Cura e Libertação – José Carlos De Lucca

Cura e Libertação – José Carlos De Lucca

Palavras do autor

Se a sombra das dificuldades se abateu sobre você, quero que sinta o calor do meu coração te aquecendo de esperança nos dias felizes que estão para chegar. Continue andando, ainda que a passos mais lentos, mas não pare de caminhar, não. Deixe-me andar um pouquinho ao seu lado. Enquanto andamos, abrimos as páginas deste livro que escrevi com o desejo de tornar o seu fardo mais leve. Enquanto escrevia, eu enxugava suas lágrimas, segurava firme sua mão, falava-lhe palavras de ânimo e coragem e o lembrava a cada instante da incrível força interior e do quanto você é amado por Deus. Espero que sinta tudo isso nas páginas deste livro. É a forma singela que encontrei para agradecer a você que tanto tem me ajudado a carregar o meu próprio fardo.
José Carlos De Lucca

Prece ao amanhecer

Hoje eu acordei muito cedo e senti uma vontade enorme de conversar com Jesus. Pedi a Ele que ajudasse todos os meus familiares e amigos.
Mas também me lembrei de você.
Pensei que talvez ainda estivesse dormindo, por isso pedi a Jesus que abençoasse o seu sono a fim de que acordasse disposto para um dia de boas realizações.
Pedi fortemente a Ele que tocasse seu coração para que você não se esquecesse de amar a si mesmo.
Supliquei também que cada pessoa que cruzar o seu caminho no
dia de hoje possa levar um pouquinho do seu amor.
Pedi a Jesus que colocasse paz em sua mente para que seus pensamentos fossem claros e serenos, e assim você pudesse tomar as
melhores decisões e escolher os melhores caminhos neste dia.
Pedi ardentemente ao Mestre que enxugasse suas lágrimas se porventura a dor o visitasse, e que essas lágrimas lavassem seu peito
da amargura e do desencanto.
Roguei a Jesus que, quando você estivesse com este livro às mãos, as forças divinas pudessem plantar novas ideias em sua mente.
Pedi a Jesus alegria quando você estivesse triste.
Pedi a Ele forças quando você se sentisse fraco e sem vontade de lutar.
Pedi a Ele humildade quando você se estivesse orgulhoso.
E, finalmente, supliquei a Ele que você se lembrasse da morte quando estivesse desperdiçando a vida.
Ao terminar a oração, banhado em lágrimas de emoção, Jesus disse que meus pedidos seriam atendidos, por isso sei que você terá um lindo dia.

Assim seja.

AS MÁGOAS

As mágoas nos fazem adoecer, dai porque devemos interpretar quem nos ofende como doente. Se respondermos a ofensa guardamos conosco a lata de lixo que nos foi jogada. O ensinamento do Cristo é uma verdadeira terapia mental.
Chico Xavier
Lições de Sabedoria, organização de Marlene Rossi Severino Nobre, FE Editora Jornalística.
Na visão de Chico Xavier, a mágoa poderia ser equiparada a uma doença transmitida pela bactéria da ofensa e que se desenvolve em
nosso organismo quando não a combatemos com o antídoto do perdão.
Quando seguramos a ofensa em nosso mundo interior, quando ficamos ruminando na mente as palavras que nos machucaram e muitas vezes até partimos para o revide, mergulhamos numa lata de lixo energético, com todas as consequências negativas que tal conduta implica, sendo a principal delas a erupção de muitas enfermidades.
Não podemos controlar o que os outros dizem a nosso respeito, tampouco as atitudes que têm para conosco. Mas temos o controle e
a responsabilidade sobre a maneira de como iremos reagir a tudo
isso. A mágoa não é a única possibilidade que se tem diante da ofensa.
Usando uma linguagem figurada, Jesus propõe que, se alguém 
bater em nossa face, possamos também oferecer a outra.
1 Quando Jesus pede para fazermos assim, na verdade ele está nos ensinando a não agir da mesma forma que o agressor, não revidando a ofensa, não devolvendo a agressão. Jesus está mostrando que temos outra opção além do revide. Se devolvermos a ofensa, estaremos nos nivelando a quem nos agrediu, e assim ficaremos com a lata de lixo que
nos foi jogada.
A agressividade é um mal que faz mal a quem a pratica. Revidar o mal com o bem é a melhor defesa para a nossa paz.
Muitas vezes, os nossos problemas decorrem do excesso de lixo emocional que temos guardado ao longo da vida. Precisamos fazer
uma grande faxina em nossa mente e jogar fora todos os detritos
acumulados em forma de mágoas e culpas.
O médium Chico Xavier afirmava que o perdão é terapêutico, porque cicatriza as feridas  emocionais causadas pelas pedradas das ofensas. Não perdoar é segurar o mal dentro de si, e, como o mal atrai o mal, damos oportunidade para que surjam em nossa vida moléstias, perturbações espirituais, dificuldades financeiras, agressões, acidentes, problemas amorosos, etc.
Não perdoar é assumir para si a lei da vingança, com o consequente retorno a nós mesmos de todo o mal que houver saído de nossos pensamentos, palavras e atitudes. Vamos nos lembrar de que seremos julgados pela mesma lei que julgamos os outros, conforme ensinou Jesus
Não perdoar é condenar-se; perdoar é obter a absolvição para si mesmo.
Perdoar é abrir mão da mágoa, é deixar de ser vitima.
Perdoar é não permitir que a nossa vida seja controlada pelos outros. 
Perdoar é reconhecer que a pessoa que nos ofendeu também está magoada e doente.
Perdoar é abrigar-se num poderoso esconderijo contra a maldade alheia.
Perdoar é trazer saúde para o corpo e paz para o espirito.
Perdoar é tirar todos os nós que amarram a nossa vida.
Perdoar é um presente que se oferece primeiramente a si mesmo.
É um banho gostoso que tomamos quando nos sentimos sujos.
É deitar numa cama macia e confortável depois de anos dormindo no chão.
Perdoar é o caminho mais seguro para quem deseja voltar a ser feliz.
Quem deseja cura e libertação para sua vida precisa fazer do perdão uma prática diária e permanente. Comece esse trabalho agora mesmo, tão logo termine este capítulo. Gosto de um exercício mental que realizo imaginando minhas mágoas e culpas como balões que estão presos em meu corpo. Tudo o que tenho a fazer para perdoar é retirar os nós que me prendem a esses balões e soltá-los no ar.
Visualizo fortemente os balões subindo às alturas até desaparecem por
completo da minha visão e da minha vida, e faço isso com imensa
vontade de querer me desligar definitivamente do mal que entrou
em mim. Sugiro que você faça esse exercício sentindo Jesus ao seu
lado ajudando-o a soltar os balões e levá-los para bem longe da sua
vida.
 que nos amarra ao sofrimento, deixar ir o que nos machuca. Mas é preciso querer soltar, querer se desligar, porque muitos preferem segurar a mágoa ou a culpa para punirem aqueles que o ofenderam ou flagelarem-se com o próprio sofrimento. Eu compararia essa atitude com um verdadeiro suicídio.
Quem não perdoa ao próximo ou a si mesmo está se matando aos
poucos.
A Dra. Robin Casarjian, terapeuta americana, aponta em seu livro pesquisas científicas que identificaram como característica psicológica-chave das pessoas com tendência ao câncer uma inclinação a guardar ressentimentos e uma marcada incapacidade de perdoar.
Por isso está certo Chico Xavier ao afirmar que as mágoas nos fazem adoecer e que o perdão é uma verdadeira terapia mental, pois tira da mente o lixo que pode cair em nosso corpo.
O perdão é assim o mais eficiente remédio para a cura e libertação de nossos males. Mas a decisão de tomar o remédio é de cada um de nós.
Estarei torcendo para que você solte o quanto antes os balões que estão impedindo a sua felicidade.

O sal da Terra

Vós sois o sal da Terra; e, se o sal for insípido, com que se há de salgar? Para nada mais presta senão para se lançar fora e ser pisado pelos homens.

Jesus

Mateus 5,13. Bíblia Sagrada, Sociedade Bíblica do Brasil.
Com essas palavras alegóricas, Jesus fala diretamente conosco, mostrando qual é a missão que nos cabe no mundo: “Vós sois o sal da Terra”. Uma das propriedades básicas do sal é a de realçar o sabor dos alimentos; comida sem sal é comida sem gosto. Precisamos colocar sal em nossa vida, pois do contrário a vida se torna insípida, isto é, sem sabor, tediosa. Temperar a nossa vida com sal significa:
1. Colocar em ação as nossas capacidades e talentos, oferecendo o melhor de nós mesmos nas tarefas e situações em que estivermos envolvidos, seja no campo profissional, social, familiar ou espiritual.
2. Ter boa vontade para com as pessoas que cruzam nosso caminho, sobretudo as de temperamento difícil; e boa vontade para
as situações adversas que desafiam a nossa capacidade de superação.
Com Jesus, aprendemos que precisamos realçar o que temos de
melhor, destacar a parte boa das pessoas e situações que nos cercam, procurando realizar o melhor ao nosso alcance. Se não agirmos 
assim, nossa vida perde sentido, nos tornamos imprestáveis e a fraqueza nos dominará. Inevitavelmente seremos “pisados pelos homens”, como afirmou Jesus, querendo dizer que seremos derrotados
pela forte correnteza das adversidades humanas.
O Mestre de Nazaré deixa a entender também que a maioria das
coisas da vida está inacabada, vale dizer, o homem é chamado a ser
sal da Terra para oferecer a sua contribuição pessoal na obra de
Deus. Somos chamados a dar o nosso toque pessoal. Por isso não
podemos esperar por uma vida isenta de desafios, ao contrário, é na
superação dos desafios que o homem encontrará o sentido da própria vida ao descobrir que pode fazer em ponto menor o que Deus faz em ponto maior. Nisso reside à compreensão da expressão bíblica: “Sois deuses”.
Quando nos tornamos sal da Terra, abandonamos a mediocridade,
a preguiça, a insegurança e o medo, cujos comportamentos são a
causa da grande maioria dos nossos problemas. Nossa autoestima
também se fortalece, e realizamos todo o potencial divino que mora
em cada ser humano. Quando somos o sal da Terra, passamos a ser
colaboradores ativos de Deus e não críticos da sua obra.
Por tal razão é que na vida muita coisa vem para nós sem tempero. Nós é que precisamos colocar o sal na medida certa.
Tudo começa em mim. Eu preciso ser a mudança que desejo ver
em minha vida.
Muitos querem uma vida melhor, mas não se tornam pessoas
melhores.
Toda ação transformadora principia pela transformação de nós mesmos. Não adianta esperar pela mudança de fora sem a mudança
de dentro. Nada muda se eu não mudo. Temos a liberdade de escolher no que desejamos transformar nossa vida.
Eu posso me tornar uma pessoa sem graça ou uma pessoa muito
interessante.
Posso apagar meu brilho ou posso fazer brilhar minha luz conforme Jesus nos propõe.
N.T. João 10, 33-35.

 

O trabalho profissional em si mesmo não é bom nem ruim, depende de como o executo.
O casamento, por si próprio, não é uma instituição fadada ao sucesso ou ao fracasso, depende de como cada cônjuge se põe na relação.
A vida não é boa nem ruim, depende daquilo a que desejo dar destaque, se ao fracasso ou ao aprendizado, se à doença ou à saúde, se à tristeza ou à alegria, se ao sofrimento ou à oportunidade.
Como dissemos, a função do sal é realçar o sabor dos alimentos,
portanto Jesus deseja ensinar que precisamos dar destaque ao que é
saboroso em nossa vida, embora muitas pessoas insistam em realçar
apenas as suas amarguras. Assim fazendo sempre estarão presas à
infelicidade. Temos uma tendência quase obsessiva de frisar o que
vai mal conosco, nos esquecendo de focalizar o que vai bem e com
isso acabamos com uma sensação equivocada de que a nossa vida é
uma droga, quando na verdade apenas uma parcela dela não está do
jeito que gostaríamos. E esse estado emocional negativo não nos
estimula a colocar o sal nas situações que ainda não são do nosso
agrado.
Nós é que damos sentido às coisas.
Podemos estar reunidos à mesa com a família com todo o requinte, pratos sofisticados, louças e talheres finos, empregados nos servindo, contudo, se não dermos um sentido positivo àquele instante a refeição se torna sem graça, rotineira, mais parecendo um velório do que uma alegre reunião em família. Frequentemente me pego lembrando das comidas que minha mãe fazia quando eu era criança.
Repito às pessoas que nunca mais conseguirei saborear aqueles pratos simples e apetitosos que D. Manoela preparava. Lembro-me, com
água na boca, do bolinho de arroz, do bife acebolado e da fritada de
batatas. Insuperável.
Mas ultimamente estou em dúvida se a minha saudade era mesmo dos pratos que ela fazia ou se era do jeito tão especial com o qual
D. Manoela conseguia manter a família feliz em torno da mesa. Não
posso ignorar as habilidades culinárias de minha mãe, porém, quando eu me lembro dela cantando junto ao fogão, atenta em servir a todos com alegria e satisfação, quando eu me recordo dela puxando conversa boa durante a refeição, meus olhos se umedecem de lágrimas saudosas de um tempo muito feliz da minha vida. Minha mãe era sal da Terra em minha família. Ela sabia dar um sentido amoroso a tudo o que fazia e com as pessoas à sua volta.
Esse trabalho de ser sal da Terra deve principiar em nós.
Precisamos temperar a nossa própria vida com mais alegria, otimismo, estar decidido a nos ver com bons olhos, a ter boa vontade para conosco, carecemos realçar nossos potenciais criativos e colocá-los em ação, não esconder os nossos talentos debaixo da Terra como
Jesus esclareceu.
Tem muita gente sofrendo na vida porque não quer ter o trabalho de crescer, deseja que a comida esteja sempre pronta e feita pelos outros, esquecendo-se de que cada um tem a responsabilidade de elaborar o seu próprio prato. Cada um experimentará a própria comida que fizer.
Durante a infância, nossos pais eram os responsáveis pela nossa
alimentação emocional. Agora que somos adultos, tal responsabilidade passa a ser nossa, por isso cada um escolhe e tempera o que vai colher. Se a sua comida está sem tempero, não culpe os outros por isso.
Provavelmente você deixou de temperá-la. Será que não está se esquecendo de colocar os temperos da alegria, boa vontade, amor e
trabalho caprichados na elaboração do seu prato? Que ingredientes
estão faltando na sua cozinha? Lembre-se de que o prato que você
fizer não só é o prato que você vai comer como também é o prato
que vai oferecer aos outros. Será que gostam da sua comida?
Curar a nossa vida é retemperar a maneira como lidamos com
ela, colocando aqueles ingredientes que a tornam gostosa de viver.
Retempere a forma como trabalha. Retempere a maneira como se
vê. Retempere o jeito de lidar com as pessoas. Retempere o modo de
viver em família.
Nós viemos a este mundo para melhorá-lo através do melhor
que temos a dar.
N.T. Mateus 25,14-30.
Viemos para embelezar o mundo através da nossa beleza interior.
Viemos construir a paz no mundo através da paz dentro do
nosso lar.
Viemos tornar o mundo mais justo através da nossa ética
pessoal.
Viemos trazer progresso através do nosso crescimento material e espiritual.
Viemos acabar com a poluição reciclando o nosso lixo interior.
O melhor presente que eu posso dar ao mundo é a minha felicidade, e a felicidade não dispensa umas boas pitadas de sal.
Quem entendeu bem essas coisas foi o Gonzaguinha:
Viver, e não ter a vergonha de ser feliz.
Cantar e cantar e cantar a beleza de ser um eterno aprendiz.
Eu sei que a vida deveria ser bem melhor, e será, mas isso não impede que eu repita: é bonita, é bonita e é bonita.

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