A VIDA É COMPOSTA DE PRAZERES PEQUENOS

sucessos

Prazeres Pequenos

 

“A vida é composta de prazeres pequenos.
A felicidade é composta desses pequenos sucessos.
O grande vêm muito raramente.
E se você não colecionar todos estes pequenos sucessos,
o grande realmente não significará qualquer coisa.”

 

Norman Lear

elo harmonioso

Brilhar

 

“Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem o vosso Pai que está nos céus.” – Jesus (MATEUS, 5:16.)
Admitem muitos aprendizes que brilhar será adquirir destacada posição em serviços de inteligência, no campo da fé.
Realmente, excluir a cultura espiritual, em seus diversos ângulos, da posição luminosa a que todos devemos aspirar, seria rematada insensatez.
Aprender sempre para melhor conhecer e servir é a destinação de quem se consagra fielmente ao Mestre Divino.
Urge, no entanto, compreender, no imediatismo, da experiência humana, que se o Salvador recomendou aos discípulos brilhassem, à frente dos homens, não se esqueceu de acrescentar que essa claridade deveria resplandecer, de tal maneira, que eles nos vejam as boas obras, rendendo graças ao Pai, em forma de alegria com a nossa presença.
Ninguém se iluda com os fogos-fátuos do intelectualismo artificioso.
Ensinemos o caminho da redenção, tracemos programas salvadores onde estivermos; brilhe a luz do Evangelho em nossa boca ou em nossa frase escrita, mas permaneçamos convencidos de que se esses clarões não descortinam as nossas boas obras, seremos invariavelmente recebidos no ouvido alheio e no alheio entendimento, entre a expectação e a desconfiança, porque somente em fundido pensamento, verbo e ação, no ensinamento do Cristo Jesus, haverá em torno de nós glorificação construtiva ao Nosso Pai que está nos Céus.
XAVIER, Francisco Cândido. Vinha de Luz.
Pelo Espírito Emmanuel. 14.ed. Rio de Janeiro, RJ: FEB, 1996. Capítulo 159.

ENCANTO MAIS UM DIA

PAI NOSSO EM ARAMAICO E TRADUZIDO PARA O PORTUGUÊS

 

Por dois milênios o Pai Nosso é a principal prece de todos os cristãos. Ainda que muitos a recitem de forma mecânica e apressada, um número crescente de devotos está se tornando cônscio de que esse tesouro, que nos foi legado diretamente pelo Senhor, é uma iguaria sem par que merece ser saboreada lenta e conscientemente.
Ao meditarmos sobre o significado mais profundo das frases e até mesmo de cada palavra da oração do Senhor, verificamos que elas realmente encobrem um profundo tesouro. Alguns estudiosos verificaram que o Pai Nosso, em sua versão original em aramaico, apresenta uma gama bem mais ampla de significados que não são percebidos nas traduções para as línguas modernas. Para atender o anseio daqueles que buscam conhecer os ensinamentos de Jesus em sua forma mais pura, procuramos resgatar a versão original como provavelmente foi ensinada pelo Mestre.
O aramaico era a língua em que Jesus ministrava seus ensinamentos. Como esses ensinamentos foram conservados pela tradição oral por várias décadas em aramaico, alguns estudiosos acreditam que eles foram primeiramente escritos naquela língua e só mais tarde traduzidos para o grego.
Com a tradução para o grego, e mais tarde para o latim e outras línguas européias, surgiram vários problemas na transmissão dos ensinamentos em virtude da estrutura destas línguas. O aramaico é uma língua antiga e bastante sintética; suas palavras podem ter diferentes significados como ocorre com suas línguas irmãs, hebraico e árabe. Ao contrário do grego, o aramaico não tem divisões rígidas entre meios e fins, ou entre qualidades internas e ação externa. Ambos estão sempre presentes.[1] O grego só foi introduzido no oriente médio bem mais tarde: os vários significados de cada palavra em aramaico eram expressos por duas ou mais palavras diferentes em grego. Poderíamos dizer que as palavras em aramaico são ricas em significado enquanto o grego é uma língua rica em palavras.
Quando os lingüistas comparam os textos bíblicos existentes em aramaico e em grego, verificam que o texto grego invariavelmente limita o significado mais profundo e abrangente da versão original em aramaico. Isso explica parte das dificuldades que os cristãos têm para entender os ensinamentos do Senhor. O significado mais amplo das palavras de Jesus foi limitado, e até mesmo distorcido em alguns casos, com as diferentes traduções e editorações ao longo dos séculos. Esse é um sério problema para o devoto, pois Jesus usava os diferentes significados de suas palavras para despertar na alma de seus ouvintes uma sintonia com a profunda verdade transformadora que ele procurava transmitir sob a aparência de coisas simples. Verificamos que muitas das confusões idiomáticas nas parábolas de Jesus na Bíblia em grego, tornam-se claras para o leitor do texto em aramaico, em vista do significado mais amplo das palavras que ele usou.
Felizmente ainda existe uma versão da Bíblia em aramaico, ainda que pouco conhecida. Ela é referida como Peshitta, sendo ainda hoje adotada pela Igreja do Oriente, principalmente em partes da Síria e da Armênia. A propósito, a palavra peshitta em aramaico significa “simples”, “sincero” e “verdade.”
Uma leitura meditativa da versão do Pai Nosso de acordo com o original em aramaico, pode revelar outros significados profundos que não foram conservados na versão tradicional da oração do Senhor. O texto abaixo foi adaptado do livreto do estudioso Neil Douglas-Klotz, “Orações do Cosmo”[2] em cotação com outras versões da tradução do aramaico.

 

O PAI NOSSO

do original em aramaico
Ó Fonte da Manifestação! Alento da vida!
Pai-Mãe do Cosmo!
Faze Tua Luz brilhar dentro de nós,
para que possamos torná-la útil.
Ajuda-nos a seguir nosso caminho
movidos apenas pelo sentimento que emana de Ti.
Que nosso eu possa estar em sintonia contigo,
para que caminhemos com realeza com todos
os outros seres criados.
Estabelece Teu Reino de unidade agora.
Que Teu desejo e os nossos sejam um só,
em toda a luz, assim como em todas as formas.
Dá-nos o que precisamos cada dia, em pão e compreensão.
Desfaz os laços dos erros que nos prendem,
assim como nós soltamos as amarras que mantemos da culpa dos outros.
Não permita que a superficialidade e a aparência das coisas do mundo nos iludam.
Mas liberta-nos de tudo que nos aprisiona.
E não nos deixe sermos tomados pelo esquecimento
de que de ti nasce a vontade que tudo governa,
o poder e a força viva de todo movimento,
e a melodia que tudo embeleza
e de idade em idade tudo renova.

Amém.

O PAI NOSSO

em aramaico transliterado

Abwun d’bwashmaya
Nethqadash shmakh
Teytey malkuthakh
Nehwey tzevyanach aykanna d’bwashmaya aph b’arha
Hawylan lachma d’sunqanan yaomana.
Washboqlan khaubayn (wakhtahayn) aykana daph khnan shbwoqan l’khayyabayn.
Wela tahlan l’nesyuna
Ela patzan min bisha.
Metol kilakhie malkutha wahayla wateshbukta
L’ahlam almin.

Ameyn.

Comentários

Em sua versão em aramaico, a oração do Senhor tem a força de uma invocação.
O que está sendo invocado é a Fonte da Manifestação, que é também o Alento da Vida. Ainda que seja referido como o Pai-Mãe do Cosmo, as duas polaridades de todos agentes criadores, nossos geradores celestiais não são referidos como os criadores do cosmo, mas sim como a Fonte da Manifestação. O mundo em que vivemos, nos movemos e temos nosso ser não é uma ‘criação’ divina, no sentido de estar separado de seu criador, mas sim é uma manifestação, portanto, uma extensão ou um reflexo de sua fonte divina original. Tudo o que existe é uma extensão ou expressão de Deus; o Pai-Mãe celestial é imanente em todos os seres, é o sopro da vida que permanece em todos nós.
A natureza imanente do divino genitor é geralmente referida como um cerne de luz em todos os seres, ainda que na grande maioria essa luz permaneça latente. O devoto invoca ao Pai/Mãe celestial para que faça brilhar a luz divina em seu interior. O brilho da luz interior, geralmente conhecido como iluminação, ocorre quando o Cristo interior muito apropriadamente vem à luz. Somente quando a luz de Cristo está atuando conscientemente em nós, é que nos tornamos verdadeiramente útil ao mundo, promovendo a paz, iluminando e amando incondicionalmente a todos os seres.
O sentimento que emana do Pai-Mãe celestial é o amor, a energia divina que harmoniza toda natureza bem como a vida dos membros da família humana, guiando-os em segurança pelo caminho de retorno à Casa do Pai-Mãe. Quando alcançamos a sintonia como nosso divino genitor, fruto do nascimento de Cristo em nós, sabemos por experiência própria que ‘eu e o Pai-Mãe somos um.’ Uma vez conscientes de nossa natureza divina, iremos naturalmente caminhar com realeza com todos os outros seres, fazendo o bem sem olhar a quem, servindo de apoio e indicando o rumo a todos nossos companheiros de jornada neste mundo que ainda não despertaram para a realidade.
A unidade do Reino sempre existiu no plano espiritual. Somente no plano material vivemos na ilusão da separatividade, até que nossa visão espiritual seja desperta com o nascimento de Cristo em nós. A unificação do desejo dos homens com o desejo de Deus é o momento portentoso da libertação deste mundo; essa unificação é uma realidade permanente nos mundos de luz, ou seja, nos planos espirituais, mas deve ocorrer também no mundo das formas, para que possamos nos adentrar no Reino.
Ninguém é mais amoroso e mais sábio do que nosso Pai-Mãe celestial, portanto pedimos que nos seja concedido aquilo que Ele-Ela sabe que realmente precisamos, tanto em alimento material como em alimento para a alma, a compreensão da Verdade. O conhecimento da verdade é a dádiva celestial que nos possibilita desfazer os laços dos erros que nos prendem a este mundo. A raiz de todos os erros é a ignorância de nossa natureza divina e da operação das leis de Deus: o conhecimento da verdade desfaz os laços da ignorância. Mas para que isso ocorra, devemos, de nossa parte, relevar o comportamento de nossos irmãos que ainda cometem erros por ignorância. Ao perdoarmos de coração a todos os que nos ofenderam ou prejudicaram estaremos desfazendo os elos cármicos que nos prendem aos nossos inimigos, ou aos nossos devedores.
Quantas vezes nos deixamos iludir pelas aparências ao darmos atenção excessiva em nossa vida diária à natureza superficial das coisas. Ó Pai-Mãe celestial, conceda-nos a visão da realidade das coisas para que possamos nos libertar das ilusões que nos aprisionam.
Ó Pai-Mãe celestial, conceda-nos a Graça de vivermos permanentemente na Tua divina lembrança, jamais nos esquecendo que Tu és a Fonte de tudo o que existe. As leis que governam os mundos materiais e espirituais são expressões de Tua vontade. Ó Alento da Vida, Tu és o poder e a força viva de todo movimento, desde os mundos cósmicos aos mundos atômicos, passando por todas expressões da natureza em nossa Terra. Tu és também, ó Divino Músico, o compositor da música das esferas que a tudo embeleza com harmonia melodiosa, e que ao ritmo de Teus acordes renovas de idade em idade todas as coisas em Teu universo sem fim.
Que assim seja para todo o sempre.


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