RESPEITO A RELIGIÃO DO SEU PRÓXIMO

RESPEITO AS RELIGIÕES VERA JACUBOWSKI

RESPEITO A TODAS RELIGIÕES

Quem não respeita a religião do seu próximo, erra na sua própria fé vacilante.

Vera Jacubowski

VERBO AMAR VERA JACUBOWSKI 2

VERBO AMAR

O verbo amar é o mais poderoso instrumento do Progresso humano.

Vera Jacubowski

AFLIÇÃO ANTECIPADA

“Não se aflija por antecipação, porquanto é possível que a vida resolva o seu problema, ainda hoje, sem qualquer esforço de sua parte. Antes das suas dificuldades de agora, você já faceou inúmeras outras e já se livrou de todas elas, com o auxílio invisível de Deus. Em qualquer fracasso, compreenda que se você pode trabalhar, pode igualmente servir, e quem pode servir carrega consigo um tesouro nas mãos. Por maior lhe seja o fardo do sofrimento, lembre-se de que Deus, que aguentou com você ontem, aguentará também hoje”.
Chico Xavier.

Antídoto Para a Violência

Questão 746- O assassínio é um crime aos olhos de Deus?

 

“- Sim, um grande crime, pois aquele que tira a vida a um semelhante, interrompe uma vida de expiação ou de missão, e nisso está o mal.”
(O Livro dos Espíritos – Allan Kardec)

 

As histórias e os dramas motivados pela violência são muitos e acontecem com uma freqüência cada vez maior. Pode-se dizer que a violência está em todo lugar e não tem fronteiras pois que diariamente os meios de comunicação nos informam de lamentáveis acontecimentos ao redor do planeta e até daqueles bem próximos de nossas moradas.
Por toda a mídia, rádios, TVs, jornais, revistas e Internet, os crimes são mostrados numa seqüência alucinada de assaltos, sequestros, estupros, assassinatos e chacinas não apenas com o intuito de informar mas, sobretudo, com a finalidade de faturar cada vez mais. A desculpa que nos dão é que eles têm que informar a população e, desta forma, os acontecimentos são ampliados e explorados de forma irresponsável. Será que nunca acontecem coisas boas e construtivas ou falta capacidade para encontrá-las?
O fato é que a violência, e todos os desdobramentos nefastos derivados dela, mostrados ininterruptamente dia e noite, virou coisa corriqueira. Isso me lembra uma história contada por um amigo há alguns anos.
Foi nos meados dos anos 1980. Esse amigo tinha parentes morando no Líbano, no tempo da guerra, naquele caldeirão insano que era Beirute, a capital, e todos lutavam contra todos, onde balas de metralhadoras e morteiros partiam do chão, enquanto bombas e foguetes partiam de aviões e navios. As imagens que nos chegavam eram, como são ainda hoje em qualquer guerra, de morte, desespero e aflição, casas e prédios destruídos aleatoriamente…Um dia, tendo a oportunidade de encontrarem-se no Brasil, indagados sobre a vida aflitiva que levavam em Beirute e porque não se mudavam de lá, responderam: — Não nos incomodamos mais. Já estamos acostumados com tudo aquilo.
Poderíamos analisar essa extraordinária capacidade de adaptação com que Deus moldou o Ser Humano através das inúmeras reencarnações, porém, agora nosso intuito é outro, e também podemos afirmar que nos acostumamos com a violência que enfrentamos no Brasil. Estamos tão acostumados à ela, que até nos pegamos rindo de programas humorísticos onde a violência é o tema de alguns quadros. Nos pegamos até rindo de lamentáveis situações familiares expostos ao ridículo por programas que mostram “aquilo que o povo quer ver”.
Por se tratar de um conceito adquirido através da Evolução, em todas as épocas e em todas as culturas, da mais rudimentar até a mais sofisticada, sempre se respeitou e ensinou através da Religião e dos diferentes sistemas Filosóficos, ser a Vida o “maior bem” que possui o Ser Humano. Embora o conceito de preservação da Vida esteja gravado em nossas mentes, esse bombardeamento vulgar e incessante da violência está banalizando e “adormecendo” esse sentimento de “valor supremo” que a Vida tem.
É irônico, numa época em que se quer preservar da extinção a Vida de animais e plantas, que torcer por um time de futebol, discussão no trânsito e a falta de pagamento – e até falta de troco – de Um Real (certamente os leitores devem saber de motivos ainda mais triviais e ridículos) seja a causa de assassinatos e dramas diversos que poderão durar várias encarnações com desdobramentos que certamente dificultarão nossa caminhada até os Planos de Luz.
As causas apontadas são as mais diversas. A miséria é uma delas mas a violência também está nas camadas econômicas mais altas. A degradação moral porque passa a atual civilização, raras vezes citada, talvez seja o componente mais forte desse conjunto de fatores que nos levam a atos tão tresloucados.
Enquanto não fizer parte do coração de cada Ser Humano a máxima ensinada por Jesus de “Amai-vos uns aos outros como eu vos amei” teremos, por muito tempo ainda, grandes fatos a lamentar.
Por ora, para amenizar essa onda negativa que nos envolve e afastar também os arautos da destruição, e do pessimismo, podemos fazer um pacto íntimo contra o “baixo-astral”. Comecemos por não assistir, e não ouvir, programas que tratem de violência, ridicularizem ou aviltem o Ser Humano; da mesma forma, fiquemos sem ler as matérias policiais de jornais e revistas, pois não fazem nenhuma falta; ao passar por um acidente, vamos manter a mente em oração afastando, assim, aquela curiosidade mórbida que se regozija com o quanto pior melhor; se formos vítimas de assalto, manter a calma, não reagir e dar tudo de material que nos pedirem para preservar aquilo de maior valor que possuímos, e do qual somos responsáveis diretos perante Deus: nossa Vida.
Afastar-se das notícias de violência não é alienar-se como já ouvi alguém dizer (no tempo da Ditadura, era alienado quem não lia e se informava sobre política e economia). Há muitas maneiras de obter informações sadias e uma delas é assistir a programação das TVs educativas espalhadas pelo país onde mesmo os acontecimentos mais infelizes são ali apresentados com equilíbrio e bom senso.
Para finalizar, qualquer que seja a situação, confiar sempre em Deus, porque é Ele que conhece os desígnios de nossas Vidas, nossa Nação e nosso Planeta. Através da oração, manter nossas mentes e corações sintonizados em Jesus, nosso Irmão e Mestre, para que, como um farol, passemos a irradiar Paz e Amor para coletividade em que nos encontramos, suavizando dessa forma a atmosfera de pessimismo que envolve a todos.

 

Giovanni Bruno. Transcrito de Alavanca (Campinas), ano 44, n. 447, setembro/outubro de 1999, p. 4

ETERNO APRENDIZES

O Amigo Sublime

 

É sempre o amigo sublime.
Educa sem ferir-nos.
Diverte, edificando-nos o caráter.
Revela-nos o passado e prepara-nos, diante do porvir.
Repete-nos o que Sócrates ensinou nas praças de Atenas.
Descobre-nos ao olhar maravilhado as civi­lizações que passaram. O Egito resplandecente dos faraós, a Grécia dos filósofos e artistas, a Jerusalém dos hebreus, desfilam ante a nossa imaginação, ao seu toque espiritual.
Conta-nos o que realizou Moisés, o grande legislador.
Lembra-nos a palavra de Platão e Aristóteles.
Junto dele, aprendemos quanto sofreram nossos antepassados, na conquista do bem-estar de que gozamos presentemente.
Descreve-nos a inutilidade das guerras nas­cidas do ódio que devastaram o mundo. Aconse­lha-nos quanto à sementeira de tranquilidade e alegria. Ajuda-nos no entendimento de nós mes­mos e na compreensão de nossos vizinhos. Dá-nos coragem para o trabalho, e humildade no caminho da experiência.
Sem ele, perderíamos as mais belas notícias de nossos avós e a obra da vida não alcançaria a necessária significação; passaríamos na Terra, em pleno desconhecimento uns dos outros, e a lição preciosa dos homens mais velhos não che­garia aos ouvidos dos mais novos; a religião e a ciência provavelmente não surgiriam à luz da realidade; os mais elevados ideais do espírito humano morreriam sem eco; a indústria, o co­mércio e a navegação não possuiriam pontos de apoio.
É o traço de união, entre os que ensinam e aprendem, entre os milênios que já se foram e o dia que vivemos agora.
É, ainda, a esse amigo abençoado que deve­mos a coleção de notícias e ensinamentos de Jesus, que renovam a Terra para o Reino Divino. Esse inesquecível benfeitor do mundo é o livro edificante. Por isto, não nos esqueçamos de que todo livro consagrado ao bem é um com­panheiro iluminado de nossa vida, merecendo a estima e o respeito universal.

 

XAVIER, Francisco Cândido. Alvorada Cristã. Pelo Espírito Neio Lúcio. FEB. Capítulo 42.

VERDADEIRA JUSTIÇA ALLAN KARDEC

O Sublime Triângulo

 

A Ciência, a Filosofia e a Religião constituem o triângulo sobre o qual a Doutrina Espírita assenta as próprias bases, preparando a Humanidade do presente para a vitória suprema do Amor e da Sabedoria no grande futuro.
Recorremos às três vigorosas sínteses da Codificação Kardequiana, para comentar, com mais segurança, o tríplice aspecto de nossos princípios redentores.
Com a Ciência, asseverou o grande missionário:
“A fé sólida é aquela que pode encarar a razão, face a face.”
Com a Filosofia, afirmou peremptório:
“Nascer, viver, morrer e renascer de novo, progredindo sempre, tal é a lei.”
Com a Religião disse bem alto:
“Fora da caridade não há salvação.”
Não será justo em nosso movimento libertador da vida espiritual, prescindir da Ciência que estuda, da Filosofia que esclarece e da Religião que sublima.
Buscando a verdade, colheremos o conhecimento superior; conquistando o conhecimento superior, penetraremos novas faixas de evolução e, absorvendo-lhes a claridade divina, compreenderemos que somente pela caridade que é amor puro, é que viveremos em harmonia com a justiça imutável, erguendo-nos enfim à desejada ascensão.
Abracemos em nossa fé o trabalho paciente da pesquisa honesta e a construção do entendimento, para que a fraternidade cristã possa esculpir em nós mesmos a viva pregação do ideal que espalhamos, no serviço aos outros e que significa a nós mesmos.
Em suma, instruamo-nos e amemo-nos uns aos outros, descerrando o coração ao sol da boa vontade infatigável e incessante, e o Espírito da Verdade nos tornará na Terra por instrumentos úteis na edificação do Reino de Deus.
Pelo Espírito Emmanuel
XAVIER, Francisco Cândido. Fonte de Paz. Espíritos Diversos. IDE. Capítulo 13.

religião excelente

LIÇÕES CHICO XAVIER

Amai-Vos

“Não amemos de palavra, nem de língua, mas por obras e em verdade.”
– João. (I JOÃO, 3:18.)
 
Por norma de fraternidade pura e sincera, recomenda a Palavra Divina: “Amai-vos uns aos outros.”
Não determina seleções.
Não exalta conveniências.
Não impõe condicionais.
Não desfavorece os infelizes.
Não menoscaba os fracos.
Não faz privilégios.
Não pede o afastamento dos maus.
Não desconsidera os filhos do lar alheio.
Não destaca a parentela consanguínea.
Não menospreza os adversários.
E o apóstolo acrescenta: “Não amemos de palavra, mas através das obras, com todo o fervor do coração.”
O Universo é o nosso domicílio.
A Humanidade é a nossa família.
Aproximemo-nos dos piores, para ajudar.
Aproximemo-nos dos melhores, para aprender.
Amarmo-nos, servindo uns aos outros, não de boca, mas de coração, constitui para nós todos o glorioso caminho de ascensão.

 

XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz. Pelo Espírito Emmanuel. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 130.

melhor religião

Advento do Espírito de Verdade

 

Venho, como outrora aos transviados filhos de Israel, trazer-vos a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo, como o fez antigamente a minha palavra, tem de lembrar aos incrédulos que acima deles reina a imutável verdade: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinem as plantas e se levantem as ondas. Revelei a doutrina divinal. Como um ceifeiro, reuni em feixes o bem esparso no seio da Humanidade e disse: “Vinde a mim, todos vós que sofreis.”
Mas, ingratos, os homens afastaram-se do caminho reto e largo que conduz ao reino de meu Pai e enveredaram pelas ásperas sendas da impiedade. Meu Pai não quer aniquilar a raça humana; quer que, ajudando-vos uns aos outros, mortos e vivos, isto é, mortos segundo a carne, porquanto não existe a morte, vos socorrais mutuamente, e que se faça ouvir não mais a voz dos profetas e dos apóstolos, mas a dos que já não vivem na Terra, a clamar: Orai e crede! pois que a morte é a ressurreição, sendo a vida a prova buscada e durante a qual as virtudes que houverdes cultivado crescerão e se desenvolverão como o cedro.
Homens fracos, que compreendeis as trevas das vossas inteligências, não afasteis o facho que a clemência divina vos coloca nas mãos para vos clarear o caminho e reconduzir-vos, filhos perdidos, ao regaço de vosso Pai.
Sinto-me por demais tomado de compaixão pelas vossas misérias, pela vossa fraqueza imensa, para deixar de estender mão socorredora aos infelizes transviados que, vendo o céu, caem nos abismos do erro. Crede, amai, meditai sobre as coisas que vos são reveladas; não mistureis o joio com a boa semente, as utopias com as verdades.
Espíritas! amai-vos, este o primeiro ensinamento; instruí-vos, este o segundo. No Cristianismo encontram-se todas as verdades; são de origem humana os erros que nele se enraizaram. Eis que do além-túmulo, que julgáveis o nada, vozes vos clamam: “Irmãos! nada perece. Jesus-Cristo é o vencedor do mal, sede os vencedores da impiedade.” – O Espírito de Verdade. (Paris, 1860.)
Venho instruir e consolar os pobres deserdados. Venho dizer-lhes que elevem a sua resignação ao nível de suas provas, que chorem, porquanto a dor foi sagrada no Jardim das Oliveiras; mas, que esperem, pois que também a eles os anjos consoladores lhes virão enxugar as lágrimas.
Obreiros, traçai o vosso sulco; recomeçai no dia seguinte o afanoso labor da véspera; o trabalho das vossas mãos vos fornece aos corpos o pão terrestre; vossas almas, porém, não estão esquecidas; e eu, o jardineiro divino, as cultivo no silêncio dos vossos pensamentos. Quando soar a hora do repouso, e a trama da vida se vos escapar das mãos e vossos olhos se fecharem para a luz, sentireis que surge em vós e germina a minha preciosa semente.
Nada fica perdido no reino de nosso Pai e os vossos suores e misérias formam o tesouro que vos tornará ricos nas esferas superiores, onde a luz substitui as trevas e onde o mais desnudo dentre todos vós será talvez o mais resplandecente. – O Espírito de Verdade. (Paris, 1861.)
Em verdade vos digo: os que carregam seus fardos e assistem os seus irmãos são bem amados meus. Instruí-vos na preciosa doutrina que dissipa o erro das revoltas e vos mostra o sublime objetivo da provação humana. Assim como o vento varre a poeira, que também o sopro dos Espíritos dissipe os vossos despeitos contra os ricos do mundo, que são, não raro, muito miseráveis, porquanto se acham sujeitos a provas mais perigosas do que as vossas. Estou convosco e meu apóstolo vos instrui. Bebei na fonte viva do amor e preparai-vos, cativos da vida, a lançar-vos um dia, livres e alegres, no seio d’Aquele que vos criou fracos para vos tornar perfectíveis e que quer modeleis vós mesmos a vossa maleável argila, a fim de serdes os artífices da vossa imortalidade. – O Espírito de Verdade. (Paris, 1861.)
Sou o grande médico das almas e venho trazer-vos o remédio que vos há de curar. Os fracos, os sofredores e os enfermos são os meus filhos prediletos. Venho salvá-los. Vinde, pois, a mim, vós que sofreis e vos achais oprimidos, e sereis aliviados e consolados. Não busqueis alhures a força e a consolação, pois que o mundo é impotente para dá-las. Deus dirige um supremo apelo aos vossos corações, por meio do Espiritismo. Escutai-o. Extirpados sejam de vossas almas doloridas a impiedade, a mentira, o erro, a incredulidade. São monstros que sugam o vosso mais puro sangue e que vos abrem chagas quase sempre mortais. Que, no futuro, humildes e submissos ao Criador, pratiqueis a sua lei divina. Amai e orai; sede dóceis aos Espíritos do Senhor; invocai-o do fundo de vossos corações. Ele, então, vos enviará o seu Filho bem-amado, para vos instruir e dizer estas boas palavras: Eis-me aqui; venho até vós, porque me chamastes.
 
– O Espírito de Verdade. (Bordéus, 1861.)
KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. Capítulo 6.

objetivo da religião

Verdadeira Pureza. – Mãos não Lavadas

 

Então os escribas e os fariseus, que tinham vindo de Jerusalém, aproximaram-se de Jesus e lhe disseram: “Por que violam os teus discípulos a tradição dos antigos, uma vez que não lavam as mãos quando fazem suas refeições?”
Jesus lhes respondeu: “Por que violais vós outros o mandamento de Deus, para seguir a vossa tradição? Porque Deus pôs este mandamento: Honrai a vosso pai e a vossa mãe; e este outro: Seja punido de morte aquele que disser a seu pai ou a sua mãe palavras ultrajantes; e vós outros, no entanto, dizeis: Aquele que haja dito a seu pai ou a sua mãe: – Toda oferenda que faço a Deus vos é proveitosa, satisfaz à lei, – ainda que depois não honre, nem assista a seu pai ou à sua mãe. Tornam assim inútil o mandamento de Deus, pela vossa tradição.
Hipócritas, bem profetizou de vós Isaías, quando disse: Este povo me honra de lábios, ma s conserva longe de mim o coração; é em vão que me honram ensinando máximas e ordenações humanas.”
Depois, tendo chamado o povo, disse: “Escutai e compreendei bem isto: – Não é o que entra na boca que macula o homem; o que sai da boca do homem é que o macula. – O que sai da boca procede do coração e é o que torna impuro o homem; – porquanto do coração é que partem os maus pensamentos, os assassínios, os adultérios, as fornicações, os latrocínios, os falsos-testemunhos, as blasfêmias e as maledicências. – Essas são as coisas que tornam impuro o homem; o comer sem haver lavado as mãos não é o que o torna impuro.”
Então, aproximando-se, disseram-lhe seus discípulos: “Sabeis que, ouvindo o que acabais de dizer, os fariseus se escandalizaram?” – Ele, porém, respondeu: “Arrancada será toda planta que meu Pai celestial não plantou. – Deixai-os, são cegos que conduzem cegos; se um cego conduz outro, caem ambos no fosso.”( S. Mateus, cap. XV, vv. 1 a 20.)
Enquanto ele falava, um fariseu lhe pediu que fosse jantar em sua companhia. Jesus foi e sentou-se à mesa. – O fariseu entrou então a dizer consigo mesmo: “Por que não lavou ele as mãos antes de jantar?” Disse-lhe, porém, o Senhor: “Vós outros, fariseus, pondes grandes cuidado em limpar o exterior do copo e do prato; entretanto, o interior dos vossos corações está cheio de rapinas e de iniquidades. Insensatos que sois! aquele que fez o exterior não é o que faz também o interior?” (S. LUCAS, cap. XI. vv., 37 a 40.)
Os judeus haviam desprezado os verdadeiros mandamentos de Deus para se aferrarem à prática dos regulamentos que os homens tinham estatuído e da rígida observância desses regulamentos faziam casos de consciência. A substância, muito simples, acabara por desaparecer debaixo da complicação da forma. Como fosse muito mais fácil praticar atos exteriores, do que se reformar moralmente, lavar as mãos do que expurgar o coração, iludiram-se a si próprios os homens, tendo-se como quites para com Deus, por se conformarem com aquelas práticas, conservando-se tais quais eram, visto se lhes ter ensinado que Deus não exigia mais do que isso. Dai o haver dito o profeta: É em vão que este povo me honra de lábios, ensinando máximas e ordenações humanas.
Verificou-se o mesmo com a doutrina moral do Cristo, que acabou por ser atirada para segundo plano, donde resulta que muitos cristãos, a exemplo dos antigos judeus, consideram mais garantida a salvação por meio das práticas exteriores, do que pelas da moral. E a essas adições, feitas pelos homens à lei de Deus, que Jesus alude, quando diz: Arrancada será toda planta que meu Pai celestial não plantou.
O objetivo da religião é conduzir a Deus o homem. Ora, este não chega a Deus senão quando se torna perfeito. Logo, toda religião que não torna melhor o homem, não alcança o seu objetivo. Toda aquela em que o homem julgue poder apoiar-se para fazer o mal, ou é falsa, ou está falseada em seu principio. Tal o resultado que dão as em que a forma sobreleva ao fundo. Nula é a crença na eficácia dos sinais exteriores, se não obsta a que se cometam assassínios, adultérios, espoliações, que se levantem calúnias, que se causem danos ao próximo, seja no que for. Semelhantes religiões fazem supersticiosos, hipócritas, fanáticos; não, porém, homens de bem.
Não basta se tenham as aparências da pureza; acima de tudo, é preciso ter a do coração.

 

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. FEB. Capítulo 8.

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