TÉCNICA CONTRA O OBSESSOR – HAROLDO DUTRA DIAS

Questão de consciência

A consciência da culpa torna-se azorrague de lamentável aflição para quem delinque, constituindo presença indesejável na vida irregular.
Todos os homens com mediana capacidade de discernimento sabem como se devem conduzir e quais os mecanismos corretos de que se podem utilizar, a fim de lobrigarem êxito nos tentames de uma existência sadia.
O erro, que é fator para a aprendizagem, ensinando a melhor metodologia para a fixação do acerto, na área do comportamento moral assume papel preponderante, gerando conseqüências de breve ou longo curso, conforme a ação negativa desencadeada.
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Na Terra, face aos compromissos ético-sociais que impõem a aparência, não raro em detrimento da realidade, aquela exige que os indivíduos se permitam duas condutas: a que se aceita e aquela que se vive na intimidade do ser.
Tal atitude desencadeia distúrbios emocionais que se transformam em processos de alienação mental e comportamental infelizes.
Não suportando a carga da dicotomia emocional que se impõe, o indivíduo foge pelos episódios neuróticos; jugulando-se a patologias que o tempo agrava, caso não se permita a necessária terapia e a mudança de ação moral.
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Fora do corpo, a questão da consciência da culpa assume proporções mais graves, tomando aspectos mais infelizes.
A impossibilidade que experimenta o culpado de dissimular o delito e a presença da sua vítima inocente, que o não acusa em momento nenhum, quando é nobre e elevada, tornam-se-lhe um tormento inominável.
Se, todavia, estagia no mesmo padrão de conduta e é incapaz de compreender e perdoar, ei-la transformada em cobrador implacável, iniciando-se o processo de obsessão cruel, que se alongará na carne futura, que o calceta busca a fim de esquecer e reabilitar-se…
Age corretamente sempre.
Não te anestesies com os vapores do erro moral ou de qualquer outra procedência.
Sofre hoje a falta, de modo a não padeceres longamente, mais tarde, o que usaste de forma indevida.
O júbilo de poucos momentos, não vale o remorso de muito tempo.
Felicidade sem renúncia é capricho dourado que se converte em pesadelo.
Tudo passa!
Eis que o tempo, na sucessão das horas, conceder-te-á em paz o que agora te falta, durante o conflito.
Tem paciência e persevera no bem, na retidão.
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As leis de Deus encontram-se registradas na consciência humana, para que saibamos como agir, para que agir e por que agir sempre da maneira melhor para todos.
Assim, não te comprometas com o mal, o crime, o vício, liberando-te da culpa por antecipação.
Tal atitude será, na tua felicidade, uma questão de consciência.
FRANCO, Divaldo Pereira. Momentos de Meditação. Pelo Espírito Joanna de Ângelis. LEAL. Capítulo 13.

A poesia perdida

Manuel Quintão
O Consolador é a onipresença de Jesus na Terra.
Ao influxo da Benemerência Celeste, ele asserena os gestos impensados das criaturas que gemem esporeadas pelas provações; aplaca os gritos blasfemos que se elevam de muitas bocas com requintes insaciáveis de orgulho; recompõe os rostos incendidos pelo fogo de multifárias paixões e soergue os proscritos do remorso que se escondem nas dores devoradoras, desmemoriados na retificação que o destino lhes retraça.
O Consolador Prometido!… Sursum corda! Res, non verba!…
Seguindo-lhe os ditames, jamais desfeches o alvo em mira, pois os olhos voltívolos não podem fixar os painéis vislumbrados nos cimos.
Recorda que todas as cenas humanas têm seus bastidores espirituais. Se vives em ânsia de paz interior, sustém o império sobre ti mesmo.
Espaneja em ti a carusma dos preconceitos que te dançam na mente, qual poeira de sombra, entenebrecendo-te a razão. Recoloque os ideais com novas tintas de alegria, esperança e coragem, no combate aos erros bastas vezes milenares.
Estende um pensamento bom aos cépticos transviados no dédalo das indagações contraditórias, ferretoados no duelo interior da dúvida.
Foge à voz bramidora da censura para que os teus lábios festejem os ouvidos alheios com expressões de conselho e acentos de consolo. Borda a palavra com doçura e repete mansamente a própria bênção quando a tua voz se perca entre os clamores dos que passam a vociferar rebeldia e avançam espavoridos por veredas em chamas.
Socorre a mães desditosas, cujos filhinhos doentes vertem lágrimas a se transmutarem nos livores macilentos da morte. Afaga, ao calor das frases de fraternidade revigoradora, as têmporas encanecidas e latejantes que te suplicam algum óbolo de carinho.
Desfaze o véu do pranto de agonia de quem chora às ocultas, no sarcófago das trevas de si mesmo. Derrama preces confortativas entre os peregrinos da morte que não se resguardaram para a Grande Viagem e carreiam o coração em atropelos, de espanto a espanto, ante a perpetuidade da vida.
Em toda estrada vicejam alfombras de sorrisos e chovem lágrimas de aflição, mas o amor, com o Cristo-Jesus, recupera a poesia perdida ao longo do nosso caminho, pois só ele transforma o miasma em perfume, o incêndio em luz, o espinho em flor, o deserto em jardim e a queda em ascensão.
Do cap. 22 do livro O Espírito da Verdade, obra psicografada pelos médiuns Chico Xavier e Waldo Vieira, de autoria de Espíritos diversos.
Não seja sabotador de planos e sonhos.
Almeje a alegria das realizações.
Carmi Wildner

Que Temos com o Cristo?

“Ah! que temos contigo, Jesus Nazareno? vieste destruir-nos? Bem sei quem és: o Santo de Deus.” – (MARCOS, capítulo 1, versículo 24.)
Grande erro supor que o Divino Mestre houvesse terminado o serviço ativo, no Calvário.
Jesus continua caminhando em todas as direções do mundo; seu Evangelho redentor vai triunfando, palmo a palmo, no terreno dos corações.
Semelhante circunstância deve ser lembrada porque também os Espíritos maléficos tentam repelir o Senhor diariamente.
Refere-se o evangelista a entidades perversas que se assenhoreavam do corpo da criatura.
Entretanto, essas inteligências infernais prosseguem dominando vastos organismos do mundo.
Na edificação da política, erguida para manter os princípios da ordem divina, surgem sob os nomes de discórdia e tirania; no comércio, formado para estabelecer a fraternidade, aparecem com os apelidos de ambição e egoísmo; nas religiões e nas ciências, organizações sagradas do progresso universal, acodem pelas denominações de orgulho, vaidade, dogmatismo e intolerância sectária.
Não somente o corpo da criatura humana padece a obsessão de Espíritos perversos. Os agrupamentos e instituições dos homens sofrem muito mais.
E quando Jesus se aproxima, através do Evangelho, pessoas e organizações indagam com pressa:
“Que temos com o Cristo? que temos a ver com a vida espiritual?”
É preciso permanecer vigilante à frente de tais sutilezas, porquanto o adversário vai penetrando também os círculos do Espiritismo evangélico, vestido nas túnicas brilhantes da falsa ciência.
XAVIER, Francisco Cândido. Caminho, Verdade e Vida. Pelo Espírito Emmanuel. 28.ed. Brasília: FEB, 2009. Capítulo 144.

Esta Noite

“Mas Deus lhe disse: – Louco, esta noite te pedirão a tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” – Jesus (Lucas, 12:20)
Não basta ajuntar valores materiais para a garantia da felicidade
A super cultura consegue atualmente na Terra feitos prodigiosos em todos os ramos da Natureza física, desde o controle das forças atômicas às realizações da Astronáutica.
No entanto, entre os povos mais adiantados do Planeta avançam duas calamidades morais do materialismo corrompendo-lhe as forças: o suicídio e a loucura, ou, mais propriamente, a angústia e a obsessão.
É que o homem não se aprovisiona de reservas espirituais à custa de máquinas…
Para suportar os atritos necessários à evolução e aos conflitos resultantes da luta regenerativa, precisa alimentar-se com recursos da alma e apoiar-se neles.
Nesse sentido, vale recordar o sensato comentário de Allan Kardec no item 14 do Capítulo V de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, sob a epígrafe “O Suicídio e a Loucura”:
“A calma e a resignação hauridas da maneira de considerar a vida terrestre e da confiança no futuro dão ao Espírito uma serenidade que é o melhor preservativo contra a loucura e o suicídio.
Com efeito, é certo que a maioria dos casos de loucura se deve à comoção produzida pelas vicissitudes que o homem não tem a coragem de suportar.
Ora, se encarando as coisas deste mundo da maneira por que o Espiritismo faz que ele as considere, o homem recebe com indiferença, mesmo com alegria, os reveses e as decepções que o houveram desesperado noutras circunstâncias, evidente se torna que essa força o coloca acima dos acontecimentos, lhe preserva de abalos a razão, os quais, se não fora isso, a conturbariam”.
Espíritas, amigos!
Atendamos à caridade que suprime a penúria do corpo, mas não menosprezemos o socorro às necessidades da alma!
Divulguemos a luz da Doutrina Espírita!
Auxiliemos o próximo a discernir e pensar.
XAVIER, Francisco Cândido. Segue-me!… Pelo Espírito Emmanuel. O Clarim.

Provas Irreveladas

Do ponto de vista moral, há bastante infortúnio escondido em toda a parte. Nos ambientes mais diversos, nos momentos em que menos se espera, com as pessoas fisionomicamente mais seguras de si, a aflição desponta inesperada e o pranto pode estar surgindo às ocultas.
Desilusão, moléstia, revolta e desalento não afluem, em muitos casos, à face das circunstâncias exteriores.
Familiar decepcionado com o noticiário desairoso que vem a saber com respeito ao parente querido.
Jovem agoniada na frustração de projetos matrimoniais.
Pai fustigado pela doença incurável de um filho.
Mãe ansiosa pela reconciliação impraticável com o pai de sua prole.
Cavalheiro bem posto, mas absolutamente inconformado com a deficiência física de que se sabe portador, sem que os outros percebam.
Viúva atormentada pela falta de garantias no lar.
Cônjuge que não mais confia na companheira de vinte anos.
Homem ferido pela consciência na fase de transição entre um passado recente de erros e um futuro de maiores acertos.
Chefe enfermo de família numerosa, repentinamente desempregado.
Criatura robusta e aparentemente normal, envolvida em tramas de obsessão.
Aprendamos com a Doutrina Espírita que o pretérito se reflete no presente e que a lei de causa e efeito funciona em qualquer paisagem social, com qualquer pessoa, em todos os bastidores profissionais e em todos os dias.
Ponderemos nisso, a fim de não faltarmos com o apoio devido à harmonia que nos cabe manter nos domínios da vida.
Se alguém lhe respondeu asperamente, se um amigo aparece incompreensivo, se aquele companheiro passou de súbito a dedicar-lhe antipatia gratuita, se aquele outro lhe abalroa as edificações espirituais e se muitos não lhe correspondem, de leve, às esperanças, suponha semelhantes irmãos presos mentalmente a problemas irrevelados de angústia e coloque-se na posição deles, com as provas e desvantagens que experimentam, e decerto você se compadecerá de cada um, dispondo-se a auxiliá-los.
Nem sempre a voz corrente fala tudo o que vai nas almas.
Repitamos para nós que a verdadeira caridade se resume na compreensão para além das aparências dos espíritos com os quais se convive, perdoando e ajudando silenciosa e desinteressadamente, de nossa parte, onde estejamos, como se faça necessário e tanto quanto seja possível.
Pelo Espírito André Luiz. Página recebida pelo médium Waldo Vieira, em reunião pública da Comunhão Espírita Cristã, na noite de 19-10-64, em Uberaba, Minas. Fonte: Reformador – fevereiro, 1965.

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