Uma Existência na Terra é uma Passagem Rápida para o Aperfeiçoamento Moral do Espírito

PLANEJAMENTO REENCARNATÓRIO NA TERRA DO ESPÍRITO IMORTAL

PLANEJAMENTO REENCARNATÓRIO NA TERRA DO ESPÍRITO IMORTAL

Uma Existência na Terra é uma Passagem Rápida para o Aperfeiçoamento Moral do Espírito.
Vera Jacubowski
O planejamento reencarnatório é sempre feito pelo próprio espírito. Os espíritos categoricamente superiores podem plasmar por si mesmos o corpo em que continuarão as experiências. O planejamento reencarnatório detalha todos os acontecimentos que poderão ocorrer no mundo físico.

Planejamento reencarnatório

No intervalo compreendido entre as reencarnações (reencarnação = entrar de novo na carne, isto é, em novo corpo físico), em geral, o Espírito imortal, no exercício de seu livre-arbítrio, escolhe o gênero de provas por que há de passar em sua próxima experiência e, com isso, assume desde logo a responsabilidade por suas decisões e logicamente pelas conseqüências delas decorrentes. Sendo importante destacar que esta escolha diz respeito ao gênero das provas propriamente dito, e não às suas particularidades, razão pela qual os Mentores Espirituais, como sempre, recomendam cautela.
Toda reencarnação é precedida de planejamento. O Espírito trabalha, pesquisa, estuda e observa para fazer a sua escolha. Tal afirmação às vezes provoca surpresa, por existir quem acredite que, na Terra, integra determinada família por engano. Entretanto, e como facilmente se pode observar, um mínimo de planejamento é necessário até mesmo para o cumprimento de tarefas primárias de nosso dia-a-dia. E quanto ao trabalho (toda ocupação útil é trabalho” – “O Livro dos Espíritos”, questão 675), não deveria nos surpreender a afirmação de sua existência após a desencarnação diante do que disse Jesus, o Cristo, há mais de dois mil anos: O Pai trabalha até hoje, isto é, sempre!
De outra parte, informado do planejamento, há quem não compreenda, por exemplo, a razão de alguém escolher a prova da miséria quando poderia optar pela prova da riqueza, que proporciona facilidades, conforto, bem-estar. No entanto, completada a informação, passa a entender que ambas as provas são difíceis e que a prova da riqueza provavelmente seja mais difícil porque pode torná-lo avaro e egoísta; pode lançá-lo aos vícios.
De certo modo, agimos assim, quando fisicamente adoentados, por exemplo, tomamos o remédio mais desagradável para nos curarmos de pronto.
Está mais do que comprovado que precisamos aprender, crescer, progredir intelectual e moralmente e que não nos encontramos em férias, e muito menos em férias permanentes.
Até atingir a perfeição relativa, o Espírito passa por provas e expiações (“A prova examina, experimentando o grau de preparação do educando” – “A expiação ensina, rigorosa, a lição desperdiçada na inutilidade ou na viciação.” – livro “Dimensões da Verdade”, Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal, cap. “Sob testes e exames”).
O ideal é que enfrentemos com fé, resignação e amor, mantendo-nos ativos, trabalhando e estudando sempre, procurando eliminar quanto antes as queixas de nossa vida.
A propósito, como já esclareceu André Luiz, Espírito, no livro Agenda Cristã: “As suas reclamações, ainda mesmo afetivas, jamais acrescentarão nos outros um só grama de simpatia por você.”
(psicografia de Francisco Cândido Xavier, ed. FEB, cap. 38).
Na mesma linha, no livro “Para Uso Diário”, o Espírito Joanes aconselha: “Evite a lamentação, uma vez que ela em nada lhe auxiliará. Não diminuirá o peso da sua cruz, nem dispensará as nuvens que estejam toldando, porventura, os seus horizontes.”
(psicografia de José Raul Teixeira, Ed. Fráter, cap. 20).
Como se pode observar com muita facilidade, a queixa não soluciona qualquer problema. Logo, se não resolve nem sequer acrescenta nos outros um só grama de simpatia por nós, cabe perguntar: que postura devo adotar? Qual a mais adequada? Qual a que mais nos beneficia?
A reencarnação, repetimos para enfatizar, é sempre precedida de planejamento, de modo que ninguém está solto, só, e muito menos por acaso na Terra, havendo fortíssimas razões para termos renascido neste ou naquele país, nesta ou naquela cidade, nesta ou naquela família, com incontáveis facilidades ou dificuldades, etc., mesmo que agora não saibamos identificá-las e apontá-las.
A reencarnação, como bênção de oportunidade, reflete a Justiça de Deus. Oportunidade de corrigir nossos erros, males e equívocos, ainda que parcialmente, de ajustar e reajustar contas. Oportunidade de crescimento, de evolução, de progresso intelectual e moral. Oportunidade ímpar de dar nova direção à nossa Vida, com o ingresso definitivo na estrada do Bem, praticando-o onde quer que nos encontremos.
Antonio Moris Cury

Planejamento reencarnatório: o que é e como é feito?

Muita gente não sabe, mas, antes de reencarnar, o Espírito passa por um planejamento reencarnatório.
Ou seja, há toda uma preparação para que ele volte à Terra em um novo corpo.
Tudo isso tem relação direta com as condições e acontecimentos da nova encarnação.

Retorno à vida corporal: o planejamento reencarnatório

Segundo Allan Kardec em O Evangelho Segundo o Espiritismo, “o Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo.”
Ou seja, o Espiritismo é uma corrente filosófica que tem como premissa a crença nos Espíritos.
A doutrina se baseia em cinco princípios essenciais: existência de Deus; existência e a imortalidade da alma; pluralidade das existências; pluralidade dos mundos habitados; e comunicabilidade dos Espíritos.
Para os espíritas, portanto, a vida não acaba após a morte. A alma sobrevive ao perecimento da carne.
Além disso, de acordo com o Espiritismo, o Espírito retorna à vida corporal.
Para essa volta ao mundo físico, o Espírito passa por uma preparação, que recebe o nome de planejamento reencarnatório.

Reencarnação: o que é?

Para compreender o planejamento reencarnatório, antes, é preciso ter clareza sobre o que é a reencarnação.
A palavra logo entrega o sentido.
Reencarnação significa “entrar de novo na carne”.
Isto é, o Espírito (ou alma, como preferir chamar) retorna ao plano físico utilizando um novo corpo como instrumento.
A reencarnação representa a chance de o Espírito continuar progredindo.
Sendo assim, ele pode reencarnar diversas vezes, de acordo com o seu grau de adiantamento.
Além do mais, a Terra não é o único lugar para onde ele pode retornar.
Há outros mundos a serem habitados.

Como é feito o planejamento reencarnatório dos Espíritos imperfeitos?

Se você está vivendo na Terra, logo, é um Espírito imperfeito, ainda que o seu ego possa impedi-lo de aceitar essa classificação.
A verdade é que o nosso planeta é um mundo de provas e expiações, e a passagem por aqui é necessária para que possamos corrigir nossas imperfeições e evoluir espiritualmente.
Cada indivíduo tem as suas próprias provas a suportar, e elas são escolhidas de acordo com o progresso que precisa ser feito.
Assim, quando o Espírito planeja reencarnar, ele concorda com as provas que fazem parte da sua missão.
Não se trata, portanto, de uma imposição divina, mas, sim, de um comum acordo entre as partes.

Planejamento reencarnatório de Segismundo

Uma das histórias mais conhecidas sobre planejamento reencarnatório na literatura espírita é a de Segismundo.
Ele é um dos personagens do livro Missionários da Luz, pelo Espírito André Luiz e psicografia de Chico Xavier.
Além dele, o casal Raquel e Adelino também fazem parte do enredo.
Segismundo, ao se apaixonar perdidamente por Raquel, cometeu um atentado fatal contra a vida de Adelino.
Raquel, então viúva, vai parar em um prostíbulo.
Por esses fatos, todos os três desencarnaram em vibração de ódio e desespero, permanecendo em zonas inferiores por um longo período.
Após serem resgatados e levados para um plano espiritual mais elevado, Raquel e Adelino aceitam voltar à vida carnal como casal e receber Segismundo como seu filho.
O livro narra toda a preparação de Segismundo e a ação dos seres de luz para o Espírito dele retornar à carne.

Planejamento reencarnatório: palestra espírita.

Como saber meu plano reencarnatório?

Diante de todas essas explicações, é natural ter curiosidade sobre a missão estabelecida em seu plano reencarnatório.
Apesar disso, quando reencarnamos, não trazemos conosco as lembranças de outras vidas e, tampouco, do mundo espiritual.
Mas o fato é que todos nós temos um plano para a atual reencarnação e devemos nos atentar aos sinais para reconhecê-lo.
Fazer uma reforma íntima é uma das formas de refletir sobre a nossa vida na Terra.
Esse autoconhecimento espiritual nos permite identificar medos, angústias, desejos e sentimentos.
Também auxilia na análise das nossas relações e da trajetória percorrida, além de estimular a descoberta de oportunidades.
A reforma íntima nos faz enxergar o que não conseguimos ver, e a resposta para saber se o seu plano reencarnatório está sendo seguido pode ser encontrada nesse processo de recolhimento e reflexão.

Planejamento e o livre-arbítrio: a importância das suas escolhas

Para entender a relação entre planejamento reencarnatório e livre-arbítrio, vamos acompanhar duas questões de O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec:

(Pergunta 843) Tem o homem o livre-arbítrio de seus atos?

Resposta: “Pois que tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar. Sem o livre-arbítrio, o homem seria máquina.”

(Pergunta 844) Do livre-arbítrio goza o homem desde o seu nascimento?

Resposta: “Há liberdade de agir, desde que haja vontade de fazê-lo. Nas primeiras fases da vida, quase nula é a liberdade, que se desenvolve e muda de objeto com o desenvolvimento das faculdades. Estando seus pensamentos em concordância com o que a sua idade reclama, a criança aplica o seu livre-arbítrio àquilo que lhe é necessário.”
O livre-arbítrio, portanto, é a nossa capacidade de escolha autônoma, que pode ser usada tanto para decisões boas quanto para ruins.
Todos os nossos atos são julgados pela justiça divina.
Se não nos redimimos pelos erros nessa encarnação atual, nosso Espírito carrega o fardo.
Esse fardo pode ser a razão das circunstâncias estabelecidas no planejamento reencarnatório.
Mas o livre-arbítrio também pode ser usado a nosso favor.
Além de corrigir as imperfeições impostas na nova encarnação, há como superar as expectativas.
Basta andar no caminho do bem.

Reencarnação compulsória

Na história de Segismundo, a oportunidade de voltar como filho do casal ao qual fez sofrer na vida passada é fruto de merecimento.
Segismundo se redimiu de seus erros e trabalhou no plano espiritual para conquistar a chance de se resolver consigo mesmo e com seus antigos algozes.
Mas nem sempre é assim que acontece.
Em alguns casos, a reencarnação é processada sem a concordância prévia do Espírito.
Esse tipo é chamado de reencarnação compulsória.
A reencarnação compulsória é uma saída para Espíritos pouco evoluídos, que ainda são muito apegados à matéria e, mesmo no plano astral, não desenvolveram a consciência espiritual.
Dessa forma, como o Espírito não é capaz de planejar a sua reencarnação, são os guias e mentores que se encarregam do plano.

Trechos de livros sobre Planejamento Reencarnatório

A reencarnação é um tema bastante comum nas obras espíritas.

Chico Xavier sempre abordou o assunto em seus livros.
Ele também retratou o planejamento reencarnatório em alguns deles.
Confira a seguir dois trechos de suas obras:

Ação e Reação

“Nossa amiga, que amoleceu a fibra da responsabilidade moral no excesso de reconforto, voltará à reencarnação em círculo paupérrimo, recebendo aí, quando novamente mulher jovem, então desprotegida, o filho que ela própria complicou nas antigas fantasias de mulher fútil e rica. Ser-lhe-á, na carência de recursos econômicos, a inspiradora de heroísmo e coragem, regenerando-lhe a visão da vida e purificando-lhe as energias na forja da dificuldade e do sofrimento.”

Missionários da Luz

“Segismundo, presentemente – prosseguiu o outro –, voltará ao rio da vida física. A situação assim o exige e não devemos perder a oportunidade de encaminhá-lo ao necessário resgate. Segundo está informado, Raquel, a pobre criatura que ele desviou, em nossa época de laços afetivos mais fortes, e Adelino, o infeliz marido que o nosso irmão assassinou em lamentável competição Francisco Cândido Xavier – Missionários da Luz – pelo Espírito André Luiz
153 armada, já se encontram na Crosta desde muito e, há quatro anos, religaram-se nos elos do matrimônio. Tudo está preparado a fim de que Segismundo regresse à companhia da vítima e do inimigo do pretérito, no sentido de santificar o coração. Será ele, de conformidade com a permissão de nossos Maiores, o segundo filhinho do casal.

Planejamento Reencarnatório: como decidimos nossa futura existência?

Bem, a essa altura, você já sabe que a reencarnação é planejada.
Nesse sentido, o Espírito prestes a reencarnar, dependendo da sua condição no plano espiritual, pode escolher suas provas, conforme resposta dos Espíritos para a pergunta de Kardec em O Livro dos Espíritos:

(Pergunta 264) Que é o que dirige o Espírito na escolha das provas que queira sofrer?

Resposta: “Ele escolhe, de acordo com a natureza de suas faltas, as que o levem à expiação destas e a progredir mais depressa. Uns, portanto, impõem a si mesmos uma vida de misérias e privações, objetivando suportá-las com coragem; outros preferem experimentar as tentações da riqueza e do poder, muito mais perigosas, pelos abusos e má aplicação a que podem dar lugar, pelas paixões inferiores que uma e outros desenvolvem; muitos, finalmente, se decidem a experimentar suas forças nas lutas que terão de sustentar em contato com o vício.”

Conclusão

Como vimos neste conteúdo, após a morte da matéria, o Espírito retorna para o plano espiritual e, em uma próxima oportunidade, utiliza a carne novamente como instrumento para continuar seu progresso no mundo físico.
E, como toda criação do universo e as leis de Deus, a reencarnação também é perfeita.
Antes de voltar à Terra, o Espírito passa por um planejamento reencarnatório.
Nele, são decididas as características e provas da sua nova vida.

O PRIMORDIAL É “NASCER DE NOVO”: A REENCARNAÇÃO

A Doutrina Espírita e o Evangelho de Jesus enfatizam a necessidade primordial da reencarnação para a evolução do Espírito, ensinamento igualmente encontrado no Zoar: “Todas as almas são submetidas às provas da transmigração” e na Cabala: “São os renascimentos que permitem aos homens se purificar”.
Segundo o Espiritismo, somente pela reencarnação o ser espiritual pode crescer espiritualmente e, permanecendo à margem da dimensão física, fica estacionário no caminho evolutivo (Q. nº 175(a) de “O Livro dos Espíritos”). Na obra “A Terra e o Semeador”, o confrade Salvador Gentile faz a seguinte pergunta: “Chico Xavier, por que se diz que o Espírito para evoluir precisa se encarnar? No Mundo Espiritual, ele não evolui? Qual a diferença principal entre as duas faixas de evolução quanto ao aprendizado?”
Corroborando a codificação kardeciana, o ilustre medianeiro diz que “internados no corpo terrestre é que somos instruídos a respeito da necessidade de mais ampla harmonização de nossa parte, uns com os outros, certamente porque, vivendo nas esferas espirituais próximas da Terra, com aqueles que são as criaturas absolutamente afinadas conosco, não percebemos de pronto as necessidades de aperfeiçoamento e progresso.
Numa comunidade ideal, com vinte, quarenta ou dez pessoas raciocinando por uma faixa só, estamos tão felizes que corremos o risco de permanecer estanques em matéria de evolução por muito tempo. Beneficiados com a reencarnação, o estacionamento é quebrado de modo natural…”. 

A vida do Espírito é uma educação progressiva 
– Realmente, a evolução do Espírito é compulsória em um ambiente físico como o da Terra, desde que, na vibração etérea do universo espiritual, os indivíduos estariam sintonizados apenas com os seus semelhantes, situados na mesma faixa vibratória. No ambiente terreno ou em mundos semelhantes, a diversificação, o contato ou o intercâmbio com seres encarnados, em diferentes graus evolutivos, permite o aprimoramento espiritual.
Foi feita a seguinte pergunta a Léon Denis: “Por que o Espírito que está no espaço encarna em um corpo?”. O insigne confrade respondeu: “Porque é a lei de sua natureza, a condição necessária de seu progresso e de seu destino. A vida material, com suas dificuldades, precisa do esforço e o esforço desenvolve nossos poderes latentes e nossas faculdades em gérmen”. O ilustre filósofo do Espiritismo enfatiza que “o Espírito reencarna tantas vezes quantas sejam necessárias para atingir a plenitude do seu ser e de sua felicidade.
A vida do Espírito é uma educação progressiva, que pressupõe uma longa série de trabalhos a realizar e de etapas a percorrer. O Espírito só pode progredir, reparar, renovando várias vezes suas existências em condições diferentes, em épocas variadas, em meios diversos. Cada uma de suas encarnações lhe permite apurar sua sensibilidade, aperfeiçoar suas faculdades intelectuais e morais” (“Synthêse Spiritualiste Doctrinale et Pratique”, págs. 25 e 26).
A essência espiritual necessita de um meio mais consistente, de baixa vibração, para evoluir, vencendo as dificuldades e obstáculos que a matéria lhe proporciona. A evolução se processa preferencialmente em mundos planetários inferiores, onde o corpo espiritual vem adquirindo recursos vagarosamente, em milênios de esforço e recapitulação, nos múltiplos setores da evolução anímica, através da reencarnação.  
Os Espíritos são criados simples e ignorantes 
– A centelha divina precisa da tela física para suas aquisições e experiências. Por sua vez, o setor físico se aperfeiçoa pela influência espiritual.
Nos arraiais da erraticidade, estacionado na faixa evolutiva em que se encontra, impedido de alçar grandes voos, o Espírito se encontra envolvido por sua consciência, a qual constantemente o cientifica dos atos praticados em vivências reencarnatórias transatas e a necessidade da reparação dos equívocos, exortando-lhe o planejamento do seu futuro, preparando-se para mais uma etapa na arena física, sabendo que “o espírito está pronto, mas a carne é fraca” (Marcos 14:38). 
Difícil tarefa será a prática do bem e o desprendimento das coisas físicas porquanto as tentações do poder e o hedonismo estarão presentes, envolvendo o viajor terreno nas teias do egoísmo, do orgulho, da prepotência e da vaidade.    
Em “OLE”, na questão 132, Allan Kardec pergunta: “Qual o objetivo da encarnação dos Espíritos?”. A resposta, pronta e objetiva: “Deus lhes impõe a encarnação com o fim de fazê-los chegar à perfeição…”, a qual corresponde ao estado dos Espíritos puros, passível de ser alcançado por todas as criaturas que trilham vitoriosas os caminhos das provas e expiações na dimensão da matéria, adquirindo o progresso moral e intelectual. É ressaltada a importância de todos os seres espirituais passarem por todas as vicissitudes da existência física, enquanto no item seguinte, questão 133, os instrutores do além corroboram que “todos os Espíritos são criados simples e ignorantes e se instruem nas lutas e tribulações da vida corporal”.  

“O que é nascido da carne é carne”, disse Jesus 
– É, portanto, primordial para a individualidade espiritual o renascimento no corpo somático, defrontando-se com a resistência própria da matéria, tendo a chance excelsa de despertar dentro de si as potencialidades divinas, acarretando o crescimento evolutivo.
“Em verdade, em verdade, digo-te: Ninguém pode ver o Reino de Deus se não nascer de novo” (João 3:3). “Não te maravilhes de eu te dizer: é-vos necessário nascer de novo” (João 3:7): Segundo o Evangelho de Jesus, é obrigatório o renascimento na carne para se obter o Reino de Deus, isto é, para encontrar dentro de cada um a divindade que lhe dá a vida e esse mergulho interior é obtido através das inúmeras oportunidades reencarnatórias (”O que é nascido da carne, é carne”).
O corpo humano, constituído de carne e água, serve como veículo da alma no caminho da evolução. A baixa vibração própria de um mundo inferior, como a Terra, propicia ao Espírito ainda claudicante a revelação de seu interior. O verdadeiro autoconhecimento é proporcionado pela vida na matéria, começando o ser a transmutar tudo que é inferior dentro de si, transformando-se paulatinamente de bruto em anjo, com o desprendimento das coisas materiais, com o exercício contínuo de serviço desinteressado ao próximo, nas vitórias sobre as provas e expiações.
Primeiramente, galga os inúmeros degraus da evolução, sujeito aos renascimentos físicos, ainda denominados de “nascido de mulher”, e se tornando, finalmente, produto da Humanidade ou “Filho do Homem”, conquistador da própria individualidade, apto a habitar as esferas superiores como Espírito puro. 
Para Roustaing, a encarnação humana é um castigo 
– O Cristo é um exemplo de alguém que já achou esse Reino Celestial. Ele falou do que sabe, do que almejou encontrar: “Ninguém subiu ao céu senão aquele que desceu do céu, a saber, o Filho do Homem” (João 3: 13).
Para os que se encontram na retaguarda na evolução, Jesus se apresenta como o caminho a seguir, oferecendo-lhes seus ensinos e exemplificações para que, em cada vivência física, tenham mais experiências e adquiram mais aptidões.
A evolução fugaz do ser espiritual, na dimensão extrafísica, é bem explanada por Jesus, quando aborda a “Parábola do Filho Pródigo”, citando o filho mais velho como alguém paralisado, estacionado, na evolução, temeroso de ir adiante, o que não fez seu irmão mais novo, chegando ao ponto de “comer dos restos dos porcos”, isto é, passar pelas tenazes atribulações da vida somática, passando pelo sofrimento restaurador, tanto expiatório como provacional, e receber as honrarias da vitória conquistada.
A respeito do tema em tela, é necessário apontar, dentre muitos, um erro grave doutrinário encontrado na decadente obra “Os Quatro Evangelhos” de Roustaing, onde se encontra a tese fundamental de que “a encarnação humana é um castigo e não uma necessidade” (vol. 1, pág.317).
Esse enunciado, completamente contrário à codificação espírita e ao Evangelho de Jesus, foi assim prontamente repelido por Kardec, sem rodeios, na obra “A Gênese”, no cap. XI, esclarecendo que “a encarnação, portanto, não é, de modo algum, normalmente uma punição para o Espírito, como pensam alguns (referência clara aos docetas de todas as épocas, principalmente a Roustaing e sua apócrifa obra), mas uma condição inerente à inferioridade do Espírito e um meio de progredir”. 

Reencarnar é, como o nome diz, voltar à dimensão física 
– A repelente tese é reforçada com a informação malsinada de que, além de ser compulsória a encarnação para todos os Espíritos que não conseguiram evoluir na dimensão extrafísica, até mesmo entidades superiores, algumas, inclusive, construindo mundos no Universo, podem se transviar, dominadas pelo orgulho (?) e serem jogadas na Terra (“anjos decaídos”), onde darão vida, por castigo divino, a formas repugnantes, contendo membros em estado latente, rastejando ou deslizando no solo.
Segundo essa execranda tese, esses seres agrupam-se nos lírios do campo e são denominados de “criptógamos carnudos” (vol. I, pág. 313). O Espiritismo afirma o contrário, ensinando que os Espíritos não degeneram, “podem até permanecer estacionários, mas não retrogradam” (”OLE”-Q. 118). Felizmente, essa aberração científico-espiritual não é apanágio da Doutrina Espírita.
Em verdade, os falsos profetas da erraticidade sempre estão a postos intentando solapar a magnânima e excelsa Doutrina de Jesus, como está sendo verificado, atualmente, com a publicação de obras mediúnicas trazendo fantasias, verdadeiros delírios, indigestos frutos da fascinação espiritual, relatando atividade sexual na erraticidade, com fecundação e nascimentos de Espíritos, de almas de aves e de animais.
A aberração é tão intensa que definiram o inusitado fenômeno de “Reencarnação no Plano Espiritual”, ferindo, não somente a codificação kardeciana, como igualmente o vernáculo, desde que reencarnar (prefixo “re” + encarnar, do latim incarnare) é voltar à dimensão física, ou seja, tornar o Espírito a habitar um corpo carnal com o objetivo de se burilar e se aperfeiçoar na senda do progresso a que todos  os seres estão predestinados. Portanto, só se reencarna, é claro, na carne.
A criação ou fecundação de Espíritos é essencialmente obra divina. É extrema tolice, intenso disparate, retirar de Deus a criação dos Espíritos. Os que acreditam em tamanha aberração são portadores de santa ingenuidade e merecem de todos os espíritas muita consideração e apreço, não se esquecendo de rogar por eles nas diuturnas preces.
Americo Domingos Nunes Filho, radicado no Rio de Janeiro-RJ, é médico.

REENCARNAÇÃO

“A reencarnação é uma bênção Divina.
Na verdade é uma oportunidade valiosa, para reparar nossos erros, e fazer novos acertos de tudo que somos, fazemos e adquirimos até aqui como espíritos imortais.”

Vera Jacubowski

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