EVANGELIZAÇÃO INFANTIL E JOVENS ESPÍRITA

Evangelização Espírita

Para Crianças e Jovens

Conceito:

A denominação de Evangelização Espírita Infanto-Juvenil, se dá à transmissão do conhecimento espírita e da moral evangélica pregada por Jesus que foi apontado pelos Espíritos superiores, que trabalharam na Codificação, como modelo de perfeição para toda a Humanidade. (KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. de Guillon Ribeiro. 60. ed. Rio de Janeiro, FEB, 1984. Questão 625, p. 308).
Como a preocupação não é somente com a transmissão de conhecimentos mas, sobretudo, com a formação moral, e como a formação moral se inspira no Evangelho, parece-nos muito apropriada a denominação de “evangelização espírita” dada a essa tarefa, por expressar, na sua abrangência, exatamente o que se realiza em nossos agrupamentos de crianças e jovens.
O ensinamento espírita e a moral evangélica são os elementos com os quais trabalhamos em nossas aulas. Esses conhecimentos são levados aos alunos através de situações práticas da vida, pois a metodologia empregada pretende que o aluno reflita e tire conclusões próprias dos temas estudados, pois só assim se efetiva a aprendizagem real.
“Devendo a prática geral do Evangelho determinar grande melhora no estado moral dos homens, ela, por isso mesmo, trará o reinado do bem e acarretará a queda do mal.” (KARDEC, Allan. Predições do Evangelho. A Gênese. Trad. de Guillon Ribeiro. 28. ed. Rio de Janeiro, FEB, 1985. Item 58, p. 396.)
“Mas todos os que tiverem em vista o grande princípio de Jesus se confundirão num só sentimento: o do amor do bem e se unirão por um laço fraterno, que prenderá o mundo inteiro.” (KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Trad. de Guillon Ribeiro. 60. ed. Rio de Janeiro, FEB, 1984. Prolegômenos, 14º parágrafo, p. 50.)
O Que é Evangelização? Fundamentos da Evangelização Espírita da Infância e da Juventude,FEB,1987

amando sempre

Acredite…”Tudo passa”.

“Quando as forças se vão as lágrimas rompem os olhos e a tristeza toma conta do coração onde nada parece fazer sentido, é o momento de colocar em prática os ensinamentos cristãos e rogar ao Criador a coragem e a perseverança para continuar. Mesmo que tudo parece escuro faça uma prece eleve o pensamento ao Alto e creia que a ajuda e o consolo virão. Jamais perca a esperança de melhora, jamais perca a força, jamais se deixe levar pelo momento difícil, as dificuldades são o aprendizado da vida. A fé é o bálsamo consolador que Deus colocou para que seja usada de forma raciocinada e com muita força, acredite tudo passa quando a fé está fortalecida. Nunca perca a fé pois ela é a base sustentadora da vida e da caminhada de todos, independente de religião, pois aos olhos de Deus não há separação de cor, raça e credo todos são iguais.”

“Fé”

ternura infantil

A Doutrina Espírita e os Quatro Pilares da Educação para o Século XXI

“A educação da alma é a alma da educação”.1 O Espírito André Luiz, ao explicar o papel educativo da Doutrina Espírita, alerta-nos que “o Espiritismo expressa, antes de tudo, obra de educação, integrando a alma humana nos padrões do Divino Mestre”.
Mediante os avanços científicos e tecnológicos evidenciados na atualidade, de amplitude incalculável, reconhecemos, no mundo moderno, lacunas representativas que nos convidam a uma ação efetiva. Trata-se da imperfeição moral que ainda se manifesta na Terra sob as mais variadas formas, tendo no egoísmo sua raiz nutridora.
O Espírito Irmão X, na mensagem Respondendo, do livro Cartas e crônicas, resume a polaridade existente entre o avanço científico e a melhoria moral do mundo, ao afirmar:
Há quem idealize arranha-céus, edificando-os sem dificuldade, há quem invente máquinas, as mais diversas, desde o trator pesado que derruba montanhas ao pequenino aparelho de cortar ovos, e há quem conduza a eletricidade aos menores recantos da vida, oferecendo repouso aos braços; contudo, não se sabe ainda como resolver as desarmonias da parentela, os enigmas das paixões animalizantes, as aflições do tédio, as predisposições ao suicídio e as aberrações da vaidade.2
Contudo, alerta-nos Emmanuel que “para essa mesma ciência pouco importa que o homem lhe use os frutos para o bem ou para o mal”,3 afirmando que “a ciência pode concretizar muitas obras úteis, mas só o amor institui as obras mais altas”:
Se a ciência descobre explosivos, esclarece o amor quanto à utilização deles na abertura de estradas que liguem os povos; se a primeira confecciona um livro, ensina o segundo como gravar a verdade consoladora. […]3
Inspirados em tais reflexões, indagamos: como está a consciência perante a ciência? Temos investido adequadamente na formação humana ou privilegiado apenas a informação?
Allan Kardec, ao perguntar aos Espíritos se o progresso moral acompanha sempre o progresso intelectual (questão 780 de O livro dos espíritos), recebe como resposta a afirmativa:
“Decorre deste, mas nem sempre o segue imediatamente”.4 No comentário à questão 917 da mesma obra, o codificador comenta a ação capaz de “curar” a enfermidade moral que nos assola, enfatizando que o progresso moral se dará pela educação, mas “não por essa educação que tende a fazer homens instruídos, mas pela que tende a fazer homens de bem”.5
A perspectiva educativa da Doutrina Espírita torna-se evidente na medida em que se identifica o permanente convite ao autoaprimoramento, fornecendo à humanidade, por meio de suas obras básicas e subsidiárias, ricos elementos de reflexão e análise que não se reduzem à transmissão de conhecimentos, mas a um efetivo convite à transformação moral e social.
O Espírito Lins de Vasconcellos, enfatizando tal percepção, afirma que:
[…] Espiritismo e Educação são partes essenciais de um mesmo todo na sementeira do amor integral.6
A formação do homem de bem perpassa, nesse sentido, a construção de conhecimentos, porém, sem estacionar na informação, caminha no sentido de alcançar o coração e as mãos, potencializando a reforma íntima, as interações sociais e a transformação do mundo, em processo gradativo e progressivo de renovações de atitudes voltadas ao bem, balizadas na razão e fortalecidas na fé.

Conforme argumenta León Denis:

Não basta ensinar à criança os elementos da Ciência. Aprender a governar-se, a conduzir-se como ser consciente e racional, é tão necessário como saber ler, escrever e contar: é entrar na vida armado não só para a luta material, mas, principalmente, para a luta moral. […]7
A atenção e a preocupação com a formação integral de crianças, jovens e adultos nos remetem, no âmbito dos estudos educacionais, a reflexões e correlações com documentos que têm alcançado esferas e diálogos internacionais, como os decorrentes da divulgação do Relatório Delors, em 1996, elaborado por especialistas da educação, por filósofos e por decididores políticos de todas as regiões do mundo que compunham a Comissão Internacional da Unesco sobre a Educação para o século XXI. Ao apresentar os quatro pilares educacionais (aprender a conhecer, aprender a fazer, aprender a viver juntos e aprender a ser), o referido documento ampliou a concepção de aprendizagem e dos objetivos educacionais que permeiam o mundo da educação formal.
A perspectiva educativa da Doutrina Espírita abrange os referidos pilares, uma vez que se baseia na visão integral do desenvolvimento humano, sem se restringir a apenas um de seus aspectos. Vejamos:8

APRENDER A CONHECER

“Conhecereis a verdade e ela vos libertará.” (João, 8:32.)
O Espiritismo proporciona o “[…] conhecimento das coisas, fazendo que o homem saiba donde vem, para onde vai e por que está na Terra [….]”. Allan Kardec 9
“Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da humanidade.” Allan Kardec 10
“Em razão disso, importa reconhecer que o homem – cérebro de gênio e coração de bárbaro –, embora içado ao pináculo da grandeza material, ainda nem sabe ao certo o que não sabe, pois ignora a extensão da própria ignorância, ante a excelsa magnitude do universo de que é parte integrante.” Leopoldo Cirne11
CRIANÇA

APRENDER A FAZER

“Reconhece-se a árvore pelo fruto.” (Lucas, 6:44.)
Para agradar a Deus e assegurar a sua posição futura, bastará que o homem não pratique o mal? “Não; cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças […].” Allan Kardec14
“[…] Seja Allan Kardec, não apenas crido ou sentido, apregoado ou manifestado, a nossa andeira, mas suficientemente vivido , sofrido , chorado e realizado em nossas próprias vidas […]”.15

Bezerra de Menezes

“Ensinar, mas fazer; crer, mas estudar; aconselhar, mas exemplificar; reunir, mas alimentar.”15 Bezerra de Menezes

APRENDER A CONVIVER

“Fazei aos outros o que desejaríeis que eles vos fizessem.” (Mateus,7:12.)
“Nisto conhecerão todos que sois meus discípulos, se tiverdes amor uns aos outros.” (João,13:35.)
“[…] Dez homens unidos por um pensamento comum são mais fortes do que cem que não se entendam. […]” Allan Kardec 16
“[…] A contribuição de Estêvão e de outras personagens desta história real vem confirmar a necessidade e a universalidade da lei de cooperação. E, para verificar a amplitude desse conceito, recordemos que Jesus, cuja misericórdia e poder abrangiam tudo, procurou a companhia de doze auxiliares, a fim de empreender a renovação do mundo.” Emmanuel 17
Com base nas reflexões e fundamentações compartilhadas, compreendemos o convite à formação integral do ser humano e ao investimento incessante nas novas gerações, fortalecendo-as para a conquista do autoaperfeiçoamento e para a edificação do reino de Deus na Terra, por meio da solução dos Problemas do mundo, tal como nos apresenta Bezerra de Menezes, em bela e oportuna mensagem de mesmo título:
Para extinguir a chaga da ignorância, que acalenta a miséria; para dissipar a sombra da cobiça, que gera a ilusão; para exterminar o monstro do egoísmo, que promove a guerra; para anular o verme do desespero, que promove a loucura, e para remover o charco do crime, que carreia o infortúnio, o único remédio eficiente é o Evangelho de Jesus no coração humano.18 (Grifo nosso.)
Prossigamos, amigos, na tarefa de Evangelização de corações!

crianças amar

REFERÊNCIAS:

1 VIEIRA, Waldo. Conduta espírita. Pelo Espírito André Luiz. 32. ed. 3. imp. Brasília: FEB, 2013. cap. 42, Perante a instrução.
2 XAVIER, Francisco C. Cartas e crônicas. Pelo Espírito Irmão X. 14. ed. 1. imp. Brasília: FEB, 2013. cap. 24, Respondendo.
3 ____. Caminho, verdade e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 5. imp. Brasília: FEB, 2013. cap. 152, Ciência e amor.
4 KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. 93. ed. 1. imp. (Edição Histórica.) Brasília: FEB, 2013. q. 780.
5 ____. ____. q. 917.
6 VASCONCELLOS, Lins. Educação e espiritismo. In: DUSI, Miriam. (Coordenadora Sublime sementeira: evangelização espírita infantojuvenil. 2. imp. Brasília: FEB, 2012. pt. 2, Mensagens, it. 22.
7 DENIS, León. Depois da morte. 28. ed. 2. imp. Brasília: FEB, 2013. pt. 5, O caminho reto, it. 54, A educação.
8 As citações evangélicas foram inspiradas na obra Reflexões pedagógicas à luz do evangelho, de autoria de Sandra Maria Borba Pereira, Ed. FEP, 2009.
9 KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 131. ed. 3. imp. (Edição Histórica.) Brasília: FEB, 2013. cap. 6, it. 4.
10 ____. ____. cap. 19, it. 7.
11 VIEIRA, Waldo. Seareiros de volta. Diversos autores espirituais. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2007. cap. Confiemos, servindo.
12 FRANCO, Divaldo P. O Autodescobrimento: uma busca interior. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. Salvador: Leal, 1995. cap. 2, p. 32.
13 KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 131. ed. 3. imp. (Edição Histórica.) Brasília: FEB, 2013. cap. 17, it. 3.
14 ____. O livro dos espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. 93. ed. 1. imp. (Edição Histórica.) Brasília: FEB, 2013. q. 642.
15 REFORMADOR. ano 93, n. 1.761, p. 11(275), dez. 1975. Mensagem Unificação, psicografada por Francisco Cândido Xavier.
16 KARDEC, Allan. Obras póstumas. Trad. Guillon Ribeiro. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2011. pt. 2, Constituição do Espiritismo, it. 10, Allan Kardec e a nova constituição.
17 XAVIER, Francisco C. Paulo e Estêvão. Pelo Espírito Emmanuel. 45. ed. 3. imp. Brasília: FEB, 2013. Breve notícia
18 XAVIER, Francisco C.; VIEIRA, Waldo. O espírito da verdade. Por Espíritos diversos. 18. ed. 2. imp. Brasília: FEB, 2013. cap. 1, Problemas do mundo.

Reformador

– Edição de Fevereiro 2014

o mal e o bem

Essas Outras Crianças

Quando abraças seu filho, no conforto doméstico, fita essas outras crianças que jornadeiam sem lar.
Dispões de alimento abundantes para que teu filho se mantenha em linha de robustez.
Essas outras crianças, porém caminham desnorteadas, aguardando os restos da mesa que lhes atira, com displicência, findo o repasto.
Escolhes a roupa nobre e limpa de que teu filho se vestirá, conforme a estação.
Todavia, essas outras crianças tremem de frio, recobertas de andrajos.
Defendes teu filho contra a intempérie, sob o teto acolhedor, sustentando-o à feição de Joia no escrínio.
Contudo, essas outras crianças cochilam estremunhadas na via pública quando não se distendem no espaço asfixiante do esgoto.
Abres ao olhar deslumbrado de teu filho, os tesouros da escola.
E essa outras crianças suspiram debalde pela luz do alfabeto, acabando, muita vez, encerradas no cubículo das prisões, à face da ignorância que lhes cega a existência.
Conduzes teu filho a exame de pediatras distintos sempre que entremostre leve dor de cabeça.
Entretanto, essas outras crianças minadas por moléstias atrozes, agonizam em leitos de pedra, sem que mão amiga as socorra.
Ofereces aos sentidos de teu filho a festa permanente das sugestões felizes, através da educação incessante.
No entanto, essas outras crianças guardam olhos e ouvidos quase sintonizados no lodo abismal das trevas
Afagas assim, teu filho no trono familiar, mas desce ao pátio da provação onde essas outras crianças se agitam em sombra ou desespero e ajuda-as quanto possa!
Quem serve o amor de Cristo sabe que a boa palavra e o gesto de carinho, o pedaço de pão e a peça de vestuário, o frasco de remédio e a xícara de leite operam maravilhas.
Proclamas a cada passo que esperas confiante o esplendor do futuro mas, essas outras crianças chorarem desamparadas, clamaremos em vão pelo mundo melhor
Xavier, Francisco Cândido. Pelo Espírito Emmanuel.
mundo de regeneração
“Onde estiverem dois ou três reunidos em meu nome, ali estou no meio deles”. Jesus (Mateus, 18:20)

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