autorrealização pessoal visão da doutrina espírita 2

EDUCAÇÃO DOS SENTIMENTOS SEGUNDO A DOUTRINA ESPÍRITA

A Lei de Amor

O amor resume a doutrina de Jesus toda inteira, visto que esse é o sentimento por excelência, e os sentimentos são os instintos elevados à altura do progresso feito. Em sua origem, o homem só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor, não o amor no sentido vulgar do termo, mas esse sol interior que condensa e reúne em seu ardente foco todas as aspirações e todas as revelações sobre-humanas.
A lei de amor substitui a personalidade pela fusão dos seres; extingue as misérias sociais. Ditoso aquele que, ultrapassando a sua humanidade, ama com amplo amor os seus irmãos em sofrimento! ditoso aquele que ama, pois não conhece a miséria da alma, nem a do corpo. Tem ligeiros os pés e vive como que transportado, fora de si mesmo. Quando Jesus pronunciou a divina palavra-amor, os povos sobressaltaram-se e os mártires, ébrios de esperança, desceram ao circo.
O Espiritismo a seu turno vem pronunciar uma segunda palavra do alfabeto divino. Estai atentos, pois que essa palavra ergue a lápide dos túmulos vazios, e a reencarnação, triunfando da morte, revela às criaturas deslumbradas o seu patrimônio intelectual. Já não é ao suplício que ela conduz o homem: condu-lo à conquista do seu ser, elevado e transfigurado. O sangue resgatou o Espírito e o Espírito tem hoje que resgatar da matéria o homem.
Disse eu que em seus começos o homem só instintos possuía. Mais próximo, portanto, ainda se acha do ponto de partida, do que da meta, aquele em quem predominam os instintos. A fim de avançar para a meta, tem a criatura que vencer os instintos, em proveito dos sentimentos, isto é, que aperfeiçoar estes últimos, sufocando os germes latentes da matéria. Os instintos são a germinação e os embriões do sentimento; trazem consigo o progresso, como a glande encerra em si o carvalho, e os seres menos adiantados são os que, emergindo pouco a pouco de suas crisálidas, se conservam escravizados aos instintos.
O Espírito precisa ser cultivado, como um campo. Toda a riqueza futura depende do labor atual, que vos granjeará muito mais do que bens terrenos: a elevação gloriosa. E então que, compreendendo a lei de amor que liga todos os seres, buscareis nela os gozos suavíssimos da alma, prelúdios das alegrias celestes. – Lázaro. (Paris, 1862.)
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. Capítulo 11. Item 8.

“Coragem para seguir, determinação para superar o que parece não ter solução.
No deserto do mundo o sagrado nos busca.”
Adeilson Salles
Escritor – Palestrante – Psicanalista

Não Somente

“Nem só de pão vive o homem…” Jesus (Mateus, 4:4)

Não somente agasalho que proteja o corpo, mas também o refúgio de conhecimentos superiores que fortaleçam a alma.
Não só a beleza da máscara fisionômica, mas igualmente a formosura e nobreza dos sentimentos.
Não apenas a eugenia que aprimora os músculos, mas também a educação que aperfeiçoa as maneiras.
Não somente a cirurgia que extirpa o defeito orgânico, mas igualmente o esforço próprio que anula o defeito íntimo.
Não só o domicílio confortável para a vida física, mas também a casa invisível dos princípios edificantes em que o espírito se faça útil, estimado e respeitável.
Não apenas os títulos honrosos que ilustram a personalidade transitória, mas igualmente as virtudes comprovadas, na luta objetiva, que enriqueçam a consciência eterna.
Não somente claridade para os olhos mortais, mas também luz divina para o entendimento imperecível.
Não só aspecto agradável, mas igualmente utilidade viva.
Não apenas flores, mas também frutos.
Não somente ensino continuado, mas igualmente demonstração ativa.
Não só teoria excelente, mas também prática santificante.
Não apenas nós, mas igualmente os outros.
Disse o Mestre: “Nem só de pão vive o homem”.
Apliquemos o sublime conceito ao imenso campo do mundo.
Bom gosto, harmonia e dignidade na vida exterior constituem dever, mas não nos esqueçamos da pureza, da elevação e dos recursos sublimes da vida interior, com que nos dirigimos para a Eternidade.
XAVIER, Francisco Cândido. Fonte Viva. Pelo Espírito Emmanuel. FEB. Capítulo 18.

POESIA  ESSÊNCIA DO SENTIMENTO

Eu venho de lá onde o bem é maior.
De onde a maldade seca, não brota.
De onde é sol mesmo em dia de chuva e chuva chega como benção.
Lá sempre tem uma asa, um abrigo para proteger do vento e das tempestades.
Eu venho de um lugar que tem cheiro de mato,
Água de rio logo ali
E passarinho em todas as estações.
Eu venho de um lugar em que se divide o pão,
Se divide a dor
E se multiplica o amor.
Eu venho de um lugar onde quem parte fica para sempre,
Porque só deixou boas lembranças.
Eu venho de um lugar onde criança é anjo,
Jovem é esperança,
E os mais velhos são confiança e sabedoria.
Eu venho de um lugar onde irmão é laço de amor
E amigo é sempre abraço.
Onde lar acolhe para sempre como o coração de mãe.
Eu venho de um lugar que é luz mesmo em noite escura.
Que é paz, fé e carinho.
Eu venho de lá, e não estou sozinha,
“Sou catadora de lindezas”,
Sobrevivo de encantamento,
Me alimento do que é bom, do bem.
Procuro bonitezas e bem querer,
Sobrevivo do que tem clareza
E só busco o que aprendi a gostar,
Não esqueço de onde venho
E vou sempre querendo voltar.
Meu lugar se sustenta do bem que encontro pelo caminho,
Junto à maços de alfazema e alecrim.
Ah sim,
Sou como passarinho carregando a bagagem de bondade,
Catando gravetos de cheiro, para esquentar e sustentar o ninho…
Talvez a vida tenha feito você acreditar que este lugar não existe.
Te digo, tem sim, é fácil encontrar.
Silencie,
Respire,
Desarme-se,
Perceba,
É pertinho.
Este lugar pulsa amor,
É dentro da gente,
É essência,
Está em cada um de nós.
Basta a gente querer e buscar.
Rita Maidana

O homem de Deus

Há pouco tempo atrás assisti uma entrevista de um pastor evangélico que costuma criticar a comercialização da fé nas novas igrejas pentecostais. O entrevistador perguntou em tom provocativo: “Pastor você acha que a igreja evangélica é um grande negócio?” e o pastor respondeu: “Sim, a igreja evangélica é um grande negócio, a igreja católica é um grande negócio, o espiritismo é um grande negócio…”. Neste momento me senti um pouco incomodado, pensei: Como assim o espiritismo é um grande negócio? No espiritismo eu enxergo a abnegação e o desapego de figuras símbolo como Chico Xavier, como pode ser este modelo de vida e fé um grande negócio, no sentido de negócio lucrativo materialmente?
Foi então que alguns dias depois explodiu o escândalo do médium João de Deus, independentemente de sua culpa quanto aos casos de abuso sexual, eu que nunca havia me interessado muito sobre esta personalidade descobri em matérias antigas de veículos confiáveis que ele possuía 28 imóveis em seu nome na cidade onde vivia, entre eles fazendas de gado e minas de ouro, descobri também que já se encontrava em seu décimo casamento com uma esposa 40 anos mais jovem e que movimentou nada menos do que 35 milhões em suas contas bancárias.
Mas ai também me lembrei que este suposto médium “que muitos erroneamente ainda consideravam espírita” não é um caso isolado, basta lembrar a família Gasparetto, que em reportagem também antiga à revista Veja afirmavam (com outras palavras) que Chico Xavier era um tolo por não usar sua mediunidade para enriquecer. Segundo esta mesma reportagem, os entrevistados afirmavam existir 2 espiritismos, o tradicional, baseado nos fundamentos da doutrina codificada por Allan Kardec, e um suposto novo espiritismo, mais moderno e atual, no qual usar a mediunidade para enriquecer e viver uma vida de luxos materiais era quase que uma obrigação do médium. Não é preciso ser profundo conhecedor da doutrina para saber que isto na verdade não é espiritismo.
O Brasil é um país onde existe liberdade religiosa, qualquer pessoa pode a qualquer momento declarar ter criado um nova religião e chamar como quiser. Mas não é preciso ser nenhum detetive para perceber o charlatanismo de quem tenta usar a boa fama que o espiritismo conquistou, graças a exemplos de humildade e abnegação como Chico Xavier e Bezerra de Menezes (entre muitos outros), para atrair desavisados ainda não muito conscientes dos valores cristãos. Estes mercadores da fé, sejam médiuns reais ou apenas farsantes, não são espiritas, mas muito mais importante que isso, não são cristãos.
Chico Xavier obviamente não inventou a humildade cristã. O cristianismo tem 2000 anos de história de espíritos abnegados que (alguns mais e outros menos) seguiram o exemplo maior de humildade do cristo. Estes cristãos abnegados entenderam e praticaram conceitos simples contidos nas palavras do mestre como: “Meu reino não é deste mundo” ou “De que vale ganhar o mundo e perder a sua alma”. Mesmo assim ainda em 2018 vemos tantos seguidores e defensores de médiuns autoproclamados espíritas, que vivem longe da humildade cristã, um dos pilares fundamentais da doutrina do cristo.
Pode ocorrer que um determinado médium, diretor, autor ou palestrante espírita tenha uma boa renda pessoal graças a uma profissão bem remunerada como por exemplo um médico, advogado ou empresário de sucesso. E o ideal é mesmo que a atividade religiosa seja paralela e complementar à atividade profissional, nunca misturando rendas, lucros ou prejuízos. Já a decisão de usufruir esta renda confortável de profissional bem sucedido, ou viver de forma mais humilde e converter as sobras em caridade, é de foro íntimo de cada um e não cabe a ninguém julgar. Mas viver com renda acima da média da população em geral, sendo que esta renda só seja possível graças à atividade religiosa e esteja diretamente ligada à comercialização de livros, palestras ou cargos de direção em entidade religiosa, mesmo que esta renda seja toda recebida em forma de doações voluntárias, significa abandonar o cristianismo, significa transformar a religião em negócio.
O momento atual pode ser proveitoso para lembrarmos mais uma vez de separar o joio do trigo. Separar os seguidores da religião de Deus dos seguidores da religião dos homens. Médiuns, autores, dirigentes, palestrantes ou qualquer pessoa em qualquer posição de destaque, que viva uma vida de prazeres materiais, sendo esta situação material privilegiada fruto da sua atividade religiosa, não são espíritas e nem são cristãos.
Não foi sem razão que a igreja católica introduziu o costume do voto de pobreza, mesmo que sua eficácia seja bastante questionável, como o próprio Papa já fez questão de salientar recentemente, é uma iniciativa louvável por tentar afastar o homem religioso das tentações materiais que a posição possa oferecer. Mais ainda do que isso, seria interessante mesmo cumprir um voto de humildade, ao invés de uma determinação para que as pessoas que seguem ou se dedicam a divulgar o evangelho abandonem suas posses e entreguem tudo uma organização religiosa, ou que passem a viver dependendo de favores dos outros.
Nenhum tipo de radicalismo é necessário e mesmo que medidas radicais fossem adotadas, existem sempre aqueles que darão um jeito de driblar regras impostas de cima para baixo, como os bispos que “vivem como faraós” em palácios de propriedade da igreja, sem possuírem nenhum bem em seus nomes. Um voto de humildade seria um compromisso com a humildade pura e simples. Uma vida “humilde” entre aspas, porque na nossa sociedade atual, viver com uma renda média igual à da maioria da população, não significa mais viver na miséria nem se privar de bens e necessidades básicas como saúde e educação.
O cumprimento de um voto de humildade só pode ser verificado pela maneira como a pessoa realmente vive e não pela existência ou não de títulos de propriedade. Também só pode ser medido com exatidão pela própria consciência daquele que resolve adotar este compromisso. Sem radicalismos nem exageros eu posso facilmente verificar se não estou acumulando bens demais, nem vivendo com luxos e prazeres que não estão disponíveis para a maioria das pessoas e posso sem grande alarde dizer para mim mesmo: Não estou vivendo na humildade cristã, preciso aprender com o mestre e distribuir um pouco do meu supérfluo aos que dele necessitam.
Jesus não fez votos nem rituais ou declarações para adotar um compromisso com a humildade material, ele veio ao mundo já desta maneira porque é um espírito superior, possuidor de verdadeira humildade de espírito, muito acima da nossa compreensão. Muito mais do que com palavras, Jesus é nosso mestre pelo exemplo, a maneira como viveu há 2000 mil anos também serve de guia a ser seguido pelo homem religioso de hoje, uma vida humilde, sem miséria mas com muito trabalho.

POSSES

(Do livro “Momentos de Saúde e de Consciência”, de Divaldo Pereira Franco, pelo Espírito Joanna de Ângelis)
O verdadeiro possuidor é sempre o melhor doador.
O que se tem, deve-se. Quando se oferece, possui-se.
Na contabilidade da vida, a verdadeira posse apresenta-se como o bem que se esparze e proporciona alegria, ao invés de significar o recurso que se armazena, permanecendo inútil.
A verdadeira doação enriquece aquele que a faz, certamente beneficiando quem a recebe.
Convencionalmente, a pessoa que economiza e guarda valores amoedados torna-se rica. Quase sempre, porém, amesquinha-se, apaixonando-se pelos haveres de que se faz prisioneira.
Há, em consequência, sistemas que se encarregam de amealhar e ensinar a poupar, gerando as cirandas de investimentos, que permitem auferir lucros e vantagens.
Os que assim se tornam ricos, vivem em constante ansiedade em relação às oscilações do câmbio, das bolsas, dos títulos; pobres de sentimentos elevados, vítimas da ganância financeira.
A riqueza, em si mesma, não é boa, nem é má, dependendo de quem a usa e de como é utilizada.
Com facilidade gera o apego e o medo de perdê-la; empobrece outros indivíduos, enquanto dorme nos cofres da usura, permitindo que a miséria se generalize.
Aprende a repartir, a fim de melhor compartires.
O que tens passa, deixas de possuir; mas o que és permanece, não se consome.
Reflete em torno da transitoriedade da existência física e compreenderás quão é urgente aproveitá-la com propriedade.
A sucessão inexaurível do tempo demonstra a fragilidade das coisas diante d’Ele, e a sua inexorabilidade no que diz respeito à consumpção (“desgaste até a destruição”) de tudo quanto é terreno.
Somente as conquistas intelecto-morais têm sabor de eternidade.
Desse modo, enriquece-te das aquisições espirituais, que te alargarão os horizontes do entendimento, da vida melhor, apresentando-te o significado e o objetivo da existência carnal.
Portador de uma visão correta a respeito de como deves proceder, irás libertando-te de incontáveis fatores degenerativos que se te fixaram à personalidade e são responsáveis por problemas, doenças, insatisfações, que te afligem.
Não mais disputarás vaidades, nem te afetarão agressões, que são de nenhuma importância. Tuas aspirações serão mais elevadas.
Não te sentirás maior ou menor de acordo com o jogo das enganosas referências, das inúteis competições do palco terrestre. Tuas conquistas não serão mensuráveis por aplausos ou apupos.
Viverás tranquilo e disporás de tudo quanto é necessário, sem o tormento dispensável do supérfluo.
A vida te dá tudo, bastando o esforço para consegui-lo. Também o toma, sem que ninguém possa reter os bens que lhe não pertencem.
Saúde, paz, alegria, trabalho e autorrealização sejam-te as raras moedas de que necessitas para a jornada humana, que te abrirão as portas do futuro no rumo da imortalidade — a tua meta final e única.

Inversão de valores

Durante o solstício de inverno na Roma pagã, período que abrange os dias 17 a 23 de dezembro, celebravam-se as Saturnais, também denominadas como as “festas dos escravos”, em razão de ser-lhes concedidas oportunidades de prazeres, aumento da quota de alimentos, diminuição dos trabalhos a que se encontravam submetidos especialmente nos campos.
Homenageando-se o deus Saturno, os participantes entregavam-se aos mais diversos abusos, especialmente na área da sensualidade, da falta de compromissos morais, assemelhando-se às bacanais…
Quando o Cristianismo primitivo passou a dominar as mentes e os corações do Império, aqueles afeiçoados a Jesus, desejando apagar a nódoa moral que vinha do paganismo e permanecia atormentando a cultura vigente, transferiram a data do Seu nascimento para aquele período, aproximadamente, destacando-se o dia 25 para as celebrações festivas.
Havendo nascido o Mestre de Nazaré entre 6 e 8 de abril, segundo os mais precisos cálculos dos estudiosos do Cristianismo contemporâneo, o alto significado da ocorrência, pensavam então, teria força suficiente para apagar as lembranças dos abusos praticados até aquela ocasião.
O ser humano, nada obstante, mais facilmente vinculado às paixões primitivas, lentamente foi transformando a data evocativa da estrebaria de palha que se transformou numa constelação de estrelas, a fim de dar expansão aos sentimentos desequilibrados, assim atendendo às necessidades das fugas psicológicas, em culto externo de fantasia e de prazer.
Posteriormente, São Francisco de Assis, símile de Jesus pelo seu inefável amor e entrega total da vida, desejou recompor a ocorrência natalina, e realizou o seu primeiro presépio, a fim de que o mundanismo não destruísse a simpleza da ocorrência, apresentando o evento sublime na forma ingênua das suas emoções.
Durante alguns séculos preservou-se a evocação do berço dentro das modestas concepções do Cantor de Deus.
À medida que a cultura espraiou-se e as modernas técnicas de comunicação ampliaram os horizontes das informações, as doutrinas de mercado, assinaladas pelas ambições de compras e vendas, de extravagâncias e de presentes, de sedução pelo exterior em detrimento do significado interno dos valores, propôs novos paradigmas para as comemorações do Natal.
Na atualidade aturdida dos sentimentos, a figura de Jesus lentamente desaparece da paisagem do Seu nascimento, substituída pelo simpático e gorducho velhinho do norte europeu, Papai Noel, e o seu trenó entulhado de brinquedos para as crianças e os adultos que se entregam totalmente à alucinação festiva, distante da mensagem real do Nascimento.
Atualizando-se no Ocidente e, praticamente no mundo todo, as doces lendas sobre São Nicolau, eis que também a árvore colorida vem substituindo o presépio humilde nascido na Úmbria, e outro tipo de saturnália toma conta da sociedade, agora denominada cristã…
Matança de animais, excesso de bebidas alcóolicas, festas exageradas, extravagâncias de todo porte, troca de presentes, abuso de promessas e ânsia de prazeres tomam lugar nas evocações anuais, com um quase total esquecimento do Aniversariante.
A preocupação com a aparência, os jogos dominantes dos relacionamentos sociais e o exibicionismo em torno dos valores externos aturdem os indivíduos que se atiram à luxúria e ao desperdício, tendo como pretexto Jesus, de maneira idêntica ao culto oferecido a Saturno.
Propositalmente, os adversários da ética-moral proposta pelo Mestre procuram apagar a Sua lembrança nas mentes e nos corações, em tentativas covardes e contínuas de O transformar em mais um mito que se perde na escura noite do inconsciente coletivo da Humanidade.
Distraídos em torno da ocorrência perversa, pastores e guias do rebanho confundido deixam-se, também, arrastar pela corrente da banalidade, engrossando as fileiras dos celebradores do prazer e da anarquia.
É certo que Jesus não necessita de que se Lhe celebrem as datas de nascimento nem de morte, mas deseja que se vivam as lições de que se fez o Mensageiro por excelência, propondo novos conceitos e comportamentos em torno da felicidade e da responsabilidade existencial, tendo em vista a imortalidade na qual todos nos encontramos mergulhados.
Nada obstante, é de causar preocupação o desvio, a inversão de valores que se observam nas evocações festivas e na conduta dos celebradores, muito mais preocupados com o gozo e o despautério do que com os conteúdos memoráveis dos ensinamentos por Ele preconizados e vividos.
Por compreender as fraquezas morais do ser humano, Jesus entendia, desde então, tais ocorrências que hoje acontecem, as adulterações que se produziram nos Seus ensinamentos, e diante da indiferença que tomaria conta daqueles que O deveriam testemunhar, foi peremptório ao afirmar: – Quando eles [os seus discípulos] se calarem as pedras falarão… [Lucas, 19:40.]
Concretizou-se o Seu enunciado profético, porque, nestes dias tumultuosos, nos quais não se dispõe de tempo, senão para alguns deveres de trabalho que proporcione compensações imediatas, o silêncio das sepulturas quebrou-se e as vozes da imortalidade em grande concerto vêm proclamar e restaurar a mensagem de vida imperecível, despertando os adormecidos para a lucidez e a atualização da conduta nos padrões elevados do Bem.
Não mais os intérpretes que adaptam os ensinamentos às suas próprias necessidades, distantes do compromisso com a Verdade; que se deixam dominar por excessos de zelos desnecessários, transferindo os seus conflitos para os comportamentos que os demais devem vivenciar; que se refugiam nos arraiais da fé, não por sentimentos elevados, mas procurando ocultar os conflitos nos quais estertoram…
As vozes dos Céus, destituídas dos ornamentos materiais e das falsas necessidades do convívio social, instauram a Nova Era, trabalhando pelo ressurgimento das lições inconfundíveis do Amor, conforme Ele as enunciou e as viveu até o holocausto final…
O Seu Natal é um momento de reflexão, convidando as criaturas humanas a considerarem a Sua renúncia, deixando, por momentos, o sólio do Altíssimo para percorrer os caminhos ásperos da sociedade daquele tempo, amando infatigavelmente e ensinando com paciência incomum, de modo a instalar na rocha dos corações os alicerces do Reino de Deus que nunca serão demolidos.
Assim sendo, embora a inversão de valores em torno de Jesus e de Sua doutrina, que se observa nas leiras do Cristianismo nas suas mais variadas denominações, nenhuma força provinda da insensatez conseguirá diminuir a intensidade de que se revestem, por serem os caminhos únicos e de segurança para que a criatura, individualmente, e a sociedade, em conjunto; alcancem a plenitude a que aspiram mesmo sem o saber.
Divaldo Franco. Pelo Espírito Vianna de Carvalho. Página psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, na manhã do dia 17 de novembro de 2008, na cidade do Porto, Portugal. Publicado na Revista Reformador de Dezembro de 2009.
É necessário modificar padrões de comportamento egoístas e materialistas para caminhar mais seguro rumo à fraternidade universal.
Carmi Wildner

A Necessidade da Educação

No tempo em que não existia a locomoção fácil na Terra, um grande rei simpatizou com fogoso cavalo de cores claras, da criação de sua casa ; mas, ao desejá-lo para os serviços do palácio, foi assim informado pelo chefe das cavalariças:
– Majestade, este animal é vítima de muitas tentações. Basta que se movimente, de leve, para assustar-se e ocasionar desastres. Uma simples folha seca na estrada é razão para inúmeros coices.
O rei ouviu, atencioso, e afirmou que remediaria a situação.
No dia seguinte, mandou atrelá-lo a enorme carroça de limpeza, onde o cavalo se viu tão preso que não pôde fazer outros movimentos, além dos necessários.
Depois de algumas semanas, o monarca determinou fizesse ele o duro serviço dos burros, transportando cargas pesadíssimas.
A princípio, o animal se rebelava, escoiceando o ar e relinchando fortemente; entretanto, foi tantas vezes visitado pelos gritos e pelos chicotes dos peões e tantos fardos suportou que, ao fim de algum tempo, era um modelo de mansidão e brandura, sendo colocado no serviço real, com grande contentamento para o soberano.
Assim acontece conosco, na vida.
Destinados ao trabalho da Vontade de Deus, se vivemos entregues às tentações do mal, desobedientes e egoístas, determina o Senhor que sejamos confiados à luta e à provação, à dificuldade e ao sofrimento, os quais, pouco a pouco, nos ensinam a humildade e o respeito, a diligência e a doçura.
Depois de passarmos pelos variados processos de educação indispensável ao nosso burilamento, seremos então aproveitados, com êxito e segurança, nos serviços gerais da Bondade de Deus, junto de nossos irmãos.
Meimei,
✍🏻Francisco Cândido Xavier
Só sei que nada sei, e o fato de saber isso, me coloca em vantagem sobre aqueles que acham que sabem alguma coisa.
Sócrates

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