A melhor postura que devemos ter na vida é, sem dúvida, a da equanimidade.
Esta é a virtude que nos ajuda a passar bem pelas contrariedades da existência humana.
Quem é equânime consegue ser feliz tanto na tempestade e quanto na bonança.
Consegue ter paz de espírito tanto no ganho quanto na perda.
Consegue o bem estar tanto na riqueza quanto na pobreza.
Aquele que é equânime pensa: Se ganhei, ótimo, se perdi, ótimo também.
Se eu consegui, tudo bem, se não consegui, tudo bem também.
Ser equânime é estar bem tanto no caos quanto na ordem.
É aquele que agradece tanto os bons e quanto os maus momentos…
Aquele que é feliz tendo muito ou tendo pouco; é manso na vitória e também na derrota.
Como disse Buda: “Aquele que vive em paz é feliz, pois não sonha nem com vitória, nem com derrota”.
Esse é o sábio… aquele que se liberta das oscilações da vida, da variação dos opostos.
Este não é afetado pela mudança das marés; pela alternância das estações; pelo giro da roda da vida.
Dessa forma, experimentamos a tempestade sem ficar sofrendo para ter a bonança.
Experimentamos as vacas magras sem cobiçar o retorno da abundância e sem sofrer quando esta não vem.
O homem comum é assim: quando está no calor, ele quer o frio… e quando está no frio, ele quer o calor.
Ele trabalha na segunda esperando a sexta feira e no domingo fica deprimido porque está chegando segunda.
Mas quem consegue ser feliz na segunda e na sexta feira, no calor e no frio, de um lado e do outro.
Esse não se deixa abalar pela inversão dos opostos e vive muito melhor.
Se você só fica feliz quando a maré está alta, vai sempre sofrer quando a maré baixar.
Se você só fica feliz em dias de sol, vai ficar sempre deprimido em dias de chuva.
Por isso, é preciso ser indiferente às oscilações; é necessário cultivar a neutralidade e a impassibilidade diante do balanço da existência.
Ninguém está melhor por estar no claro ou não escuro, posto que é o escuro que dá existência ao claro.
Ninguém está melhor por estar rico do que pobre, posto que é na pobreza onde aprendemos o valor do ser ao invés do ter.
Ninguém está melhor no ganho e pior na perda, posto que é somente na perda onde passamos a dar valor ao que tem valor.
Aqueles que buscam sempre o melhor para si mal sabem que o melhor é conseguir a paz mesmo quando estamos pior.
Aqueles que buscam sempre o prazer não desconfiam que antes precisam aprender a serem felizes na dor.
Enquanto o homem buscar o bom e negar o mau; buscar a vida e rejeitar a morte; buscar o positivo e evitar o negativo.
Ele nunca terá a paz que sempre desejou.
No entanto, quando paramos de buscar o bom e não mais lutamos contra o mal… tudo se harmoniza naturalmente.
Quando paramos de buscar a luz e extirpar as trevas… tudo se ilumina naturalmente.
Quando paramos de desejar apenas a vida e deixamos de negar a morte… esse é o momento em que atingimos a imortalidade.
Por isso não devemos desejar prosperidade a ninguém, mas sim que a pessoa seja feliz na riqueza ou na pobreza, que tenha alegria de viver na tempestade ou na bonança, fique bem no emprego ou no desemprego, que cultive a paz interior no sucesso ou no fracasso.
Quem consegue esse equilíbrio, interrompe em definitivo seu ciclo de sofrimento e se liberta de todos os males do mundo.
Nesse estado, ele atinge a felicidade que tanto sonhou…
E esta, claro, é uma felicidade que nada nesse mundo pode nos tirar.
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