DAS CONVULSÕES

A) Personalidade Epiléptica

As considerações sobre determinada personalidade “epileptiforme”, a qual reuniria traços encontrados em pacientes disrítmicos, têm despertado discussões virulentas. Por cautela meramente acadêmica, colocamos o “epileptiforme” entre demagogos parênteses. E mesmo que a prática clínica cotidiana constate substanciais argumentos em favor de um rico conjunto de características personais em epilépticos, tanto sob o ponto de vista comportamental quanto afetivo, convém estabelecer mais algumas considerações sobre esse polêmico assunto e, desta forma, evitar arranhar opiniões ainda não sensibilizadas pela força das observações.
As observações propostas pela escola psiquiátrica alemã, principalmente na primeira metade do Século XX, falavam da lentidão dos processos mentais (bradipsiquismo), perseveração do afeto, pensamento e da fala, da falta de flexibilidade, dificuldade de adaptação e de criatividade. Haveria ainda uma circunstancialidade (Veja em Alterações do Pensamento) marcada e pedante, com certeza da própria honradez, moralidade e virtude, especial intolerância para com as crenças e ações dos demais, num profundo sentido de justiça pessoal. Não haveria esquecimento ou perdão para as ofensas recebidas e a vingança é buscada quando a ocasião se apresenta.
Outros autores mais antigos (não menos perspicazes), contudo, enfatizam os traços anti-sociais e coléricos de alguns pacientes epilépticos (Bumke, 1946). Os psiquiatras de orientação psicodinâmica, pelo contrário, consideram as alterações mentais e de conduta como sendo respostas secundárias do paciente a sua doença e à discriminação sofrida por parte da sociedade. Para alguns autores estaria clara a inexistência de uma personalidade epiléptica específica, cuja imagem era procurada com o maior interesse nos estudos sobre constituição (Alonso-Fernández, 1977).
A polêmica sobre essa questão é infindável e aumenta ainda mais na proporção que se misturam elementos do politicamente correto com o cientificamente constatável. É claro que, politicamente, o determinismo ou a limitação constitucional não é agradável de se ouvir e remeter as mazelas constitucionais para a responsabilidade da sociedade é mais aprazível, digamos, mais democrático. Mas a ciência não é democrática, e existem sim pessoas mais bonitas, mais inteligentes, mais altas, mais gordas, etc…
Os traços de viscosidade e explosividade predominariam, para alguns autores, na personalidade do portador de Epilepsia do Lobo Temporal. Esses traços já foram chamados gliscróide por Minkowska (1923), enequético por Stauder (1936), ixotímico, ixóide ou ixofrênico por Stromgren (1936) e viscosa, por Kretschmer (1956),
Nos epiléticos (disrítmicos) do tipo irritável e agressivo, o controle dos impulsos é insuficiente e podem ocorrer delitos, embora não sejam particularmente comuns. O comportamento violento em epilépticos, especialmente nos portadores de Epilepsia do Lobo Temporal, é mais provável nos eventos interictais, sendo extremamente raros durante as crises, embora possa ocorrer perigosamente, no curso de um estado pós-ictal prolongado.
Segundo Kaplan (1990), existem evidências sugerindo que aumento da agressividade em pacientes com lesões focais irritativas, particularmente do lobo temporal e frontal, amígdala medial e tegumento mesoencefálico. Johnson (1979) refere pesquisas de Mark e Ervin constatando mais de 50% de epilepsia entre 163 pacientes agressivos e acrescenta que “o tipo mais comum de doença cerebral associada ao comportamento destrutivo e ao descontrole de comportamento é a epilepsia do lobo temporal”.
Bleuler (1985) diz que a intensidade mórbida dos impulsos emocionais e dos estados de ânimo é o traço mais dominante do caráter epiléptico, e que esse descontrole dos impulsos é muito mais prolongados que numa pessoa normal, além de serem mais difíceis de interromper por influências externas em alguns epilépticos. Assim sendo, o epiléptico pode ter uma ira cega em circunstâncias nas quais uma pessoa sadia apenas se zangaria.
Mas não é só a irritabilidade a se manifestar de maneira exacerbada, também a alegria, gratidão e dedicação tendem a exagerar-se nesses distúrbios. Denis Williams aponta a intensificação das emoções, as dificuldades de relacionamento e o comportamento agressivo nas epilepsias do lobo temporal, entre outras características.
Inegavelmente a epilepsia resulta de um distúrbio fisiológico do Sistema Nervoso Central e não de conflitos intra-psíquicos, embora, sem dúvida, estes possam coexistir. Assim, os transtornos epileptiformes da personalidade seriam muito mais secundários a alterações funcionais do Sistema Nervoso Central, do que motivados por razões exclusivamente emocionais, cogitando-se, inclusive, que muitos dos sentimentos esboçados por tais pacientes sejam conseqüência deste distúrbio funcional.

pensamentos

EPILÉPTICOS ADULTOS – TRAÇOS *

Irritabilidade e Agressividade…
83%
Dificuldades de relacionamento…
83%
Hiperemotividade…
73%
Dependência Afetiva…
60%
Misticismo…
60%
Instabilidade de humor…
60%
Sintomas depressivos/ hipocondria…
53%
Dificuldades Sexuais…
53%
EPILÉPTICOS ADULTOS – SINAIS CLÍNICOS *
Perda de fôlego em criança…
93%
Enurese noturna até tarde…
73%
Instabilidade da Atenção…
93%
Cefaléias ou enxaquecas…
70%
Vista escura (tontura postural)…
70%
Agitação durante o sono…
50%
*Porcentagens encontradas em pacientes epilépticos reportadas no trabalho de LúciaCoelho, “Epilepsia e Personalidade”.
B) Estados Psicóticos na Epilepsia (Não Esquizofrênicos)
As psicoses atribuíveis à epilepsia podem ter características esquizomorfas (com forma de esquizofrenia) ou distímicas (depressivas ou eufóricas), sendo temidos os quadros de agitação crepuscular, uma vez que podem chegar ao Furor Epiléptico.
Em 25% das vezes a psicose epiléptica é pós-ictal, geralmente surgindo depois de um aumento na freqüência das crises epilépticas. É comum um intervalo de lucidez de 12 a 72 horas entre o fim das crises e o início da psicose. A duração média do quadro psicótico é de 70 horas, aproximadamente, e os sintomas costumam ser alucinações auditivas, visuais ou tácteis, indiscrições sexuais, delírios persecutórios, místicos, somáticos ou de grandeza. Na esfera do pensamento a psicose epiléptica tende ao delírio de perseguição (persecutório), sendo o humor irritável e depressivo.
Já a psicose que se apresenta entre as crises (interictal) é um estado persistente, caracteristicamente paranóide, não associado com os eventos ictais e sem comprometimento da consciência. Tem uma ocorrência aproximada de 9% nas populações epilépticas e se inicia por volta dos 30 anos de idade. Os sintomas mais comuns são delírios persecutórios e místicos, comumente de início insidioso, alucinações auditivas, maneirismos, pobreza de iniciativa, pensamento desorganizado, agressividade e ideação suicida.
Quanto sua duração, ela pode ser do tipo Psicose Interictal Breve, persistindo por algumas semanas ou, de outra forma, prolongar-se por mais de três meses, caracterizando a Psicose Interictal Crônica. Comparada à esquizofrenia, a psicose interictal pode apresentar menor prejuízo intelectual, melhor funcionamento pré-mórbido, menor presença de sintomas negativos e maior preservação do afeto e da personalidade (Guarnieri, 2004).

C) Demência Epiléptica

Há uma pequena proporção de pacientes epilépticos que evoluem para um estado de demenciação, ou seja, para um declínio de suas funções cognitivas com comprometimento progressivo da memória, concentração e juízo crítico. Isto pode costuma acontecer depois de muitos anos de evolução da doença.
Segundo Lishman (1998), a demência epiléptica geralmente está associada a uma severa deterioração da personalidade e por vezes com um importante transtorno de conduta sob a forma de impulsividade, irritabilidade e crises de ira. Os estudos de neuroimagem mostram atrofia cerebral nesses pacientes e são mais comuns quando a epilepsia é secundária a uma lesão cerebral, quando é severa, de difícil controle medicamentoso e de longa duração.
Alonso Fernández considera a Síndrome Cerebral Orgânica Epiléptica, cujo grau leve corresponderia à alteração epiléptica de personalidade e a grave, ao quadro demencial. Na vida psíquica do epiléptico se enfraquecem a vontade, os valores, os sentimentos altruístas e a capacidade de criação, enquanto se hipertrofiam os instintos, os impulsos primitivos, os sentimentos individuais e as tendências egocêntricas.
O paciente perde a capacidade de diferenciar o essencial do acessório, se atrapalha com os detalhes, já que, para ele, tudo é igualmente importante. O pensamento se torna descritivo e concreto, a memória enfraquece e o vocabulário se reduz. O círculo de interesses fica restrito. Reações de furor e cólera não são raras.

As causas dessa gravíssima

Alteração da Personalidade seriam:

1 – muitas quedas com freqüentes e múltiplos traumatismos cranianos;
2 – esgotamento neuronal com diminuição das reservas de glicogênio, fosfocreatina, ácido adenosinatrifosfórico (ATP) e outras fontes de energia, com danos neurológicos devidos à falta de oxigenação (hipóxia); e
3 – edema cerebral repetitivo
Alguns autores (Miranda Sá, 2004) contrapõem as explicações dos estados demenciais atribuíveis à epilepsia em si, conseqüência de uma certa encefalopatia epiléptica ao longo dos anos, aos prejuízos ocasionados pelas drogas antiepilépticas, também usadas pelo paciente ao longo dos anos.

Quem tem Convulsão é Epiléptico?

Muitas pessoas que apresentam uma primeira convulsão não têm, obrigatoriamente, uma segunda. Assim, essas pessoas não seriam epilépticas e, em tese, não necessitariam de tratamento prolongado.
As crises do tipo Ausência e/ou Mioclonias, praticamente sempre voltam (recidiva) até o paciente chegar a ser visto por um médico. Por outro lado, pacientes com crises convulsivas podem procurar cuidados médicos depois de uma primeira ocorrência, mais devido à natureza dramática do episódio do que por conta de uma indicação precisa. Estudos prospectivos de recorrência após uma primeira crise mostram que o risco de recorrência em 2 anos é de cerca de 40%, tanto em crianças como em adultos.
Se a pessoas tem uma primeira crise convulsiva mas o eletroencefalograma é normal, há um risco em torno de 24% de repetição das crises. Esse risco será bem maior, aproximadamente 48%, no caso de, além da crise convulsiva generalizada, houver eletroencefalograma anormal e será maior ainda no caso de epilepsia conseqüente a lesão cerebral, ou síndrome neurológica anterior, com eletroencefalograma anormal, ou seja, cerca de 65%.
Anormalidades no eletroencefalograma acarretam um risco maior de recorrência das crises. O risco relativo também aumenta quando a primeira convulsão é uma crise parcial e o risco de recorrência adicional após uma segunda crise está acima de 80%. Uma segunda crise é, portanto, um marcador fidedigno de epilepsia.
Parte desse artigo foi baseado em Paulo José da Rocha Soares, Aspectos Psiquiátricos das Epilepsias publicado em Psychiatry On-line Brazil de Novembro 2004
para referir:
Ballone GJ – Aspectos Psiquiátricos das Epilepsias- in. PsiqWeb, Internet, disponível em www.psiqweb.med.br, revisto em 2008.

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